terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

AS CIDADES QUE FORAM BENEFICIADAS COM A CONSTRUÇÃO DA EFCRGN



         Pretende esse artigo fazer uma retrospectiva histórica das cidades beneficiadas com a construção da EFCRN compreendido no período entre 1906, quando foi construída a primeira estação e 1962 data da ultima inauguração de uma estação no trecho estudado. Procurou-se destacar apenas as cidades contempladas pelo traçado da estrada de ferro por isso foi excluído desse nosso estudo as paradas da mesma ferrovia.
Histórico da ferrovia
Iniciada em 1904 o traçado partiu do porto de Natal em direção sudoeste, com a intenção de drenar para esse porto a produção do interior do estado, principalmente da zona do Seridó, considerada à época a mais rica do território potiguar, por ser ali, colhido o algodão mocó, rival do melhor algodão colhido no Egito (Cf. IBGE, 1954, p. p113). Durante a construção a orientação da ferrovia foi alterada e passou a dirigir-se para a parte central do estado, subindo contrafortes do litoral para alcançar o vale do rio Ceara Mirim, descendo a serra da Borborema, até alcançar o rio Piranhas-Açu de onde prosseguiria até Caicó. Em extensão é a maior do estado com 381 km (Cf. IBGE, 1954, p 17). Pretendia ser um elo entre o interior do estado e a capital, Natal, porto de escoação de mercadorias que vinham das regiões produtivas da região salineira e da região central do estado. A primeira estação inaugurada foi a estação provisória de Natal também conhecida como estação do Padre ou Pedra Preta em 1905.
A ferrovia se configura num traçado paralelo ao rio Ceará-Mirim que seguindo até Lajes se bifurca em dois eixos. O eixo Norte segue para Macau e o eixo sul segue para Jucurutu onde termina a linha. A linha central Natal-Angicos tem a extensão de 194 km (cf. IBGE, 1954, p. 18). Foram necessários 43 anos para se concluir os trabalhos de conclusão da ferrovia e mesmo assim com mudanças no projeto original da qual nunca foi consolidado o propósito de se atingir a região Seridó do estado.
Mudanças de nomenclaturas 
Quando ocorreu a venda da GWB para a Rede Ferroviária do Nordeste, no entanto, o trecho do RN já não mais pertencia à GWB, mas foi incorporado à RFN, e em 1957 tudo isso foi uma das formadoras da RFFSA.
A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (E.F.C.R.N.) passou a se chamar Estrada de Ferro Sampaio Correia, engenheiro responsável pela construção da estrada, e no ano de 1957, passa então a fazer parte da Rede Ferroviária Federal- REFFSA.
Situação atual
A linha está desativada desde que houve a extinção da REFFSA em 1996, os trens de passageiros não circulavam por essa linha desde os anos 1980.
A Companhia Ferroviária do Nordeste - Transnordestina Logística S.A - obteve a concessão da Malha Nordeste pertencente à Rede Ferroviária Federal S.A em leilão de privatização realizado em 1997. Essa empresa tem como principal controladora a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), detentora de aproximadamente 76% de seu capital. Essa empresa é dona do ramal ferroviário que corta o RN, começando na cidade de Macau, seguindo para Natal, Nova Cruz e entrando na Paraíba, onde o ramal se encerra na estação Paula Cavalcante.
A CSN pretendia devolver um dos trechos que tem 479 km, sendo boa parte no Estado do Rio Grande do Norte. Vai de Macau (litoral norte do Estado), passa pela capital Natal e cruza a divisa do Estado até Paula Cavalcante, na Paraíba.

NATAL
A estação provisória (Estação do Padre ou Pedra Preta),
         A EFCRN começou a ser construída em 1904 sendo a estação provisória de natal inaugurada em 1905. O primeiro trecho a ser concluído foi o de Natal a Ceará-mirim em 1906, que foi feito antes da construção da ponte de ferro de Igapó. Os trens paravam em uma estação que ficava do outro lado do rio Potengi, de frente para Natal, e então atravessava-se por meio de barcos para a cidade.
A Estação do Padre (ou Pedra Preta) foi, e suas ruínas existem até hoje (Cf. Cornejo e Gerodetti, 2005). A ponte só seria construída em 1916 e a Estação do Padre seria então desativada.       Até 1917, a estação que recebia todo o fluxo de passageiros e mercadorias da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (EFCRGN) era a da Pedra Preta, mais conhecida como Estação do Padre, situada na margem esquerda do rio Potengi, de onde se atravessava para Natal através de embarcações.
Com a conclusão da ponte de Igapó, em 1916, finalmente a esplanada Silva Jardim poderia ser ligada diretamente aos trilhos da Ferrovia. A ferrovia fez um acordo com a Great Western para utilizar seus trilhos no trecho entre Igapó e Natal. A estação provisória só era utilizada para o tráfego de passageiros, enquanto que a Estação da Pedra Preta continuou sendo utilizada para transporte de mercadorias e a Parada de Igapó para desembarque de animais (Cf. RODRIGUES, 2006).

estação Natal provisória.

Extremoz-RN
A estação de Extremoz foi inaugurada em 13 de junho de 1906 devido a construção da ferrovia que ligaria Natal a Ceará-Mirim.  A estação ainda conserva seu estilo arquitetônico original, porém com outra finalidade.

estação ferroviária de Extremoz

Atualmente a estação de Extremoz também integra o sistema de trens metropolitanos da CBTU em Natal.

Ceará-Mirim-RN
No km 39 da linha tronco da EFCRN se encontra Ceará-Mirim.A estação de Ceará-Mirim foi inaugurada em 13\06\1906 pelo então presidente da república Afonso Pena que veio ao Rio Grande do Norte para inaugurar o primeiro trecho da EFCRN. 


                         Estação ferroviária de Ceará Mirim

Hoje é a estação terminal da linha Norte dos trens metropolitanos da CBTU em Natal.


Taipu-RN
Localizada no km 59 da linha tronco da EFCRN a estação de Taipu foi inaugurada em 15 de novembro de 190.A chegada da ferrovia trouxe o desenvolvimento econômico e a ampliação do setor urbano da então vila de Taipu que havia se emancipado de Ceará Mirim em 10\03\1891 e ainda não alcançara um significativo desenvolvimento econômico.


                                      Estação ferroviária de Taipu

Baixa Verde (João Câmara-RN)
         O prolongamento dos trilhos da E. F. Central do Rio Grande do Norte, em 1910, possibilitou o surgimento das primeiras casas no local onde hoje está situada a cidade de João Câmara segundo a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (vol. XVII, IBGE, 1960, p. 79) e embora tenha se beneficiado com a construção da ferrovia em seu território o distrito de baixa Verde só se emancipou do município de Taipu em 1928. A estação de baixa Verde foi construída no km 88 da EFCRN.


Estação ferroviária de João Câmara

PEDRA PRETA, RN
A estação de Pedra Preta foi inaugurada em 14 de novembro de 1913 no km 124 da EFCRN, porém, não se deve confundir esta estação com a estação do Padre, também chamada de Pedra Preta, que ficava em frente a Natal, do outro lado do rio Potengi, e extinta em 1917.
Foi com a chegada da EFCRN que a região de Pedra Preta alcançou desenvolvimento impulsionado em vários sentidos, como o aumento populacional, maior integração comercial e escoamento da produção agrícola e pecuária (Cf. Morais, 207, p.163).


Estação ferroviária de Pedra Preta

PEDRO AVELINO, RN (antiga EPITÁCIO PESSOA).
O nome do povoado de Gaspar Lopes foi conservado até 1921, quando teve o nome alterado para Epitácio Pessoa, em homenagem ao Presidente da República que concluíra o ramal da E. F. Central do Rio Grande do Norte, ligando a localidade a outras regiões do Estado.
Com a chegada da linha do trem e a consequente inauguração da estação ferroviária de Epitácio Pessoa, em 8 de janeiro de 1922, o povoado viveu dias de desenvolvimento e de expansão na sua produção agrícola e no comércio, onde o progresso claramente chegava pela ferrovia ( Morais, 2007, p.164)
 Já o Guia das Estradas de Ferro de 1960 dá a data de inauguração da estação como tendo sido em 08/01/1928 e não 1922.
A estação foi ponta de linha até 1950, quando foi inaugurada a estação seguinte, Afonso Bezerra e está localizada no Ramal de Macau no km 177.

Estação ferroviária de Pedro Avelino
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LAJES, RN
         A estação de Lajes foi inaugurada em 1918 e se situa no km 149 da linha tronco da EFCRN. Chamou-se por algum tempo Itaretama. É nela que se encontra o entroncamento do ramal que segue para Afonso Bezerra até chegar a Macau.

Estação ferroviária de Lajes

AFONSO BEZERRA - RN
No Ramal de Macau na altura do km 191 está a estação de Afonso Bezerra que foi inaugurada em 1950. Foi ponta de linha do ramal por vários anos, antes que ele chegasse a Macau.

Estação ferroviária de Afonso Bezerra

MACAU-RN
A estação de Macau foi inaugurada por volta de 1962 no km 242 quando do prolongamento do ramal entre Afonso Bezerra e Macau. Já funcionava em setembro deste ano. Era ponta de linha do ramal do mesmo nome.

Estação ferroviária de Macau

FERNANDO PEDROSA- RN (antiga SÃO ROMÃO)
A estação de São Romão foi inaugurada em 1933 na linha tronco da EFCRN na altura do km 184 de acordo com o Guia Geral de 1960. Mais tarde, anos 1940, teve o nome alterado para Fernando Pedrosa. Com a construção da estrada de ferro, começaram a surgir pessoas em busca de trabalho, sendo necessária a construção de moradias para abrigar as famílias que aqui chegavam. Até então, todo o fornecimento alimentício da Vila era feito no barracão do Sr. Antonio Teixeira.

Estação ferroviária de Fernando Pedrosa ( antiga São Romão)

ANGICOS-RN
O Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil (1960) diz que a estação de Angicos foi inaugurada em 1933. Angicos era uma das cidades da região central do estado que despontava como produtora de algodão. A estação se localiza no km 194 da Linha tronco da EFCRN.De Angicos a linha segue sentido sul para alcançar São Rafael.

Estação ferroviária de Angicos

SÃO RAFAEL-RN
Situada no km 235 a estação de São Rafael foi inaugurada possivelmente em 1949, ou pouco depois. São Rafael foi completamente submersa pela construção da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, tendo sido a população deslocada para uma nova cidade. O prédio da estação, assim como todas as casas, foi demolido antes da inundação. Nessa época (final dos anos 1980) a linha Lajes-Jurucutu já não funcionava havia um bom tempo
A estação de São Rafael foi inaugurada possivelmente em 1949, ou pouco depois. São Rafael foi completamente submersa pela construção da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, tendo sido a população deslocada para uma nova cidade. O prédio da estação, assim como todas as casas, foi demolido antes da inundação.

Estação ferroviária de São Rafael

Jucurutu-RN
As obras continuaram após a inauguração da estação de São Rafael chegando as margens do rio Piranhas e logo foram ali abandonados.A estação nem chegou a ser construida.A estão final do ramal ficou sendo sempre São Rafael.

Estação
Ano de construção
Natal
1905
Extremoz
1906
Ceará-Mirim
1906
Taipu
1907
Baixa Verde ( João Câmara)
1910
Pedra Preta
1913
Lajes
1918
Pedro Avelino ( Epitácio Pessoa)
1922
Angicos
1933
Fernando Pedrosa (São Romão)
1933
São Rafael
1949
Afonso Bezerra
1950
Macau
1962



            Portanto, nos 57 anos que duraram os trabalhos de construção da EFCRN (posteriormente E.F.Sampaio Correia e REFFSA) foram beneficiadas 14 cidades, incluída a capital, com a construção igualmente de 14 estações nas respectivas cidades mencionadas anteriormente.

         As estações ferroviárias são marcos importante na arquitetura ferroviária. Alem de servir ao funcionamento da estrada de ferro por meio do transporte de passageiros e mercadorias, também serviam aos trabalhos administrativos da ferrovia. No seu entorno surgiram cidades, como João Câmara, e outras tomaram impulso socioeconômico como Taipu, Lajes, Angicos, São Rafael etc. Infelizmente a EFCRN nunca chegou ao seu traçado original que pretendia atingir a cidade de Caicó. Mas nos anos que esteve em funcionamento, sem dúvida, foi uma das mais importantes estradas de ferro do estado, pois por meio dela houve a ligação de regiões importantes do estado com a capital, Natal.

Acidentes na estrada de ferro


         O trecho compreendido entre o quilometro 25, Raposa e Taipu, 56, sofreu vários acidentes ao ponto de varias vezes o trafego ser interrompido. Houve segundo o Relatório nessa época vários descarrilamentos, mas sem importância (RMVOP, 1908, p.50).
         Entretanto no km 54 no dia 13 de julho houve o descarrilamento do trem horário que resultou na morte de uma passageira da 2ª classe. O desastre deu-se na curva em 9 graus e em rampa, motivado parece, por um defeito do carro, ou trucks, que não funcionaram bem na ocasião. Foram tomadas medidas urgentes no tocante à conservação a conservação da linha e reparos de material rodante. O trafego da linha era considerado bom (p.50).
         Durante o ano de 1912 o rigoroso inverno de 9  meses seguidos causou sérios prejuízos a linha em construção.Muitos cortes foram obstruídos e diversos aterros desmoronados.

       Atualmente a ponta dos trilhos está a 24 km de Cardoso e o leito acha-se preparado até Lages, km 150, cuja estação poderá ser inaugurada em agosto do corrente ano.

Arquitetura ferroviária




Obras novas da ferrovia de Natal a Taipu

         Para que a estrada de ferro seja construída é preciso a construção de elementos característicos a engenharia ferroviária que são conhecidas pela engenharia como obras de arte.Muitas obras de arte foram construídas ao longo da ferrovia entre Natal e Taipu, dentre estas destacam-se rampas, aterros, bueiros, pontilhões e pontes. Segundo o relatório do Ministério de Viação e Obras Publicas no ano de 1912 já haviam sido construídos 14 bueiros capeados e 2 abertos e modificados 5 em arcos.Em construção achava-se mais um pontilhão de 3 e 6 metros de vão respectivamente e outros de 10 metros de vão. Edifícios, ainda não havia sido construído edifícios alem Taipu em 1909, depois dessa data a estação de baixa Verde seria a primeira construção realizada no prolongamento da ferrovia em 1910.
         Foi construído um triângulo de reversão entre os km 1 e 2.Reconhecidas as deficiências das oficinas existentes, não só para parte de trafego  como para o prolongamento foi escolhido o local para as novas oficinas na cidade de Ceará -Mirim e autorizado o serviço do movimento de terra para a esplanada.Mais tarde, porém, foi esse local aproveitado para um depósito de carro que já se acha com as paredes prontas, e marcados o novo local para as oficinas, em Natal, à margem direita.
         No trecho da ferrovia que fica no território de Taipu é possível ver muitas dessas obras de artes, tais como os cortes, na Passagem Funda, o pontilhão sobre o rio Gameleira, afluente do Ceará Mirim, na localidade de Boa Vista, o bueiro do sangradouro do açude já na zona urbana de Taipu, ruínas de outro bueiro é possível ser vista na zona urbana da cidade.Mas em duvidas as obras mais significativas em Taipu são respectivamente a Estação, a ponte do Umari e a caixa d’água.
         Os conjuntos ferroviários geralmente eram compostos por armazéns de carga e mercadorias, oficinas de manutenção, local para manobra de composições, caixa d’água suspensa para abastecimento das caldeiras das locomotivas, depósito de carvão, casas para funcionários, abrigo para maquinas paradas, alem de outras edificações. No entanto são as estações as construções de maior representatividade nesse conjunto de edificações ferroviárias. Elas exercem esse poder de atração pelo fato de ligar a via férrea  com as respectivas aglomerações. Pelo seu caráter aglutinador muitas delas se tornaram marcos de referencias, aglutinando em seu entorno importantes serviços. Isso é verificado quando vê-se estações que quando construídas em locais isolado em pouco tempo são envolvidas pelo tecido urbano.Isso foi verificado em Taipu, pois a estação foi construída à época em local isolado da zona urbana o que determinou o impulso do crescimento urbano da então vila de Taipu.

A estação
         Nas cidades brasileiras, as estações ferroviárias constituíam o eixo central da vida, e mesmo depois de escritos os primeiros capítulos da história do trem no Brasil há 150 anos, mesmo desativadas as estações permanecem como testemunho do inicio da modernidade.
         A estação ferroviária de Taipu foi inaugurada no dia 15 de novembro de 1907. Em seu discurso o governador Alberto Maranhão mostrou-se satisfeito com o que vira e enalteceu os esforços e a competência da comissão construtora da estrada de ferro que nas palavras do governador “honravam a engenharia brasileira” (Diário do Natal, 1907, p. 1).A estação de Taipu foi oficialmente inaugurada pelo Dr. José Luiz, engenheiro chefe da comissão de construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.
         Junto à estação localiza a plataforma que servia para o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. Sua altura elevada em relação ao nível do terreno permitia o perfeito acesso aos trens. A plataforma da estação de Taipu tinha uma extensão de 34 metros. No ano de 1996 uma parte da plataforma foi destruída pela prefeitura para asfaltar a rua principal.


estação ferroviária de Taipu


         De modo geral, as estações de pequeno e médio porte localizavam-se em cidades do interior, nas quais os pequenos espaços eram suficientes para os serviços de operação ferroviária.         
         A estação de Taipu mede 18,5 metros de comprimento por 13,5 de largura. O edifício é composto de dependência administrativa (duas salas eram destinadas para atividades administrativas, sendo uma destinada à bilheteria), alojamento de funcionários e armazém anexo.
         O telhado é composto em duas águas terminado em alpendre sobre o vão central da plataforma. Na parte superior  das paredes nas faces leste e oeste da estação há o dístico em que se ler o nome do município.

A caixa d’água
         Em todas as cidades em que eram construídas estações  ferroviárias obrigatoriamente deveriam ser construídas também caixas d’água para abastecimento das locomotivas a vapor. Curiosamente a caixa d’água de Taipu não era elevada como a maioria das outras caixas d’águas, geralmente construída em ferro.A de Taipu foi construída em alvenaria, com base em alicerce de rochas, de forma retangular.Penso que tal exceção deve-se a topografia da cidade. Em Taipu a caixa d’água que servia a ferrovia foi construída em frente a estação onde hoje se localiza a praça Maria da Dores Praxedes.


alicerces da antiga caixa d'água de Taipu


A ponte Ferroviária
          Localizada no distrito do Umari cerca de 4 km da sede a ponte ferroviária começou a ser erguida em 1908 e concluída em agosto de 1909. A ponte está sobre o rio Ceará Mirim. Esta obra de engenharia ferroviária deveria ser realizada para dá continuidade aos trabalhos de avanço da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e segundo os relatórios do ministério de viação e obras era a maior obra de arte existente nessa estrada de ferro (ano e pagina).


ponte ferroviária do Umari


         Tem esta ponte 5 vãos de 30 metros cada um; a viga metálica  é continua e foi adquirida pela extinta comissão do governo.Os dois encontros e o primeiro e o quarto pilares  já se achavam prontos em 1908; o segundo estava quase concluído e o terceiro estava apenas iniciado.As fundações são sobre rocha até a profundidade de 8 metros.A previsão de montagem completa da ponte estava prevista para agosto do ano de 1909.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

SOBRE A FEIRA EM TAIPU


É dia de feira\Quarta-feira, Sexta-feira\Não importa a feira\É dia de feira\Quem quiser pode chegar (A Feira, O Rappa)


    A feira é uma das características essenciais na formação de um núcleo urbano do nordeste, pois é por meio da feira que se intensifica a incipiente economia do local, transforma-se em centro de irradiação de mercadorias, comunicação e cultura. Muitas cidades potiguares cresceram por meio de uma feira, que junto com a capela são os dois elementos principais para a caracterização do passado histórico do lugar.
       Em Taipu há apenas uma breve referencia nas crônicas de Francisco Nobre em 1877 quando ao citar o município de Ceará Mirim diz que neste havia o distrito de Taipu na qual tinha uma pequena feira. Devemos crer que por esse período já havia certo nucleamento urbano que justificava a realização de uma feira.
     Não se tem noticia da construção do primeiro mercado publico de Taipu, que segundo dona Teresinha Dias, localizava-se na rua onde atualmente se situa a câmara municipal. Com o passar do tempo o local ficou pequeno para receber o fluxo de mercadorias e a realização da feira. Anfilóquio Camara (1943) diz que “O edifício do mercado público é amplo e tem passado por algumas reformas”. Na década de 1950 foi construído um novo (e atual) mercado público. O novo mercado foi construído em espaço mais amplo e o prédio em si era considerado uma das maiores construções da cidade, além da matriz, da escola Joaquim Nabuco e da estação ferroviária.
     No seu entorno se realiza a feira. Como de costume os comerciantes chegam de madrugada, bem como algumas pessoas costuma fazer suas compras antes do sol nascer. Tradicionalmente se realiza aos domingos, eventualmente quando da realização do encerramento da festa da padroeira e na festa de reis é transferida para o sábado. Nela fazem presentes comerciantes de Ceará Mirim, João Câmara e outras cidades da região além dos tradicionais comerciantes nativos que nela tiram seu sustento.

A dinâmica organizacional da feira
        Como já assinalamos a feira se realiza no entorno do mercado, no entanto há uma organização já estabelecida tradicionalmente. Dentro do mercado são comercializados as carnes bovinas, tendo algumas bancas de comidas, bares e comércio de seco e molhados. Na rua ao lado da câmara fica a feira do peixe, onde se comercializa as carnes e derivados de peixes, as frutas e legumes.Em frente ao casarão da família Praxedes se realiza a feiras de verduras, farinhas et.Ao lado da rua  é onde estão as tradicionais bancas de bolos, tapiocas, grudes, secos, roupas. Em frente a praça estão os produtos “miúdos”.
         A feira é um lugar cheio de sons, movimentado e colorido. Talvez por isto chame a atenção numa primeira análise. O colorido das frutas e legumes nas barracas iluminadas pela luz do sol filtrada através dos toldos proporciona um visual muito bonito. Em alguns lugares o sol passa direto pelas frestas e espaços entre as barracas criando uma luz incrível. Para quem observa de fora a feira parece um teatro cheio de personagens, cada um com sua história. Um lugar com cheiros e sons que nos remetem ao nosso passado e, talvez, à nossa infância. Um lugar com suas cores e suas luzes a serem descobertas, exploradas e... fotografadas. (Roberto Agapio).

Aspecto do mercado de Taipu na década de 1970.


A feira em 1964.Uma das poucas imagens da feira em Taipu. Arquivo ICM.

Mercado público de Taipu, 1964.Arquivo ICM


Mercado publico de Taipu, 2012.João Batista dos Santos.


Sobre a Caixa das Secas


        O governo informava que não havia movimentação na Caixa das Secas, além  do que aguentou os saldos de acordo com as disposições no decreto que a criou.O balanço do exercício de 1922 registrou o seguinte saldo em 1921: 350;847$200 tendo sido repartidos em donativos as municipalidade de Taipu 500$, Martins 500$ e Augusto Severo 200$.




Fonte: Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1922, p.4R

Avanço nas obras da ferrovia

       Os trabalhos de avanço na ferrovia continuaram durante o ano de 1908.O trecho da construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte ficou concluída a linha na extensão  de 28,6 km, de Taipu a Baixa Verde, elevando-se a 128 km a extensão em trafego.Ficou bastante adiantada a construção dos restantes 103 km dessa via férrea até Caicó.
         É oportuna enfatizar que a ferrovia nunca atingiu a cidade de Caicó como previsto no projeto original.As modificações técnicas desviaram a ferrovia para Macau o que só ocorreu na década de 1960.



Fonte: Jornal A Noticia, 1908, p. 3.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sobre a educação em Taipu em 1900




          Bevenuto Augusto Barbalho ( Taipu) e Ernesto Ottoni Nunes ( Baixa Verde) eram os dois professores estaduais existentes no município. Os referidos professores foram nomeados a 1 de fevereiro de 1900 e estavam lotados cada qual numa das duas escolas mistas existentes no município.
       Haviam sido matriculados naquele ano de 1900 36 alunos, dos quais 25 frequentaram as aulas.O ordenado dos respectivos professores era da ordem de 200$000. 



( fonte: relatórios dos presidentes dos estados brasileiros,1900 p.143)

Medindo a precipitação pluviométrica de Taipu

          Segundo o relatório do ministério de obras viação havia sido  inauguradas 41 estações pluviométricas no RN sendo uma em Taipu inaugurada no ano de 1910, o que indica que os índices de chuva no município começaram a ser medidos a partir daquele ano.
           Os dados atuais sobre o clima do município dizem que possui um clima tropical chuvoso Com precipitação pluviométrica anual (2007): normal com cerca de  901.6 mm, sendo a média observada de 584.1mm. O período chuvoso ocorre entre abril a junho.As temperaturas médias anuais: máxima: 32,0 °C, média: 25,3 °C, mínima: 21,0 °C.Sendo a umidade relativa média anual de  79%.Tem 2.700 horas de Insolação..





Fontes : IBGE, IDEMA, Ministério de viação e obras publica, rio de janeiro, imprensa nacional Relatório, p.205, 1912

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fragmentação do território do município de Taipu


            Segundo o IBGE o município e a unidade administrativa de menor hierarquia dentro da organização político-administrativo do Brasil. São criados através de leis ordinárias das Assembleias Legislativas e sancionadas pelo governador. Julio Sena (1974, p 68-69) ao fazer analise sobre a origem do município brasileiro assim se expressa:
O município brasileiro nasceu das necessidades apresentadas pelos diversos agrupamentos humanos situados em determinadas regiões. Por sua vez esses agrupamentos se fizeram em torno de objetivos agropecuários. O município tem base em fatores antropogeograficos onde a vida do homem se tornou mais fácil pela amenidade de clima, constituição do solo agrícola e padrão floristico utilitário, os agrupamentos cuidaram da cultura dos campos e da colheita das matérias primas e os municípios formaram-se, desse modo, dentro de pequenas regiões [...].
            Notadamente encontramos nas palavras de Julio Sena as características formadoras do município de Taipu, sobretudo no que se refere aos objetivos agropecuários pois o referido município desenvolveu nas inúmeras fazendas existentes na região.
            A formação do território do município de Taipu não é uma tarefa fácil, mas tentaremos aqui empreender esforços da melhor maneira possível para fazê-lo.
            O município de Taipu foi criado pelo Decreto nº 97 de 10 de março de 1891 assinado pelo governador Amintas Barros na qual o desmembrava do município de Ceara Mirim, ficando o povoado de Taipu elevado a condição de vila e sendo a sede do novo município.O limites do novo município deveriam ser os mesmos do distrito de paz que havia sido criado em 1851.
            Os limites do município de Taipu após a sua criação passaram ser então Ceara Mirim, São Gonçalo do Amarante, Touros e Jardim de Angicos. Segundo Torquato (2009, p.169) o município de Taipu tinha em 1895 uma extensão territorial de 942 km², que além da sede, a vila de Taipu, faziam parte do município as seguintes localidades: as povoações de Poço Branco (atual município), Barreto (atual Bento Fernandes-RN), Gameleira, Contador, Boa Vista, Pitombeira e Passagem Funda Baixa Verde O distrito de Baixa Verde foi criado pela lei municipal nº 2, de 22-12-1892 e incorporado ao território do município de Taipu[1].
            Nas informações sobre o município do relatório do governador do Estado em 1896 diz que “eram poucas as informações confiáveis sobre o município” (RPEB, 1896, p. 39). O relatório dizia apenas que o município pertencia a comarca do Ceará Mirim e não era distrito judiciário e que não foi possível reunir dados históricos e geográficos sobre Taipu (Cf. RPPEB, 1896, p. 77).As informações sobre o município em 1896 nos levam a crer que ainda não haviam sido levantadas informações seguras a respeito do município de Taipu por parte das autoridades locais, o que causa estranheza na demora em coletar os dados sobre o município transcorridos cinco  anos de criação da municipalidade.
Segundo o RPEB (1906, p. 38-39) as informações sobre o município de Taipu dizia eram insuficientes os dados estatísticos, históricos e geográficos, que chegavam à secretaria do estado sobre o município e cuja a superfície não era possível calcular, dada a falta de informações  precisas e seguras.Passados 15 anos de sua criação e ainda assim não haviam informações seguras sobre o município de Taipu conforme atesta o referido território sobretudo no que se refere seus limites geográficos. Havia no município de Taipu grande quantidade de terras do estado (devolutas), nas quais diversos proprietários particulares estavam se apossando ilegalmente para o plantio e da criação (Op. Cit, p. 39). Atesta-se assim a grandeza territorial do município. Nesse período a população estava calculada em 4.000 pessoas.

Demarcação dos limites entre Taipu e Ceará Mirim
            Nos anos de 1917 e 1918 foram assinados decretos que determinavam a demarcação dos limites de Taipu. O primeiro entre Taipu e Ceara Mirim e o segundo entre Taipu e São Gonçalo. O decreto Nº 422 de 28 de novembro de 1917 marcava a linha divisória entre os municípios de Taipu e Ceará Mirim conforme o decreto foi estabelecido que:
Art. 1º. A linha divisória entre os municípios de Taipú e Ceará Mirim é a seguinte: ao Norte: partindo da foz do Riacho Secco a ponta da Lagoa do Matto pelo lado de cima; dahi em linha recta à Passagem das Pedras; dahi em linha recta á Cruz do Salvador; desta pela entrada de Macahyba ou das Boiadas até o Riacho do Mudo e por este a cima até o Trempe dos Municípios num lugar chamado Poço do Joaseiro[2]. (DGERN).
            Foram então estabelecidos os limites entre Taipu e Ceará Mirim. Os limites permanecem inalterados até os dias atuais ressalvados as mudanças toponímicas.

Demarcação dos limites entre Taipu e São Gonçalo
            Em 27 de novembro de 1918 por meio do decreto Nº. 433 foram estabelecidas as linhas divisórias entre os municípios de Taipu e São Gonçalo
Art. 1º. A linha divisória entre os municípios de Taipú e São Gonçalo é a seguinte: partindo do Poço do Joaseiro ao centro da Lagoa da Jurema, dahi para ponta sul do Serrote do Urubu, seguindo em linha recta ao tanque do Quintururé e dahi ao meio da Serra dos Macacos (DGERN, p.5).
            Aqui os limites estabelecidos pelo decreto se referem a parte sul do município de Taipu correspondente ao atual município de Ielmo Marinho.
             Taipu era um município grande em extensão territorial, porém pouco povoado. A sede não passava de uma vila que não atingia a mil habitantes, a maioria da população, no entanto, habitava o meio rural.

Desmembramentos e fragmentação do território do município de Taipu
            Três municípios do Rio Grande do Norte foram desmembrados de Taipu foram eles: João Camara, Bento Fernandes e Poço Branco.Assim em sua história Taipu se fragmentou por três vezes para ceder parte do seu território à formação de novos municípios.

 Baixa Verde (João Câmara-RN)
O distrito de Baixa Verde foi criado pela lei municipal nº 2, de 22-12-1892, subordinado ao município de Taipu. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o distrito de Baixa Verde, figura como pertencente ao município de Taipu. (Cf. IBGE, 2010). O desenvolvimento de Baixa Verde deu-se pela chegada da estrada de ferro que partindo de Taipu chegou àquela localidade em 1910. A emancipação política de Baixa Verde deu-se em 29 de outubro de 1928 por meio da lei nº 697 sancionada pelo governador Juvenal Lamartine. Seu território foi composto pelo desmembramento dos municípios de Touros, Taipu e Lajes ( Morais, 2007,p.103).a instalação do município deu-se em em 1 de janeiro de 1929.Em 11 de junho Baixa Verde foi elevada a condição de cidade. João Câmara conta atualmente (2013) com uma população de 32.227 habitantes numa área de 714, 954 Km² (Cf. IBGE, 2010), na qual se consolida como um município polo da Microrregião Leste Potiguar, também denominada de Mato Grande.

Bento Fernandes-RN
            A localidade de Barreto começou a ser povoado no inicio do século XIX.Foi nessa época que surgiram, em 1804, evidencias históricas da posse de terras no Tabuleiro do Barreto, ribeira do Ceará Mirim ( Maorais, 2007,p.40)
            O município de Barreto foi emancipado pela lei estadual nº 2353-A assinada pelo governador Dinarte Mariz em 31-12-1958, sendo desmembrado de Taipu com sua sede no distrito de Barreto, ex-povoado e oficialmente instalado em 01\01\1959 (Morais, 2007, p. 40).Em 16 de outubro de 1967 houve a mudança de nome do município passando de Barreto a Bento Fernandes por meio da lei 3506 sancionada pelo governador Walfredo Gurgel.
            Com a criação do município de Bento Fernandes, Taipu perde pela segunda vez parte de seu território cedendo àquele novo município uma área de 301, 068 km².Atualmente o município de Bento Fernandes conta com uma população de 5.113 habitantes segundo o Censo de 2010.Distante 88 km da capital.

Poço Branco-RN
A história de Poço Branco remonta ao final do século XIX.  A origem de seu nome está datada por volta de 1890, quando os primeiros moradores do povoado deram este nome ao lugar devido aos poços de água cristalina que existiam à margem do rio Ceará Mirim. Antes de 1900, existia um pequeno aglomerado de casas, pouco urbano, às margens de um pequeno rio.
O processo de emancipação de Poço Branco teve início no final dos anos 50 e como em todo movimento separatista, este também teve alguma oposição.
Da parte da população de Taipu não houve manifestações contrárias ao desmembramento do distrito de Poço Branco, mas os políticos taipuenses se opuseram ao movimento. Prevaleceu, porém a separação e criação do município de Poço Branco.
No dia 26 de julho de 1963, foi criado o município de Poço Branco pela Lei nº 2.899 sancionada pelo governador Aluizio Alves tendo sido desmembrado de Taipu, tornando-se município do Rio Grande do Norte e oficialmente instalado em 05 de abril de1964 (Cf. IBGE, 2010). Pela terceira vez Taipu cedeu parte de seu território à criação de um novo município potiguar, desta vez foi uma área de 230,399 km². Os dados mais recentes do IBGE (2010) mostram que o município Poço Branco conta com uma população de 13.947 habitantes.
Fontes: Julio Sena In: Ceara Mirim Exemplo Nacional, 1974.Marcos Cesar Cavalcanti de Morais In. Terras Poriguares, 2007. IBGE, 2010.




[1] Refere-se ao núcleo urbano  primitivo da atual cidade de João Camara-RN.
[2] A ortografia foi transcrita conforme o original.