segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sobre a inauguração do campo de pouso de Taipu e de novos campos de pouso no Rio Grande do Norte



                No dia 27 de abril de 1930, decolaram de Natal, às 08:45 horas, os dois aviões do Aeroclube: o “NATAL I” pilotado pelo aluno Fernando Gomes Pedrosa conduzindo o mecânico do Aeroclube, ABEL DE OLIVEIRA, e o “NATAL II”, pilotado pelo Cmte. PETIT, tendo como passageiro o Presidente do estado Juvenal Lamartine ( na época chamava-se presidente do estado o que atualmente se conhece por governador).Em São Tomé pousaram às 09:35 horas, ficando o campo oficialmente inaugurado. Às 11h00min horas prosseguiram viagem para Baixa Verde (hoje João Câmara), onde aterraram 35 minutos após. Às 15h00min horas os dois aviões partiram com destino a Taipu onde pousaram 25 minutos após. De Taipu, decolaram às 16:00 horas chegando à Capital somente o “NATAL II”, pois o “NATAL I” foi obrigado a permanecer em Taipu em virtude de um ligeiro acidente verificado por ocasião da aterragem, danificando o trem de pouso.
                 Assim, naquela data, o Estado do Rio Grande do Norte possuía o invejável total de 23 campos de pouso: o do Aeroclube (em Natal), o da Aeropostale (em Parnamirim), Monte Socorro (em Nova Cruz), Ceará Mirim, Pureza (em Touros), Jericó (em Santa Cruz), Boa Água (em Jardim de Angicos), São Joaquim e Angicos (ambos em Angicos), Sacramento (em Santana dos Matos), Macau, Mossoró, Açú, Flores, Acari, Caicó, Serra Negra, Apodi, Caraúbas,Pau dos Ferros, São Tomé, Baixa Verde e Taipu.

Comandante Petit a esquerda e o presidente Juvenal Lamartine, na inauguração do Aero clube de Natal em setembro de 1928..Estiveram em Taipu em 27 de abril de 1930.Foto: http://tokdehistoria.wordpress.com/2012/11/22/a-historia-da-aviacao-no-rio-grande-do-norte-contada-por-tarcisio-medeiros/.

Sobre a capela de Duas Passagens, distrito de Taipu



      Segundo o barão de Ceará Mirim a  antiga propriedade onde hoje se situa a capela de Duas Passagens, atual distrito do município de Taipu, pertenceu ao major da guarda nacional Pedro de Oliveira Correia, ele que foi prefeito de Ceará-Mirim e também possuidor de outros engenhos como o engenho Trigueiro, Lagoa do Mato, Betânia entre outros.A capela atualmente integra-se à paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Taipu e tem o Sagrado Coração de Jesus como seu padroeiro.
     Ceará-Mirim foi o município do Rio Grande do Norte que mais teve representantes da Guarda Nacional, isso se deve pelo fato de que o município fora na época o principal centro econômico e financeiro da província,  capitaneada pelos fidalgos por meio da cana de açúcar, sustentadas e mantidas pelo trabalho escravo, o que favoreceu o enriquecimento rápido, que também favoreceu a compra de patentes junto a alfândega provincial, que enviava para a capital nacional Rio de Janeiro - RJ, para que fosse assinado um decreto pelo imperador dom Pedro II, dizendo que o requerente tinha o direito de sentar-se a direita da majestade imperial e a todas regalias que o império oferecesse.O principal representante da Guarda Nacional foi o coronel Manuel Varella, entre outros, os quais ostentavam várias patentes como: general, coronel, capitão, major entre outros. 

Capela de Duas Passagens, distrito de Taipu.Foto: Francisco Ferreira, barão de Ceará Mirim.


Foto do major Pedro de Oliveira Correia e sua família.Ele foi proprietário das terras onde hoje se situa a capela de Duas Passagens, distrito de Taipu.




Fonte:
http://franciscoguiacm.blogspot.com.br/2014/01/capela-do-antigo-engenho-duas-passagens.html.Acesso em 21/04/2014.

OUTRAS CRÔNICAS TAIPUENSES


Professor removido

        Por perseguições políticas foi removido de Flores (atual Florânia) para Taipu o professor primário capitão Joaquim Jose de Carvalho Pinto, o professor, no entanto, não aceitou a remoção e continuou a dá aulas particulares na cidade de Flores. O professor não apoiou a política praticada por Miguel Castro, por isso foi perseguido e como era praxe na época os funcionários públicos estaduais eram transferidos de cidade em cidade caso fossem contrários ao governo. A nota foi publicada no jornal O povo, publicado em Caicó, em 19 de julho de 1891.

Impostos

       Em ato de 24 de agosto de 1891 o governador  coronel Francisco Gurgel de Oliveira assinou os  atos sobre os impostos do dizimo ( este imposto nada tinha a ver com o dízimo religioso) em Taipu segundo afirmava noticia publicada no jornal O Rio Grande do Norte  de 13 de setembro de  1891 á  página 1.
        As noticias consignadas a cima foram as primeiras publicadas logo após a emancipação politica de Taipu, que fora desmembrada de Ceará-Mirim em 10 de março de 1891 pelo governador Amintas Barros.


NOTICIA RARA SOBRE TAIPU



         Uma rara noticia sobre Taipu foi encontrada por nós no jornal A Liberdade de 15 de janeiro de 1857. A noticia não era nada agradável, pois tratava-se da cólera  que estava assolando o estado onde em Taipu estavam aparecendo vários casos da doença.A raridade da noticia se justifica por se tratar de mencionar Taipu na segunda metade do século XIX ainda como distrito de Ceará Mirim, criado em em 1851.




Fonte: A Liberdade de 15 de janeiro de 1857

MAIS UMA CRÔNICA TAIPUENSE



         O jornal A Cruz, publicação do  Rio de Janeiro, divulgou uma noticia sobre a autorização dada pelo papa  Paulo VI para que as irmãs religiosas de Nísia Floresta e Taipu, que administravam as respectivas paróquias destas cidades,  pudessem ministrar a comunhão.Eis o texto do jornal:
A titulo experimental o Santo Padre autorizou  Religiosas das paróquias de Nisia Floresta e Taipu, no Rio Grande do Norte, ministrarem a si mesmas e a outros a Sagrada Comunhão.Concessão excepcional em virtude da falta de clero [...]

         Aparentemente não há nada demais na noticia citada acima, não fosse o fato de ela ter sido publicada na década de 1960 em que a Igreja católica passava por grandes reformas em suas liturgias decorrentes do Concilio Vaticano II iniciado em 1958 e o concluído em 1964.Dentre as novidades trazidas por este concilio estava esta de autorizar as religiosas de ministrar a comunhão ( já consagradas pelos padres previamente), antes só realizada pelos ministros ordenados ( padres e bispos).
        Em Taipu a primeira irmã religiosa a receber a autorização para proceder a realização de ministrar a comunhão foi a Irmã Natalina Rossetti, ICM que respondia administrativamente pela paróquia Nossa Senhora do Livramento de Taipu, a ela se seguiu a Irmã Marilucia Koakoski, ICM, ambas vistas nas fotos a abaixo.


Ir. Natalina Rossetti entregando a comunhão a fiéis da paróquia, 1966.Foto: arquivo das Irmãs do Imaculado Coração de Maria
Ir. Marilúcia Koakoski distribuindo a comunhão a fiéis da paróquia, 1966.Foto: arquivo das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.









Fonte: Jornal A Cruz, p.1 ano XLVI, n.2545,15/05/1966.

DECADÊNCIA DA ESTRADA DE FERRO SAMPAIO CORREIA


               
                A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte foi denominada Estrada de Ferro Sampaio Correia na década de 1950 para homenagear o engenheiro que projetou a ferrovia que pretendia alcançar o sertão potiguar partindo do porto de Natal passando pelo vale do rio Ceará Mirim onde deveria chegar a Caicó, coisa que nunca ocorreu. Fruto de grandes empecilhos políticos e administrativos a ferrovia passava por graves crises beirando a decadência na década de 1950, é o que demonstra o artigo de Umberto Peregrino publicada na revista A Careta (16/02/1957, n. 2538 p.6) onde se pode ter uma nítida ideia de como se encontrava a dita ferrovia em 1957:
A Estrada de Ferro Sampaio Correia perfura o Sertão adentro. Ainda não vai muito longe é verdade, por que o ímpeto que a criou  bem depressa arrefeceu. Depois  daquela etapa inicial, representada pela inauguração , em 1906, do trecho até Ceará Mirim [...] os trilhos se distenderam ainda, chegaram a Lajes em pleno sertão, mas ia ficaram durante uns 20 anos, de pontas aparadas,s e avançar mais um palmo sequer, não adiantou que a vista do estivesse o pico do Cabogi (sic), sobranceiro, imponente, como que a balizar o chão largo do Sertão indicando por onde deveria penetrá-lo.Nos últimos anos laboriosamente, lentamente sempre cresceram um pouquinho os trilhos, encruados, que ora atinge atreves de ramais  divergentes , Angicos e Afonso Bezerra [...] na marcha em que vão os trabalhos , com pouco os trens  estarão correndo até o porto salineiro de Macau.Era isso tudo que refletíamos  enquanto o trem rolava , sem pressa, sobre a antiga linha  tão antiga quanto ele próprio ... É essa, pelo menos, a impressão que dão os carros, cujos bancos, primitivos ainda se apresentam, as vezes com o estofamento furado, ao passo que as venezianas  das janelas desabam sobre as cabeça ou o braço dos passageiros que insistam em mantê-las suspensas, os sanitários  são imundos e os lavatórios  não tem água ... Quanto ao horário, não existe senão para sobressaltar os clientes das vacas  com que Jose Soares  nos espera na estação de Taipu.Fora daí  não tem hora para nada, nem pode mesmo, pois se vai caminhando a uns 10 quilômetros por hora, de repente estaca num ermo qualquer e se deixa ficar por uns 15 a 20 minutos enquanto retempera as forças... è por isso que ao ponto final, Afonso Bezerra, chega sempre com atraso que tanto pode ser de 8 horas, como de 2,3,4 ou 5.Na hora é que não chega nunca e as cidades já sabem disso de modo que não se preocupa nem se aflige... O demorado apito, à distancia, fixa o horário de cada dia [...]
        O relato nos mostra como se achava os vagões dos trens, as dificuldades de se concretizar os trabalhos de expansão da estrada de ferro que chegavam se arrastando em Angicos e Afonso Bezerra, as precariedades em que se encontravam as paradas no percurso realizado pelos passageiros entre outras coisas que nos mostram o estado deplorável da citada estrada de ferro.Como se vê nem tudo são flores na vida.






Fonte: Revista A Careta 16/02/1957, n. 2538 p.6.

O CURIOSO CASO DAS VACAS DE JOSÉ SOARES EM TAIPU



       Um pitoresco artigo publicado na revista Careta, do Rio de Janeiro, assinado por Umberto Peregrino na coluna da Janela do trem versava sobre o negócio nada convencional realizado em Taipu por José Soares. Trata-se de o referido negociante colocar junto a estação ferroviária de Taipu duas vacas para disponibilizar leite com açúcar aos passageiros do trem que parassem na referida estação. O negócio é tão inusitado que achamos por bem o próprio autor do artigo falar desse comércio alimentício em Taipu. Diz ele:

Depois de Extremoz o único atrativo importante está em Taipu, onde encontrareis duas vacas no pátio da Estação, bezerros arrelhados, numa mesa com copos, açúcar, tudo pronto para fornecer-vos o que se denomina ali leite-ao-pé- da- vaca. Quem idealizou isso e  montou toda perfeita organização foi José Soares, um caboclo saudável, inteligente, que identificareis operando a ordenha de uma das vacas. Sua senhora também funciona na organização, pois é quem vende as fichas e fornece os copos. Mas além do pitoresco, fabulosamente pitoresco daquele fornecimento de leite pelo sistema rigorosamente natural, que coisa oportuna! Uma pena é que em Taipu a demora do trem seja de molde a permitir o desejável aproveitamento da genial invenção de José Soares. Consta que os maquinistas mantém com ele acordo secreto para não dá saída aos trens  enquanto as vacas não estejam esgotadas... Não, não deve ser  verdade. Os clientes são servidos as pressas e é com sobressalto que  o delicioso leite espumante e quentinho. Por que Direção da Estrada de Ferro  ( Sampaio Correia) não considera essa situação para dilatar um pouco o tempo da parada dos trens de passageiros  em Taipu? Por todos os motivos entre os quais as vacas não são fracos motivos, ali se impões uma parada mais demorada.(PEREGRINO,1957, p, 14-15).

      A foto a baixo demonstra como era efetuado o negócio de José Soares. Nela se pode vê as duas vacas que , segundo o autor do artigo, eram ordenhadas a exaustão. Vê-se a mesa com os copos e uma mulher ao lado, provavelmente a mulher de José Soares que participava da atividade fornecendo as fichas e organizando a distribuição do liquido bovino adocicado.
     No mesmo artigo o autor fala da estações seguintes a de Taipu, na qual pouco se oferecia em matéria de pitoresco e de oferecimento em gêneros alimentícios e conclui dizendo que era em Taipu o único lugar onde se reconfortar o estomago.


Aqui vê-se José Soares ordenhando uma vaca enquanto passageiros aguardam provavelmente o salvífico liquido

Mais detalhes de José Soares realizando seu oficio.
Foto: Revista A careta 09/02/1957 n.2.537 p. 14-15.


         Sobre a estação de Baixa Verde diz Umberto Peregrino: “A estação que segue, Baixa Verde, embora corresponda  a importante cidade, já não oferece nem pitoresco nem fartura”.A medida que o trem se adentrava no Sertão as estações iam ficando menos generosas  em artigos de comer, como explica  Umberto, que em Pedra Preta apresentava-se a zero naquele dia de janeiro, ao passo que em Lajes, que apesar de ser ponto de manobras só se podia contar com um café instalado na banca de uma certa dona Maria, senhora que se desdobrava para atender ao intenso movimento, conta Peregrino. Assim mesmo seu café não apetecia. ”Tudo parece sujo, a tapioca é tão escura quanto o queijo. Até o preto do café é suspeito...”, escreveu Peregrino. Terminando seu artigo Umberto Peregrino diz:

Taipu é decididamente o ultimo ponto daquele percurso onde se reconfortar o estomago É justo que os passageiros possam fazê-lo com relativa calma principalmente quanto ao cargo das vacas de José Soares, as quais hão de fornecê-lo sempre sem auxilio das torneiras que por aqui se avolumam o leite e a fortuna dos vendedores, tão diferente saudável e imaginativo caboclo que singulariza e honra a estação de Taipu. (PEREGRINO,1957, p, 14-15).

        O interessante nessas crônicas é forma pitoresca e inusitada que este personagem real, que infelizmente não pude identificar  dada a nossa limitação de pesquisa, foi retratado pelo narrador da crônica. José Soares é visto como um dos mais auspiciosos empreendedores que ficavam ao longo da ferrovia e como o cronista mesmo afirma Taipu era onde se tinha a melhor parada para aliviar a fadiga da viagem e fazer um agrado ao estômago para recuperar as forças ( com o leite de José Soares) e seguir viagem até seu destino final



Fonte: Revista A careta 09/02/1957 n.2.537 p. 14-15.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

PRIMEIRA PROPAGANDA DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL EM TAIPU




         A primeira propaganda de um estabelecimento comercial foi veiculada no jornal O Nortista no final do século XIX, precisamente em 22 de setembro de 1894.Trata-se de um longo anuncio da inauguração de uma padaria em Taipu.Com o titulo 'O Taypú na ponta!' o anuncio em tom entusiasmático faz referencia a este estabelecimento comercial como um fator de desenvolvimento local e regional, pois diz o texto que as cidades da região como Jardim de Angicos e os distritos de Boa Vista (Taipu), Contador ( atual distrito de Poço Branco) e Baixa Verde ( atual João Câmara a época distrito de Taipu) serão beneficiadas com a instalação desta padaria.O anuncio e a inauguração do estabelecimento comercial se deu em 1894, três  anos após a emancipação politica de Taipu.
          Em tom ufanista diz o texto: "o Taipu torna-se-á, pois d'ora em diante o centro commercial de maiores vantagens para os consumidores do produtos de farinha de trigo [...]", assina o texto José Macario Freire, em que paira a duvida se seria este o proprietário do referido estabelecimento.

        Obviamente este não foi o primeiro estabelecimento comercial em Taipu, mas foi o primeiro a ser encontrado em registro bibliográfico, o que o torna uma relíquia para a historiografia de Taipu.









quarta-feira, 9 de abril de 2014

IMAGEM DE TAIPU CAPTADA PELO GOOGLE EARTH






Imagem do centro de Taipu captada pelo satélite do Google Earth em 2013.



SOBRE A VISITA DO BISPO DE OLINDA EM TAIPU

         O bispo de Olinda Dom João da Purificação Marques Perdigão empreendeu uma longa viagem pastoral em toda a diocese de Olinda, que à época compreendia as províncias Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas ( atuais estados).No Rio Grande do Norte o bispo esteve no ano de 1839.Em Taipu passou entre os dias 04 e 11/11/1839.
        Antes de chegar a Taipu do Meio o bispo que vinha da paróquia de São José de Angicos descendo rio Ceará Mirim passou por localidades que compunha o território do município de Taipu e que atualmente fazem parte dos municípios de Bento Fernandes, Poço Branco e João Câmara.Foram elas: Riacho Fechado ( Bento Fernandes-RN) 04 a 05/11/1839, Vargem dos bois 05 e 06 /11/1839, Umari da Sombra 06/11/1839, Boa Água  06 a 07 /11/1839, Ladeira Grande 07/11/1839, Taipú do Meio 08 a 11/11/1839
       Sobre estas localidades Nestor Lima em sua obra Municípios do Rio Grande do Norte nos apresenta informações sobre as mesmas.Umari da Sombra foi uma fazenda fundada por Francisco José Bezerra, banhada pelo rio Ceará Mirim, no município de Lajes ( p. 160).Boa Água ou Milhã, fundada por Joaquim Dantas, pertenceu a Antonio Paulino  e Joaquim Bilro, no  município de Lajes ( LIMA, Nestor. Municipios p.160 e 199 In: O RN sob o olhar dos bispos de Pernambuco, p. 98), já Ladeira Grande foi um lugar banhado pelo rio Ceará Mirim, (LIMA, Nestor, Municípios, p. 160).Sobre Taipu do Meio sabe-se que foi o lugar onde o bispo encontrou repouso de sua viagem.Taipu do Meio foi criado distrito em 1851 subordinado ao município de Ceará Mirim, no entanto como se vê pela data da viagem do bispo o local já se chamava assim desde 1839 ou até mesmo anterior a esta data, contudo, não se pode afirmar que se trate da atual cidade de Taipu visto que o processo de urbanização de Taipu ocorre a partir de 1867 com a construção da capelas de Nossa Senhora do Livramento, antes disso a população habitava sítios e fazendas na região.

PRIMEIRAS FAMÍLIAS DE TAIPU



       Todo lugar costuma estudar a sua origem genealógica.Em Taipu não é diferente, há muitos estudos do professor Gustavo Praxedes que conta muito a respeito das raízes genealógicas de Taipu.Aqui nos deteremos apenas para o que diz Câmara Cascudo a esse respeito. Segundo ele as primeiras famílias a habitarem em Taipu foram as famílias de  José Pegado Galvão, Marcos Pereira dos Santos, Bernardo Gadelha, André Soares da Silva e Joaquim José da Costa ( CASCUDO, Nomes da Terra, 1968,p. 125) e suas respectivas esposas e filhos evidentemente.Todos tiveram sua contribuição a dá na formação da cidade de Taipu, que é a que se refere Câmara Cascudo, pois existiram muitas outras famílias que contribuíram na formação do município.Destes cinco personagens citados por Câmara Cascudo, talvez o que mais se destaque seja Bernardo José Gadelha, que juntamente com sua esposa Inácia Maria do Carmo doarão o terreno para a construção da capela de Nossa Senhora do Livramento em 1867 de onde em seu entorno viria a surgir a vila de Taipu.Era de propriedade do casal a imagem de Nossa Senhora do Livramento que é a padroeira de Taipu e está na matriz.

CINEMA EM TAIPU

         

        O anuário católico publicado em 1957 dizia que havia em Taipu o cinema de orientação católica  o ‘cine paroquial de Taipu’ que funcionava sobre a responsabilidade da paróquia ao cuidados do Pe. José Luis da Silva (Anuário católico do Brasil, 1957, p. 504) Em 1963 o padre Rui Miranda anotou no livro tombo da paróquia que havia consertado a máquina de cinema da paróquia.Não pude averiguar onde funcionava o tal cinema, presumo que as projeções seriam realizadas no centro social Dom Bosco onde haveria lugares suficientes para acomodar a população que frequentava as sessões cinematográficas.Quanto as películas que eram projetadas antes havia de passar pela censura do padre para ver se o filme podia ser realmente exibido à comunidade.


















Fonte:
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 1957

Sobre a barragem de Taipu



          As cheias no vale do rio Ceará Mirim sempre foram um problema para os produtores rurais, sobretudo de cana de açúcar da região.Uma barragem era uma aspiração antiga desse produtores que esperavam amenizar os danos causados pelas enchentes.Foi então que se pensou barrar o rio na altura do distrito de Poço Branco, pertencente ao município de Taipu.A história da barragem pode ser dividida em duas fases.A primeira a fase dos estudos que ocorreram na década de 1930, sobretudo a partir de 1935 e a segunda fase que foi a execução da obra propriamente dita na década de 1950.O inicio das obras ocorreria em 1959.
           Os primeiros estudo começaram na década de 1930.Os estudo e execução da obra ficou a cargo da A Inspetoria  Federal de Obras Contra a Secas- IFOCS. Conforme o Jornal do Brasil (08 de fevereiro de 1935, p.27): "iniciou dentro em breve a construção da barragem do rio Ceara Mirim, acima da vila de Taipu, com esse trabalho o grande e ubérrimo vale do [rio]Ceara Mirim terá suas terras todas aproveitadas.
         A Barragem Eng. José Batista do Rêgo Pereira foi inaugurada em 16 de dezembro de 1969 no governo do presidente da república do Brasil, o Gal.Emílio Garrastazu Médici. Sua construção foi executada pela construtora pernambucana Nóbrega & Machado e durou cerca de 10 anos. A Barragem tinha (e ainda tem) a finalidade de represar as cheias do Rio Ceará-Mirim em direção ao vale do mesmo nome e comportava, na época, até 135 milhões de metros cúbicos de água. Sua inauguração (fotos abaixo) foi um evento que contou com a participação da população local e de municípios vizinhos, além de autoridades estaduais e federais e de muitos curiosos de outras terras.Quando as obras iniciaram, em 1959, o prefeito de Taipu era o Sr. Vicente da Cruz e, na inauguração, o prefeito de Poço Branco ainda era o Dr. Valban de Farias, engenheiro chefe da construtora.


 imagens da barragem de Poço Branco na década de 1960.Fotos: blog de Poço Branco.


Imagem aérea da barragem de Poço Branco.Foto extraída de:
 http://williams-rocha.blogspot.com.br/2011_08_01_archive.html.




Imagem de satélite mostrando a barragem de Poço Branco. Foto extraída em: http://cicerolajes.blogspot.com.br/2013/02/lugar-onde-desagua-o-rio-salgado.html




Vista da barragem de Poço Branco. As duas imagens a cima foram extraídas em: http://blogdeassis.com.br/ler.php?idnot=8833




Fontes:
Jornal do Brasil, 1935.
http://drtargino.zip.net/arch2009-01-01_2009-01-31.html 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

A RÁPIDA PASSAGEM DE GETULIO VARGAS POR TAIPU

        Em visita ao Rio Grande do Norte para cumprir uma agenda eleitoral Getúlio Vargas visitou quase todo interior do estado.Em Taipu passou rapidamente pela estação ferroviária da EFCRN juntamente com sua comitiva.A edição de 14 de outubro de 1933 do Jornal do Brasil noticiava a passagem de Getúlio Vargas por Taipu (Jornal do Brasil,  p.8) segundo o relatório da viagem publicado no jornal do Brasil:
"Quando o sol nasceu de novo já rumávamos Currais Novos, depois  Santa Cruz  do Inharem, Caída de Cima, Caiada de baixo, Panelas, Macaíba e Natal.A capital  do Rio Grande do Norte  não nos deteve mais de um dia".Para efeito elucidativo Caiada de Cima é atual Serra Caiada e Caiada de Baixo a atual Senador Elói de Souza já Panelas presumo que seja Bom Jesus, salvo engando.
        No dia seguinte estava a comitiva de novo rumo ao interior do estado, agora de trem, partiram para Mossoró, passando por Siqueira Campos, Extremoz, Ceara Mirim, Taipu, Baixa Verde, Jardim de Angicos, Pedra Preta, Lajes e São Romão, onde conforme o referido jornal foi servido magnífico almoço.Ainda segundo a referida publicação, a agenda de Getulio constava de visitas a açudes, era recebido em banquetes, ouvia e fazia discursos (Jornal do Brasil, 14 de outubro de 1933, p. 8).
         Em Taipu certamente aguardava uma notável multidão ávida por ver o eminente politico chefe da nação passar pela estação ferroviária da Vila de Taipu.De Taipu partiu o trem presidencial rumo a Baixa Verde e outras cidade da região.Em São Romão, atual Fernando Pedrosa, o presidente inaugurou a estação ferroviária daquela cidade como mostra a foto a baixo que foi estampada na revista Noite Ilustrada de 1933, diz a legenda da foto na referida revista: "Chegada do trem presidencial a São Romão". O Presidente é Getúlio Vargas.
(Noite Ilustrada, 1933).


Trem presidencial em São Romão ( atual Fernando Pedrosa) este trem seguramente passou por Taipu.









Fontes: Jornal do Brasil, 1933.
http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/fernando.htm

Noticia pitoresca da política potiguar em Taipu


             A situação política no Rio Grande do Norte não andava nada boa pelos idos de 1934. Segundo o jornal Diario de Noticias,  do Rio de Janeiro, em  edição de 7 de dezembro de 1934 dizia que a policia havia pintado de pixe as casas dos adversários do interventor do estado do Rio Grande do Norte Mário Câmara em Taipu.
             Para melhor ter uma ideia de quem foi Mario Camara e como estava o Rio Grande do Norte na década de 1930 no que se refere a política eis um texto que garimpei e adaptei do jornal Tribuna do Norte:
Mário Leopoldo Pereira da Câmara (Natal, 3 de setembro de 1891 — Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1967) foi um advogado e ministro brasileiro.Foi interventor federal no Rio Grande do Norte, de 2 de agosto de 1933 a 27 de outubro de 1935.Foi ministro da Fazenda, de 11 de outubro de 1955 a 31 de janeiro de 1956, nos governos Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos.
            Mário Câmara havia sido designado para executar a missão de pacificar o Rio Grande do Norte, formando uma aliança com o Partido Popular, o mais forte do Estado.Entretanto, apesar de sua eficiência como administrador, Mário Câmara permitiu que crescesse o clima de agitação e de violência. João Medeiros Filho, traçando o seu perfil afirma: "Mário Câmara era um administrador honesto. Depois, foi envolvido pelos políticos profissionais, fincando alucinado pelo poder. Daí a violência que caracterizou o final do seu governo".Em vez de se unir às forças tradicionais, terminou fazendo uma aliança com Café Filho, com o fim de derrubar o Partido Popular.
          O Rio Grande do Norte viveu, então, um clima de agitação nunca antes experimentado em sua história, incluindo assassinatos, espancamentos etc.
Em síntese, como administrador, Mário Câmara fez várias obras (construir 43 prédios escolares, abriu estradas etc.), porém "com esse homem caiu sobre a terra potiguar a maldição terrível da desunião política, que fez desencadear a mais torpe campanha eleitoral de 1934",afirma Tarcísio Medeiros. Como uma conseqüência desse clima de agitação, se pode apontar a intentona comunista de 1935, assunto pra outra hora.
Voltado ao ocorrido em Taipu, dos males o menor, apesar da violência exercida por Mario Camara para se manter no poder em Taipu houve apenas esse ocorrido da pichação das casas de seus adversários políticos no município.Em outras cidades do RN  a situação foi bem mais traumática com mortes e perseguições.

Fonte: Jornal Diario de Noticias, 1934, p. 3

Jornal Tribuna do Norte, Natal, Cadernos especiais, História do Rio Grande do Norte fascículo 10

O ANO DE 1964 EM TAIPU

      O ano de 1964 certamente está enraizado na história de Taipu pela sua singular importância nos fatos que ocorreram quase que sucessivos naquele ano naquela cidade.A começar em fevereiro, no dia 25 chegam as Irmã religiosas do Imaculado Coração de Maria, vindas de Porto Alegre-RS chegaram ao Rio Grande do Norte no dia 20 do referido mês, depois de um breve estágio na paróquia de Nisia Floresta, onde as Imãs de Jesus Crucificado havia assumido a paróquia, elas se dirigem a Taipu para no dia 25 assumirem também administrativa e pastoralmente a paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Taipu, onde atuariam por 30 anos naquela paróquia e permanecendo mais um década na cidade quando  em 2006 se  mudaram para Natal e habitarem numa casa no bairro de Santos Reis.
             Em abril eclodiu o golpe dado pelos militares que instaurou a ditadura militar no Brasil que duraria 25 anos.Em Taipu o prefeito da época Welignton Varela foi cassado e teve seus direitos políticos perdidos.Ainda em abril ocorreu a grande tragédia do rompimento da barragem do Açude Jacaré, ou de Poço Branco, ou ainda de Taipu ( a barragem foi construída no distrito de Poço Branco pertencente a Taipu).A força da enxurrada deixou um rastro de destruição por onde passou e os sinais mais visíveis dessa hecatombe foi a destruição das ponte férrea ( no distrito do Umari) e a ponte rodoviária na zona urbana de Taipu.O jornal do Brasil noticiou da seguinte forma o fato ocorrido: ”Águas do Taipu arrombado levou mais 50% da lavoura do Ceará-Mirim”, seguindo texto que dizia:
mais de cinquenta apor cento do canaviais situados no Vale do Ceará-Mirim no Rio Grande do Norte perderam-se em virtude da enchente provocada pelo arrombamento da barragem de Taipu verificada há cinco dias.Passada a fase inicial de perigo, estão sendo feitos levantamentos para se avaliar a extensão dos prejuízos das plantações, casas e benfeitorias.Informa-se que o canavial, principal riqueza da região,só não  foi destruído em virtude do seu enraizamento profundo. Segundo dados dos levantamentos feitos até ontem mesmos nos locais mais  atingidos pelas águas não excederam a setenta por cento, enquanto nas mais bem situados o prejuízo foi de trinta por cento.
                O mesmo não aconteceu com as plantações de menor porte como bananeiras,cereais, verduras e hortaliças que sofreram prejuízos totais.Em virtude das enxurradas que levavam tudo à sua passagem.Houve também inúmeros desabamentos principalmente das casas de taipa.Pequenos aterros, canais de irrigação e outras benfeitorias ficaram seriamente danificados.
                 As águas apesar da diminuição de sua intensidade continuam invadindo o vale, embora já se comece a avista  os pontos mais altos.Um Novo problema está surgindo constituído do grande numero de cobras que foram trazidas do alto sertão para os locais habitados.
outro titulo dado ao fato foi este:"Barragem rompe no Nordeste" e o texto da matéria dizia:
                  Rompeu-se no Rio Grande do Norte  causando prejuízos incalculáveis à lavoura, a barragem de Taipu, localizada no Vale do rio  Ceará-Mirim – região açucareira -  e estão quase submersas as cidades de Taipu, Poço Limpo  e Ceará-Mirim esta de cerca de 50 mil habitantes.
                Os dois sangradouros de emergência, feitos com emprego de dinamite, domingo passado, não foram bastante para dá vazão as águas.O governador Aluizio Alves, logo que soube  da tragédia deslocou-se de helicóptero para a região assolada, onde dirigiu-se pessoalmente as medidas de emergências requeridas. ( p. 12).

             Por fim, em 26 de julho de 1964 o distrito de Poço Branco foi emancipado de Taipu.Segundo o IBGE o distrito com a denominação de Poço Branco, foi criado pela lei estadual nº 2327, de 1712-1958, subordinado ao município de Taipu. No ano de 1959 teve início a construção da Barragem Taipu, popularmente conhecida como açude Jacaré, e que a população do antigo povoado de Poço Branco começou a procurar nova área para construir suas moradias. Estes dois marcos tiveram grande importância para a história daquele povo.

                 A barragem situada nas proximidades de Poço Branco, devido sua localização em área desfavorável, tornava inviável a permanência da população no local por causa das prováveis inundações da área e pelo armazenamento da água, mas ao mesmo tempo trouxe para a região muitos trabalhadores e novos moradores que contribuíram para o crescimento e o desenvolvimento do povoado. Em uma área de terreno plano situada nas redondezas da barragem, a população decidiu edificar suas moradias e instalar a futura cidade. Começava então a nova Poço Branco. pela Lei nº 2.899, desmembrou-se de Taipu, tornando-se um município do Rio Grande do Norte. Foi cedido 230,401km² do território de Taipu para a formação do novo município potiguar.




                 Imagens da destruição da ponte ferroviária no distrito do Umari em 1964.Fotos CBTU-Natal.





Imagens da destruição da ponte rodoviária na BR-406 na zona urbana de Taipu.
Fotos Arquivo da irmãs do Imaculado Coração de Maria.






                            Ruínas da ponte velha destruída em 1964.Fotos João Batista dos Santos.






     A ponte rodoviária em 2012, construída quase no mesmo lugar da antiga sob o rio Ceará Mirim.
Foto: João Batista dos Santos


A ponte ferroviária em 2011.Foto: João Batista do Santos