quinta-feira, 28 de abril de 2016

O padre Afonso Lopes Ribeiro


       Nascido em Macau no dia 22/11/1883, era filho de um industrial salineiro e major da guarda nacional, Manoel Lopes Ribeiro, sua mãe foi Antonia Lopes Ribeiro.Segundo Gurgel [ 2002, p. 178 ] era inteligentíssimo, porém, com um temperamento imprevisível. Como padre assumiu as paróquias de Areia Branca de 1918 a 1922.tinha um excelente dom para a oratória.
Valendo-se de sua inteligência e inspiração poética compôs marchinhas de carnaval e jornadas para o pastoril.
         Foi vigário de Taipu em 1926, entre 1927 e 1929 esteve na paróquia de São Gonçalo.Transferiu-se por vontade própria para São  Paulo  e depois na diocese Ribeirão Preto a fim de procurar tratamento para a saúde debilitada.
          Morreu  em 10/07/1937 aos 54 anos e 31 de vida sacerdotal.
       Segundo Câmara Cascudo o padre Afonso foi suspenso de ordens em 1912 por ter dado uma resposta intempestiva ao bispo de Natal num encontro do clero em Ponta Negra, a suspensão foi por 6 anos, período no qual o padre ficou lecionando em escolas de Natal.Terminada a suspensão foi nomeado vigário de Areia Branca.Naqueles confins do Rio Grande do Norte o padre aprontou tantas outras na pequena vila.Conquistou a admiração da população pelo seu carisma e assim se viu envolvido em muitas historias cercada de irreverência e até mesmo de violência segundo afirma Gurgel [ 2002, p.178 ].
        Foi o padre Afonso Lopes Ribeiro quem escreveu o poema ‘o luar de Taipu’ assim também como os hinos da padroeira Nossa Senhora do Livramento no curto período de tempo em que esteve a frente da paróquia de Taipu.
           Eis a baixo o poema Luar de Taipu e os hinos de Nossa Senhora do Livramento, padroeira de Taipu, de autoria do padre Afonso Lopes Ribeiro.


Luar de Taipu
Nesta hora cantam as aves
E o nosso peito se agita
Quanta inspiração palpita
Desde as flores ao bambu
A natureza desperta
E as virgens cantam sonhando
Por entre risos saudando
O luar de Taipu
Oh lua! Quando apareces
Com raios do sol dourado
Toda chique embalsamada
Nos cumes dos verdes montes
Faz nos lembrar com saudade
Da vida dos tempos primeiros
Quando alegre e prazenteiro
Seus raios beijavam a fonte
Bendita seja mil vezes
Lua de um céu prateada
Lua de amor engastada
Num diadema de luz
Astro famoso
Será uma jaça em punjança
O sol da nossa esperança
Na terra de Santa Cruz.


Hino oficial de Nossa Senhora do Livramento
As nossas almas vêm pressurosas
Cheias de doce contentamento
Do seu afeto trazem-vos rosas
Ó Virgem do Livramento.

Do céu sois formosa aurora
Dos que sofrem sois o alento
Sois nossa Mãe e Senhora
Ó Virgem do Livramento.

Nos sofrimentos de nossos dias
Vós sois um astro fulgente e santo
Dourando a terra das alegrias
Calmando a mágoa do nosso pranto.

As alegrias de nossas vidas
Nascer sentimos no coração
A Vós elevamos ó Mãe querida
Os vossos hinos de gratidão.

Por vossa graça e saudade imensa
Aceita hoje, Mãe do Senhor.
Os lírios brancos de nossa crença
As rosas rubras de nosso amor.

Não há menção à cidade de Taipu, sede da paróquia, somente se canta à Virgem.

Hino popular de Nossa Senhora do Livramento

Nossa Senhora / Mais bela rosa /
Que Deus conserva/ em seus rosais/
mandai a terra / de paz sequiosa /
as vossas bênçãos / cheias de paz.

Glória, glória a Virgem pura / sol de augusta claridade/
Glória à Mãe do livramento/ padroeira da cidade.



Nossa Senhora/ manhã sagrada /
que surge sempre para Jesus/
a nossa vida / noite cerrada /
as vossas bênçãos cheias de luz.

Nossa Senhora/templo precioso
Da nossa crença, / branca sem véu
As nossas almas/ tristes sem pouso
Abri as portas /de ouro dos céus







Fonte: GURGEL, Deifilo. Areia Branca: a terra e a gente. Natal: D. Gurgel, 2002.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Sobre a professora Helena Botelho

        Existe no Arisco dos Barbosa em Taipu-RN uma escola isolada denominada Helena Botelho.Encontrei alguns dados biográficos desta professora no artigo Alfabetização no Rio Grande do Norte presença da professora Helena Botelho (1910-1920) de autoria de Maria Arisnete Câmara de Morais Karoline Louise Silva da Costa Janaína Silva de Morais da UFRN da qual extraímos esse excerto.


Helena Botelho, a patrona da escola do Arisco dos Barbosas

        Helena Botelho de Farias, nasceu no Estado de Pernambuco em 13 de agosto de 1896, filha do casal José Paulino de Carvalho Botelho e Maria Marcolina Botelho. Quando criança Helena Botelho teve o primeiro contato com as letras através de sua genitora. “A família, por tradição, inclinou-se para as letras, artes, música e pelo magistério, como foi o caso de Josefa Botelho e de suas irmãs Helena e Alzira.” (MEDEIROS, 2013). Aos 16 anos de idade, ingressou na Escola Normal de Natal, onde fez parte da primeira turma de formandos, em 04 de dezembro de 1910.
          Aprovada em concurso público, Helena Botelho foi nomeada para exercer a docência no Grupo Escolar Senador Guerra (Decreto nº 189, de 16 de fevereiro de 1909), instalado na cidade de Caicó/RN. Helena e a sua irmã Josefa Botelho, “[...] foram as primeiras professoras formadas a atuarem naquela cidade.” (MORAIS; SILVA, 2011, p. 71).
        Nesse estabelecimento de ensino ela lecionou durante o período de 1911 a 1918. Uma de suas alunas foi a educadora Chicuta Nolasco Fernandes que, posteriormente, dirigiu a Escola Normal de Natal, no período de 1952 a 1956. Dona Chicuta rememorava a sua professora primária enquanto estudante daquela instituição: “Adorava D. Helena, bonita como um cromo.” (MORAIS, 2006, p. 39).
         Lecionou em vários estabelecimentos de ensino: o Grupo Escolar Joaquim Nabuco na cidade de Taipú/RN, criado pelo Decreto nº 86, 8 de janeiro de 1919 e o Grupo Escolar Pedro Velho, em Canguaretama, criado pelo Decreto nº 286, 10 de julho de 1913.
            Finalmente, em 1923 foi transferida, a pedido, do Grupo Escolar Pedro Velho para o Grupo Escolar Felipe Camarão, em Ceará-Mirim (livro de Registro de títulos e portarias de licenças, 1923). Nessa instituição primária, criada pelo Decreto nº 266 de março de 1912, Helena Botelho assumiu a Cadeira Infantil Mista (Inscrição dos Grupos Escolares e Escolas Isoladas, 1924).



Helena Botelho | década de 1920.Fonte | Acervo pessoal de Haroldo Brandão.
A imagem consta no referido trabalho já mencionado.


        Conforme entrevista com o senhor Odúlio Botelho, a professora Helena desenvolveu, nos municípios do Estado onde lecionou, uma “[...] intensa atividade cultural, procurando envolver a sociedade nas coisas da educação.”
Nas suas lembranças, “[...] além de poetisa, era uma excelente pintora.
     Desenvolvia uma boa oratória nos momentos solenes.” (MEDEIROS, 2013). Já aposentada do magistério, acompanhou o seu marido José Cesar
de Farias Filho para o Estado da Paraíba, onde passou a residir no município de Princesa Isabel. “Continuou lecionando as crianças e adultos naquela região, era a vocação permanente sobre a arte de ensinar.” (MEDEIROS, 2013). Por volta dos anos de 1970, residiu com sua família no bairro do Alecrim, à Rua Fônseca e Silva, n. 1105. Depois morou na Rua Amaro Mesquita, Lagoa Nova, até os últimos dias de sua vida.
            Helena Botelho faleceu em 24 de dezembro de 1986, aos 90 anos
de idade. Morreu por falência múltipla dos órgãos pela senilidade. Seu sepultamento realizou-se no Cemitério do Alecrim.
           Ela  denomina uma escola pública na zona rural do município de Taipú/RN, a Escola Isolada Helena Botelho, localizada no sítio Arisco dos Barbosa.
          Parabéns as autoras do referido artigo pela pesquisa e pelo trabalho desenvolvido sobre a professora Helena Botelho que muito engrandece a história da educação no município  de Taipu.





Fonte: Alfabetização no Rio Grande do Norte presença da professora Helena Botelho (1910-1920)  Maria Arisnete Câmara de Morais Karoline Louise Silva da Costa Janaína Silva de MoraisUFRN.

Grupo Escolar Joaquim Nabuco de Taipu-RN


           Eis uma verdadeira relíquia arqueológica de Taipu.Trata-se do grupo escola Joaquim Nabuco na década de 1920 segundo informação dada pela legenda da foto que pertence ao arquivo pessoal de Anderson Tavares.Como se sabe o grupo escola Joaquim Nabuco foi criado em 08/01/1919.Note-se também o automóvel na frente da escola provavelmente um dos primeiros a circular pela vila de Taipu.





terça-feira, 5 de abril de 2016

Transferência de escola em Taipu


         O decreto 158 de 13 de junho de 1936  assinado pelo governador Rafael Fernandes transferiu a escola isolada que existia no Umari para Pitombeira ambos em Taipu.O decreto que constava de apenas um único artigo dizia que “fica transferida da povoação do Umary para Pitombeira, a escola isolada que ali funciona” ficava revogada as disposições contrárias.





 Fonte: jornal Diário da Manhã, Recife. 11/06/193 16, p. 5

Prefeito de Taipu presente na reunião preparatória para o partido social nacionalista em 1933



         Ocorreu a reunião preparatória para a instalação do partido social nacionalista do RN.A reunião ocorreu no clube 3 de outubro onde estavam  reunidos “os principais elementos  revolucionários do Estado, os que desejam ver a nossa terra integrada nos verdadeiros ideias de renovação trazidos pelo movimento de 30”.
          Nesta reunião estiveram presentes representantes de todos os municípios do estado, bem como os núcleos regionais do clube 3 de outubro e associações de classe do interior e da capital.
       Como representantes do municipio de Natal estavam o padre José de Calazans, José A. de Viveiros, João Capistrano Carvalho, Robinson Silva, o jornalista Sandoval Wanderley, Pedro Teixeira da Silva, Sebastião Felix de Araujo, este presidente do sindicato dos trabalhadores de Natal, aquele do sindicato da Pedreira [?].
        A assembleia estava sob a presidência do Dr. Pedro Dias Guimarães que convidou os Srs. Robinson Silva e José Varela, prefeito de Taipu para compor a mesa. Coube a José Varela proceder com a leitura do manifesto, do programa  e dos respectivos estatutos.
          Segundo deliberações da assembleia o partido social nacionalista do Rio Grande do Norte seria composto por diretórios municipais, central, pelo congresso dos municípios e conselho consultivo.
      Feita a leitura foi proposto que se fizesse a apreciação dos estatutos pelos presentes, pelo adiantado da hora e como não houve consenso a votação foi adiada para o dia seguinte.
       Esteve presente a reunião de fundação do partido o  então jornalista Café Filho e Peregrino Junior, primeiro potiguar a ascender a Academia Brasileira de Letras.








O partido socila nacionalista foi um partido político rio-grandense-do-norte fundado em 5 de abril de 1933. Organizado por João Café Filho, apoiava o interventor Bertino Dutra, que governou o estado de junho de 1932 a junho de 1933.
Seu diretório era formado pelo padre Calazans, o tenente Sérgio Marinho, João Café Filho, Aníbal Ferreira, Rodopiano Azevedo, Joaquim Saldanha e Dias Guimarães.
Para participar da Assembléia Nacional Constituinte de 1933, elegeu um representante, Kerginaldo Cavalcanti de Albuquerque.
Nas eleições estaduais de outubro de 1934, uniu-se ao Partido Social Democrático (PSD) do Rio Grande do Norte, formando a Aliança Social do Rio Grande do Norte. O objetivo dessa união era eleger um maior número de deputados estaduais do que o Partido Popular do Rio Grande do Norte, garantindo assim a vitória de seu candidato ao governo constitucional do estado, que deveria ser eleito pela Assembléia estadual em 1935. O candidato da Aliança Social era o interventor Mário Câmara.
Entretanto, o Partido Popular venceu as eleições de 1934, elegendo 14 deputados estaduais contra 11 da Aliança Social. Esta última elegeu ainda um único deputado federal, Francisco Martins Veras.
Diante da vitória do Partido Popular, o interventor Mário Câmara retirou sua candidatura em favor de Elviro Carrilho, que foi derrotado pelo candidato do Partido Popular, Rafael Fernandes Gurjão.


FONTES: ASSEMB. NAC. CONST. 1934. Anais; BARBOSA, E. História; Diário de Notícias, Rio (21/5/35); Jornal do Comércio (6/4/33).
jornal Diário da Manhã, Recife. 22/04/1933, p. 19.