Irmãs do ICM



         Faz parte da história da paróquia e da cidade de Taipu a presença das Irmãs da Congregação do Imaculado Coração de Maria, congregação fundada pela beata Barbara Maix no Rio de Janeiro em 1849 no Rio de Janeiro com sede geral  em Porto Alegre-RS.
          Por meio de uma nova forma de experiência pastoral o então administrador apostólico de Natal, dom Eugênio de Araújo Sales confiou a administração de paróquias a congregações femininas.Na arquidiocese de Natal as duas primeiras paróquias assumidas por mulheres foram Nísia Floresta em 1963  e Taipu em 1964.
       
Aspecto de Taipu na época da chegada das irmãs do ICM,1964..




A instalação


        Na tarde de terça-feira, dia 25/02/1964, foi instalada na cidade de Taipu mais uma comunidade religiosa.A casa religiosa de Taipu foi a 28ª comunidade religiosa feminina que se instalou na arquidiocese de Natal.A comunidade teve como superiora madre Rosália Maria [Natalina Rossetti], sendo suas súditas as irmãs Maria Dalva, Marilúcia Koaskoski e Edvirgens Maria.
      O nome escolhido para a nova casa foi Coração de Maria.Na paróquia de Taipu, as irmãs irão iniciar sua experiência de pastoral semelhante a que se faz em Nísia Floresta.As irmãs passaram a  assumir toda a paróquia, orientar a pastoral, deixar ao vigário a parte estritamente ministerial.




irmãs do ICM chegando em Natal, 20/02/1964.

        A instalação da nova comunidade religiosa foi presidida pelo Administrador Apostólico de Natal, Dom Eugênio Sales, que após a recepção, falou ao grande número de fiéis reunida na matriz terminando a solenidade com a benção do Santíssimo. Esteve presente também o vigário da paróquia o cônego Rui Miranda que iria acompanhar a experiência de Taipu, cuja a paróquia fora assumida pelas religiosas.
          O povo de Taipu recebeu com muita alegria as religiosas e certamente irão colaborar para que essa experiência vitoriosa em Nísia Floresta alcance êxito em Taipu disse uma matéria publicada no jornal A Ordem [ 29/02/1964, p. 6].





procissão pelas ruas de Taipu.

procissão da festa da padroeira em 1964.


Foto da ponte destruída pela enchente de 1964 feita pelas irmãs do ICM.


benção do jeep doado as irmãs para os trabalhos pastorais em Taipu

atividades pastorais realizadas pelas irmãs do ICM na paróquia de Taipu



irmãs do ICM com frei Damião em Taipu, 1972.




irmãs do ICM em reunião na casa paroquial



Irmãs do ICM com dom Eugenio Sales em Natal

Irmãs do ICM em atividades nas comunidades rurais de Taipu

irmãs do ICM em Taipu.Ao centro a irmã Natalina Rossetti.

Sede da maternidade APAMI

Irmãs do ICM com um grupo de casais.


        

Vaticano se manisfesta favorável a experiencia de Nisia Floresta e Taipu

   O L'Orservatore Romano, órgão oficial da Santa Sé, manifestou-se favorável as experiencias realizadas em Nisia Floresta e Taipu, da Arquidiocese de Natal, através das quais religiosas de congregações brasileiras desenvolviam pioneiro trabalho de pastoral, substituindo o sacerdote em todas as funções litúrgicas, menos na celebração da Santa Missa e na ministração dos sacramentos. Aquele jornal considera a experiência como uma solução que poderia ser aplicada nas regiões do mundo onde havia falta de sacerdotes [A Ordem, 20/06/1964, p. 5].



A importância histórica

             Historicamente a grande novidade de Nisia Floresta é que foi a primeira paróquia do mundo a ser oficialmente entregue a freiras, embora houvesse um vigário [padre Assis Pereira] designado e que visita a paróquia nos fins de semana, praticamente apenas para celebrar missa, confessar e distribuir a comunhão.
       As freiras tinham jurisdição igual ao vigário, podendo, inclusive assinar todos os livros e documentos da paróquia.Batizavam em caso de emergência, faziam encomendação dos mortos, preparavam os noivos para o casamento, orientam espiritualmente os movimentos de apostolado dos leigos, até mesmo o movimento de casais, pregavam na igreja, eram, enfim totalmente responsáveis por todas as atividades da paróquia e brevemente estariam podendo distribuir a comunhão durante a semana, dia que estava sendo ardentemente desejado pelas irmãs.
       Toda a estrutura da paróquia obedecia ao plano de Emergência da CNBB. Dividiam-se em 5 setores: Graça, Verdade, Justiça Social, Militância e Vocações. Cada setor da paróquia tinha um leigo responsável com a equipe de colaboradores e assim a fé vai se ditando.
          Além disso a paróquai se responsabiliza pela coordenação na sua área de todas as atividades do chamado movimento de Natal o qual está inteirada: escolas radiofônicas, artesanato, cooperativas, JAC, clubes diversos, e apoia o máximo possível o sindicalismo rural [ A Ordem, 11/06/1964, p. 2.].
       

O movimento de Natal


           A experiência das irmãs vigarias se insere no Movimento de Natal que foi uma vasta iniciativa de renovação integral da Igreja que abraçava dos setores: o pastoral com a renovação catequética, litúrgica e vocacional e a social que diz respeito ao ensino escolar, ao sindicalismo cristão, artesanato, agricultura.
       O movimento de Natal contou com mil escolas radiofônicas, a faculdade de economia e comércio e a de Assistencia social, os sindicatos rurais, o SAR serviço de Assistência Rural para a formação de lideres rurais e dirigentes de cooperativas, dois jornais semanais, um para a cidade e outro para o interior, tudo dirigido por dom Eugenio Sales e inspirado pelas encíclicas sociais especialmente Mater et Magistra.
          Os numerosos prelados que não só do Brasil mas de todas a America Latina que vistaram Natal ficaram admirados com o extraordinário fervor de iniciativas e impressionados com a presença vital da Igreja em todos os setores, com a colaboração vasta e intensa do fiéis.
      Primeiro trabalho, o levantamento paroquial, para se fazerem conhecer e conhecer as necessidades das famílias. Imediatamente cercadas de simpatia geral viram a população providenciar a tudo: residência, mobília, até gêneros alimentícios como arroz, feijão, frutas, verduras, leite, ovos.O dia é dividido entre duas reuniões gerais na igreja paroquial.De manhã a oração comum, na hora em que seria a missa.A tarde depois das orações, uma breve instrução catequética.Isto todos os dias do ano.Depois a formação dos coroinhas, economia domestica para as moças, preparação para os sacramentos, curso para os noivos, as irmãs também prepararam algumas moças para a função de secretárias paroquiais [a ordem, 22/08/1964, p. 2.].




A congregação


        Contando mais de 100 anos de existência e na época com mais de 1.500 religiosas, a congregação do Imaculado Coração de Maria atuava exclusivamente nos estados do centro e sul do Brasil, a tempos havia tendo pedidos instantes de vários bispos.Em 1964 estendeu sua atividades para o nordeste.Inicialmente em Taipu no Rio Grande do Norte, no Recife e Salvador.Em Taipu e Salvador, no bairro de Plataforma, as irmãs assumiram a paróquia cabendo-lhes realizar batizados, fazer a pregação da Palavra, a catequese e assistência social no sentido da promoção humana. 

A paróquia
    A paróquia de Nossa Senhora do Livramento foi criada em 18/04/1913 pelo primeiro bispo de Natal Dom Joaquim Antonio de Almeida. Abrange os municípios de Taipu e Poço Branco.A festa de Nossa Senhora do Livramento é tradicionalmente celebrada no último domingo de novembro.
       A devoção a Nossa Senhora do Livramento remonta a primeira metade do século XIX, o registro mais antigo que se encontra sobre a devoção é o pedido para a construção da capela de Nossa Senhora do Livramento feita ao bispo de Olinda dom João da Purificação Marques Perdigão quando este se encontrava em visita pastoral pelo Rio Grande do Norte em 1839.
        O casal Bernardo José da Costa e Inácia Maria do Carmo eram possuidores da imagem de Nossa Senhora do Livramento e doaram 275 braças de terra na margem direita do Rio Ceará-Mirim na localidade do Taipu do Meio para a construção da capela.
       Pertencente a paróquia de Ceará-Mirim foi desmembrada desta em 1913 quando foi criada a paróquia.Seu primeiro pároco foi o padre Jeferson Urbano Rodrigues.


A atuação das irmãs do ICM em Taipu
      As irmãs do ICM administraram a paróquia por 30 anos [1964-1994] e permaneceram morando na cidade por 42 anos quando se mudaram para Natal.Na paróquia atuaram na pastoral, na promoção humana, na educação e na saúde.Administraram o centro social e a maternidade, criaram o grupo de escoteiros Dom Bosco em 1969, o movimento familiar cristão, organização bibliotecas, etc.


A importância das irmãs do ICM para Taipu
      Muitas autoridades religiosas e civis visitaram Taipu entre 1964 e 1966 para tomar conhecimento do trabalho desenvolvido pelas irmãs a frente da paróquia.Numas das sessões do II Concilio Vaticano foi relatado por Dom Eugênio Sales a experiencia exitosa que se realizava em Taipu e em Nísia Florestas, onde mulheres assumiam  paróquias.


autoridades religiosas em vista as irmãs do ICM em Taipu, 1965

irmã Natalina Rossetti entregando a comunhão, 1965

           A irmã Natalina Rossetti, administradora da paróquia  de Taipu foi a primeira mulher no Brasil a receber autorização do papa para distribuir a comunhão ao fiéis.
     Além disso, as irmãs fizeram parte da vida social, religiosa e cultural da cidade e da paróquia de Taipu.
   
          

A irmã Natalina Rossetti


     A Irmã Natalina Rossetti foi a administradora da paróquia Nossa Senhora do Livramento por 30 anos.Foi uma das 4 pioneiras que vieram para Taipu em 1964.
    Gaúcha, de Caxias do Sul, nascida em 1923, nunca teve dúvida do que queria ser, quando crescesse. Ela tinha certeza de que queria ser freira. Aos cinco anos de idade começou a alimentar esse sonho. Em 1947, ingressou na Congregação do Imaculado Coração de Maria. Em 11 de novembro de 1951, fez a primeira Profissão Religiosa. Os votos perpétuos foram feitos seis anos mais tarde. 


Irmãs Natalina Rossetti, 2013.
         Desde 1964, a Irmã Natalina adotou o Rio Grande do Norte como local para viver a missão, mais precisamente na Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, de Taipu, passando, antes, por breve estágio na Paróquia de Nossa Senhora do Ó, de Nísia Floresta. 
          Em Taipu, a religiosa, nos idos da década de 60, era uma uma ‘irmã vigária’, juntamente com as demais Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Elas eram responsáveis pela administração e trabalhos pastorais da Paróquia. Irmã Natalina residiu em Taipu até cerca de cinco anos, quando se mudou para Natal.
       Passou a residir em Natal em 2006 numa casa aberta pela congregação.Morreu no dia 22/03/2014 em Natal, está sepultada na igreja matriz de Taipu.


Relação das irmãs religiosas da Congregação do Imaculado Coração de Maria que serviram à paróquia de Taipu


1964
Ir. Natalina Rossetti.
Ir. Clotilde Giuliani.
Ir. Marilúcia Koakoski

1965
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir.Clotilde Giuliani.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Dalva de Melo.

1966-1967
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Clotilde Giuliani.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir.Teresinha Mazzurana.

1968
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Teresinha Mazzurana.
Ir.Teresa Piovesan.

1969-1970
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Teresa Piovesan.
Ir. Luiza Fagundes.

1971-1972
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Luiza Fagundes.
Ir. Teresa Piovesan.
Ir. Terezinha Vieira.

1973
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Luiza Fagundes.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Aurora Brondani.
Ir. Teresinha Carloti.
Ir. Amália Piovesan.

1974-1975
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Aurora Brondani.

1976
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Ondina Gonzato.

1977
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Ondina Gonzato.
Ir. Eva Celi Ribeiro.
Ir. Lourdes Roth.

1978
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Eva Celi Ribeiro.
Ir. Lourdes Roth.

1979-1980
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Eva Celi Ribeiro.
Ir. Helena Rosa Vian.
Ir. Hilda Agnoleto.

1981
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Helena Rosa Vian.
Ir. Hilda Agnoleto.

1982
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Terezinha Vieira.
Ir. Hilda Agnoleto.
Ir. Olinda Ortigara.

1983
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Hilda Agnoleto.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Terezinha Vieira.

1984
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilucia Koakoski.
Ir. Hilda Agnoleto.
Ir. Rita Lourdes Dall’ba.

1985-1986
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Rita Lourdes Dall’ba.
Ir. Margarida Florêncio da Silva.
Ir. Ednólia Bilro Gomes.

1987
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Margarida Florêncio da Silva.
Ir. Ana Maria F. dos Santos.

1988-1991
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Maria da Conceição S. dos santos.
Ir. Amábile Maria Saggin.

1992-1993
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Maria da Conceição S. dos Santos.
Ir. Leonor Brunetto.

1994-1997
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Hildegardis Correia.

1998-2000
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Maria Calixto.

2001-2004
Ir. Natalina Maria Rossetti.
Ir. Marilúcia Koakoski.
Ir. Carmem Bertoldi.

2005-2006
Ir. Natalina Maria Rosseti.
Ir. Marilucia Koakoski.
Ir. Maria Carmem Bertoldi.
Ir. Roseli Bertoldo.






Fonte: jornal A Ordem, Natal, 1964, Arquivo da congregação do Imaculado Coração de Maria,1964. 

Um comentário:

  1. Estou sentindo a falta do nome de Irmã Adélia que foi uma das últimas da congregação em Taipu, com a Irmã Carnem Bertoldi, além de Natalina e Marilúcia, claro.

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