quarta-feira, 5 de agosto de 2020

O RIO GRANDE DO NORTE NO LIVRO 'THE NEW BRAZIL' DE MARIE ROBINSON WRIGHT (1907)

Em 1907 foi publicado o livro The New Brazil  de Marie Robinson Wright onde tem o capitulo dedicado ao Rio Grande do Norte.Eis o que escreveu a citada autora sobre o estado potiguar.

Tradução

Capitulo  XXIX

RIO GRANDE DO NORTE

O Estado do Rio Grande do Norte ocupa uma posição única no mapa do mundo, marcando o ponto mais oriental do continente da América. No norte e leste, faz fronteira com Oceano Atlântico, o que lhe confere uma extensa linha costeira; a oeste, é delimitada pelo Ceará, e no sul por Paraíba.

Nenhum Estado no Brasil registrou progresso industrial mais acentuado nos últimos dez anos do que Rio Grande do Norte, cujo povo desenvolveu um espírito de energia e empreendimento que geralmente não é creditado aos habitantes dos países tropicais.

Embora este estado esteja entre o quinto e o sétimo graus de latitude sul, perto do equador, seu clima é tão modificado pela brisa do mar e a altitude das serras que a atravessam todas as direções que o calor nunca é excessivo, mesmo no verão.

Na costa a terra é baixa e arenosos, grandes extensões de depósitos salinos estendendo-se para o interior por quilômetros ao longo da costa norte. Cem mil toneladas de sal são enviados anualmente a partir desta parte do Estado para os portos do sul do Brasil.

O chefe centro da indústria do sal é o Mossoró, situado no rio com o mesmo nome, que drena a parte ocidental do Estado e deságua no Oceano Atlântico através de um estuário que divide o Rio Grande do Norte do Ceará.

Além do Mossoró o estado é regado pelo Piranhas, um rio largo que tem sua nascente no estado de Paraíba, e depois de receber as águas de inúmeros afluentes, atravessa os dois Estados m seu curso para o Atlântico.

Muitos pequenos riachos fluem para leste a partir das serras e vazios no Oceano Atlântico, sendo o Ceará-Mirim o mais importante deles. A Serra da Borborema, que se estende através da região leste, com suas numerosas esporas e ramificações, é a principal montanha cadeia do Estado, embora João Valle, Luiz Gomez e Martins são serras de considerável altitude no oeste, os dois sistemas de montanhas sendo divididos pelo vale das piranhas.

A construção do ferrovia que agora conecta Natal, capital do Rio Grande

Norte, com várias importantes cidades do interior do estado e, através delas, com os estados vizinhos da Paraíba e Pernambuco, estimulou bastante a atividade comercial; desenvolvimento industrial é mostrando avanço constante sob as condições aprimoradas que melhor transporte instalações trouxeram.

A ferrovia não apenas contribuiu para o "novo despertar", mas a conclusão das obras portuárias da capital colocou essa cidade na estrada tráfego marítimo e vapores do Lloyd-Brazileiro e de outras linhas, que antes eram ancorada longe para evitar as ondas turbulentas que atravessaram todas as barreiras e fizeram o desembarque durante algumas partes do ano quase uma impossibilidade, - agora entre no porto e descarregar ao lado das novas docas.

O espírito empreendedor que reina em todas as partes do Brasil é particularmente notável, como já foi observado, neste Estado, que, embora sempre tenha avançado em termos sociais e questões educacionais, até agora não tem sido notável no setor industrial e comercial. progresso, fato facilmente explicado pelas dificuldades que precisavam ser superadas antes da ferrovia comunicação foi estabelecida e o tráfego oceânico incentivado a buscar seus portos. Agora o condições são excepcionalmente favoráveis ​​para um rápido aumento de riqueza e prosperidade. o

O governo dedicou atenção especial à melhoria dos distritos do interior de

o Estado, que, há alguns anos, sofria de uma seca severa. A fim de fornecer contra reincidência do desastre e garantir proteção aos habitantes da zona seca, planeja adotadas para afundar poços artesianos, construir barragens e reservatórios e outras empresas projetadas para melhorar as condições existentes. Os prêmios também são pagos pelo governo aos cidadãos que constroem reservatórios, poços artesianos etc. em suas propriedades.

Novas ferrovias estão em construção para conectar o interior remoto à costa,  que os distritos industriais possam ser facilmente comunicados com os melhores mercados.

O Ceará-Mirim e outras ferrovias levarão os produtos do interior para o porto, e linhas estão sendo construídas para atravessar o Estado e alcançar os servos do oeste. O chefe ferrovia atualmente em operação pertence ao Great Western do Brasil e compreende 121 quilômetros dentro do Estado, estendendo-se de Natal, no litoral leste, até Guarabira, na fronteira sul e passando pelas cidades de São José de Mipibu, Nova Cruz e outras.

Nesta região, o cultivo de açúcar e algodão gera uma receita importante,

enquanto no interior são finos pastos. O solo e o clima da serra fazem com que

parte do Estado particularmente adaptada à pecuária e à indústria de laticínios, embora nem desses interesses foi completamente explorado. A imigração é desejável, não apenas para fornecer o trabalho necessário para conduzir empreendimentos de grande magnitude, mas também para estabelecer comunidades que desenvolverão os recursos do Estado de maneira permanente e satisfatória.

Atualmente, a principal riqueza é derivada da cana-de-açúcar e algodão no distrito da costa leste, óleos essenciais, resinas, plantas medicinais e produtos da carnaúba nos sertões, e criação de gado nas serras. A área do Rio Grande do Norte é de trinta mil quadrados milhas e sua população meio milhão.

O valor dos produtos exportados anualmente através da capital equivale a quase um milhão de dólares em ouro.

Sob a administração do Dr. Antonio Jose de Mello Souza, que sucedeu o Dr. Augusto Tavares de Lyra como governador quando este foi chamado ao gabinete do Presidente Afonso Pena, o progresso do Estado continuou refletindo a política liberal e judiciosa de um governo que busca promover seu desenvolvimento social, industrial e comercial.

O governador é escolhido a cada quatro anos, o executivo recém-eleito, cuja inauguração ocorrerá em 1908, sendo o Dr. Alberto Maranhão, conhecido como estadista, não apenas em sua próprio Estado, mas nos conselhos mais altos da nação.

___________________

 Marie Robinson Wrigth ilustrou o capitulo referente ao Rio Grande do Norte com as seguintes imagens.

 

WRIGHT, Marie Robinson .The New Brazil, 1907, p.442.


WRIGHT, Marie Robinson .The New Brazil, 1907, p.440.

WRIGHT, Marie Robinson .The New Brazil, 1907, p.439.

WRIGHT, Marie Robinson .The New Brazil, 1907, p.441.

 

 

 

 

 

Fonte:

WRIGHT, Marie Robinson .The New Brazil. Second Edition, Revised and Enlarged. Philadelphia: George Barrie & Sons, 1907. p.440-442.

 


SOBRE A IGREJA DE ESTREMOZ

Os relatórios dos presidentes da pro vícia do Rio Grande do Norte nos fornece algumas informações a cerca do estado da igreja de Estremoz, uma das mais belas igreja barrocas do RN que não resistiu a ação do tempo e o descaso de tudo e de todos vindo a ruínas.

         Estremoz era município desde 03/05/1775.A freguesia instada no mesmo dia tinha como orago São Miguel e Nossa Senhora dos Prazeres, cujas imagens repousavam no altar-mor da igreja.

Com a expulsão dos jesuítas a antiga igreja da aldeia Guajiru passou a condição de igrej matriz, permanecendo com tal até 1858 quando a sede da paróquia e do município pasou a ser Ceará-Mirim.

Em 1841 a Câmara da Vila de Estremoz, tratando das precisões do Município, particularizou os consertos e reparos da igreja matriz, cuja a quantia para o serviço era de 300$000 réis. (DISCURSO...,1841, p.10).

          Segundo o relatório do  ano de 1842 as matrizes de São Gonçalo, Estremoz, São José, Princesa, Portalegre e Pau dos Ferros, ou estavam por acabar ou necessitando de grandes consertos.Mas a lei do orçamento só havia previsto a quantia de 500$000 para todas as obras de edificios provinciais. (RELATÓRIO, 1842, p.6).

         Em 1861 o presidente da província, José Bento da Cunha Figueiredo, visitou o município de Ceará-Mirim e sobre a igreja de Estremoz escreveu  em  seu relatório de 1861: “ a igreja matriz situada na povoação de Estremoz, a três léguas de distância da vila do Ceará-Mirim, carece de pequenos reparos urgentes no teto e frontispício, além de outra obras mais dispendiosas, tais como o ladrilho no corredor esquerdo, a colocação do sino e a construção de uma escada para subir-se ao campanário” (RELATÓRIO, 1861, p.79).

         O pároco deu noticias de uma subscrição que estava em promovendo entre os paroquianos para ocorrer ao consertos mais precisos, como foi recomendado pelo presidente da provincia.

         Quanto ao prédio do convento dos jesuítas que aquela época servia de prédio público nacional continuava em progressiva deterioração.Foi determinado ao subdelegado que tivesse sob sua guarda as chaves do edifício e que o visitasse frequentemente para não só conservá-lo no maior asseio possível, como preservá-lo dos estragos do cupim, solicitando do governo provincial os meios precisos para qualquer reparo indispensável.

         Ao engenheiro o presidente deu ordem para examinar o estado da igreja e do convento a fim de apresentar os orçamentos dos melhoramentos e consertos necessários para evitar  maior aumento na ruína desses edifícios.

         Ainda de acordo com o presidente da província: “ a antiga matriz da freguesia, cuja sede foi transferida de Estremoz para aquela vila, é uma excelente igreja, espaçosa e elevada, cujo abandono além de ser uma impiedade trará uma grande perda, que cumpre evitar”.

         Foram feitos alguns consertos, os quais o presidente não considerasse de grande dispêndio e dando-lhe o asseio necessário “ter-se-á uma igreja como não existe pro ai em muitas e muito boas freguesias do interior de outras províncias.

Sobre o convento escreveu o presidente: “O pequeno convento que fica contíguo e onde repousei por algumas horas na minha jornada, acha-se em um estado deplorável, e já pode quase ser adjudicado no catálogo da rúinas”.(RELATÓRIO..., 1863, p.9).

Executam-se também os reparos indispensáveis ao asseio e a conservação da igreja da vila de Estremoz, avaliados na importância de 1.069$450 réis.Esta despesa foi feita por conta do patrimônio de São Miguel.A direção desse serviço esteve a cargo do cidadão Joaquim José de Torres. (FALA..., 1874. p.17).

Naquele ano de 1874 a igreja de Ceará-Mirim estava em ponto de receber o telhado.

      No livro The New Brazil de Marie Robinson Wright publicado em 1907 no capitulo dedicado ao estado do Rio Grande do Norte há uma foto da antiga  igreja de Estremoz, onde vês-se o seu estado de ruína.Como se vê na foto extraída da citada obra.

     Convento do século XVII.Vila de Estremoz (em tradução livre).
Foto: Wrigth, Marie Robinson. The New Brazil, 1907, p.441.

   A igreja de Estremoz não resistiu a ação do tempo vindo a ruína completamente.Atualmente é possível vê no sitio histórico da cidade as ruínas de suas paredes.A nova igreja matriz de Estremoz foi construída na década de 1930.

 

 

Referências

Fala com que o Exo Sr. João Capistrano Bandeira de Melo Filho abriu a 1ª sessão da vigésima legislatura da Assembleia Provincial do Rio Grande do Norte em 13 de julho de 1874.Rio de Janeiro: Tipografia Americana, 1874.

 

Relatório apresentado a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte na sessão ordinária do ano de 1863 pelo presidente da província o Exmo. Sr. Dr. Olinto José Meira.Rio Grande do Norte: Tipografia do Rio Grande, 1863.

 

Relatório que o exmo. Sr. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Junior presidente da Província do Rio Grande do Norte exibiu na Assembleia Legislativa Provincial na sessão ordinária de 1861. Ouro Preto: Tipografia Provincial, 1862.

 

Discurso pronunciado na abertura da segunda sessão da terceira legislatura da Assembleia Provincial do Rio Grande do Norte, no dia 07 de setembro de 1841, pelo exmo.vice-presidente da província, ou coronel Estevão José Barbos de Moura.Pernambuco: Tipografia de Santos & Companhia, 1841.

 

Relatório da Assembleia Legislativa da Província do Rio Grande do Norte exibido pelo Exmo. Presidente da mesma Província d. Manoel de Assis Mascarenhas em 07 de setembro de 1842.Pernambuco: Tipografia de Santos & Cia.1843.


WRIGHT, Marie Robinson .The New Brazil. Second Edition, Revised and Enlarged. Philadelphia: George Barrie & Sons,1907.


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

PANORAMA DO MUNICÍPIO DE TAIPU EM 1910


Entre 1910 e 1912 foram realizados os questionários sobre as condições da agricultura dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte  pelo Ministério da Agricultura, Indústria e Comercio. Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas. No município de Taipu esse questionário foi realizado em 15/06/1910 e apresentou o seguinte resultado.

As condições do agricultores foram consideradas regulares nos anos de produção e precária nos anos de seca.Os agricultores e criadores pagavam o imposto do dízimo sobre a produção agrícola e pastoril.A maior queixa dos agricultores foi relativo aso estragos causados pelas lagartas, formigas e outras pragas, da falta de chuvas, água potável e braços.Os criadores reclamavam da falta de melhoramento do gado e meios de curar as pragas.

Não foi registrada a presença de estrangeiros no município.Com relação a água superficiais, estas eram as do rio Ceará-Mirim que não eram permanentes.Não havia lagoas.

         Com relação a árvores frutíferas foi registrado que havia a presença de alguns pés de laranjeira, pinheiras ou ateiras e cajueiros.A alimentação da população se fazia bem por meio de carne, farinha, rapadura, etc. Nos campos e pastos havia a presença do capim mimoso, milhã e pé de galinha.Havia campos ervados.

         A cultura produzida era a do algodão, mandioca, milho e feijão, sendo a cotonicultura a mais importante.Porém não havia o beneficiamento da produção, que eram vendidas in natura.Em 1909 não houve colheita devido a seca, sendo a de 1910 muito pequena.Não havia a cultura do café.

        Ignorava-se o custo de produção por litro, pois não havia registro.O preço de venda era o seguinte: milho, 100 réis, feijão 120 réis ( a medida de referência usada a época era o litro, porém como se trata de grãos deve-se crer que seja o quilo).

       O mercado comprador era o local, havendo uma feira aos sábados.O preço de transporte quando não era feito pelo produtor era de 10 a 20 réis o litro (quilo), aproximadamente.

         Com  relação a cana de açúcar e seus derivados os preços eram os seguinte: o açucar de primeira custava 750 réis, uma rapadura de meio quilo custava 120 réis, um litro de aguardente custava 500 réis.Não  havia cooperativas.Com relação ao clima, no município de Taipu o calor começava entre outubro e novembro e tempo fresco em maio.As chuvas começavam geralmente em março.

         Com relação as condições de saúde da população, estes foram considerados fortes e corados. Não havia registros de contabilidade.

         Criava-se no município bovinos, equinos, ovinos e suinos, sendo de maior importância a criação de bovídeos e ovídeos. Todas as espécies eram mestiças comuns.A produção era de carnes, couro, crias e leite, sendo a de carne e os couros os mais procurados.

Com relação ao custo de animais, era o seguinte: uma cavalo de sela custava 350$000, de carga 80$000 a 14$000; um burro de sela 400$000, de carga 200$000.Não havia animais de arado.Um boi carreiro custava 100$000, de corte de 80$000 a 100$000, um touro não tinha preço fixo, uma vaca leiteira produzindo de 2 a 3 litros, média, custava 80$00 a 100$000, um litro de leite custava 160 réis.

O quilo da carne e de toucinho custava 1$000, sendo raro haver carne fresca para negociar.A manteiga custava 1$500 o quilo e o queijo 1$500 o quilo.Uma galinha custava 1$000, a dúzia de ovos 400 réis.

As moléstias registradas no município eram a tristeza, carbúnculo sintomático e catarro nasal, que no geral não vinham sendo tratadas.

Com relação ao preço dos tecidos nacionais estes valiam de 700 a 800 réis.

Com relação a estradas, o município era cortado pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e havia caminhos descurados e sem pontes.

O município exportava principalmente algodão e importava tecidos, ferragens, etc., e cereais nos anos de seca.Havia escolas primárias.Não havia fábricas.

 O preço da  farinha de mandioca e de feijão eram muito variáveis, tendo naquele ano de 1910 o valor de 12 réis o litro (quilo).

Hão havia o registros de imóveis hipotecados.As habitações eram salubres, apesar de rústicas.Os instrumentos agrícolas utilizados eram a enxada, a foice e o machado.Os agricultores não retiravam dinheiro a juros junto aos bancos.

A madeira de lei que existia no município eram o pau d’arco, pau d’óleo, sucupira e jitaí.

As moléstias da população eram as comuns. Já as moléstias e praga das plantas cultivadas eram as formigas cortadeiras e lagartas.

Não havia núcleos de colonias.A  população foi considerada de gente laboriosa.O padrão de terras boas eram o pau d’arco, aroeira, cedro, etc, já os de terras inferiores eram o marmeleiro, catingueira, etc.Não havia portos.

Não se colhiam as sementes.A semeadura era feita em covas, começando a semear depois das primeiras chuvas.O sistema de trabalho do pessoal agrícola era o remunerado por meio de salário diário, mensal, empreitadas e meiação. Um trabalhador rural recebia 1$000 por diária.Não havia administradores e escrivãs de fazenda.Um carpinteiro  ganhava de 2$000 a 5$000 por diária.Não havia preço determinado para cozinheiros e lavadeiras, estas cobravam por peça e os cozinheiros segundo o serviço, em ambos os casos os salários eram pagos diariamente.

As terras as margens do rio Ceará-Mirim eram consideradas boas, as que ficavam as margens dos riachos regulares e inferiores as que ficavam  nos tabuleiros.Existiam poucas terras argilosas e em alguns tabuleiros havia a presença de terras arenosas, por serem na maioria misturadas.Eram geralmente planas e secas.Havia os campos de capoeiras, cerrados e carrascais, não havia matas (florestas).O preço das terras era muito variável, sendo relativamente ínfimo.

       A baixo um Cartograma do município de Taipu em 1949 onde se poder ter uma ideia da configuração territorial do município. Na ampliação do Cartograma vê-se o traçado da EFCRGN no território do município de Taipu.Em destaque a estação  da cidade de Taipu e as duas paradas que havia, Pitombeira e Melancias.

Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações- Estado do Rio Grande do Norte.Taipu.Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros, 1949, p. 48.

 


Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações- Estado do Rio Grande do Norte.Taipu.Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros, 1949, p. 48.


          

Ainda de acordo com o relatório do Ministério da Agricultura  o  município de Taipu era considerado como um prologamento do de Ceará-Mirim do qual distanciava-se 4 léguas (20 km), ocupando as duas margens do rio Ceará-Mirim, tendo em alguns lugares, mais ou menos, as mesmas terras, as mesmas culturas (exceto a cana-de-açúcar porque o terreno é quase todo ele seco), os mesmos costumes e sistemas de trabalho.

          A vila de Taipu “é um lugarejo sem vida com poucas casas e pouco negócio”, registrou o citado relatório do Ministério da Agricultura.

         O município possuía algumas escolas públicas e particulares funcionando regularmente durante os meses do verão.

         Os agricultores de Taipu eram considerados muito atrasados, porém, trabalhadores.As habitações “são em geral sem conforto” conforme apontou o relatório do Ministério da Agricultura.O clima era excelente e muito seco.

         A população alimentava-se de carne, farinha, rapadura e café às refeições.

         Todos trabalhavam, no entanto, havia falta de trabalhadores porque nos anos de seca, flagelo, o povo pobre emigrava para o Pará e Amazonas.

         Devido as águas estagnadas que no inverno ajuntavam-se nos barreiros e lagoas e que a população bebe para evitar a água salobra das cacimbas do leito do rio Ceará-Mirim, apareciam as vezes diversas moléstias.O municipio de Taipu era assolado periodicamente pela seca.

         As terras as margens do Ceará-Mirim produziam admiravelmente o algodão, cuja safra nos anos de inverno, atingiam a 7.000 sacos que eram beneficiados em vários locomóveis e bolandeiras movidas a animais “ é essa a única cultura digna de consideração e que constitui a exportação do município” dizia o citado relatório do Ministério da Agricultura.

         As terras da margem do Ceará-Mirim, se apresentavam em várzeas de massapê, onde se cultivava o algodão, sendo poucas em relação as outras, e por, isso vinham alcançando certo valor.Tais terras foram avaliadas em 50$000 por braça, com fundos de meia e légua, embora se usasse para avaliar a propriedade em globo.

         As várzeas de terra boa era avaliadas entre 100$00 e 200$000 a braça de largura.As terras de arisco e tabuleiros pouco valor tinham.

Conforme a Sinopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1900 existia em Taipu em 2.709 habitantes, dos quais 1.302 homens e 1.408 mulheres.

 

Fonte:

 

BRASIL. Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Questionários sobre as condições da agricultura dos municipios do Estado do Rio Grande do Norte. Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas. Volume: 1913. 135 p. Rio de Janeiro: Typ. do Serviço de Estatística. p.119 a 121.

 

BRASIL. República dos Estados Unidos do Brasil. Sinopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1900. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Oficina da Estatística,  Rio de Janeiro, 1900.


sábado, 1 de agosto de 2020

A AMPLIAÇÃO DO CEMITÉRIO DO ALECRIM

       O cemitério do Alecrim foi construído em 1856 tendo sido o primeiro da capital potiguar e permaneceu assim por muito tempo.Em 1936 ocorreria a ampliação do Cemitério Público do Alecrim.A obra se justifica tava porque “o cemitério torna-se a cada dia insuficiente para o sepultamento dos nossos mortos”. (A ORDEM,07/06/1936, p.1).

         Ainda de acordo com o citado jornal não havia mais quase nenhuma área disponível no cemitério,onde muitas vezes as inumações eram feitas depois que se desocupava alguma cova. Urgia assim a tomada de providências dos poderes públicos para resolver o problema da falta de espaço no Cemitério do Alecrim.

Foi então que o prefeito da capital,o engenheiro Gentil Ferreira de Souza deu inicio a ampliação do cemitério com a desapropriação de áreas próximas.Eis o teor do ato Nº 48 que trata do assunto conforme publicado no jornal A Ordem (07/06/1936, p.1):

         O engenheiro Gentil Ferreira de Souza, Prefeito Municipal de Natal, usando de suas atribuições legais, e, considerando a urgente necessidade de ampliar a área do Cemitério Público desta Capital, afim de melhorar as condições de enterramentos e atender aso constantes pedidos de aforamentos para a construção de mausoléus; considerando que esse serviço é de grande utilidade e necessidade;

RESOLVE:

Art. 1º- Desapropriar,por utilidade pública, as áreas atualmente aforadas no lado oeste do Cemitério desta Capital, necessárias à ampliação do mesmo Cemitério, aos proprietários Antonio de Souza Revoredo, Rivaldo Capistrano, Tenente Juvino Lopes da Silva, D. Luiza Maria da Conceição, Antonio Soares, D. Maria Joana da Conceição e Antonio Capistrano, de conformidade com o projeto apresentado pela Diretoria de Obras da Prefeitura.

Art. 2º -Para a efetivação dessa desapropriação a Diretoria da Fazenda Municipal, mandará proceder, na forma legal, indenizando-se aos atuais proprietários por meio de acordo amigável ou arbitramento judicial.

Art. 3º-As despesas decorrentes dessas desapropriações, correrão pela Verba 4-Diretoria de Obras nº 16-“Desapropriações” do Orçamento vigente.

        Art. 4º- revogam-se as disposições em contrário. 

Foram desapropriados ao todo cerca de 40 prédios e terrenos devolutos, sendo a área do cemitério aumentada em cerca de 15.000 m².

A inauguração da ampliação do Cemitério do Alecrim ocorreu em 03/11/1936 (DIÁRIO DE NOTÍCIAS, RJ, 05/11/1936, p.2), tendo sido gasto pela prefeitura 90 contos com a obra de ampliação do cemitério (A ORDEM,01/11/1936).A solenidade de inauguração contou com a presença de autoridades e representantes da imprensa. Discursou o prefeito da Capital e o Governador (Interventor) do estado, como de praxe.

Cemitério do Alecrim



O Cemitério do Alecrim em 1936.Fonte: A Ordem, 07/06/1936, p.1.

UM COLOSSO DE CONCRETO SOBRE O RIO POTENGI

Um monstro ou colosso de concreto sobre o rio Potengi.Era assim que se tratava a ponte rodoferroviária que estava sendo construída pelo governo do estado em convênio com a RFFSA sobre o rio Potengi em Natal.

         A obra tinha por objetivo facilitar as viagens rodoviárias para o interior do estado sobretudo da região de Ceará-Mirim, Taipu, Baixa Verde, Macau (atual BR 406).

         A velha ponte ferroviária, inaugurada em 1916, tinha sido projetada exclusivamente para tráfego de trens, porém, em 1946 foi feito um acordo para seu lastreamento que possibilitaria o trafego de automóveis, entretanto esse sistema acelerou o desgaste da ponte que ao longo do tempo vinha apresentando sérios problemas em sua estrutura .

Segundo o Diário de Natal “As viagens para Ceará-Mirim, Extremoz, João Câmara, prai da Redinha e outras regiões ainda são feitas com o medo de uma travessia: a velha ponte de Igapó oferece buracos imprevistos, que ofusca a bela paisagem do rio Potengi”. (DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8).

Ainda de acordo com o citado jornal o motorista, antes de iniciar a travessia dos quase 600 metros da ponte ferroviária, tinha que testar os nervos.”Os mais temerosos se defendem com rezas, figas, promessas, sussurros de orações também dos passageiros.Mas ao lado da velha ponte, um monstro de concreto se levanta com imponência digna do próprio rio.Daqui para o próximo ano, até julho de 1970, esse medo vai desaparecer”. (DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8).

         Segundo o referido jornal a construção da nova ponte sobre o rio Potengi estava em ritmo acelerado, tendo a primeira viga fundária sido colocado em novembro de 1969. Com o andamento das obras, o engenheiro Florêncio Absalão da RFFSA viria a Natal para continuar a inspeção da construção da ponte e liberar a primeira parcela de de NCr$ 1 milhão do convênio firmado com o governo do estado.(DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8).


Na foto o canteiro de obras da ponte de concreto no rio Potengi.Ao fundo é possível vê alguns vãos da antiga ponte metálica.Fonte: DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8.

Havia um sinaleiro que ficava na cabaceira da ponte organizando o trafego de trens e de veículos rodoviários e evitar acidentes com pedestres ao citado jornal disse um desses sinaleiros que o seu temor ao autorizar a travessia dos motoristas era “quando dou o sinal e o carro entra na velha ponte, só posse fazer uma coisa – fechar os olhos”.

O destino da velha ponte

         A velha ponte de Igapó estava realmente com os dias contados depois de mais 40 anos de serviço prestados ao Rio Grande do Norte.Ela seria desativada pela RFFSA que a venderia a Siderúrgica Nacional de Volta Redonda para ser transformada em fero para fundição.

A nova ponte era vista assim com uma portentosa obra de engenharia moderna, tendo sido nela empregado pela primeira vez em obras de engenharia civil no Rio Grande do Norte o concreto protendido.

         A obra da construção da ponte rodoferroviária sobre o rio Potengi foi orçada em NCr$ 11 milhões.

Considerações

         A modernidade ofuscou a monumentalidade da ponte ferroviária de Igapó, a segunda maior obra de engenharia civil do Rio Grande do Norte, precedida somente pelo Forte dos Reis Magos cuja resistência milagrosamente escapou de ser destruído, sorte que não teve a velha ponte sobre o rio Potengi.

         O apelo sentimental e histórico de nada adiantou para salvar a ponte ferroviária de Igapó com seus belos vãos em arcos de ferro fundido trazidos da Inglaterra no inicio do século XX.Vendida, foi desmontada parcialmente, 5 dos 10 vãos foram desmontados ou retirados para serem usados em outras obras da RFFSA, ficando mutilada desde 1974 até os dias atuais.


Nesta imagem é vista a construção dos pilares de sustentação da ponte de concreto do rio Potengi.Fonte: Diário de Natal, 07/12/1969,p.6.