terça-feira, 12 de novembro de 2024

SOBRE A AGÊNCIA DOS CORREIOS DE LAJES-RN E ANGICOS-RN

 

         Em 1933 a revista Vida Doméstica apresentou os tipos padronizados dos prédios da agências dos correios que seriam construídas pelo Brasil.

         No Rio Grande do Norte foi definido como prédio da agência dos correios em Angicos e Lajes o tipo III para construção das referidas agências que teria a topologia mostrada na imagem abaixo.

Fonte: Vida Domestica (RJ), 1933,p.43.

           A agência dos correios de Angicos está situada a Rua José Rufino, naquela cidade, já a de Lajes está localizada na Travessa Monsenhor João da Mata Paiva, daquela cidade.

              Agência dos Correios de Angicos



                                      Agência dos Correios de Lajes







segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A PRIMEIRA PREFEITA DE PEDRO VELHO-RN

 

 

      Sem dúvidas o que se verá adiante constitui-se o mais importante acontecimento que ocorreu no município de Pedro Velho na década de 1950.  

       O mais desconcertante ocorrido nas eleições municipais realizadas no Estado em 1952 ocorreu em Pedro Velho onde por maioria de apenas 7 votos foi eleita Maria Doralice Teixeira, que concorreu como candidata de oposição.

         De fato o elemento feminino predominou naquelas eleições em vários municípios, não apenas em número, nas filas a porta das mesas receptoras, mas em atividades nas ruas como cabos eleitorais, encaminhando e orientando eleitores.

         Em Pedro Velho, ocorreu algo fantástico, a começar pelo registro dos candidatos.

         Até as 15h00 do dia em que se devia encerrar o prazo de registro, não havia aparecido o candidato de oposição habilitado perante a Justiça Eleitoral, para concorrer ao pleito em Pedro Velho.

         De casa em casa havia ele sido procurado, mas ninguém aceitara o cometimento.

         Não era tanto a falta de coragem de enfrentar os chefes tradicionais do município, mas principalmente a ausência de fé, mesmo sob o regime do voto secreto, em qualquer possibilidade de êxito nas urnas.

        Maria Doralice Teixeira foi eleita prefeita de Pedro Velho, fato considerado inédito na vida do município, onde tradicionalmente só o situacionismo vencia. Foi talvez a maior surpresa das eleições municipais daquele ano de 1952 em todo Estado.

         Maria Doralice Teixeira concorreu as eleições municipais pela UDN.

         Maria Doralice Teixeira era uma moça que há pouco tempo havia deixado o curso de contabilidade do Colégio Imaculada Conceição, em Natal, do ano de 1943.

         De volta ao município de Pedro Velho ajudava o pai na escrituração da loja de sua propriedade.

         Faltando poucos minutos para terminar o prazo de registro Maria Doralice Teixeira efetuou sua candidatura no TRE para surpresa e espanto de todos.

 Não  houve tempo para comícios em praça pública. A propaganda limitou-se a simples distribuição de chapas. No dia do pleito, duas rezes foram abatidas e seis residências de correligionários na cidade garantiram a “bóia” dos eleitores procedentes dos distritos.

         A apuração de Pedro Velho se verificou na sede da zona eleitora, que a época era em Canguaretama, onde estava presente Maria Luci Lira e Silva, única delegada do partido e exclusiva artífice da candidatura da amiga que havia ficado incrédula, lá no município de origem.

         Os escrutinadores em Canguaretama começaram a contar os votos de Pedro Velho, esvaziadas as sete urnas da cidade, saiu Maria Doralice Teixeira com maioria de 188 votos sobre o opositor. Maria Luci Lira e Silva, delegada do partido, começou a acreditar na possibilidade da eleição da amiga. Entraram, porém, as duas últimas urnas, as do distrito de Montanhas e a maioria de 188 votos começou a diminuir.

A angústia acabou com as derradeiras resistências dos nervos da delegada. Mas, Lagoa de Montanhas também cansou, ao atingir ali o adversário a maioria de 181.Restavam sete votos, os sufrágios fatais, que asseguraram a Maria Doralice a prefeitura de Pedro Velho. A junta proclamou a eleita. Maria Luci, ao ouvir o veredito das urnas desmaiou, não resistiu aos 22 dias de intenso trabalho.

         Concluída a apuração no município de Pedro Velho constatou-se a vitória de Maria Doralice Teixeira por maioria de 7 votos sobre seu oponente Genival Azevedo, coligação PSD-PSP.

         O eleitorado a época era de 2.185 votantes.

         O resultado geral da apuração em Pedro Velho para prefeito em 1952 foi 529 votos para Maria Doralice Teixeira e 522 para Genival Coelho de Azevedo. Para vice-prefeito Benedito Barbosa obteve 529 e José Pereira de Souza 522.

Maria Doralice Teixeira assumia as rédeas do município em circunstâncias invejáveis pressa com que foi lançada sua candidatura não deixou tempo para compromissos exceto com o povo que a elegeu. Poderia assim fazer muito pelo seu povo.

Ao falar a reportagem do Diário de Natal referiu-se a construção do cemitério público, ponte sobre o rio Piquiri, reconstrução da escola isolada de Ingá, cujo prédio desabou havia tres anos, rodovias, instrução, saúde e reforço financeiro à cooperativa local.[1]

Maria Doralice casou em 03/03/1956 com  o  poeta Benedito Geraldo Maia, após o qual passou a assinar-se Maria Doralice Teixeira Maia.

O casamento foi realizado na igreja matriz de Pedro Velho oficiado pelo vigário da paróquia o Pe. Jalmir de Albuquerque Silva, celebrado com efeitos civis, sendo testemunhas por parte da noiva, o Dr. José Targino e sua esposa, Maria Luiza Targino, e por parte do noivo o deputado federal Djalma Aranha Marinho e sua esposa Linda Cavalcanti Marinho, tendo comparecido grande número de pessoas amigas e parentes dos nubentes que gozavam na cidade de grande conceito.

De  retorno da viagem nupcial Maria Doralice Teixeira Maia, acompanhada do seu esposo, foi homenageada na casa de seus pais por parte de parentes, amigos e correligionários.

No mesmo dia deu entrevista ao jornal O Poti, no qual declarou que prentendia continuar dirigindo os destinos de Pedro Velho com a mesma boa intenção com que vinha mantendo, sem deixar de volver, mesmo em Natal os seu olhos e espiríto para os problemas coletivos.

         Perguntada se tinha um plano a executar naquele momento, assim respondeu:

         -No dia trinta e um de março, quando completará o terceiro ano de minha administração, lançarei a pedra fundamental para a construção do Posto de Saúde, como também darei inicio a construção do nosso campo Santo, além de dar inicio a concretização de um parque infantil e de um chafariz.

         Concluindo a entrevista expôs ainda a prefeita:

-tão logo me seja oportuno realizarei o levantamento da ponte sobre o rio Piquiri, que divide o nosso Município com o Canguaretama, e de uma praça no Centro da cidade, problemas que tem constituído minha única preocupação.[2]

Maria Doralice Teixeira registrando sua candidatura

Fonte: Diário de Natal, 11/12/1952,p.1.

Na imagem está Maria Doralice ao centro fazendo o registro de sua candidatura ao lado de sua amiga e mentora politica Maria Luci.

 



[1] Diário de Natal, 11/12/1952, p.1.

 

[2] O Poti, 25/03/1956,p.6.

 

sábado, 7 de setembro de 2024

SOBRE A PARADA DE MELANCIAS

 

         A parada de Melancias foi uma parada da linha tronco da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN construída no povoado de mesmo nome a época município de Taipu, atualmente distrito do município de Poço Branco.

         O aviso nº 201, de 09 de setembro de 1918, do ministério da viação e obras públicas, resolveu autorizar a construção de uma parada entre as estações de de Taipu e Baixa Verde, aprovando igualmente o respectivo orçamento no valor de 1:632$027.O aviso foi publicado no Diário Oficial da União em 11/09/1918.

         Foi estabelecido o local em Melancias, a época pertencente ao município de Taipu, atualmente localizado no município de Poço Branco.

         A parada de Melancias foi inaugurada em 08/09/1919.

                O Jornal, do Rio de Janeiro publicou da seguinte forma a notícia da construção da parada de Melancias: “o inspetor federal das estradas comunicou ao ministro da Viação que a população da localidade denominada Melancias, entre as estações de Taipu e Baixa Verde, construiu e ofereceu a esta estrada uma parada com o mesmo nome”. (O Jornal (RJ), 14/08/1919, p.6).

         A parada foi incorporada ao tráfego de acordo com a autorização nº 201, de 1918.

         Não obstante isso, os doadores da parada e Melancias pediram ao ministro da Viação a mudança do nome da parada para Desembargador Ferreira Chaves.

Ferreira Chaves foi governador do Rio Grande do Norte pela segunda vez de 1 de janeiro de 1914 até 31 de dezembro de 1920.

No entanto, o requerimento encabeçado por Joaquim Alves da Rocha e outros, pedindo a mudança do nome da parada foi indeferido por despacho do ministério da viação e obras públicas, o qual justificou o indeferimento à vista dos avisos nº 173 que proibia dar nomes de pessoas vivas às estações. (O Paíz (RJ), 15/08/1919, p.4).

Ao que parece a parada de Melancias foi desativada na década de 1960 pois, a mesma não consta nos horários de trens dessa época.

Na imagem a baixo é possível ver a estrutura em metal e parte da plataforma da antiga parada de Melancias. 

Ruínas da parada de Melancias


quinta-feira, 16 de maio de 2024

SOBRE A PARADA DA ASSOCIAÇÃO FEMININA DE ATLETISMO DE NATAL EM 1935

 

       Em maio de 1936 a revista paraibana Ilustração exibiu as imagens da parada da Associação Feminina de Atletismo-AFA, de Natal que ocorrera em 15/11/1935 na capital potiguar.

         Conforme a referida revista a AFA era o “jardim humano de Natal”.Era o sorrido de saúde e de beleza da “metropolizinha voluptuosa e terna, que é a primeira  na América do Sul, a dar as boas vindas aos aviões que vêm do Velho Mundo...”.

         E arrematou as ilustrações com essa declaração à capital potiguar:

         “Natal

          Cidade-Noiva...

          Cidade-Moça...

          Namorada do Atlântico...

          Natal...”

        Eram outros tempos, onde as mulheres potiguares buscavam seu lugar ao sol sem se dá ridículo de despudor dos tempos atuais.

         Dias depois, exatamente em 27/11/1935, Natal seria novamente destaque nos meios da imprensa nacional pela famigerada tentativa de golpe dos destemperados comunistas que queriam transmutar para a "Pequena Moscou" os meigos e encantadores epítetos que foram publicados  na referida revista e visto à cima.

         







Fonte: Ilustração (PB), 1ª quinzena de maio de 1936, p.6.