sexta-feira, 31 de maio de 2019

O PRÉDIO DA ALFÂNDEGA DE NATAL


Eis um apanhado histórico do prédio da Alfândega de Natal, atual Delegacia Regional da Receita Federal, localizado na Esplanada Silva Jardim na Ribeira.
       Em 20/03/1926 foi aberto um edital de concorrência pública para a construção do edifício da Alfândega de Natal, porém, a construção só inicio em 1928.
       No dia 15/06/1928 foi solenizado o ato de lançamento da pedra fundamental do edifício da Alfândega de Natal, cuja construção foi encarregada ao engenheiro Otávio Tavares.
Ao ato estiveram presentes o presidente do estado, Juvenal Lamartine, os auxiliares do governo, altas autoridades federais e estaduais e outras pessoas de representação.Usou a palavra, em primeiro lugar, o delegado fiscal do Tesouro Nacional, que explicou a finalidade da solenidade.Em seguida, falou o presidente Juvenal Lamartine congratulando-se com o Estado pelo grande melhoramento e enaltecendo a ação do presidente da República.Por fim o engenheiro Otávio Tavares agradeceu o comparecimento  das autoridades presentes.(O PAÍZ, 16/06/1928, p.7).
Em 26/06/1928 a delegacia fiscal recebeu o crédito de 380 contos de réis destinados a construção do novo edifício da Alfândega de Natal.
            Em 1929 o ministro da Fazenda, Oliveira Botelho, recebeu de Natal o seguinte telegrama:
“Tenho a honra de comunicar a V. Ex., que acabo de receber  as chaves do novo edifício da Alfândega de Natal, cujas obras estão concluídas e feitas sob minha responsabilidade de acordo com a ordem de V. Ex., prevalecendo-me do ensejo, cumpro o dever de apresentar a V Ex., meus melhores votos de perenes felicidades no ano que hoje começa. Saudações respeitosas (a) Alexandre Colares, Delegado Fiscal”. ( JORNAL DO BRASIL, 05/01/1929, p.10).
     O edifício da Alfândega de Natal, era o primeiro entre outros diversos, cuja  reconstrução foi autorizada e iniciada na administração do Sr. Oliveira Botelho.

Foto: Diário de Pernambuco, 1933.
Transfência 
Segundo o Jornal do Recife, o diretor geral da Fazenda Nacional autorizou transferência da alfândega de Natal para um  prédio particular, visto achar-se em ruínas o prédio próprio nacional em que funcionava aquela repartição e não haver outro imóvel da União disponível na capital.(JORNAL DO RECIFE, 21/10/1937,p.1).
Já em 1940 a Alfândega de Natal voltou a funcionar no antigo prédio o qual fora reconstruído na administração do inspetor Eurico Seabra.
Após importantes melhoramentos no prédio da Alfândega, situado a Esplanada Silva Jardim, a repartição voltaria a funcionar ali a partir do dia 29/01/1940.
O ato de reinstalação seria solene e se realizaria as 14h00 com a presença de autoridades, chefes e funcionários das repartições. (A ORDEM, 27/01/1940, p.1).
Entre os presentes estavam o interventor federal, Rafael Fernandes,o  representante do bispo, mons. Alfredo Pegado.Inaugurando os melhoramentos do prédio, o inspetor da Alfândega, Eurico Seabra Melo, proferiu um discurso historiando a marcha dos trabalhos até sua conclusão.
As obras foram autorizadas pelo Presidente da República, a vista de exposição de motivos do ministro da Fazenda.Foram confiados os serviços a direção técnica dos engenheiros Gentil Ferreira de Souza e Alvim Schinmelphheng, sendo executados pelos construtor Carlos Lima.O valor das obras foi de 60:000$000.(A ORDEM, 29/01/1940, p.1).






Prédio da Delegacia da Receita Federal de Natal, antiga Alfândega



OS 3 ELEVADORES QUE HAVIAM EM NATAL EM 1949



         Há 70 anos passados a capital potiguar possuía apenas 3 prédios com elevadores segundo a crônica jornalística do Diário de Natal em 29/05/149.
         Dizia a referida crônica:
         Possuímos três elevadores nesta faz de nossa evolução social: o do hospital Miguel Couto (o primeiro instalado) o do Grande Hotel e o do Edifício Fernando Costa. Depois, nada mais surgiu.Entretanto, outros edifícios que necessitam de elevadores tem aparecido : na rua Duque de Caxias, o Edifício Varela, o Edifício Campielo, o Edifício Bila, o Edifício  Quinho, na Rua Silva Jardim, o Edifício Elder, na rua Ulisses Caldas o Edifício Progresso, o Edifício Magally.
         Já existia o Edifício Aureliano, na Praça Augusto Severo. São prédios elevados, de três pavimentos com escadarias suficientemente incômodas.
         A baixo os três edifícios citados a cima e que possuíam elevadores em Natal.

                                   Hospital Miguel Couto, atual HUOL

                Edifício Fernando Costa (Secretaria de Fomento Agrícola)

                                   Edifício do Grande Hotel de Natal












Fonte: Diário de Natal, 29/05/1949, p.5.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

O NOVO EDIFÍCIO DOS CORREIOS DE NATAL




         O novo edifício dos Correios e Telégrafos de Natal teve sua construção iniciada em 07/04/1934, data em que o engenheiro Aldo Castella, representante da firma construtora Dolabela Portela se apresentou para o inicio dos trabalhos.
         Dois anos antes o Diretor Regional oficiou a Diretoria do Material dos Correios e Telégrafos solicitando para o Rio Grande do Norte a construção de um prédio nos moldes em que se fazia em outros Estados.
         O jornal A Ordem conseguiu em cópia desse documento, o qual constava dos seguintes termos:
         Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos
         29 de junho de 1932
         Nº 262
         Sr. Diretor do Material dos Correios e Telégrafos.
         Tendo o Sr. Ministro da Viação autorizado a construção de prédios para as repartições postais-telegraficas do interior deste e de outros Estados do Nordeste, medida qe de par com o aspecto humanitário de auxiliar os flagelados da seca, proporcionando-lhes trabalho e ganho da subsistência, é da alto alcance para os interesses da União, pois que, com ela cessarão os pagamentos de aluguel de prédios particulares e , ainda, terão os serviços instalação correspondente as suas necessidades e conveniências, esta Diretoria Regional pensa terem oportunidade as sugestões que , com a venda devida, passe a submeter a vossa apreciação.
Os Correios e Telégrafos nesta capital, como é do vosso conhecimento, tem os serviços de sua sede instalados em prédios diferentes, funcionando o tráfego postal no prédio da antiga sede da Administração dos Correios, bem assim a Tesouraria, as seções de expedientes em parte do prédio da estação da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, com parte do depósito de material, do departamento de que uma outra parte está ocupando um dos salões do prédio antigo da Alfândega de Natal.
         Poupo-me a entrar em considerações sobre as inconveniências de  uma tal divisão de trabalhos.Além do mais, não pode ter uma instalação de serviços que convenha ao próprio andamento destes, instalados como se acham em cômodos inapropriados, de dimensões apoucadas, alguns dos quais até falhos da segurança devida.
         Está designado para chefiar o serviço dessas construções no interior do Rio Grande do Norte, o engenheiro Romeu Albuquerque Gouveia e Silva, Chefe de Linhas e Instalações da diretoria Regional do Ceará.
         E é tendo em conta ocasião tão azada, que esta Diretoria vos vem sugerir a construção de um prédio, nesta capital, para sede dos Correios e Telégrafos.
         O Governo da União dispões em Natal de alguns terrenos em magnífica situação para um prédio dessa natureza. Pode-se citar como estando neste caso o local ora ocupado pelo antigo edifício da Alfândega, repartição que em breve terá todos os seus serviços instalados na nova sede que vem de ser construída. Além deste há outros pontos onde essa construção pode ser levada a efeito e que preenche amplamente todas as conveniências do serviço, qualquer que seja o ponto de vista por que se considere.
         Posso informar com segurança essa Diretoria de que o Governo do estado não será indiferente a uma iniciativa nesse sentido, que viesse dotar esta Repartição de uma instalação condizente com os seus fins.
         Esta Diretoria Regional se prontifica a prestar ao próprio engenheiro chefe do serviços de construções no interior, ou a essa Diretoria do Material, todos os informes e toda a cooperação necessários para se conseguir a efetivação das medidas que, caso julgueis razoáveis, vos dignásseis de encaminhar para consecução desse desiderato.
         Confiante de que encontrarão eco na vossa operosidade as sugestões que tenho a honra de vos fazer, aguardo o vosso pronunciamento sobe as mesmas, para meu governo.
Saúde e Fraternidade.
(a)  José Lucas Garcia Filho.
Diretor Regional.
Como delegado do governo federal, fiscalizou as obras o engenheiro da Seção de Edifícios do Departamento dos Correios e Telégrafos, Dr. Juvino Ramos.
O contrato com a firma foi feito por 420?448$700, mas o preço total montou a 618:538$700, motivado o aumento pelas alterações nas fundações, pelos moveis adquiridos, mudança de traçado e instalações internas.


  O prédio apresenta no primeiro pavimento as seguintes salas: tesouraria, seção de registrados, 4ª seção, seção de expedição de malas, seção de expedição de registrados, almoxarifado, posta-restante, serviço aéreo, hall público servido por artísticos balcões de mármore.No segundo pavimento: secretaria, chefia do tráfego telegráfico,seção econômica, chefia de linhas e instalações, sala de aparelhos, protocolo, conferencias da recita e despesa, estação de rádio, sala de espera, oficina e sala de motores, sala de café.Nos dois pavimentos há aparelhos sanitários modernos e confortáveis.


Fonte: A Ordem,1936.

  Todas as seções internas eram servidas por aparelhos telefônicos automáticos, os primeiros, aliás que foram montados no Estado.Custaram 20 contos.
O edifício foi construído em estilo cubista, com toda a estrutura em concreto armado.Possuindo amplas janelas metálicas com áreas de iluminação e ventilação tecnicamente calculadas.Na iluminação artificial interna foram empregados 27 mil velas.
Existia também um grande tanque de água com capacidade de 24 mil litros, do qual era elevado para um tanque menor, no pavimento superior, com capacidade de 10 mil litros. Ali era feita a distribuição por gravidade.
Os móveis foram adquiridos nas grandes fábricas “indústrias Reunidas de Madeiras” de Jorge Zeperrer, de Santa Catarina e custaram 108:090$000.
Prédios iguais ao que foi erguido em Natal existiam em Vitória, Aracaju, Maceió, São Luis e Teresina. (A ORDEM, 06/11/1936, p.1).
Conforme indicava o jornal A Ordem em 06/04/1936 as 16h00 foi entregue a Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos o novo e confortável prédio destinado ao funcionamento dos Correios e Telégrafos da capital potiguar, situado nas proximidades do Cais do Porto.
O prédio, que era de estilo cubista, foi construído pela companhia “Indústrias Brasileira Portela S.A” que encarregou o serviço o engenheiro Aldo Catella.
Por parte da Diretoria dos Correios foram os trabalhos fiscalizados pelo engenheiro Julio Ramos, a que, foi feita a entrega do prédio, passando este ao Diretor Regional, Sr. José Lucas Garcia.
As despesas com a construção ascenderam as soma de 40 contos de réis.
Foi aberta concorrência pública para o fornecimento dos moveis necessários ao aparelhamento da repartição. (A ORDEM, 07/04/1936, p.1).
Em 02/02/1936 o jornal A Ordem fez uma visita as instalações do novo prédio dos Correios de Natal e constatou que já estavam muito adiantados os trabalhos de instalação, estando prontas alguma seções.Para o serviço aéreo haveria uma rede especial, com caixa perfurada no próprio balcão, que era revestido de mármore.Também o serviço “Coli-Postal” poissuiria sua seção em sala especial sendo muito amplo os cômodos destinados a distribuição de correspondências recebidas.
Os serviços telegráficos, por sua vez, mereceram toda a atenção, ocupando várias salas desde a taxação, no andar térreo, até a dos aparelhos, no andar superior.
A Diretoria Geral já havia posto a disposição do Sr. José Lucas Garcia, diretor regional, a importância necessária a instalação de todos os serviços no novo prédio.
Provavelmente no dia 07/09/1936 seria oficialmente inaugurado o novo edifício dos Correios e Telégrafos de Natal. (A ORDEM, 02/08/1936, p.4).
A inauguração
A inauguração do novo prédio dos Correios e Telégrafos de Natal só ocorreu em 03/11/1936.
A cerimônia realizou-se as 14h00, presente o mons. João da Mata, Governador do Estado, Dom Marcolino Dantas, Bispo Diocesano, Gentil Ferreira, prefeito da capital, comandante Josué Freire, Enock Garcia, chefe de policia interino, comandante Barroso Magno, Bruno Pereira, procurado geral do estado, mons. Alfredo Pegado, Vigário Geral da Diocese, irmãos maristas, entre outras autoridades.
Por solicitação do Sr. José Lucas Garcia, diretor regional, o governador interino do Estado, mons. João da Mata, considerou inaugurado o edifício, proferindo algumas palavras alusivas a ao ato.
A seguir a senhorinha Judith Landim, funcionária dos Correios, passou a ler a seguinte portaria assinada pelo Diretor Regional:
Meus amigos convoquei esta reunião em que vedes a presença honrosa do exmo governador do estado, de magistrados, de outras distintas autoridades e de representante da imprensa, de todas as classes enfim, para nela solenizar-mos embora de maneira não suntuosa como se fazia mister, a inauguração do novo edificio, sede da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte e de suas moderníssimas instalações, edifício esse mandado construir pelo eminente Sr. Presidente Getúlio Vargas,nos termos do Decreto n° 22.193 de 8 de dezembro de 1932.
E assim, depois de tantos e tão longos anos, em que afagamos com carinho de quem vela por um ideal esse desejo de termos uma sede própria, condigna com a nossa Repartição, vemos afinal, realizado com a inauguração desse edifício amplo,moderno e bem localizado, onde de alguns dias a esta parte vimos executando nossa atividade profissional.
Na inauguração que ora solenizamos justo é que esta diretoria regional ponha em destaque o modo digno dos melhores elogios com que se houve o Delegado da Diretoria do Material, inspetor técnico, Dr. Jovino da Silva Ramos, engenheiro civil, ilustrado, honesto e modelismo, que foi de uma dedicação e operosidade inexcedíveis na fiscalização da construção do prédio e como executante de todas as suas instalações.
Para bem nos guiarmos Dora em diante e correspondermos ao carinhoso interesse do Sr. Diretor Geral em beneficio de serviço postal telegráfico desta Região, carecemos e careceremos muitos de união, de fraternidade, de amor ao trabalho e de porfia sincera e espontânea no cumprimento exato dos nossos deveres de burocratas postais telegráficas e de cidadãos.
O momento é de exortação em bem do engrandecimento da pátria e da República  e por isto eu vos concito, meus caros colegas a realização individual estrita das nossas obrigações, em prol do público, para que nossa repartição possa, assim, preencher sua elevada finalidade.
Esqueçamos, lealmente, quaisquer ressentimentos passados e afastemos de nossos cérebros e de nossos corações quaisquer ideias de vinganças, para nos preocuparmos exclusivamente com o bom nome de nossa repartição. O ódio é um sentimento aviltante, inadequado aos caracteres bem formados e por isto não vos deveis deixar  levar pelos que porventura se queiram tornar semeadores de intrigas e de vinganças!
Hosanas aos compahneiros de valor, aos companheiros que trabalham, aos companheiros que produzem!
Hosana aos bem intencionados!
José Lucas Garcia Filho
Diretor Regional dos Correios e Telégrafos.
Percorridos os vários compartimentos do prédio e servidas champage e cerveja aos presentes, foi encerrada a solenidade.
Durante a inauguração do novo prédio dos Correios e Telégrafos estava de serviço na sala de aparelhos a turma chefiada pelo telegrafista dr. Raimundo França e composta dos funcionários Oswaldo Moura, Arthur Villar, Murilo da Cunha Melo e João Leite Cordeiro, morsistas, João Alves Correia, Baudatista, José Alecrim, colante, mensageiros José Felismino, Luiz de França Morais e Reinaldo Galhardo e na intervenção o telegrafista José de França Coelho. (A ORDEM, 05/11/1936, p.1, p.4).
O prédio ainda exerce funções dos Correios atualmente.



















Maquete do novo edifício da sede dos Correios de Natal.
Revista Vida Domésica, 1933, N.183,  p.17.




O EDIFÍCIO FERNANDO COSTA



O Edifício Fernando Costa é a sede do Ministério da Agricultura em Natal, está localizado na Avenida Engenheiro Hildebrando de Góis, Bairro da Ribeira.É uma dos prédios que representa a arquitetura modernista da década de 1930 em Natal, quando a capital potiguar passava por transformações estruturais para se adequar as modernidades do tempo.Vamos conhecer a historia desse edifício?
Fonte: Biblioteca IBGE,1957.

A Pedra fundamental
         Perante grande número de autoridades federais, estaduais e municipais, incluindo o Interventor federal, representantes da imprensa realizou-se em 09/12/1939 as 16h30 o lançamento da pedra fundamental do Edifício Fernando Costa na Esplanada Silva Jardim, na Ribeira.
         No prédio funcionariam todas as dependências do Ministério da Agricultura com sede em Natal. A cerimônia se revestiu de brilhantismo,  tocando no ato a banda de música da Força Pública Militar.(A ORDEM, 09/12/1939, p.1).
O Edifício Fernando Costa teve esse nome em homenagem ao então ministro da Agricultura que lhe denomina. O ministro Fernando Costa esteve em Natal em 09/02/1940 onde visitou as obras do edifício em construção.

Fonte: A Ordem, 1940.

O majestoso prédio foi construído em belas linhas arquitetônicas, com 4 pavimentos, de cimento armado.Na parte superior foi instalado os serviços de meteorologia. Sendo o primeiro no gênero que se construiu no país, estando sua capacidade em perfeita coordenação com a finalidade a que se destinava. 
                                            O homenageado
Fonte: A Ordem,1940.

       Foi escolhido o dia 13/12/1940 para a sua inauguração, por coincidir com o terceiro ano de gestão do titular da pasta da Agricultura.

A inauguração
         O programa da solenidade de inauguração constou do seguinte:
         As 16h00 saiu o Interventor Federal, os representantes do Ministro Fernando Costa, o secretário Geral do Estado, o chefe de fomento Agricola e comitiva partindo do Grande Hotel como destino ao Edificio a ser inaugurado.Lá chegando, seriam recebidos por uma comissão.Usou da palavra o dr. Juvencio Mariz, entregando ao terminar se sua fala, as chaves do edifício ao representante do Ministro da Agricultura .
       Este, por sua vez, declarou inaugurado, em nome do Ministro,iniciando-se logo depois a visita ao prédio pelas autoridades e convidados.Chegando ao teraço do prédio, o Interventor Federal, Rafael Fernandes, procedeu ao arriamento da bandeira nacional,ao som do respectivo hino, executado pelas bandas do 29º B.C e da Força Policial.
      Após essas cerimônia, todos desceram ao salão nobre onde foi aposto o retrato do presidente da República e do ministro Fernando Costa.Ao champagne, o interventor federal brindou ao presidente da República e ao Ministro da Agricultura.Depois que as autoridades se retiraram do prédio o mesmo foi liberado para visitação pública.(A ORDEM, 12/11/1940, p.1).


Fonte: Revista Fon Fon,1948.

Fonte: Revista da Semana,1940.


Fonte: Google Earth, 2019.


A PRIMEIRA VEZ QUE UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA ASSISTIU UMA VAQUEJADA



         O fato se deu em Ceará-Mirim em 13/06/1906 por ocasião da inauguração do primeiro trecho da Estrada de Ferro Central do Rio Grande  do Norte-EFCRGN quando esteve presente a solenidade de inauguração Afonso Pena, então presidente eleito do Brasil.
         Após a inauguração da estação ferroviária de Ceará-Mirim o presidente Afonso Pena e a comitiva percorreram a cidade indo até a igreja matriz, de onde após fazer orações o presidente subiu uma das torres da igreja na altura de 50 metros e de lá de cima contemplou o vale do Ceará-Mirim emoldurado na paisagem com seus verdejantes campos de canaviais.
                       Praça da matriz de Ceará-Mirim na década de 1930

        Na vasta praça da matriz de Ceará-Mirim foi realizada a vaquejada em homenagem ao presidente da república Afonso Pena.

A vaquejada
         Segundo o jornal O Paiz a vaquejada que ocorreu em Ceará-Mirim em homenagem ao presidente Afonso Pena causou impressão extraordinária a comitiva e ao presidente.O vasto campo da matriz esta repleto de povo, tinha o claro do centro guardado por 70 vaqueiros alinhados, com trajes característicos de couro.
         O presidente Afonso Pena e o governador Tavares de Lyra e diversos membros da comitiva foram até um palanque rústico levantado ao lado da praça e os demais convidados ficaram no campo.
         Por gentileza de cavaleiros da localidade os jornalistas Lindolfo Azevedo, Belisário, Michelet e Botelho assistiram a festa a cavalo.
         Eis como o jornal O Paiz definiu a vaquejada:
         A vaquejada é uma reprodução dos costumes do sertão: a pega do gado, disparando os vaqueiros atrás das rezes e segurando as caudas e fazendo as tombar num movimento destro de agilidade e audácia, reunindo as qualidades de cavaleiros e vaqueiros.
O entusiasmo foi indescritível, havendo algumas quedas magníficas. O presidente Afonso Pena mostrou entusiasmo com o espetáculo, tendo em palestra elogiado largamente as qualidades dos vaqueiros do norte dizendo,que esse espetáculo é uma afirmação da virilidade da nossa raça.
A baixo imagens de uma vaquejada do inicio do século XX que serve para ilustrar como teria sido a vaquejada realizada em Ceará-Mirim em 1906




     A vaquejada durou uma hora, sendo corridas muitas rezes.Ao terminar o coronel Fabricio Maranhão e alguns jornalistas conduziram pelo freio até a casa do coronel Bezerra onde estava hospedado o presidente Afonso Pena, os cavalos que montavam os vaqueiros.
       Ai se destacaram quatro do grupo fazendo-lhes Eloy de Souz e os jornalistas montados guardas de honra.Apresentando-os, Rafael Pinheiro fez vibrantes saudações aos vaqueiros, aclamando a multidão um e outros.
         O presidente disse ao entrar na casa que era motivo de orgulho governar tal povo. Durante a vaquejada três rezes partiram a perna por queda e em dado momento o grupo assistente jogou com entusiasmo os chapéus no campo.
         A vaquejada foi organizada a esforços de Manuel Varela e do capitão José Ribeiro, tendo vindo os vaqueiros do sertão, distante 15 léguas.
         Os 4 vencedores pertenciam a mesma família de vaqueiros de nome Hortencio.


Fonte: O Paíz, 14/06/1906, p.1.

SOBRE OS ABALOS DE LAJES (ITARETAMA) EM 1950



Em 02/02/1950 o repórter do Celso Campos do Diário de Natal tomou o trem da EFCRGN e se dirigiu a cidade de Lajes a fim de averiguar in loco os fenômenos telúricos que ali estavam ocorrendo. Sua reportagem hoje traz a luz importantes achados históricos para compreender os fenômenos sísmicos daquela região.
Lajes (a época denominava-se Itaretama), distante 107 km de Natal situada a 199 metros de altitude entre montanhas numa das zonas mais adustas do sertão potiguar As chuvas no município eram sempre escassas e a época de estiagem se tornava por isso das mais penosas do Estado.
         Região espessamente rochosa e seca, o problema do abastecimento de água era o mais sentido pela população.
         Todavia, essas enormes adversidades da natureza não impediam a cidade de Itaretama de crescer e progredir, produzindo entre outras riquezas algodão do melhor tipo que se conhecia no Brasil.
         A cidade de Lajes se formou a partir do pequeno povoado de umas 20 casas em 1913 quando os trens da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte começaram a chegar ali, a cidade tinha em 1950 1.611 residências, constando o município com 13.000 habitantes segundo o censo de 1940.

Inicio dos fenômenos
         Segundo informações colhidas na cidade pelo repórter do jornal Diário de Natal os fenômenos que estavam ocorrendo em Lajes tiveram inicio as 21h30 do dia 30/12/1949, sendo então escutado um grande estrondo subterrâneo, seguido de outros menores intermitentes ouvidos pela noite a dentro, havendo pessoas afirmado terem contado 11 ao todo.
         Daí adiante, o fenômeno estava se repetindo a intervalos de vários dias, ora sob forma de explosões subterrâneas isoladas ou seguidas de percussão, ora com tremores de terra propriamente ditos, com trepidar de telhas, oscilação de objetos domésticos, abertura de portas de moveis mal fechadas e até trincaduras de parede. Animais, segundo as informações de pessoas idôneas do local, não estavam insensíveis e na ocasião dos tremores ou dos ruídos subterrâneos, cães haviam ladrado ou uivado e gatos se arrepiaram.
         Segundo o relato dos moradores o tremor de maior intensidade ocorreu no dia 21/01/1950, sábado, as 09h40, quando foi escutada uma única, porém, terrível explosão subterrânea. Pessoas estavam sentindo a sensação moderada da deslocação de ar, idêntica a de quem desce em elevador de altos edifícios.
Sinais dos abalos
         Segundo o repórter do jornal A Ordem não era verdadeira a versão de que os tremores tinham provocado aberturas de sola na serra do Feiticeiro, enorme cordilheira cuja silhueta a cerca de 15 km circunda a cidade.Do mesmo modo não era verdade que tinha fendido na cidade as paredes da igreja matriz e do prédio dos Correios e Telégrafos.
         Trincaduras em paredes haviam sido apenas em 4 casas, 3 das quais na praça da igreja matriz e todos esses vestígios ocorreram durante os abalos do dia 19/01/1950.
Fendas mais acentuadas nas paredes da residência da diretora do Grupo Escolar, a professora Isaura Carvalho, na praça da matriz, 102, construção de tijolos duplos.Nessa casa acentuaram-se nesse dia fendas existentes e abriram-se outras com respectiva queda de caliça.Maria Salomé da Silva, ai residente, disse ter tido a sensação de que a levantavam do solo.

                        Praça da Matriz de Lajes atualmente




         Outras casas que na praça da matriz tiveram nesse dia trincaduras foram as de número 207, residência do Sr. Francisco Amâncio Pereira, construção de tijolos com 3 paredes rachadas, e a de número 243, residência de Isaias Marques.Na praça Getúlio Vargas,  a quarta casa trincada, que foi o estabelecimento comercial de Macelo Motoril.

Conversando com os habitantes
         Pessoas  de mais de uma classe social foram abordadas pelo repórter  do jornal A Ordem, todas elas coincidentes quanto a existência do fenômeno, divergentes porém quanto a datas de incidência, detalhes e interpretações.
         Havia versões curiosas, como a de um humilde carpinteiro, velhote saudável, de 79 anos, que afirmou ter ouvido os primeiros ruídos subterrâneos ali nada menos que em 1886. Adiantou ele que seu pai morreu aos 98 anos e falava que já muito antes de 1886 os fenômenos eram acontecimento comum nas redondezas.
         Aquilo, entretanto, sempre era tido como prenuncio de inverno copioso, como os de 1894, 1899, 1912 e 1919.Acreditava-se que o epicentro se encontrava  na área que se estendia por 16 km,entre a serra do Feiticeiro, com 730 metros de altitude, um bloco rochoso quase inteiriço e que alguns afirmavam se tratar de ferro em sua composição.

                             Aspecto da serra do Feiticeiro


         A versão desse humilde carpinteiro, era entretanto isolada e o repórter quis ser honestos com as pessoas que se dispuseram a falar sobre o assunto.
         Fenômenos telúricos de datas tão recuadas ouvia-se falar apenas como ocorrendo no vizinho município de Baixa Verde (atual João Câmara), segundo informações de antigos magistrados e promotores que ali serviram.

Informações de outras pessoas
         Getúlio Costa, proprietário do hotel da cidade a época, residente em Lajes desde 1906, se lembrava de ter escutado ruídos subterrâneos ali em Lajes em 1923. Depois desse ano apenas os que estavam ocorrendo naquele ano de 1950.João Vicente, agricultor, de 52 anos, residente sempre em Boa Vista, no sopé da serra do Feiticeiro, de onde se julgava se originarem os fenômenos, informou que apenas naquele ano de 1950 havia escutado os ruídos.Acrescentou, todavia, que ali são de pequena intensidade e se tinha a impressão de serem trovões a reboar longinquamente.
         Pela dificuldade de transporte de o repórter permaneceu em Lajes apenas algumas horas e durante esse curto espaço de tempo não ocorreu abalos sísmicos. O que pareceu certo, porém, foi que a intensidade maior era sempre no próprio perímetro urbano da cidade, especialmente na praça da matriz, onde o solo rochoso era mais espesso, havendo mesmo enormes blocos de granito aflorando na via pública.

Xisto, petróleo ou carvão de pedra?
         A opinião interessante e equilibrada que o repórter colheu de Luiz Lago, conhecido intelectual vitimado pela paralisia havia 2 anos e aquela época visitado apenas por alguns amigos sinceros.Acredita ele se tratar de gases em expansão, emanados de xistos betuminoso, de hulha ou qualquer outra jazida subterrânea de óleo mineral.Deslocavam-se esses gases através de fendas subterrâneas,procurando cavernas da camada rochosa.Os ruídos ou estrondos subterrâneos variavam de intensidade, havendo uns isolados, outros seguidos de uma serie de vários, tudo dependendo da menor ou maior resistência encontrada pelas emanações.
         Os fenômenos de Lajes eram comuns, por exemplo, em várias expirações de carvão de pedra e se denominavam de Grisu.Nas galerias das minas existentes na região da Floresta Negra, Alemanha, as explosões a principio chegavam a vitimar mineiros.Mas logo a experiência ensinava a pressentir a aproximação desses gases em expansão e os trabalhadores aquela época já tomavam as precauções adequadas.
         Presumia-se que esses gases caminhavam do tabuleiro da Boa Vista, na serra do Feiticeiro, em direção a cidade, até a praça da matriz, onde provavelmente o subsolo era mais rochoso e mais daí maior resistência encontrada pelas emanações subterrâneas.
         A hipótese de Luiz Lago era razoável, sabido que no levantamento geológico do nordeste aparecia nos mapas o vizinho município de Angicos como um dos prováveis reservatórios de óleo mineral. Ilustrando as interessantes informações de Luiz Lago, soube-se que as camadas rochosas do subsolo em Lajes eram de respeitável espessura, daí a dificuldade na perfuração de poços.Houve um onde um lençol do precioso liquido foi alcançado aos 37 metros de profundidade, encontrando-se nova camada rochosa, sendo a perfuração abandonada aos 80 metros.
         Acreditava Luiz Lago que as explosões subterrâneas tinha relação com fenômenos que vinham sendo observados no tabuleiro da Boa Vista, entre a cidade e a serra do Feiticeiro, onde tinha havido ocorrência de fogo de santelmo, fosforescência  encontradiça onde existiam depósitos oleosos no subsolo, Nesse tabuleiro já tinha sido pedaços de concentrados de cor negras, cuja natureza não se inflamavam facilmente.
         Não acreditava Luiz Lago na eventualidade de uma próxima erupção vulcânica.Os fenômenos que antecediam erupções dessa natureza eram sempre mais violentos e iminentes.

Necessidade do interessa das autoridades
         De tudo isso uma coisa pareceu meridianamente urgente e imprescindível: que as autoridades se interessassem pela situação da população  de Lajes e providenciassem a ida de um técnico ao local, a fim de esclarecer a natureza dos fenômenos.A população se encontrava perfeitamente calma, conforme o citado repórter disse, especialmente do elemento feminino.Não era justo se deixar a população de Lajes entregue a toda sorte de imaginação, que só consequências desagradáveis poderiam trazer, afirmavam o mesmo repórter.Deveria assim esperar que o governado José Varela reiterasse junto ao Ministério da Agricultura a vinda de um especialista.
         Em resposta aos apelos feitos pela população, o governador José Varela telegrafou a João Militão, Ramiro Pereira e outros nos seguintes termos:
“Estou telegrafando ao Rio. Infelizmente [é a] quarta vez que telegrafo em iguais casos de Baixa Verde sem resultado. Estou telegrafando [ao] Ministério [da Agricultura] e bancada, pedindo especialista, a fim de estudar [os] fenômenos essa cidade. Peço avisar demais signatários. Cordiais abraços. José Varela, governador”. ( DIÁRIO DE NATAL, 03/02/1950, p.6, grifos nosso).
         Do senador Georgino Avelino receberam Luiz Cid e outros o seguinte telegrama:
      “Recebi telegrama, querido amigo e imediatamente despertei [o] interesse [em] publicação [dos] jornais sobre abalo sísmico. Conversei [com o] ministro [da] Agricultura que prometeu enviar um técnico ao local do fenômeno. Afetuosos abraços. Georgino Avelino”. (DIÁRIO DE NATAL, 03/02/1950, p.6, grifos nosso).