quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

SOBRE A BARRAGEM DE POÇO BRANCO




         Em janeiro de 2020 se comemora os 50 anos de inauguração da barragem de contenção sobre o rio Ceará-Mirim construída a época no distrito de Poço Branco no município de Taipu.
 Histórico da barragem
         A história da Barragem Taipu também é um dos capítulos especiais, no longo livro sobre o Nordeste que talvez jamais seja escrito.
A obra foi estudada e projetada inicialmente em 1935, pelo então IFOCS (Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas), destinava-se, principalmente, ao controle das cheias do fértil vale do rio Ceará-Mirim, onde existiam três usinas de açúcar, além da sua total irrigação.
Somente muito tempo depois, já sob a jurisdição do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas-DNOCS, novos e definitivos estudos foram levantados, adaptando-a melhor as reais condições hidrológicas.Uma área de aproximadamente 10.000 hectares poderia ser irrigada, por gravidade, podendo ser aumentada, consideravelmente, por bombeamento.
                Canteiro de obras da Barragem Taipu
Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.

O vale do Ceará-Mirim
         O vale do rio Ceará-Mirim era de uma produtividade enorme. O próprio DNOCS estava providenciando um estudo global dos recursos do grande vale, inclusive levantamentos sobre sua área cultivável, possibilitando, desta forma, uma programação racional e dirigida da futura irrigação.
Tais medidas valorizariam, ainda mais, os trabalhos da Barragem Taipu, proporcionalmente, maiores benefícios para as populações vizinhas.

Informações técnicas sobre a Barragem
         Os trabalhos estavam entregues desde 1963 a Construtora Nóbrega & Machado Ltda, firma genuinamente nordestina e dirigida pelos engenheiros Vauban Bezerra e Wilson e Milton Nóbrega, “com espírito empreendedor de trabalhar pela valorização e pelo progresso da terra comum” (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).
         O projeto constava de um maciço de terra compactada, com zoneamento bilateral, terminando os taludes, tanto de montante com de jusante, por enrocamento de proteção.
         O maciço divide-se em duas partes bem distintas: a barragem principal, com 640 metros de comprimento, correspondente ao fechamento do vale propriamente dito e a barragem auxiliar, com 280 metros, de onde a altura máxima de 10 metros, já estava inteiramente concluída.

                            Vista das obras da Barragem Taipu
                                        Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
                                       Ao fundo é possível vê o macico da barragem principal.

         O vertedouro, localizado na ombreira esquerda, entre a barragem auxiliar e o acampamento, tem o comprimento na crista de 177 metros, o que permitia com que permitia uma lâmina de 2 metros, uma descarga da ordem de 2.000m³ de água por segundo. Os principais serviços a serem concluídos davam a seguinte estimativa:
Escavações: 31.000 m³.
Maciço: 1.630m³.
Concreto e alvenaria: 8.700 m³.
Na cota de coroamento do vertedouro, o açude acumularia um volume de 135 milhões de m³ e cobriria uma área de 1.307 hectares.
         Ressalte-se que as terras banhadas pelo lago formado da barragem eram inteiramente áridas e despovoadas, sendo de pouca monta os prejuízos econômicos que seriam verificados após o enchimento do lago da barragem e inundação das terras circunvizinhas.
Para a conclusão de um projeto desta envergadura, a Construtora Nóbrega & Machado concentrava em Taipu o poderio técnico da sua organização.
Eram máquinas e homens que trabalhavam ininterruptamente, para cumprir fielmente os prazos estabelecidos nos contratos.

              Máquinas e trabalhadores da Barragem Taipu




                                                 Fonte: Revista Manchete, 1965,p.102-103.
Segundo a revista Manchete eram mais de 200 operários que se encontravam nos canteiros de obra da barragem, onde a construtora mantinha uma escola, serviço médico-dentário, em funcionamento permanente (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).Além disso cinco engenheiros residiam na obra, em tempo integral, acompanhando assim, a cada momento, o desenrolar da atividades o campo.
Para o andamento das obras existiam 50 caminhões basculantes de 7 m³, 4 motoniveladores, 8 carregadeiras de 2 e ¾ jardas cúbica, 6 tratores D7, 6 tratores de pneus (CBT) e 5 rolos vibratórios, que represetavam parte do grande equipamento concentrado na Barragem Taipu, para melhor rendiemnto da tarefa. (REVISTA MANCHETE, 1965, p.102).

A visita do ministro Juarez Tavora
Em 1965 o ministro Juarez Távora acompanhado do General Nelso Felício dos Santos, diretor geral do DNOS, visitaram as obras da Barragem Taipu acompanhados de técnicos e segundo o a revista Manchete “teve um significado todo especial para aquela região nordestina”.
Ainda de acordo com a referida revista a Barragem era de importância socioeconômica das maiores, localizada numa das mais férteis e ricas regiões do Rio Grande do Norte.
         A construção da Barragem se arrastava década após décadas, sem que pudesse oferecer a concretização do seu planejamento, sofrendo toda sorte de problemas e atrasos.
          Segundo a revista Manchete o ministro Juarez Távora e os diretores do DNOS se mostraram vivamente impressionados como andamento dos trabalhos na barragem, que estava definitivamente incorporada ao desenvolvimento e a integração de grande área do Rio Grande do Norte.
    Ministro Juarez Távora (centro) em visita as obras da barragem
   Fonte: Revista Manchete, 1965,p.103.
     
         Os dados e informações técnicas sobre o projeto foram explicados,como todos os detalhes ao Marechal Juarez Távora, que ficou inteirado do andamento das tarefas e das diversas etapas do empreendimento.
         Com a liberação dos recursos federais para a conclusão das obras esperava-se em breve inaugurar a barragem que “representará a concretização de um sonho de trintas anos, constituindo mais um marco do governo Castelo Branco na formação de um novo Nordeste”.
                A barragem já concluída e inaugurada em 1970

Fonte: Revista Manchete, 1970, p.192.

PS: embora Poço Branco já fosse município á época da publicação da matéria na referida revista, a obra era tida pelo Governo Federal como Barragem Taipu, optamos por deixar assim.Evitando os proselitismo, bairrismo e paixões topográficas, deve-se dá a Cesár o que é de Cesar, a barragem historicamente pertence mais ao município de Taipu do que ao de Poço Branco, mesmo tendo este levado consigo a obra toda quando de sua emancipação política em 1963.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A EPOPEIA DE JEAN MERMOZ



Jean Mermoz foi um aviador francês que fazia a travessia do Oceano Atlântico a serviço da empresa Aeropostale que mantinha um escritório as margens do rio Potengi em Natal como base para distribuição de correspondências que eram expedidas para América do Sul.
Jean Mermoz foi um personagem bastante conhecido da capital potiguar na década de 1930 e em Natal há uma escola no bairro do Bom Pastor que lhe homenageia.
O relato a seguir é sobre a travessia feita por Jean Mermoz e seu dois companheiros de voo entre São Luis do Senegal e Natal em 1930.
                                    Jean Mermoz

Jean Dabry, o único sobrevivente relembra as horas dramáticas no inferno de Pot-Au-Noir
Quando, as 8 horas da manhã de 13 de maio de 1930, pusemos os pés em Natal, vindos de São Luiz do Senegal, de onde partimos as 11 horas do dia 12, havíamos realizados uma dupla façanha que nos enchia de orgulho: a primeira travessia postal do Atlântico Sul e o recorde mundial, por hidroavião, de distancias em linha reta, até então em poder dos americanos.
Finalidade da travessia
Mermoz, Dabry e Gimié trabalhavam para a Compagnie Generale Aéropostale que desde 1 de março de 1928, mantinha serviços postais entre Tolosa e Buenos Aires.
         A travessia do Atlântico, porém, era feita em pequenos navios.Mermoz resolveu realizar todo o trajeto por via área , atendendo, assim com grande destemor, aos desejos da empresa.Os 3.137 km de distancia entre São Luiz (Senegal) e Natal foram cobertos em 21 horas e 10 minutos.Nesse voo o “comte  De La Vauix” trouxe 130 kg de correspondências.
Horas dramáticas no ‘pot–au-noir’
Dabry disse ao repórter que um dos momentos mais emocionantes da travessia foi transpor o ‘pot-au-noir’, a grande muralha de nuvens negras e espessas que impede todas a visibilidade em pleno voo.
-Quando nos aproximamos do ‘pot-au-noir’, disse Dabry, avisei Mermoz.Lembro-me de que , momentos depois, o rádio de bordo recebia uma mensagem no limiar da misteriosa parede negra do pot-au-noir.Mermoz, por alguns instantes, largou o comando e o vi com os olhos marejados de lágrimas.Mas logo as lagrimas se dissiparam e Mermoz se preparou para transpor o grande obstáculo.Foram horas dramáticas.Quando em criança imaginava cavernas malditas de feiticeros, não passava pela mente imagem mais funesta do que a linha sob as vistas.Tinhamos a impressão de estar navegando no caos primitivo.No seio desse universo obscuro, distiguiamos grossas counas de chuva e vultos gigantescos que ora nos pareciam castelos, ora nos pareciam animais pré-históricos turbilhando a nossa frente num movimento atordoante.Em dado momento, Mermoz, meio sufocado pôs a cabeça par afora da cabine a procura de ar ouro.Um jato de vapor atingiu-lhe os olhos, deixando-o de sustentar com firmeza o comando.Depois de mais de três horas,vimos um prodígio.a lua cheia, em todo seu resplendor, banhava com a sua luz o céu e o mar.Passara o perigo.
O fim do “Comte de La Vauix”
Dabry ressaltou também a bravura de Mermoz no naufrágio do Comte de La Vauix.Na volta do aparelho, foi tal o mau tempo que se fez necessária uma amerissagem forçada de Mermos. Quando tocou na superfície do oceano,uma baleeira do Phocée já estava perto.Toda a correspondência foi salva.E já nos estávamos afastando do loca, prosseguiu, quando Mermoz de um salto voltou, ao avião.fora desligar o motor.Só então é que voltou para a baleeira, contemplando pesarosamente o fim do Comte de La Vauix, que afundava docemente.
O avião monoplano de flutuadores Latecoere 28, pesava mais de 50 toneladas e era movido por um motor de 50 cv.Havia deixado Sanit Louis do Senegal as 11 horas e pela madrugada do dia 13 sobrevoava as ilhas São Paulo e Fernando de Noronha.A chegada a costa brasileira, a 13 de maio, de manhã cedo, é uma pagina clássica de Mermoz.
         - Diante de mim- escreveu ele em “Mês Vols”- na linha do horizonte, destacou-se lentamente um rochedo.Reconheci a ponta de São Roque.Fiquei pasmado, o estomago se contraiu e senti uma pancada no coração. Julguei que o meu espírito se desprendia do corpo e não tive mais controle dos meus movimentos. O aparecimento de terra depois de ter sulcado o oceano me deslumbrou. Foi um minuto emocionante, o grnade minuto de nossa viagem.Soltei um grito e Dabry e Gimie acorreram.Não abri a boca.Dabry exclamou: São  Roque.Num mesmo ímpeto, estritamente solidários, sentimos a força da nossa colaboração e experimentamos a mesmo embriaguez, a da vitória.Natal estava sob nós e fiz uma curva ao cabo de um instante e ‘piquei’ para a base da Aeropostale instalada as margens do rio Potengui [sic].
                                 Avião Latecoere 28 Comte de La Vauix
Foi num avião desse modelo que Jean Mermoz fez a travessia do Oceano  Atlântico em 1930

        
Mermoz desapareceu no Atlantico a 7 de dezembro de 1936.O radio-operador Gimie, que o acompanhava na travessia com  o navegador Jean Dabry, caiu em serviço aéreo na África do Norte, a 13 de janeiro de 1949.
Fonte: Revista Motor, Rio de Janeiro, 1957, p.6.



                               Escola Estadual Jean Mermoz em Natal
                  

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR DE APODI




         Segundo o que foi publicado no jornal do Comércio de Manaus-AM em 28/04/1912 “no município de Apodi foi inaugurado com extraordinária solenidade o Grupo Escolar Ferreira Pintor”.(JORNAL DO COMMERCIO, 28/04/1912, p.3)
Ainda de acordo com o referido jornal à festa compareceram as autoridades locais e o representante do diretor da Instrução Pública.
O novo estabelecimento de ensino, “que muito concorre para o melhoramento do município” (JORNAL DO COMMERCIO, 28/04/1912, p.3), ficou sob a direção da professora  Ursulina Moura.
Atualmente denomina-se Escola Estadual Professor Ferreira Pinto sendo o prédio atual situado a Padre João da Cunha em Apodi.
              Grupo Escolar Ferreira Pintor em 1927


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR MOREIRA BRANDÃO EM GOIANINHA


      Segundo o jornal A República foi uma festa verdadeiramente agradável a inauguração do grupo escolar Moreira Brandão, realizada no dia 12/05/1910 na vila de Goianinha, em comemoração do aniversário do glorioso martírio de Augusto Severo.
         Acendendo ao convite dos prestigiosos chefes políticos locais, coronéis Manoel Otoni de Araújo Lima e Luiz Gonzaga da Silva Barbalho, e do operoso chefe do Governo do município, coronel Manoel Duarte, o governador Alberto Maranhão seguiu para ali, em trem especial, acompanhado de diversas pessoas gradas, a fim de tomar parte no regozijo dos habitantes daquela futurosa vila, onde lhe foram preparadas entusiásticas manifestações de simpatia.
         Na estação de Goianinha, repleta de amigos e admiradores do querido riograndense, foi s. excia recebido por aqueles distintos cavalheiros e acompanhado até a aprazível vivenda da Ilha Grande, de propriedade do coronel Manoel Duarte, onde o governador Alberto Maranhão recebeu os primeiros cumprimentos.
       As 13h00 foi servido ao governador e sua comitiva opiparo almoço pela família Duarte.A mesa, sentaram-se além do governador Alberto Maranhão, os coronéis Luiz Gozanga, Manoel Duarte, Manoel Otoni  e membros da sociedade goianinhense.
       Au dessart, o normalista Joaquim Grilo saudou o governador em nome do coronel Manoel Duarte, oferecendo, em frases expressivas e cheias de entusiasmo, aquela significativa festa, como preito de sincera homenagem do presidente da Intendência de Goianinha [...]
     Nos discurso proferido s ouviu-se ainda louvores a atividade e correção com que vinha dirigindo os negócios do município o coronel Manoel Duarte, cuja eficaz colaboração, na sua obra de reorganização do ensino, se patenteava de modo iniludível naquele dia, com a abertura do grupo escolar Moreira Brandão.
         Ao brinde de honra foi erguido ao governador do Estado pelo jornalista do jornal A Capital, dr. Geraldino Lima.As 15h00 quando, transportados o governador e sua comitiva para a vila de Goianinha, deu-se inicio a solenidade de inauguração do grupo escolar, achando-se reunido no respectivo edifício, além das principais autoridades da localidade grande número de cavalheiros e distintas famílias da sociedade de Goianinha.
     Esta festa revestiu-se de grande realce,s endo presidida pelo governador Alberto Maranhão.
         Declarada a instalação do grupo escolar, foi cantado pelas respectivas alunas, o Hino Potiguar, que agradou geralmente.

                   Grupo Escolar Moreira Brandão de Goianinha

    Falou em seguida, congratulando-se com os norteriogradenses pelo auspicioso aconteciemnto, o ilustre dr. Pinto de Abreu, diretor Geral da Instrução Pública, que produziu uma belíssima alocução, enaltecendo a obra empreendida pelo benemérito Dr. Alberto Maranhão e concitando o povo de Goianinha a trabalhar pelo florescimento do instituto com que acabava de ser dotado aquele município.
Uma salva de palmas cobriu as últimas palavras do orador.
Interpretando o pensamento do Governado do Município, o normalista Joaquim Grilo dez a entrega do grupo Moreira Brandão ao Governo do Estado, manifestando o júbilo que todos sentiam naquele momento ao assistir, com a instalação do grupo, ao inicio de uma nova  fase de promissoras esperanças para a mocidade de Goianinha.
Ainda em obediência do programa organizado, usou da palavra o diretor do grupo, dr. J.Gouveia, fazendo várias considerações sobre a festa que ali se realizava.
Falaram igualmente o preparatoiano Paulo Maranhão, relembrando os serviço prestados por Moreira Brandão ao município de Goaininha, e dr. Geraldino Lima, que aclamado pelos presentes, fez uma bonita saudação ao belo sexo.
Seguiu-se os exercícios de classe e marcha pelas alunas sob a direção da normalista senhorita Beatriz Cortez.
Deu-se fim a sessão a cerimônia de descobrimento da lápide comemorativa da inauguração do grupo pelo governador do Estado.
As 19h00 teve lugar o grande banquete político oferecido ao governador pelos coronéis Manoel Otoni e Luiz Gonzaga.
Au champagne, ofereceu a festa, em breves mas, eloquentes palavras, o coronel Manoel Otoni.
Ergueu-se em seguida o governador, proferindo vibrante discurso em agradecimento as provas de cativante gentileza de que era alvo, elogiando a harmonia de vistas que era a nota dominante entre os chefes locais, igualmente empenhados na obra de desenvolvimento do prospero município, onde a sua ação se fazia sentir mais uma vez, fecunda e promissora.
Houve ainda outras saudações e brindes.As 20h00 voltaram o governador e sua comitiva para a capital, sendo acompanhados até a estação por crescido número de amigos que aclamaram o seu nome.
O trem especial em que viajou o governador chegou em Natal as 21h40. (A REPÚBLICA, 16 Maio de 1910, p.1).


A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR FABRÍCIO MARANHÃO NA VILA DE PEDRO VELHO



         A inauguração do grupo escolar Fabrício Maranhão da vila de Pedro Velho deu-se em 14/07/1910.
         Segundo publicado no jornal A República, o ato revestiu-se de toda solenidade, sendo assistido pelo governador do Estado e outras altas autoridades. (A REPÚBLICA,  15 Julho de 1910,p.1).
         O novo estabelecimento de instrução recebeu o nome de Fabrício Maranhão, como “uma justa homenagem ao querido chefe político riograndense” (A REPÚBLICA,  15 Julho de 1910, p.1).
         A inauguração do referido grupo escolar coincidiu com o dia da queda da Bastilha que marca a Revolução Francesa e segundo o jornal A República
         “quisemos mostrar a essas crianças que se vão educar em nosso moderno estabelecimento de ensino, o nosso respeito e a nossa veneração pelas coisas locais e pelas grandes ideias”  (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).
 de acordo com o mesmo jornal a respeito do futuro do grupo escolar “um trabalho de iniciamento nesta educação que lhes vais er ministrada pelo nosso grupo, educação aperfeiçoada que há de fazer a felicidade e a grandeza de nossa terra e de nossos filhos”  (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).
         As 05h45 o trem especial da Great Western estacionava em frente a estação da vila de Pedro Velho, onde a essa hora já aguardava a chegada do governador “ o que há de mais seleto em nossa sociedade” que “ardia em jubilo a nossa terra”    (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).
         Se dirigiu o governador Alberto Maranhão a rua principal da vila seguido pela comitiva e saudado por uma salva de 21 tiros e homenageado pelo Corpo de Segurança do Estado.
         Estava o governador acompanhado do vice-presidente da intendência em exercício Joaquim Luz, em cuja administração foi construído o grupo escolar e de Manoel Lobo, presidente efetivo, além do coronel Fabrício Maranhão, chefe político local doravante denominando o referido grupo escolar.
         A rua principal da vila estava toda embandeirada. O governador foi hospedado na casa de Joaquim Luz.As 10h00 se fez a inauguração do grupo escolar. Estava ao lado direito do governador o coronel Joaquim da Luz, o dr. Homem de Siqueira e o coronel Fabricio e a esquerda o dr. Pinto de Abreu, o coronel Manoel Lopes e o dr. Pedro Nascimento, diretor do grupo escolar.
       Seguiu-se a alocução inaugural e por fim deu-se por encerrada pelo governador Alberto Maranhão a solenidade de inauguração do grupo escolar, que segundo A República foi “uma consagração as virtudes cívicas do coronel Fabrício [ Maranhão] e da capacidade administrativa do Dr. Alberto Maranhão, sob cuja administração e com concurso inteligente do Dr. Pinto, se vem remodelando a instrução pública do Estado” (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).

           Grupo Escolar Fabrício Maranhão de Pedro Velho em 1922


       As 13h00 houve no salão de honra da Intendência Municipal, um lauto almoço, oferecido pelo Partido Republicano ao governador que tomou assento no centro da mesa, ladeado do Dr. Juiz de Direito da comarca e do Dr. Diretor da Instrução Pública, e tendo em frente o coronel Fabrício Maranhão, cercado de seus lugares-tenentes Joaquim da Luz e Manoel Lopes, ocupando as extremidades o comandante do Copo de Segurança e o ajudante de ordens do governador Alberto Maranhão.
         Em discurso agradeceu o governador as manifestações de seus correligionários da vila de Pedro Velho. Ao final do almoço encaminhou-se a comitiva para a estação ferroviária da Great Western, onde estava postada a guarda de honra, tomando o trem retornaram para Natal.

PROTESTO CONTRA A EFCRGN


Foi publicado no jornal A República em 21/01/1910 o protesto de Joaquim Varela Buriti contra a EFCRGN.
         Segundo o teor do referido protesto Joaquim Varela Buriti dizia ser residente no sitio Maxaranguape e que era senhor e possuidor a justo e legal titulo da propriedade denominada Amarelão, compreendendo todas as terras da data Torreão, nos municípios de Taipu e Jardim de Angicos, em cuja propriedade tinha sua fazenda, com seus terrenos agrícolas, seus campos de criação, casa de morada, curral, cercado e mais benfeitorias.
 Sucedeu, pois, que o Srs. Proença & Cia, contratantes dos trabalhos da Estrada de Ferro Central do Estado, por seu engenheiro chefe José Antônio da Costa Silva, estavam construindo a mesma estrada por sua referida propriedade, em frente a dita casa, derrubando parte de suas cercas sem haver feito indenização, e sem o consentimento do dele o que com tal procedimento constituía desrespeito a lei e aos direitos do suplicante.
 Joaquim Varela Buriti veio por isso protestar, como protesta, contra o aludido trabalho de construção e Estrada de Ferro nas mesmas terras, prometendo fazer valer judicialmente o seu direito em tempo oportuno.
Assim mandou que fosse publicado no jornal A República o teor do protesto lavrado em cartório para que depois fossem intimadas na capital, o engenheiro chefe, representante da dita firma contratante, dr. José Antonio da Costa Junior e o dr. Luciano Martins Veras, chefe da comissão fiscalizadora da dita Estrada por parte do Governo Federal.
O referido protesto Joaquim Varela Buriti foi lavrado em cartório no dia  de 18 de janeiro de 1910 e publicado no jornal A República em 21 de janeiro de 1910.( A REPÚBLICA,  21 Jan.1910, p.2).
      A área a ser indenizada ao proprietário era de 433,385 km²  entre as estacas 2848, 6.65 e 3570 13,75 da EFCRGN em construção conforme constava na planta da referida ferrovia.( A REPÚBLICA, 15 Jun.1910,p.2).

A VISITA DO GOVERNADOR AS OBRAS DA EFCRGN EM TAIPU



        Em 03 Agosto de 1910 foi a vez do Governador Alberto Maranhão e comitiva fazer uma excursão de inspeção aos trabalhos de construção da EFCRGN no trecho entre Taipu e Baixa Verde que segundo o jornal A República "foi uma excelente e útil excursão a visita realizada ontem pelo Exmo. Governador do Estado e muitos cavalheiros de nossa sociedade, altos funcionários, comerciante, industriais, etc., aos trabalhos da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a convite da empresa construtora J. Proença” ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
        A época a EFCRGN estava sob concessão da empresa João Proença & Cia que ficou encarregada de construir o trecho entre Taipu e Caicó.
                                Governador Alberto Maranhão

        O trem especial da EFCRGN partiu da estação da Coroa em Natal as 06h30 da manhã, partiu, conduzindo, o governador Alberto Maranhão e demais convidados.
      Na estação de Ceará-Mirim incorporou-se a comitiva o intendente daquele município Felismino Dantas entre outros.

Descrevendo a paisagem
         O jornalista d’ A República presente na comitiva fez a seguinte  descrição da paisagem ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910):
         O tempo amanhecera chuvoso, mas foi melhorando pouco a pouco, permitindo aos excursionistas admirarem as numerosas obras de arte realizadas em toda a linha e as paisagens por vezes bem pitorescas e atraentes que descortinam como a lagoa de Estremoz, o verdejante e imenso vale do Ceará-Mirim, as ondulações do terreno pontilhado das manchas verdes e amarelas de algodão farto ou adornas com leques graciosos de carnaubais fugidios.
         E assim, na mais agradável convivência, teve a comitiva ocasião de verificar, de perto, o valor da nossa estrada de ferro de penetração, a legítima esperança dos nossos sertões combutos pela seca, em via de realizar-se totalmente.
Na estação de Ceará-Mirim, fez-se a substituição da locomotiva que até então conduzira o trem, por uma nova, denominada ‘Alberto Maranhão’ e segundo A República “assim batizada em gentil homenagem ao nosso eminente Chefe” ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).

Propaganda da EFCRGN
         O jornal A República aproveitou a ocasião (talvez a pedido do engenheiro chefe da EFCRGN) para fazer uma propaganda da referida ferrovia. Ei-la ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
A [ locomotiva ] Alberto Maranhão é uma das seis poderosas máquinas ultimamente adquiridas pela Empresa para ativar o tráfego. Tem o peso em ordem de marcha de 58 toneladas e pode arrastar um comboio com capacidade máxima de 170 toneladas.
      Locomotivas de grande força exige trilhos mais resistentes do que os assentados em grande extensão do leito, motivo pelo qual estão sendo estes substituídos urgentemente.
A Estrada já tem, construído cerca de 77 km , 22 dos quais, do Ceará-Mirim ao fim da linha, com trilhos novos.

Uma  admirável obra de arte
Além de Taipu, parou o trem para uma visita a ponte sobre o rio Ceará-Mirim, entre os km 56 e 58.Esta é uma admirável obra de arte, sólida e perfeita, de 150 metros de cumprimento e 5 pilares de pedra separados por 30 metros.
         Apenas um destes, o central, está ainda por acabar. Informa-nos, porém, o Dr. Décio Fonseca, de que em setembro estará terminado e será feita a inauguração de uma nova estação com o tráfego sobre a ponte. ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
                                   A ponte do Umari 

         A ponte estava sendo construída 4 km adiante da vila de Taipu, no atual distrito do Umari.

Outros trabalhos
         Havia ainda, segundo o referido jornal, ao longo da via, muitos trabalhos, de menos vulto, mas de real importância, que atestam a competência dos ilustres engenheiros que os construíram, pontões, barragens, cortes, um deles de 10 metros e 3 açudes de avultadas capacidade ( A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
         Cerca de 11h30, chegou o trem a ponta dos trilhos, além de Baixa Verde, e onde fora servido, ao meio dia no lugar Melancias, no interior de um dos carros, o almoço, que, anunciado como modesta refeição, foi um opiparo banquete de finas iguarias, regado de gêneros e vinhos. (A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
Ao champagne, saudou a Empresa o dr. Alberto Maranhão, pondo em destaque os inestimáveis  serviços por ela prestados ao Rio Grande do Norte.Seguiu-se outros brindes e discursos. (A REPÚBLICA, 04 Agosto de 1910).
O trem regressou a Natal, chegando a estação da Coroa as 16h30.

                                  A ponte do Umari 




VISITA AS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DA PONTE DO UMARI EM TAIPU



O engenheiro José Antônio da Costa Junior, chefe da construção da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN, convidou para visitarem os serviços de construção da linha e da ponte sobre o rio Ceará-Mirim, os Srs. Tavares de Lyra e Ferreira Chaves o qual realizaram a excursão ao local em 02/03/1910. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).
Trata-se da ponte ferroviária localizada no atual distrito do Umari no município de Taipu. A referida ponte estava sendo construída no km 60 da EFCRGN sobre o rio Ceará-Mirim numa extensão de 200 metros.
       Em trem especial, que partiu da estação da Coroa as 08h30 da manhã, seguiram o representante do governador do Estado, capitão Joaquim Anselmo, os Sr. Tavares de Lyra, Ferreira Chaves, Sérgio Barreto, Antônio China, Pereira da Silva,o coronel Lins Caldas, Garcia Junior, Otávio Arantes, Odilon Filho, Luciano Veras e José Fonseca. Acompanhavam ainda os excursionistas o engenheiro Décio Fonseca, chefe da comissão construtora da EFCRGN.

Em Ceará-Mirim
         As 09h30 o trem especial chegou a cidade de Ceará-Mirim, sendo Tavares de Lyra e Ferreira Chaves recebidos pelos Drs. Hemetério Fernandes, juiz de direito, Lemos Filho, promotor, coronel Felismino Dantas, chefe do partido republicano e intendente naquele município, coronéis João Fonseca, deputado estadual, Pedro Vasconcelos, José Hemetério e Manoel Joaquim e outros ilustres cavalheiros. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).
Após ligeiro descanso na residência do coronel Fonseca, que com extrema gentileza a todos cumulou de atenções, partiu os excursionistas para o Taipu tomando passagem no trem o dr. Hemetério Fernandes, Fonseca Moura, Vasconcelos, José Hemetério e outras pessoas.

Em Taipu
         Depois de rápida demora na estação de Taipu onde aguardavam os viajantes os Drs. Cesar Cartaxo, engenheiro da comissão fiscal e Alcides Lima, engenheiro chefe da 1ª residência, o especial seguiu para o local onde estava sendo armada a grande ponte sobre o rio Ceará-Mirim. Ali chegados, os viajantes percorreram os serviços que estavam sendo atacados, de todos recebendo a melhor impressão. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).
         Estavam prontos os dois encontros da ponte, cuja 1ª seção estava em adiantada construção. Os empreiteiros terminaram dois dos pilares centrais, estando o terceiro muito adiantado e faltando somente construir dois. Algumas fundações vinham sendo feitas a 8 metros de profundidade, onde somente foi encontrada a rocha sobre [ilegível...] separam os suportes da ponte. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).
                              A ponte do Umari em 1964

O almoço dos viajantes foi servido embaixo das árvores próximas ao local de construção da ponte oferecido pelo engenheiro Décio Fonseca. Ao champagne o dr. Tavares de Lyra brindou o engenheiro Décio Fonseca que respondeu bebendo pelo progresso do Rio Grande do Norte. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).
         A 13h00 partiu o trem especial para a ponta dos trilhos, que se achava em 14 km além de Taipu. Nesse trecho atravessou a linha um extenso corte com 920 metros de desenvolvimento. Da ponta dos trilhos até São Pedro, a linha seguia em sua quase total extensão, em longos tangentes, sendo a porcentagem das rampas entre 1 e 1,30. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).
         As 15h00 regressou o trem especial a vila de Taipu. Em companhia do coronel Manoel  Eugênio de Andrade, chefe do partido republicano e intendente de Taipu, Tavares de Lyra e Ferreira Chaves percorreram a vila.As 16h30 chegaram todos a Ceará-Mirim sendo novamente obsequiados pelo coronel Fonseca, em cuja residência foi servido profuso lanche.
         As 18h00, o trem especial da EFCRGN chegou a estação da Coroa, em regresso a capital, trazendo todos os excursionistas gratíssimas impressões, recebendo o ilustre engenheiro Décio Fonseca calorosas felicitações pelo passeio que lhes foi proporcionado.
         Durante toda viagem um profuso serviço de buffet e buvette foi feito,s ob a direção imediata dos dignos auxiliares da empresa, Srs. Vieira e Bezerra.
         Domingos Barros fez fotografias de muitos grupos e vistas entre estas a Lagoa de Estremoz e o panorama de Natal visto do alto da Aldeia Velha.
O suculento e profuso banquete com a fidalga gentileza do dr. Décio Fonseca obsequiou aos seus convidados foi servido pelo Restaurante Internacional do capitão Evaristo Leitão. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).     

A situação da EFCRGN
Foi informado pelo Engenheiro Décio Fonseca que o tráfego não estava ainda em perfeita normalidade, porque a empresa somente possuía para o tráfego regular 2 locomotivas, estando as outras empregadas na construção.
         A empresa havia recebido 6 locomotivas alemãs recentes,d as quais 2 já estavam montadas, mas achavam-se impossibilitadas de trabalhar porque os trilhos no trecho de Natal a Ceará-Mirim, não suportavam o seu peso que era de 60 toneladas, pesado as que estão em serviço 40 toneladas.
Os trilhos desse trecho, que eram de 19 kg por metro corrente, estavam sendo substituídos conforme autorização pedida ao governo, por trilhos de 25 kg, os quais estavam já sendo empregados nos trechos em construção e construídos pela empresa.
         Já estavam construídos 70 km de linha, estando atacados os serviços de preparo do leito e nivelamento de linha de mais 40 km. (A REPÚBLICA, 03 Março de 1910, p.1).

                    Engenheiro Décio Fonseca chefe da EFCRGN