quarta-feira, 30 de junho de 2021

OS IRMÃOS FOTÓGRAFOS MAX E BRUNO BOUGARD


         Os irmãos de origem alemã, Max e Bruno Bourgard, foram os primeiros fotógrafos a fazer imagens da cidade de Natal, sendo considerados os pioneiros neste ramo em terra potiguares.

         De inicio aviso que esta não é uma biografia a respeito dos irmãos Bourgard, não é este o meu foco de trabalho, apenas tento mostrar alguns recortes históricos a respeito dos mesmos.

         Sobre Max Bourgard escreveu o jornal O Estado em 02/202/1894: “Sr. Max Bourgard e inegavelmente um homem dum gênio incansável e trabalhador. E, dias desta semana fizemos-lhe uma visita em seu sitio, a leste da Ribeira, e que fica na bifurcação de dois grandes morros. O Sr. Bourgard mostrou-nos o curtume, há pouco estabelecido ali e dirigido por seu velho pai, um afamado curtidor de peles, ultimamente vindo da Alemanha, onde em exposições regionais foi mais de uma vez condecorado pela excelência dos seus trabalhos. Tivemos, então, de admirar o asseio que se nota na casa do curtume, e a qualidade das peles curtidas, que nada deixam a desejar às que são importadas do estrangeiro, tal é a perfeição do trabalho. Desejamos que o Sr. Bourgard alargue mais as proporções do seu estabelecimento industrial, em seu interesse próprio e a bem do progresso desta terra, onde o distinto artista e intrépido industrial exercem a sua atividade” (O ESTADO, 02/02/1894, p.2).

          Max Bourgard foi proprietário da empresa Fotografia Alemã Bourgard & Cia sucessora de Frederico Ramos.

          Em 12/05/1892 Max Bourgard começou a anunciar nos jornais de Natal que iria se mudar para o Recife, onde instalaria sua loja na rua 15 de Novembro, na capital pernambucana, onde lá iria exercer sua profissão. Ainda de acordo com os anúncios nos jornais Max Bourgard ficaria em natal por mais um mês oferecendo seus préstimos em fotografias garantindo a maior perfeição e nitidez nos seus trabalhos (RIO GRANDE DO NORTE, 02/06/1892, p.4).


Bruno Bourgard

         Em 06/10/1897 um anúncio no jornal A República dizia: “Retirando-me, no costeiro do meado deste mês, de Natal deixo a fotografia sob a direção do meu mano Bruno Bourgard, pedindo aos meus fregueses e amigos dispensar-lhe a mesma confiança e favores, com que me tem honrado e pelo quais me confesso sinceramente grato. B. Max Bourgard. Natal, 5 de outubro de 97” (A REPUBLICA,06/10/1897,p.3).

         Um anúncio do jornal A República demonstrava que a Fotografia Alemã já era uma sociedade dos irmãos Bruno e Max Bourgard, estando a mesma situada na rua 13 de Maio, nº 26, onde: “os seus proprietários garantem perfeição e nitidez nos seus trabalhos, os quais executam das 10 horas da manhã até as três da tarde, seja com tempo bom ou mau nouvado. Preços cômodos”, dizia o citado anúncio (A REPUBLICA,06 /02/1891,p.4).

        Uma das fotos mais antigas de autoria de Bruno Bourgard é esta a baixo de uma procissão no Seridó, possivelmente a de Santaana em Caicó.

Foto: Museu do Seridó

         Em 1902 Bruno Bourgard (que aparece no jornal com a grafia Bruno Burkhardt, possivelmente a grafia original em alemão do sobrenome) chamava a atenção dos seus fregueses e amigos para os trabalhos de ampliação em fotografia até tamanho natural, colorido, entre outros, para os quais se achava bastante habilitado, garantindo toda a perfeição nos mesmos e, além disso, encarregava-se das respectivas molduras. Os preços eram por ajustes (A REPUBLICA, 13/10/1902, p.2). Por esse tempo a loja da Fotografia Alemã estava situada na Rua José Bonifácio, antiga ruas das Virgens.

          Bruno Bourgard registrava os eventos importantes da capital potiguar como o da  foto a baixo de autoria de Bruno Bourgard publicada em 14/02/1902 na Revista da Semana mostra um grupo de pessoas no almoço oferecido aos oficiais do navio a vapor Planeta da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro por ocasião do inicio das suas entradas no Porto de Natal em 01/10/1902. 

Foto: Revista da Semana, 14/02/1902.Ed. 405, N.135. p.5
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       Esta outra foto mostra a caída ao mar da lancha 16 de Julho ao serviço de praticagem na barra do Porto de Natal

Foto: Revista da Semana,22/02/1903, ed. 490, nº 145.

Registro de um jantar oferecido pelo coronel Joaquim Manuel de Carvalho e Silva a seu irmão, o padre Miguel de Carvalho, por ocasião deste cantar sua primeira missa, em 8 de dezembro 1902.Fotografia Bruno Bourgard..

 


Rua da Conceição em Macaiba em 1898.Foto: Bruno Bourgard.


          Na edição 474, nº 143 da Revista da Semana há uma foto em que Bruno Bourgard é citado com a patente de major (REVISTA DA SEMANA, 22/02/1903, p.8).A foto não tem boa resolução, mas mesmo assim a publicamos.

Foto: Revista da Semana, 22/02/1903,p.8, ed. 474, n.143.

         Em 08/03/1903 a Revista da Semana exibia uma foto de uma missa campal em frente a matriz de Natal cuja a legenda dizia: “ESTADO DO RIOGRANDE DO NORTE. Missa celebrada em honra do 4º Centenário da descoberta do Brasil, na Praça André de Albuquerque em frente da matriz, na cidade do Natal (phot. de Bruno Bourgard)” (REVISTA DA SEMENA, 08/03/1903,p.4 ed. 502, n.147). 


Foto: Revista da Semana,08/03/1903,p.4, ed.502, n.147.



         Ora, se a missa em questão foi em honra do 4º Centenário do descobrimento do Brasil, obviamente ela foi realizada entre 22/04/1900, dia da chegada dos portugueses em terra e 01/05/1900, portanto a foto foi publicada três anos após aquele evento realizado em Natal.

         O atelier fotográfico  a Fotografia Alemã, de Bruno Bourgard, era, ao que tudo indica, o único estabelecimento do gênero em Natal, pois o Almanaque Laemert só cita ele em 1905 ( ALMANAQUE LAEMERT,1905, p.1730)

         Em 1907 o jornal A República exibe anúncio em que Bruno Bourgard (grafado Bruno Burkhardt novamente) em que o mesmo dizia está residindo na Paraiba: “Da Paraíba, onde reside atualmente, é esperado nesta capital o conhecido artista fotografo Bruno Burkhardt, que pretende demorar-se alguns meses” (A REPUBLICA, 03/08/1907, p.1).

         Noutro anúncio do mesmo jornal Bruno Bourgard avisava a seus amigos e fregueses da capital potiguar e do interior do Estado que daria inicio aos trabalhos concernentes a sua arte, no dia 29/11/1907, com duração de apenas um mês e meio, no máximo dois meses, em Natal.


Fonte: a republica,29/08/1907,p.3.


         Foi neste ano também que por meio das verbas eventuais do orçamento do Estado vigente, mandou o governador pagar ao fotografo Bruno Bourgard (Burkhardt) a quantia de 300$000 réis, importância de diversas vistas (fotos panorâmicas e postais) da capital potiguar fornecidas ao gabinete do governo do Estado, para propaganda (A REPÚBLICA, 22/11/1907, p.1).Algumas das imagens que foram pagas a Bruno Bourgard pelo governo do Estado são possivelmente as que se seguem.











        A última noticia a respeito de Bruno Bourgard por nós encontrada data de 1918, quando o jornal O Norte registrou o batizado de Neuza, filha de Bruno Burkhardt e sua esposa Enedina Toscano Burkhardt, tendo sido padrinhos da menina o Cel. Daniel Toscano Coelho e sua esposa Ana Uchoa de Andrade Coelho (O NORTE, 10/08/1918, p.1).

         De 1894, data da primeira menção a Bruno Bourgard em jornal de Natal, até 1918, data em que o jornal O Norte registrou o batizado de sua filha transcorrem 24 anos, considerando que Bruno já era adulto em 1894, presumimos que ele já era um senhor de mais de 40 anos na época do batizado de sua filha.

         Na capital paraibana o atelier da Fotografia Alemã de Bruno Bourgard funcionava na rua Maciel Pinheiro nº 67 e na Viração nº 1 e de acordo com o anúncio publicado no jornal O Norte: “este atelier funciona regularmente, tanto nos dias claros, como nos de chuvosos, desde as 9 horas da manhã, até as 4 da tarde, com entrada pelas ruas M. Pinheiro 67 e Viração n.1” (O NORTE, 04/11/1908, p.3).

         Sobre Max Bourgard os jornais silenciam completamente sobre sua vida, não o citando mais que somente como fotografo em Recife.


terça-feira, 29 de junho de 2021

A CAPELA DAS QUINTAS

 

         A capela do bairro das Quintas em Natal tem seu inicio em 06/06/1947 quando se reuniu a Sociedade Recreativa Progressiva das Quintas para tratar da construção da capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a qual segundo o jornal A Ordem: “ compareceu grande número de sócios, senhoras e senhoritas daquele próspero subúrbio da Capital”.

         A comissão central estava constituída pelo Pe. Luis Klur, assistente eclesiástico, Raimundo de França, presidente e Arthur Vilar, tesoureiro.

         A sessão foi aberta pelo Sr. João Francisco Filho, presidente da SRPQ, que em seguida concedeu a palavra ao Sr. Luis Dutra, orador oficial da solenidade, que pronunciou vibrante discurso concitando todos a trabalharem por aquela velha aspiração dos habitantes das Quintas, de possuírem a sua igreja e que segundo ele, graças aos esforços do Sr. Raimundo de França, grande incentivador do progresso das Quintas, coadjuvado pelos companheiros da comissão central, ia ser concretizada.

         Facultada a palavra, fez uso da mesma o Sr. Sebastião Maaquias, também se externando sobre o assunto.Em seguida o Pe. Luis Klur, coadjutor da paróquia do Alecrim e encarregado pelo Bispo Diocesano, Dom Marcolino Dantas, para dirigir os trabalhos da construção da capela, fez ampla exposição sobre os planos da construção, meios de adquirir donativos em dinheiro e materiais, demorando-se ainda nas vantagens advindas aos habitantes do lugar em possuírem a sua igreja com tão bela e significativa invocação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que haveria de abençoar os promotores desta tão útil iniciativa.

         Logo depois foram combinadas várias medidas a fim de no menor prazo possível serem iniciados os trabalhos, ficando organizada 10 sub-comissões locais presididas pelas seguintes pessoas: João Francisco Filho, professora Maria das Dores, Luis Dutra, Eugenia Salvador, Valda dos Santos Souza, Amélia Rodrigues, Maria Silva, Maria Pereira, Joaquim Avelino e Alberto Pinheiro.

         Encerrando a sessão usou da palavra  Raimundo de França, que se congratulou com os presentes por mais este grande melhoramento para o povo católico das Quintas, para o que       esperava o concurso de todos, afirmando já haver escolhida uma lista de paraninfos e madrinhas da construção, e que já havia obtido valioso auxilio de Roberto Sinay e Nola Volfson, respectivamente engenheiros chefe e auxiliar do 5º Distrito de Portos, Rios e Canais (A ORDEM, 14/06/1947, p.2).

Sobre as Quintas

Sobre as Quintas escreveu Fernando de Oliveira em artigo para o jornal A Ordem: “As Quintas é um dos bairros mais habitados de Natal. Lá reside toda uma população constituída, em geral, de famílias pobres que ganham a vida vendendo produtos caseiros aqui na cidade ou lavam a roupa dos mais afortunados. As ruas – por ser um bairro muito distante, não tem calçamento e a poeira levantada pelos veículos que vão e que vem tinge a cara das casas de uma cor cinzenta ou amarelo de barro”.

         Ainda de acordo com o citado autor havia muitas deficiências naquele pedaço vivo de Natal.Entretanto, alguma coisa já se fazia para melhorar a habitação daquela gente boa, tanto assim que a prefeitura já estava mandando encostar material para a construção de casas populares naquele bairro.

         Observou Fernando de Oliveira que os habitantes das Quintas não tinham assistência religiosa, tanto que uma comissão de senhoras católicas tendo a frente o Pe. Luis Klur, da paróquia do Alecrim, estava empenhada na construção de uma vistosa capela que teria por padroeira Nossa Senhora do Perpetuo Socorro. ”O local é magnífico! já os alicerces estão prontos.Entretanto, como é doloroso constatar que os trabalhos estejam parados por falta de recursos – mal hajam atingido os alicerces da pequena obra! Tanto dinheiro gasto por ai a fora sem muita necessidade”, escreveu Fernando de Oliveira.

Na noite de Natal daquele ano de 1948, Fernando de Oliveira foi assistir a missa do galo que iria ser celebrada nos alicerces da capela das Quintas, o qual escreveu o mesmo: “meu coração de católico comoveu-se ao observar uma grande multidão, religiosamente em silêncio, ouvindo a pregação do sacerdote. Como aquele povo pobre sentiu-se orgulhoso e satisfeito por aquela primeira missa na futura Capela”. Ainda de acordo com Fernando de Oliveira foram abençoados naquele dia os alicerces da capela, tendo ele ouvido muitos dizerem ao sacerdote: -Ah padre.Se Deus quiser, brevemente teremos a nossa Capela”, ao que constataou Fernando de Oliveira:- Pobre povo das Quintas! Tanta vontade de possuir uma capela! E já se contenta com os alicerces...Aquela pequena construção em começo parece uma vergonta nova brotando nos galhos da grande árvore da Igreja!...”. (A ORDEM, 08/01/1948, p.4).

         Em 17/08/1951 o jornal A Ordem registrou que estava sentada a última porta da capela das Quintas, obra que o Pe. Eimar Monteiro, Arthur Vilar e outros resolveram levar a peito e estavam concluindo.

         De acordo com o referido jornal o terreno para a construção da capela das Quintas foi doado por Alfredo Edeltrudes, onde ali se foi erguendo a capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro que muito bem faria aquela região das Quintas e Carrasco (atual Dix Sept Rosado).

         Os empreendedores da construção da capela das Quintas começaram então a levar adiante a campanha do mosaico para o piso da igrejinha que assim começaria brevemente a funcionar em caráter público (A ORDEM, 17/08/1951, p.1).

         Em 1958 já estava listada no rol das igrejas da capital potiguar, sinal de que já havia sido inaugurada anteriormente.

       A paróquia de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, segundo consta no site  da Arquidiocese de Natal, foi criada em 12/09/1969, tendo sido por muitos anos administrada pelo Pe. Thiago Theisen, sacerdote de origem belga, que desenvolveu intensa e duradoura atividade social nos subúrbios de Natal entre os anos de 1960/1980.

         Em 1982 com a criação da paróquia entre o rio Potengi e a lagoa de Estremoz cuja sede seria o Conjunto Santa Catarina, esta passou a ser administrada pelo Pe. Thiago Theisen, a paróquia das Quintas foi nomeado o Pe. Antonio Cassiano para ser administrador.

         A foto a baixo foi publicada originalmente no Diário de Natal em 1971, há exatos 50 anos. Trata-se da igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do bairro das Quintas em Natal, cuja paróquia foi criada em 12/09/1969 onde a antiga capela foi elevada a categoria e dignidade de igreja matriz. Em 1975 a igreja passou por uma grande reforma e ampliação da qual perdeu suas feições originais.


A época havia uma mentalidade vinda do Concilio Vaticano II onde se pretendia “modernizar” a Igreja Católica para que ela se abrisse ao mundo moderno e isso se refletiu nas construções de igrejas que passaram a preferir a concepção de simplicidade nas construções de igrejas ao invés do estético, como espaços celebrativo simples onde se pudesse acolher o maior número de pessoas possíveis no interior das igrejas, as fachadas por sua vez perderam o gosto estético e característico de igrejas, sendo até mesmo o termo ‘templo’ mais usado adequadamente para definir as construções modernas da igreja católica a partir do Concílio Vaticano II.

A igreja das Quintas foi uma das igrejas que sofreram a ação equivocada dessa mentalidade, o qual em sua ampliação perdeu-se a feição da fachada original que possuía gosto e característica típica de igreja com seu frontão triangular encimado por uma cruz, os janelões e portão central arqueados e o esboço das duas torres que seriam erguidas caso fossem num futuro ampliada a igreja. Natal tem uma carência de igreja bonitas e as que pouco tinha foram aos poucos dando espaço a igrejas de gosto duvidoso como esta das Quintas.




domingo, 27 de junho de 2021

O MERCADO DE NOVA DESCOBERTA


E encerramos nossa série de postagens sobre os mercados públicos de Natal com essa a cerca do mercado do bairro de Nova Descoberta.

Em 11/01/1960 o jornal Diário de Natal publicou que finalmente seria construído o Mercado Modelo do bairro Nova Descoberta, o qual viria a sanar velho problema dos seus habitantes.

Em entendimento com o proprietário do terreno naquele subúrbio da capital potiguar, o prefeito José Pinto Freire conseguiu adquiri-lo sendo que o mesmo estava localizado na rua principal de Nova Descoberta.

O Mercado Modelo que obedeceria as novas linhas arquitetônicas, deveria ser construído ainda no primeiro semestre daquele ano de 1960 (DIÁRIO DE NATAL, 11/01/1960, p.6).

De acordo com o jornal Diário de Natal em 01/04/1960 seria realizada a cerimônia solene de lançamento da pedra fundamental do Mercado Modelo de Nova Descoberta, o qual seria, segundo o mesmo jornal, um dos mais modernos do Nordeste, querendo o prefeito inaugurá-lo ainda em sua administração.

Conforme havia anunciado a prefeitura o prédio desse mercado seria construído dentro dos mais modernos requisitos constituindo-se um dos melhores do Nordeste depois de concluído.

A sua construção deveria ter andamento por todo aquele ano de 1960, esperando o prefeito José Pinto Freire inaugurá-lo antes do término do seu mandato.

O jornal Diário de Natal recordava que o bairro de Nova Descoberta era um dos mais novos da capital potiguar e até bem pouco tempo era apenas um abrigo de refugiados das secas, que ali se instalaram em virtude de não terem onde pousar.

Nos últimos 3 anos a fisionomia do bairro havia se transformado de tal modo que exigiu as atenções dos poderes públicos, o que vinha se verificando de maneira progressiva aquela época (DIÁRIO DE NATAL, 18/03/1960, p.8).

A solenidade de lançamento da pedra fundamental do Mercado Modelo de Nova Descoberta foi antecipada para 20/03/1960 as 09h00, o prefeito José Pinto Freire resolveu antecipar a solenidade a fim de providenciar o inicio dos serviços o mais breve possível.

Tendo o ato contado com a presença de autoridades e moradores do bairro. Inicialmente lançou as bênçãos da igreja católica sobre o local do futuro mercado, o monsenhor Alair Vilar, capelão do bairro, que em seguida proferiu palavras enaltecendo o acontecimento.Falaram sem eguida o prefeito, José Pinto Freire, os vereadores Severino Galvão e Raimundo Barreto, e representando o povo do bairro, o Sr. Claudionor de Figueiredo.

Na ocasião foi instalado o curso primário a ser mantido pela Secretaria de Educação naquele bairro (DIÁRIO DE NATAL, 21/03/1960, p.8).

Francisco Horácio Pereira Pinto fez um relato das obras de responsabilidade da prefeitura no bairro de Nova Descoberta, elogiando o prefeito José Pinto Freire principalmente o seu trabalho em prol da construção do mercado daquele bairro (DIÁRIO DE NATAL, 03/04/1960, p.6).

Não encontramos informações a cerca da inauguração do Mercado Modelo de Nova Descoberta, porém, em entrevista 13 anos depois, o ex-prefeito de Natal, José Pinto Freire disse em entrevista ao jornal O Poti que uma das suas realizações a frente da administração da prefeitura de Natal foi a construção do referido mercado (O POTI, 12/08/1973, p.9), de onde se presume que tenha sido inaugurado, e se chegou a funcionar como tal é por nós desconhecido, assim como a sua localização naquele bairro.



sábado, 26 de junho de 2021

O MATADOURO DE NATAL

 

         O matadouro público de Natal é citado em 1878 como um dos locais onde não se tinha asseio na capital potiguar: “no matadouro público não há também o escrúpulo que era para desejar, e assim é tudo mais” (CORREIO DO NATAL, 26/10/1878, 3).

        Foi destinado a quantia de 4:500$000 a comissão formada pelo Capitão do porto Lisboa, o tenente-coronel José Domingues de Oliveira e o presidente da Intendência Odilon Garcia para as obras do matadouro público da capital (GAZETA DO NATAL, 15/11/1890, p.2).

         Em 1891 havia um terreno já destinado a construção do matadouro público de Natal e suas dependências, porém o mesmo terreno foi alvo de reclamações por está situado próximo a casas residenciais, sendo recomendado que a Intendência escolhesse outro local (RIO GRANDE DO NORTE 20/08/1891, p.1).

         De acordo com o jornal Rio Grande do Norte foi marcado para o dia 27/08/1891 o recebimento de propostas em cartas fechadas, a fim de serem contratadas as obras necessárias ao matadouro público da capital potiguar de acordo com o respectivo orçamento (RIO GRANDE DO NORTE, 26/08/1891, p.3).

         Em 05/09/1891 um artigo do jornal A República criticava  a atitude do Sr. Gurgel que havia mandado construir o matadouro público na Cidade Alta, o qual não havia consultado os interesses da população, nem atendeu as exigências da saúde pública.

De acordo com o referido jornal: “o matadouro, dizem as regras mais comesinhas da higiene, dizem todas as conveniências da população, não pode ser no meio da cidade, antes se deve procurar um lugar a distância, a beira do rio onde haja água em abundância para as lavagens necessárias a um estabelecimento de semelhante natureza.O contrário disto, é de todo injustificável[...] (A REPÚBLICA, 05/09/1891, p.2).

Mesmo diante da escolha inadequada do matadouro a Intendência manteve a construção dentro do orçamento da municipalidade e acrescentou ainda a construção de um curral para o mesmo em 1892.

         Em 1894 o jornal O Estado publicou nova critica a localização e situação do matadouro da capital potiguar: “também merece a vista  e a atenção do digno Inspetor de higiene – o  matadouro publico da capital, que está situado, por assim dizer, dentro da cidade, e onde não há o devido asseio.É o caso de representar-se imediatamente ao governo municipal sobre a necessidade urgente da escolha de outro local para matadouro público”. (O ESTADO, 16/12/1894, p.3).

         De acordo com o relatório do governo do Estado de 1895 o estado sanitário da capital era o mais agradável, achando-se a mesma asseada e os estabelecimentos públicos nas melhores condições higiênicas, a exceção do matadouro e o mercado, cujos reparos e melhoramentos já havia feito sentir a autoridade competente (RELATORIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1895, p.109).

         Já o relatório do Governo de 1896 apontava que dentro dos quatro melhoramentos julgados de grande alcance sanitário e indispensáveis à capital potiguar o primeiro dizia respeito a remoção do matadouro público para ponto mais compatível com as conveniências da higiene (RELATÓRIO...,1896, p.220).

         Entretanto, mesmo as autoridades sabendo da inadequação que era a localização do matadouro na Cidade Alta o mesmo permaneceu no mesmo estado de coisas e falta de higiene por longos anos, até ser ventilada a possibilidade de sua remoção para outro lugar.

O prefeito Gentil Ferreira havia determinado em 1936 à Diretoria de Obras da Prefeitura de Natal, o levantamento da planta para a construção d e um edifício para o matadouro público da Capital potiguar, pois o que já havia não satisfazia as exigências de higiene tão necessário a departamento dessa natureza.

         A cerimônia de lançamento da pedra fundamental do novo matadouro público de Natal ocorreu em maio de 1938.

         A prefeitura de Natal adquiriu um terreno a margem do rio Potengi no bairro das Quintas. O novo equipamento público de Natal teria capacidade de abatimento de mais de 200 animais por dia.

De acordo com o jornal A Ordem na segunda semana de março de 1938 seriam iniciadas as obras de construção do novo matadouro público de Natal nas Quintas, em terrenos que foram desapropriados e pertenceram a Alfredo Edeltrudes de Souza (A ORDEM, 10/03/1938, p.4).

         A obra foi orçada em mais de 300 contos de réis, sendo a planta confeccionada pelo engenheiro George Munier. Os trabalhos foram confiados a Diretoria de Obras da Prefeitura.


Matadouro de Natal.

       Somente em 1947 foi adotada pela prefeitura de Natal a providência de transferir a matança de gado para o novo matadouro público construído na administração de Gentil Ferreira, nas Quintas, e foi medida que se fazia necessária desde o término daquele prédio.

      Havia mais de 50 anos que se abatia o gado e o fornecimento de carne verde à população natalense num prédio antiquado construído na rua da Salgadeira perto da linha férrea no Passo da Pátria, cujo local não se prestava mais para atender as necessidades do corte de gado, além do péssimo estado em que se encontrava o velho matadouro.

          Mesmo com a transferência da atividade de corte do gado para o novo matadouro das Quintas o prédio ainda precisava de algumas  adaptações a fim de ser definitivamente instalado o matadouro modelo de Natal.

A Ampliação do matadouro de Natal

         Por decreto de 15/02/1948 o prefeito da capital potiguar desapropriou, por ter sido considerado de utilidade pública, uma faixa de terreno no bairro das Quintas, de propriedade de Alfredo Edeltrudes de Souza com 3 metros de largura e 305 de comprimento, a fim de no mesmo ser construído o coletor do matadouro público ali existente (A ORDEM, 26/09/1947, p.2).

         De acordo com o jornal A Ordem seriam inauguradas em 21/02/1948 as novas instalações do matadouro público de Natal.Para assistir as solenidades foram convidadas autoridades civis e militares e o povo em geral (A ORDEM, 21/02/1948, p.6).

         Em 08/07/1948 uma comissão de vereadores esteve no matadouro público, além do prefeito e um representante do Diário de Natal.A finalidade da visita foi em decorrência de um requerimento apresentado a Câmara de Vereadores, de autoria do vereador Antonio Gouveia de que o matadouro necessitava melhorias urgentes da parte do prefeito, tendo citado entre outras coisas, que  o fornecimento de água ali era insuficiente, sua iluminação precária, que uma de suas dependências se encontrava ocupada por inflamáveis e outros materiais considerados perigosos.

         Segundo o repórter do Diário de Natal realmente foram feitas pelo prefeito Silvio Pedrosa as melhorias sugeridas pela Câmara Municipal comoo fornecimento de água de forma abundante que provinha de um poço tubular ali perfurado com capacidade para 75.000 litros cúbicos de água e movido  por um motor a gasolina, com o auxilio de um moinho de vento.

         A sala onde eram abatidas as rezes estava completamente higienizada, notando porém a reportagem, nuvens de moscas sabido mais tarde que eram comuns em todos os matadouros a estes insetos.

         Todas as dependências do moderno matadouro da capital foram percorridas pela comissão de vereadores acompanhados do prefeito Silvio Pedrosa, que dava as informações solicitadas. Na parte que foi apontada como deposito de inflamáveis  constatou o repórter do Diário de Natal pilhas de pneumáticos, tambores de óleo lubrificantes, graxas e outros acessórios.Esta dependência era alugada a uma empresa, o local não tinha piso, as paredes em parte eram rebocadas, não tendo porém, comunicação com as salas de operação do matadouro propriamente ditos, funcionando ali um pequeno escritório daquela empresa.

         As águas servidas corriam em sentido contrário, indo desaguar em pequeno esgoto interno daí tomando a direção de um grande deposito instalado em um dos lados, indo ter o seu fim no Potengi através de canalizações (DIÁRIO DE NATAL, 09/07/1948, p.6).

Em 27/02/1958 a situação do matadouro público da capital potiguar voltava a ser matéria do jornal Diário de Natal, cujo estado de higiene, que vinha sendo constantemente reclamadas pelo povo ao referido jornal, não eram das melhores.Segundo o jornal citado efetivamente o mau cheiro exalado dos resíduos que escapavam daquele local para a via pública não nada agradável.

         Ainda de acordo com o mesmo jornal já ia longe o tempo em que se precisava de um matadouro moderno, dentro dos foros de uma cidade que crescia a cada dia como era Natal (DIÁRIO DE NATAL, 27/02/1958, p.2).

       Já em 1964 foi incluído no plano administrativo do prefeito de Natal o matadouro público. De acordo com o Diário de Natal naquele ano: “em matéria de matadouro somos uns criminosos. Aquele próprio municipal, legalmente não existe” (DIÁRIO DE NATAL, 04/05/1964, p.8).O povo seguia o velho ditado que dizia que “o que os olhos não veem o coração não sente”, tal era a situação de falta de higiene do matadouro público de Natal nas Quintas.

Em 1965 a solução do problema da falta de condições de higiene do matadouro de Natal continuavam sem solução por parte da prefeitura.

A situação seria posta ao fim com a construção do FRIGONORTE, que é matéria para próximas postagens.

Presentemente o prédio do antigo matadouro de Natal é a sede da Urbana, autarquia que cuida da limpeza pública da capital potiguar.

Sede da Urbana, antigo matadouro de Natal.



O MERCADO DAS QUINTAS

 

O mercado do bairro das Quintas foi inaugurado em 22/061957 pelo prefeito Djalma Maranhão. O mercado viria a abastecer todo aquele subúrbio da capital potiguar e durante algum tempo o funcionamento foi bem, principalmente no que se referia a higiene.


Aspectos do mercado das Quintas


Passados 10 anos e o mercado e a medida que o mercado ia envelhecendo, o abastecimento ali era considerado razoável já em decadência.

A maioria da população que ali residia preferia se abastecer no mercado do Alecrim. Vários fatores concorreram para essa mudança, como por exemplo, houve um dia em que os locatários não puderam adentrar o recinto do mercado porque as portas não abriam devido a ferrugem e ao abandono em que se encontrava o prédio.

Em 1975 o abandono do mercado das Quintas pela prefeitura de Natal era total, segundo o jornal Diário de Natal. Foi comentado pelo vereador João Lucena que apelou ao prefeito no sentido de determinar a recuperação do prédio e instalações sanitárias. Disse ainda que os moradores das proximidades muito reclamavam com a sujeira do local e os comerciantes do mercado pediam maior segurança para o prédio (DIÁRIO DE NATAL, 14/11/1975, p.5).


Aspecto interno do mercado das Quintas em 1975.Foto: Diário de Natal.


Até o final do mês de novembro de 1975 seria restaurado o mercado das Quintas com mudanças nas instalações elétricas e hidráulicas, além de uma limpeza geral no teto (DIÁRIO DE NATAL, 18/11/1975, p.5).

O mercado das Quintas está situado na rua Pedro Nóvoa naquele bairro da capital potiguar.





Aspectos do mercado das Quintas.


O MERCADO DA AV 6 NO ALECRIM


O mercado construído entre a rua dos Canindés e a Av. Mário Câmara (av. 6) no Alecrim foi um da série de 3 mercados modelo construídos na administração do prefeito Agnelo Alves.

Construído para facilitar o acesso aos centros de gêneros alimentícios daquela região da capital potiguar, este mercado foi construído em estrutura metálica. Enquanto não se concluía a sua construção a população vinha se valendo do mercado do Alecrim na av. Presidente Sarmento, onde o lixo e as moscas eram um desafio a saúde pública ( O POTI, 29/09/1968, p.8).

Esse mercado foi construído com boxes variados, estacionamento para veículos e com instalações modernas, oferecendo conforto aos consumidores tendo suas obras iniciadas em 1969 a cargo do Batalhão de Engenharia do Exército.

         O edital de concorrência aberto em 22/04/1969 definia a obra como um prédio de alvenaria em estrutura principal metálica, abrangendo uma área de 3.000m² com único pavimento e tipo de acabamento médio (DIÁRIO DE NATAL, 24/03/1969, p.8).



Aspectos do mercado da av. 6

Interior do mercado da Av. 6 em 1971.Foto: Diário de Natal, 19/01/1971,p.1.


O MERCADO DE LAGOA SECA

 

A mais antiga menção a um mercado público no bairro de Lagoa Seca por nós encontrado data de 1948 registrado pelo jornal A Ordem onde se dizia que a prefeitura estava construindo um prédio para o açougue em Lagoa Seca, evitando assim que a população daquele bairro viesse até o mercado do Alecrim para comprar carne verde (A ORDEM, 28/05/1948, p.6).

Em 02/02/1958 as 10h00 foi solenizada a cerimônia da pedra fundamental do mercado de Lagoa Seca (O POTI, 02/02/1958, p.6).

Para a construção do mercado de Lagoa Seca foi despendido a quantia de Cr$ 200.000,00.

O mercado de Lagoa Seca foi construído entre a rua São José e a Av. Presidente Bandeira naquele bairro.

A construção do mercado de Lagoa Seca não foi pacifica entre a Prefeitura e a Câmara de Vereadores, visto que o vereador Manoel Sátiro disse em discurso na sessão da Câmara de 09/07/1959 que o local onde a prefeitura estava construindo o referido mercado era impróprio (O POTI, 09/07/1959, p.3).

O mercado de Lagoa Seca teve vida curta, tanto que em 09/05/1974 a prefeitura abriu concorrência pública para serviços de adaptação do prédio que passaria a abrigar definitivamente a sede da Secretaria Municipal de Obras e Viação-SUMOV, levando, segundo a prefeitura a sede da SUMOV para o centro de área de expansão urbana de Natal. Em 09/01/1976 aquela secretaria já estava definitivamente instalada no antigo prédio do mercado de Lago Seca.





Prédio onde funcionou o mercado de Lagoa Seca transformado depois em secretaria da prefeitura de Natal.





O MERCADO DA AV. PRESIDENTE SARMENTO NO ALECRIM

 

         O mercado da Av. Presidente Sarmento, mais conhecido como “Mercado da 4”, em alusão a citada avenida que era assim denominada, foi construído em substituição ao mercado situado na Praça Gentil Ferreira no mesmo bairro.

         O prefeito Ernani da Silveira confirmou para as 17h00 do dia 04/09/1970 a inauguração do mercado público do Alecrim, em solenidade presidida pelo governador Walfredo Gurgel.

         O novo mercado situado a Av. Presidente Sarmento, foi construído com 262 boxes que seriam explorados por locatários do velho mercado do Alecrim, do antigo mercado da Cidade Alta e ainda por comerciantes da feira de emergência das Rocas, que teriam condições mais humanas e higiênicas para a venda de gêneros alimentícios.

         Somente após a inauguração do prédio, a prefeitura nomearia a administração do novo mercado que entraria em funcionamento dentro de 60 dias.

         O prefeito Ernani da Silveira havia informado ainda que ainda aquele mês a prefeitura iniciaria a construção de 500 boxes em quadra descoberta situada vizinho ao novo mercado em terreno que já havia sido desapropriado.Com a conclusão desta obra seria solucionado o problema dos locatários (DIÁRIO DE NATAL, 03/09/1970, p.8).

O velho mercado do Alecrim com problemas acumulados há anos seria demolido num futuro próximo para dá lugar a uma passagem urbana reclamada pela cidade, já que o prédio tomava o espaço do que poderia ser o trânsito de veículos.

De acordo com documento que servia de planejamento para futuras realizações na gestão de Agnelo Alves, disse o mesmo que era perfeitamente compreensível a impraticabilidade de qualquer serviço de ampliação ou modernização do mercado do Alecrim, uma única solução afigurava-se como viável na sua administração que era a sua erradicação sumária.

Situação atual

         Presentemente o prédio do mercado da Av. Presidente Sarmento no Alecrim havia sido interditado e o condenado pelo Corpo de Bombeiros por falta de segurança e condições de funcionamento, cabendo a prefeitura tomara as devidas medidas para resolver o problema daquele ninho de arapuá que a  própria prefeitura tem medo de por a mão.

Aspectos do mercado da Av. Pres. Sarmento no Alecrim.

O MERCADO DA CIDADE ALTA

 

A Coleção de Leis Provinciais do Rio Grande do Norte cita o aluguel de uma casa que servia de mercado da Cidade Alta já em 1870 (COLEÇÃO DE LEIS PROVÍNCIAS DO RIO GRANDE DO NORTE, 1870, p.40).

Em 1889 foi publicado no jornal A República o edital de concorrência pública para a conclusão das obras do mercado público de Natal (A REPÚBLICA, 31/12/1889, p.4).

Em 16/04/1890 foi aberto um crédito na quantia de 4 contos de réis da verba dos socorros públicos do ministério do interior, para o pagamento da 2ª prestação a que tinha direito o cidadão Antônio Minervino de Moura Soares, como contratante das obras da casa do mercado público da capital (A REPÚBLICA, 16/04/1890, p.4).

No relatório do governador Adolfo Afonso da Silva Gordo o mesmo escreveu que: “mandei continuar as obras do mercado desta capital, em que já se gastaram dezenas de contos de réis, e que se iam deteriorando com as chuvas completamente” (A REPÚBLICA, 01/07/1890, p.1).

Em 26/07/1890 foi nomeada uma  comissão composta por Augusto Carlos de Melo L’Eraistre, procurador fiscal da tesouraria da fazenda e Jonh Morant, engenheiro chefe da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz, para examinar e declarar se as obras do mercado público da capital foram ou não executadas de conformidade com o seu contrato e respectivo orçamento, a fim de ter lugar a entrega do mesmo mercado à referida tesouraria pelo contratante Antônio Minervino de Moura Soares (A REPÚBLICA, 26/07/1890, p.1).

Em 13/10/1890 foi autorizado o recebimento provisoriamente o prédio do mercado público de Natal com as alterações que, em face do contrato, notou nas obras do mesmo a comissão encarregada de examinar (A REPÚBLICA, 13/10/1890, p.1).

Em 23/11/1890 foi nomeada uma comissão composto por Augusto Leopoldo Raposo da Câmara, 1º tenente Afrodizio Fernandes Barros e Angelo Roseli, para se encarregar da conclusão das obras do mercado público da capital potiguar, ficando a referida comissão autorizada a nomear um administrador para dirigir os respectivos trabalhos (A REPÚBLICA, 23/11/1890, p.1).

A 05/02/1891 seriam abertas as propostas a fim de ser contratada a conclusão das obras do mercado público de Natal, de acordo com o orçamento do município (A REPÚBLICA, 01/02/1891, p.4).

Não tendo a comissão encarregada da conclusão das obras do mercado público da capital, encetado os trabalhos da casa do referido mercado dentro do prazo, a intendência resolveu abrir nova concorrência, a fim de que em hasta pública fosse contratada com melhores vantagens oferecesse a conclusão das referidas obras (A REPÚBLICA, 26/02/1891, p.1).

Em 21/01/1892 foi realizado leilão público dos quartos do mercado de Natal por quem mais desse e maior lance oferecesse, sob a base de 10$000 réis mensais por cada um dos quartos (A REPÚBLICA, 16/01/1892, p.4).

A inauguração

         A inauguração do mercado público de Natal ocorreu em 07/02/1892.

    Conforme o jornal A República em presença da Junta Governativa, de representantes de todas as classes sociais e crescida massa popular, o vice-presidente da Intendência declarou aberto ao comércio e concorrência  pública o mercado cuja utilidade e importância salientou concluindo por felicitar o povo riograndense e a Junta Governativa , cujo presidente saudou a Intendência municipal e ao povo natalense, lavrando-se de tudo uma ata que foi assinada pelos membros da Intendência e da Junta Governativa, pelo major comandante do 34º Batalhão de Infantaria e oficiais, médicos, militares, oficiais de marinha, representantes da magistratura federal e local, comandante da policia, inspetores da tesouraria e do Tesouro e os demais cidadãos presentes( A REPÚBLICA, 13/02/1892, p.2).

        Seguiu-se um copo d’água, durante o qual trocaram-se diversos brindes, cada um dos quais solenizado pela banda de música do 34º Batalhão de Infantaria, que estava postada no salão do edifício.

      Boa e aprazível foi aquela festa que terminou por volta das 14h00.A noite houve música e iluminação no edifício e grande concorrência de famílias das mais distintas da capital.

      Até que enfim desencantou-se o mercado que felizmente estava aberto a concorrência da população natalense e dotado o município de um melhoramento transcendental, de há muito reclamado e longamente esperado por todos que se interessavam pelo bem comum, escreveu ainda o referido jornal ( A REPÚBLICA, 13/02/1892, p.2).

    O edifício tinha proporções adaptadas a comportar as mercadorias que ofereciam diariamente ao mercado.


Aspecto da primeira arquitetura do mercado da Cidade Alta, início do séc. XX.


Nesta imagem o mercado aparece já com as feições diferentes após reformas.



Aspectos do mercado da Cidade Alta.

Nesta foto aparecem os prédios do antigo Atheneu e o mercado da Cidade Alta, ambos com arquiteturas bem parecidas, sendo o Atheneu o prédio em destaque na foto a direita, já o mercado aparece atrás dos soldados em formação.

         Mesmo tendo sido inaugurado o mercado se ressentia de alguns defeitos de condições higiênicas que poderiam facilmente ser remediados abrindo-se válvulas a entrada de maior quantidade de ar “feito isto, estará muito bom” escreveu o citado jornal ( A REPÚBLICA, 13/02/1892, p.2).

O primeiro incêndio 

Na noite de 5 para 6 de março de 1893 houve no mercado público de Natal um começo de incêndio, que danificou completamente um dos quartos do estabelecimento. O fogo só foi descoberto depois de fechado o mercado (A REPÚBLICA, 11/03/1893, p.3).Seria um presságio do triste final que viria a ter o mercado público da Cidade Alta anos depois?

Na mensagem enviada ao Congresso Estadual em 1900 escreveu o governador  Alberto Maranhão que a reconstrução do mercado estava também tornando-se cada dia mais urgente, atentas às más condições daquele edifício, que, pela completa ausência  de higiene, era considerado um iminente perigo para a salubridade pública, podendo torna-se um foco deletério da maior gravidade caso tivesse o infortúnio de visitar a Capital potiguar a peste (MENSAGEM..., 1900, p.9).

Foi então que levar a efeito essa medida, cuja realização requeria um dispêndio superior às forças atuais do erário da Intendência, que segundo o governador Alberto Maranhão, ele foi forçado a autorizar que as obras fossem custeadas pelo Tesouro,  obrigando-se a Intendência a indenizar o Estado (quando pudesse).

   Na mensagem a Assembleia Legislativa em 25/03/1904 o governador Alberto Maranhão escreveu que durante os  4 anos do seu mandato foi reedificado em ótimas condições higiênicas o mercado público de Natal (MENSAGEM..., 1904, p.12).

Consta nos relatórios do governador Alberto Maranhão que o mesmo reconstruiu o mercado público da capital em condições de torná-lo digno de uma capital adiantada (A REPÚBLICA, 24/03/1902, p.1).

A ampliação do mercado da Cidade Alta

Até meados da década de 1930 a cidade de Natal ressentia-se de mercados públicos condignos, o mercado da Cidade Alta seria o único e suficiente mercado público de Natal.

 Tendo sido em 1937 iniciados pelo prefeito Gentil Ferreira a ampliação do mercado da Cidade Alta e a construção do mercado da Ribeira.

O novo e grande mercado da Cidade Alta à Av. Rio Branco, foi construído com uma área de 4.200 m², obra que recomendava qualquer cidade a época.

A inauguração

         O prefeito Gentil Ferreira marcou a inauguração do novo mercado da Cidade Alta para 01/05/1937,  que de acordo com o Diário de Pernambuco: “há mais de seis anos que não se realiza neste Estado, inauguração de prédio público, nas condições do atual edifício, cujo ato vai ser revestido de grande solenidade” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO,14/04/1937,p.12).

         O novo mercado abrangia uma área de 4.200m² compreendidos entre a Av. rio Branco, rua Auta de Souza e praça João Tibúrcio e do Mercado.Na área interna seriam alocados cerca de 250 comerciantes permanentes, existindo uma área para feira diária e instalações de frigorifico

         A inauguração contou com  a presença do governado do Estado, do prefeito da Capital, outras autoridades, representantes da imprensa e grande número de pessoas.

Sobre a inauguração do novo mercado da Cidade Alta escreveu o jornal A Ordem que o prédio recém-inaugurado era verdadeiramente uma obra notável que se construía em Natal, com as próprias rendas municipais, sem auxílios estranhos nem apelo a empréstimos (A ORDEM, 01/06/1937, p.1).Poucas eram as capitais que se podiam orgulhar de possuir um mercado como o da Cidade Alta em Natal dizia ainda o mesmo jornal.

A frente das obras de construção do novo mercado da Cidade Alta estava o engenheiro Otávio Tavares, diretor de obras da prefeitura.

O prédio foi construído com 54 metros de frente por 81 metros de fundo.A parte concluída e a ser posta à disposição do público abrangia uma área de 2.185 m², ou seja, 2 1/5 vezes maior que o antigo mercado.

A área interna estava dividida em ruas e avenidas, sendo 28 locais para carne verde, 22 para carnes secas, queijos e vísceras, 10 para cafés e pequenos restaurantes, 6 para aves, 70 para cereais, 12 para miudezas, 37 para frutas e verduras e 2 grandes locais para feiras livres.

O serviço de saneamento era subterrâneo, onde se achavam instalados  9 aparelhos, 2 mictórios e 2 pias para asseio.

O edifício era coberto com telhas belgas, de amianto. O piso era de paralelépidos, reajuntado e sobre base de concreto. Nos locais de peixe e carne o piso era de mosaico branco e os balcões e colunas de marmorito. Os portões era de ferro, de enrolar, e davam passagem a automóveis e caminhões.

Todas as seções eram providas de instalações de água, sendo que nos locais para a venda de peixe foram postas 18 torneiras.

         Foram instaladas 24 lâmpadas para a iluminação interna. O custo total da parte inaugurada custou a prefeitura 393.660$000 (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 08/06/1937, p.3).



Aspectos do mercado da Cidade Alta após a ampliação de 1937.

Aspectos internos do mercado da Cidade Alta no dia da sua inauguração. Foto: diário de noticias,12/06/1937,p.18.

Aspectos internos do mercado da Cidade Alta no dia da sua inauguração. Foto: diário de noticias,12/06/1937,p.18.

Aspectos do bairro da Cidade Alta onde é possível ver o mercado público.

Aspectos internos do mercado da Cidade Alta no dia da sua inauguração. Foto: diário de noticias,12/06/1937,p.18.

Aspectos internos do mercado da Cidade Alta no dia da sua inauguração. Foto: diário de noticias,12/06/1937,p.18.

Aspectos internos do mercado da Cidade Alta no dia da sua inauguração. Foto: diário de noticias,12/06/1937,p.18.


O fim

    O mercado da Cidade Alta teve um final trágico em 1967 quando foi devorado tal qual a hecatombe que se abateu sou a cidade de Roma mandada ser incendiada pelo doido do imperador Nero. As lendas urbanas e a boas línguas de Natal juram de pé junto com  a mão na bíblia e pelo sangue vertido da Cruz que o incêndio foi criminoso e proposital. Mas isso é assunto para outra postagem, por hora a imagem a baixo mostra o estado em que ficou o mercado da Cidade Alta após o fatídico sinistro que reduziu ao pó aquele que era um dos maiores prédios públicos da Capital potiguar.