sexta-feira, 27 de maio de 2022

SOBRE A VISITA DO BISPO DE OLINDA A ESTREMOZ EM 1882


Estava anunciada a visita do bispo diocesano de Olinda, Dom José Pereira da Silva Barros, a cidade de Ceará-Mirim para o dia 14/08/1882, antes, porém o bispo e comitiva passariam pela povoação de Estremoz. A época a então província do Rio Grande do Norte fazia parte do território da Diocese de Olinda.

O relato da passagem do prelado revela aspectos da povoação de Estremoz que a época figurava como distrito do município de Ceará-Mirim.

As 07h00 da manhã, partiu de Natal o bispo acompanhado do seu secretário e outros cavalheiros, descendo para o Paço da Pátria, em cujo porto o presidente da província já o esperava em sua galeota para ir levá-lo á margem oposta do rio, donde deveria partir para Ceará-Mirim.

Como chovia e para não adiar por alguns minutos a partida e não alterar o programa de sua viagem, o bispo depois de agradecer as obsequidades dos cavalheiros que o acompanharam até á Coroa, montou á cavalo que, era um verdadeiro palafren manso, seguro, alvo e andador;  partiu com a sua comitiva.

Esta compunha-se do seu secretario, do padre José Alexandre, vigário do Ceará-Mirim, do médico Luiz Carlos Lins Wanderley ( autor do relato da referida visita pastoral), de um criado particular, um pajem e um guia.

Á pouca distância o aguaceiro recrudesceu e obrigou o bispo a tomar o seu capote e o guarda chuva, e, sem mostrar a mais leve contrariedade, prosseguiu em sua viagem, sempre alegre e comunicativo.

As 09h00 chegava a pequena comitiva á passagem da vila de Estremoz. Ai o foguete do ar anunciou aos habitantes da pequena vila a aproximação do bispo e dentro em pouco sucediam-se os cavaleiros que vieram ao  encontro do viajante ilustre.

 Já próximo da vila,  o bispo desceu do seu cavalo e, rodeado de povo, seguiu a pé e indo direto a Igreja de S. Miguel, que fazia parte do antigo convento dos jesuítas.

Estremoz

O médico Luis Carlos Lins Wanderley que fez parte da comitiva da visit pastoral e testemunha ocular dos acontecimentos assim descreveu a vila de Estremoz:

A antiga vila de Guajiru, hoje Estremoz, que foi sede da freguesia e que por lei provincial passou a pertencer a paróquia do Ceará-Mirim, pode se considerada uma ruína, como é o seu convento, a sua igreja a sua casa de câmara e tudo o mais. O povo ali é pobre e indolente. Vive da pequena lavoura que lhe facilita um terreno ubérrimo e fertilíssimo. Ali não ha nenhum comércio, nenhuma indústria, nenhuma arte. Um professor de 1ª letras, um subdelegado e um inspetor de quarteirão são as potestades do lugar. Nem sequer um capelão!

Continuando seu relato, o citado autor escreveu ainda que o bispo  perspicaz e atilado, compreendeu logo que se achava no meio de um povo, feliz pela crença religiosa e desditoso pelo abandono á própria inércia.

Em  sucessivos atos, o bispo percorreu a Igreja, revistando os altares e examinando o estado do convento; e depois de um substancial almoço que lhe ofereceu o  vigário, o Pe. José Alexandre, cedeu ás instâncias do povo e administrou o sacramento do crisma a 285 fiéis que de momento se apresentaram.

Aspectos de Estremoz em cartão postal de 1914

Por fim o bispo dirigiu-lhes a palavra sagrada, animando-os em sua fé, aconselhando-os em suas práticas, no amor ao trabalho e na devoção sincera ao Deus verdadeiro, Filho da Virgem Maria.

De acordo com o médico Luiz Carlos Wanderley, o bispo era como um pai extremoso a conduzir pela mão um filho cego. E que prazer tão santo, que consolação tão doce, que expansão tão de dentro da alma não se difundia por todo aquele povo!.

Igreja de Estremoz em 1907.

Os seus benditos, as suas ladainhas, as suas jaculatórias, cantadas em coro pelas mulheres; os seus arcos de parágrafos brancos, enfeitados de flores campesinas, o seu embevecimento em contemplar a face do seu bispo, o seu afã em beijar lhe o anel do pescador, eram as provas que lhe podia dar do seu muito amor e respeito. Dava quanto tinha, e em retribuição o bispo lhe prodigalizava a mais terna condescendência, o mais doce carinho. “Oh! só a religião do Cruxificado sabe dispensar esses momentos de celestial ventura para aqueles que sofrem e creem”, escreveu o citado autor.

Partida ao Ceará-Mirim

Aproximando-se a hora da partida e os cavaleiros iam chegando e agrupavam-se ao lado do convento, onde o bispo passara as horas caniculares.

O sino repicava e as mulheres cantavam seus benditos em coro pleno. As 14h30  bispo montou á cavalo e partiu, lançando sua benção ao povo.

Segundo o médico Luiz Carlos Lins Wanderley o caminho que ia de Estremoz ao Ceará-Mirim era um deserto, em todo o rigor da expressão. Nem uma casa, nem uma palhoça, nem um albergue qualquer. Eram 24 km de fastidiosa monotonia; nunca, porém, por aquelas paragens atravessou tão grande número de cavaleiros em uma hora dada.

 As turmas sucediam-se umas as outras, sem interrupção. Eram como vagas oceânicas: não chegava uma sem a sequência de outra. Segundo o médico Luiz Carlos Lins Wanderley 33 cavaleiros partiram de Estremoz, e ao chegar ao Ceará-mirim contavam-se mais de 250.

 

 

Fonte:

Visita Episcopal do Exm. e Rvm.  Sr. D. José Pereira da Silva Barros a algumas paróquias do Rio Grande do Norte por Luiz Carlos Lins Wanderley doutor em Medicina e Cavaleiro da Ordem da Rosa. Natal: Tipografia do Correio do Natal, 1882, p.22-26.

Dom José Pereira da Silva Barros.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

SOBRE O DISTRITO DA GAMELEIRA

 

Todo lugar por mais simples que seja tem sua história. Eis a seguir alguns apanhados históricos que permitem construir a memória do distrito da Gameleira em Taipu.

         O distrito da Gameleira é um dos aglomerados urbanos mais antigos do município de Taipu. O povoado surgiu as margens do rio Gameleira, o qual nasce na Serra Pelada, é um dos muitos afluentes do rio Ceará-Mirim.

         A menção mais antiga ao povoado da Gameleira se encontra no relatório do governo do Estado de 1905 onde consta como sendo uma das 4 povoações que existiam no município de Taipu além da Vila[1].

         A região possuidora de terras férteis as margens do rio possibilitou o desenvolvimento da agricultura que muito contribuiu para as receitas do município.

         Havia na Gameleira ao menos duas escolas, uma Escola Isolada e uma Escola Rudimentar, esta situada no Engenho Pitombeira criada em 1922 conforme consta no relatório do governo do Estado[2].A data da criação da escola isolada não foi por nós encontrada.

         Em 1932 foi erguida a capela de Santa Teresinha. Já havia outra capela na região que era a capela de São João Batista, localizada dentro do Engenho Pitombeira, esta particular, aquela pertencente a paróquia.

         Sobre a Escola Isolada encontramos informações que constam do seguinte:

         Segundo o jornal A Ordem em 19/01/1936 foi nomeada efetivamente, conforme requereu, Maria Raimunda de Souza como professora da Escola Isolada da Gameleira, no município de Taipu[3].Já em 12/03/1936 foi nomeada a professora Dulce Marques Lustosa interinamente para a Escola Isolada de Gameleira[4]. Em 14/03/1941 foi nomeada Maria do Carmo Silva para a Escola Isolada da Gameleira coma remuneração que por lei lhe competia, segundo o jornal A Ordem[5].

A Escola Rural da Gameleira

         Já em 1950 foi criada a Escola Rural de Gameleira, dentro do plano de ensino rural do Ministério da Educação. Conforme o jornal Diário de Natal, o governador José Augusto Varela esteve em Taipu e assistiu em 09/04/1950 a sua instalação[6].

A polêmica da feira da Pitombeira

         Havia um pequeno movimento de comércio que se concentrava na Pitombeira, onde ali foi criada uma feira que era realizada aos domingos.

         Em 1937 por força de decreto municipal foi proibida a realização das feiras em Taipu nos domingos. A medida criou um conflito entre o prefeito e o proprietário da Fazendo Pitombeira o qual chegou até a esfera estadual tendo o interventor federal  Rafael Fernandes dado o veredito final conforme se via no despacho publicado no jornal A Ordem dando ganho de causa a prefeitura de Taipu no caso da proibição da feira que se realizava em Pitombeira.

         De acordo como o teor do despacho no citado jornal:

João Gomes da Costa, negociante, agricultor e criador, em Pitombeira, município de Taipu, 1º despacho – já publicado. 2º - a lei estadual n 1.7, de 24 de outubro de 1936 que estabeleceu o descanso dominical obrigatório no Estado, autorizou no seu art. 3, aos prefeitos municipais a mudar as feiras do domingo, quando possível, para qualquer outro dia da semana. Existindo um decreto municipal já aprovado pelo Governo que regulou essa autorização (dec. 8, de 23 de dezembro de 1937) em pleno vigor, nego provimento ao recurso para manter o despacho do prefeito de Taipu, que se acha de acordo com as leis vigentes[7].

         O referido jornal em edições posteriores louvava a determinação do prefeito Rosendo Leite de se manter o descanso dominical em Taipu.

O acidente com o caminhão do leite

         Em 27/10/1954 ocorreu um acidente na altura da localidade da Gameleira com o caminhão que transportava leite do município de Taipu para Natal, onde sairam feridos 4 pessoas que foram levados para o hospital Miguel Couto (atual Onofre Lopes) em Natal em estado grave, sendo que outras 10 pessoas haviam se envolvido naquela tragédia, que foram socorridos para Ceará-Mirim.

         Segundo o jornal O Poti o agricultor Inácio Lima e o ajudante de caminhão Francisco Ferreira da Silva, mais conhecido como “Rita”,foram os que mais sofreram naquele acidente, porém, graças as providencias tomadas se encontravam fora de perigo.

         Quanto aos que foram levados para Ceará-Mirim  nenhum deles oferecia perigo de morte, e segundo o mesmo jornal, quase todos já haviam regressados as suas residências após serem medicados[8].

O distrito administrativo e judiciário da Gameleira

         Em 06/1ª l2/1963 o governador Aluizio Alves assinou a lei que criava o distrito administrativo e judiciário de Gameleira, no município de Taipu[9].

No Brasil, os distritos são territórios em que se subdividem os municípios em que se exerce uma autoridade administrativa, judicial, fiscal, policial ou sanitária, na sua área urbana podem se subdividir em bairros e na área rural possuir outros povoamentos.

Os distritos dispõem de cartórios de ofícios de registro civil (ou estarem subordinados a uma comarca), e sediam subprefeituras.

Durante o governo do Estado Novo, do presidente Getúlio Vargas, o Decreto-Lei nº 311, de 2 de março de 1938, em seu artigo 3º, definiu que a sede dos municípios passariam a categoria de cidade e lhe dariam o nome e no artigo 4º, os distritos se designariam pelo nome de suas respectiva sedes, e se não fossem sedes de município, teriam a categoria de vila.

Nos dias atuais

         Atualmente o distrito da Gameleira é um povoado decadente e nem de longe revela o que já fora outrora, perdeu sua área de influência para o Matão e a Serra Pelada. Há algumas casas espalhadas pelas margens da BR-406 e outras nas proximidades da capela na estrada municipal que se dirige a Serra Pelada.A capela ainda permanece como monumento histórico da localidade e da paróquia visto ser uma das mais antigas da paróquia e que conserva sua arquitetura original.A escola nem sei se ainda funciona.

         O viajante que circula pela BR 406 certamente já se deparou com a paisagem sempre verdejante mesmo em tempos de estiagem nas proximidades das duas pontezinhas que cruzam a rodovia.Esta paisagem que descansa a vista de quem as contempla é o que de bonito sobrevive na Gameleira.Até quando não sabemos.



[1] RIO GRANDE DO NORTE. Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1905, p.76.

[2] Op. Cit., 1922, p.13.

[3] A Ordem, 19/01/1936, p.2.

[4] A Ordem, 12/03/1936, p.2.

[5] A Ordem, 14/03/1941, p.4

[6] Diário de Natal, 16/04/1950, p.4.

[7] A Ordem, 22/05/1938, p.4.

[8] O Poti, 30/10/1954, p.8.

[9] Diário de Natal, 06/12/1963, p.6.

 

Capela Santa Teresinha.


Paisagem as margens da BR 406


Placa indicando o inicio do perimetro urbano da Gameleira.

Perimetro urbano da Gameleira.

Perimetro urabano da Gameleira.

Perimetro urbano da Gameleira.



segunda-feira, 9 de maio de 2022

SOBRE A ESCOLA DA VILA DE CEARÁ-MIRIM

 

         De acordo com o relatório do presidente da província o coronel da Guarda Nacional Manoel Varela do Nascimento ofereceu ao presidente 5 contos de réis para a construção de uma casa de escola na Vila do Ceará-Mirim, já o Dr. José Inácio Fernandes Barros se comprometeu em dotá-la de utensílios necessários adquirindo-os por conta própria nos EUA.(FALA..., 1874, p. a1-9).

         Já o relatório do ano de 1875 registrava que ainda não havia sido levado a efeito a construção do edifício destinado à escola e biblioteca na Vila do Ceará-Mirim, e para a qual existia em poder de uma comissão, composta do juiz municipal, do presidente da Câmara Municipal e do Delegado de Policia, o donativo de 5:000$000 feito pelo abastado agricultor coronel Manoel Varela do Nascimento, já nomeado Barão do Ceará-Mirim.(RELATÓRIO..., 1875, p.30).

        Constava no citado relatório que terminado o inverno começariam as obras para as quais já haviam reunido o material suficiente.

         O prédio só foi entregue a serventia pública em 1878 conforme registrou o relatório do presidente da província naquele ano: “folgo de consignar aqui a entrega que de um excelente prédio, [que]  fez o Exm. Barão do Ceará-Mirim, na vila deste nome, segundo honrosa oferta que o há de imortalizar porque com efeito dotou o município com uma obra de grande valor e nobre e destino”.

         O presidente da província registrou ainda que havia recebido das mãos do referido Barão do Ceará-Mirim as chaves do edifício em 05/11/1878, o qual as repassou ao Delegado de literário e fazendo lavrar um termo no qual assinaram com ele o Barão ofertante, o Chefe de Policia, o juiz da comarca e muitos outros cidadãos importantes.

         O presidente mandou que se desse a devida aplicação ao referido prédio cuja  construção tinha a necessária solidez e preenchia os fins desejáveis.

         No entanto, pareceu mais acertado ao presidente resolver que nesse edifício deixasse de funcionar a aula destinada as meninas, porque nas condições financeiras em que se achava a professora, seria impor-lhe o maior sacrifício, obrigando-a  despesas superiores à suas forças, para sair diariamente de sua casa com a custosa decência exigida pelo público, pouco razoável e sempre pronto a criticas esmagadoras. (RELATÓRIO..., 1878, p.22).

O relatório do presidente da província relativo ao ano de 1886 registrou que o prédio destinado a instrução pública de Ceará-Mirim estava em perfeito estado de conservação. (RELATÓRIO..., 1886, p.21).

Com  a criação dos grupos escolares no inicio do século XX foi dado a denominação de Grupo Escolar Felipe Camarão as escolas reunidas que funcionavam no edifício da escola de Ceará-Mirim segundo o decreto nº 266 de 22 de março de 1912, sendo inaugurado em 18 de agosto  do mesmo ano, sob direção do professor Bernardino Dantas.

Tal denominação perdurou até 29/10/1937 quando foi mudado para Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim  a denominação do Grupo Escolar Felipe Camarão da cidade de Ceará-Mirim transferindo esta denominação  para as Escolas Reunidas da povoação de Estremoz. (A ORDEM, 29/10/1937, p.2).

 O Benfeitor

Manuel Varela do Nascimento nasceu em 25/12/1802 no Sitio Verissimo, Ceará Mirim. Filho de Felipe Varela do Nascimento e Teresa Duarte. Foi casado com Bernarda Varela Dantas, baronesa de Ceará-Mirim.

Foi Alferes de 2a. linha, cuja carta patente foi assinada por D. Pedro I em Abril de 1828. Mais tarde foi elevado a Coronel Comandante Superior das Guardas Nacionais dos municípios de Natal, São Gonçalo, Estremoz e Touros.

Em 1868 foi reformado, quando exercia o cargo de deputado provincial do biênio 1868-1869. Chegou a ser o terceiro vice-presidente da Província.

O Barão introduziu melhoramentos na indústria açucareira do vale. Foi um dos primeiros a utilizar o cilindro horizontal para triturar a cana e açúcar e divulgou a cana caiana. Na carta diploma de Barão de Ceará-Mirim o senhor Manoel Varela do Nascimento é enaltecido como senhor de engenho e elemento característico do patriarcalismo rural da região.

Foi o primeiro norte-rio-grandense agraciado por um título nobiliárquico no império. Ele faleceu em março de 1881 e a baronesa em março de 1890. O barão e sua esposa foram sepultados na capela do Engenho em terras da Usina São Francisco no Ceará-Mirim, túmulos ainda hoje conservados.


Fonte:

A Ordem, Natal, 29/10/1937.

Fala com que o Exm. Sr. Dr. João Capistrano Bandeira de Melo Filho abriu a 1 sessão da vigésima legislatura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte em 13 de julho de 1874.Rio de Janeiro: Tipografia Americana, 1874.

Relatório com que o Exm. Sr.Dr.José Moreira Alves da Silva presidente da província do Rio Grande do Norte passou a administração ao 2º vice-presidente o Exm. Sr.Dr.Luiz Carlos Lins Wanderley em 30 de outubro de 1886.

Relatório com que instalou a Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte no dia 04 de dezembro de 1878 o 1º vice-presidente, o Exm. Sr.Dr. Manoel Januario Bezerra Montenegro.Pernambuco: Tipografia do Jornal do Recife, 1879.

Prédio onde funcionou o Grupo Escolar Felipe Camarão, posteriormente Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim.

Em destaque a dreita o prédio onde funcionou o Grupo Escolar Felipe Camarão, posteriormente Grupo Escolar Barão do Ceará-Mirim.


Atual prédio da Escola Estadual Barão do Ceará-Mirim.



O Barão do Ceará-Mirim.




domingo, 8 de maio de 2022

SOBRE O CEMITÉRIO DE CEARÁ-MIRIM


         Os cemitérios públicos começaram a ser construídos a partir de 1856 com devido a calamidade pública causada pela cólera a qual causou a morte de muitas pessoas pelo interior do Rio Grande do Norte. Naquele ano fora construído o cemitério do Alecrim em Natal.

         Antes disso havia a prática de se fazer o sepultamento no interior das igrejas e capelas, que devido ao grande número de mortos pela epidemia de cólera acabou por causar outro problema de saúde pública que era o enterramento dentro das igrejas, por isso se deu a construção dos cemitérios.

         O cemitério de Ceará-Mirim teve sua construção iniciada em 1861 conforme consta no relatório do presidente da província daquele ano.

         De acordo como o mesmo relatório durante sua estadia no município de Ceará-Mirim diversos cidadãos atenderam ao convite do presidente da província e assinaram uma subscrição no valor de 1:630$ para a construção de um cemitério em terreno daquela vila que pareceu ser apropriado segundo avaliação do presidente da província e que pelo respectivo proprietário foi generosamente cedido sem retribuições alguma, ou seja, o terreno foi doado para tal finalidade.

         Foi criada uma comissão de 7 membros presidida pelo pároco da freguesia que ficou incumbida de realizar a cobrança das quantias oferecidas e a direção da obra que começaria depois de concluída a planta que a muito tempo havia já mandado o presidente organizar pelo diretor das obras públicas e que se achava já pronta, bem como o orçamento. (RELATÓRIO..., 1861, p.12).

         Atualmente o mais antigo cemitério público de Ceará-Mirim denomina-se Cemitério Santa Agueda.

 

Fonte:

 Relatório  que o Exm. Dr. José Bento da Cunha Figueiredo Junior , presidente da província do Rio Grande do Norte, apresentou a respectiva Assembleia Legislativa Provincial na sessão ordinária de 1861.Ouro Preto: Tipografia Provincial, 1862.

 




Fachada do cemitério Santa Águeda


Lateral da capela do cemitério Santa Águeda


Fachada da capela do cemitério Santa Águeda


Latera do cemitério Santa Águeda


sábado, 7 de maio de 2022

SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ DE MACAÍBA


A  Vila de Macaíba foi criada pela lei provincial Nº 801 de 27 de outubro de 1877. A lei nº 832 de 07 de fevereiro de 1879 suprimiu a vila de São Gonçalo transferindo a sede do município para a Vila da Macaíba.

Em 13/01/1880 esteve em Macaíba o líder político José Bernardo de Medeiros, conhecido como Bispo do Seridó. De acordo com o Correio do Natal “as 7 horas da noite entrava S.Ex. o Sr. Bispo do Seridó, saudado pelo redengue do lugar. S. Ex.Rvm., depois de dar a beijar seu anel, dirigiu-se a capelinha da futura freguesia, aonde fez oração, depois da qual ocupou o lugar de honra que lhe estava destinado, tendo a sua direita o chefe dos valentões e a esquerda o seu secretário privado. (CORREIO DO NATAL, 15/01/1880, p.4.Grifos do original).

Claro está que não se trata de uma autoridade eclesiástica de fato e que o texto foi redigido metaforicamente e em linguagem irônica para realçar a posição do aludido político.

Deixando de lado os motivos políticos, o relato a cima foi citado apenas para demonstrar que a época a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Macaíba ainda não passava de uma simples capela.

         Segundo a Fala do presidente da Provincia do Rio Grande do Norte, Francisco de Gouveia Cunha Barreto, do ano 1882, em Macaíba, a importante e mais florescente vila da província estava sendo construído a esforços dos seus dignos habitantes e sob a direção do virtuoso e incansável missionário brasileiro, o Pe. Herculano, um vasto templo.

         Tratava-se a igreja de Nossa Senhora da Conceição a qual tornar-se-ia a matriz da paróquia da referida vila, atual cidade de Macaiba.

         Ainda de acordo com o citado documento “tão louvável cometimento, superior as forças da Macaíba, dá a medida do seu valor, e do brilhante futuro que aguarda aquela abençoada localidade”.

         O presidente da província, reconhecia, porém, que o estado financeiro da província não dava margem à grandes despesas, entretanto, segundo ele a iniciativa do povo de Macaiba seria um ato digno dos sentimentos de religião e de patriotismo.O presidente dirigiu-se a Assembleia dizendo que “se cortando alguma despesa menos necessária, concederdes um auxilio para aquela obra, afagando assim a iniciativa particular, tão esmorecida entre nós, e dotando a vila da Macaíba de uma igreja, onde com decência se pratiquem os atos de nossa religião, que também é a do Estado”. (FALA..., 1882, p.7).

A lei provincial Nº 838 de 16 de junho autorizava ao presidente da província, Francisco de Gouveia Cunha Barreto, a auxiliar a construção da igreja de Nossa Senhora da Conceição da vila da Macaíba, com a quantia de 5 contos de réis, podendo para isso abrir um crédito suplementar na verba ‘Obras Públicas’ se fosse insuficiente a quota votada no orçamento. (COLEÇÃO DE LEIS PROVÍNCIAIS DO RIO GRANDE DO NORTE, 1882, p.4).

De acordo com o Relatório da Repartição dos Negócios do Império do Ministério do Império de 1882 a freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Macaíba ainda não havia sido instituída canonicamente. (MINISTÉRIO DO IMPÉRIO: RELATÓRIO DA REPARTIÇÃO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO, 1882, P.535).

Compete ao bispo a ereção canônica de uma paróquia, porém a época, esta devia ser feita concomitantemente com a anuência do Estado, visto que vigora no Brasil o sistema do Padroado, onde o Governo Imperial era o detentor do poder temporal relativos aos assuntos da Igreja Católica.

O imbróglio criado em Macaíba para a não criação canônica da freguesia estava justamente em não ter a Vila a igreja concluída que era a condição sine qua non para se erigir uma nova paróquia.

Apesar da sede municipal está na vila da Macaíba, a matriz, e por extensão a sede da paróquia, ainda estava na igreja de São Gonçalo.

       O bispo de Olinda esteve em visita pastoral a paróquia de Macaiba entre os dias 25 e 28/08/1882. O médico Luiz Carlos Lins Wanderely que fazia parte da comitiva foi a testemunha ocular daquela visita a qual consignou posteriormente em livro relatando a referida visita episcopal.

Tendo chegado a Macaíba no dia 25/08/1882 o bispo Dom José Pereira da Silva Barros anunciou sua visita a Igreja para ás 09h00 da manhã do dia seguinte.

Segundo o relato de Luiz Carlos Lins Wanderley no dia 26/08/1882 o bispo paramentado lá se apresentara e foi recebido com as cerimônias rituais. “A Igreja da Macahyba, cuja invocação é á N. S. da Conceição e que é um belo templo de amplas dimensões e perspectiva elegante, está ainda por acabar. A Capela-mor, porém, estava em branco e agora decorada e decente para a recepção do Bispo diocesano”. (VISITA..., 1882, p.57).

No dia 27/08/1882 o bispo diocesano voltou  a Igreja de Macaíba, afim de benzer a cruz de ferro que ali estava e que seria destinada ao alto do frontispício do novo templo de Nossa Senhora da Conceição.”Esta solenidade atraíra um povo imenso e fora precedida de uma oportuna alocução do Bispo diocesano, a quem nunca faltou a palavra evangélica para abrilhantar ocasiões semelhantes”. (VISITA..., 1882,  p.59).

         Em 26/09/1883 o presidente da província mandou entregar a quantia de 1:000$000 (um conto de réis) ao vigário da freguesia de São Gonçalo, o Pe. Manoel Fernandes Lustosa Lima, para as obras da nova igreja da Vila da Macaíba e determinou que elas fossem feitas sob a direção da comissão que já havia sido por ele nomeada, composta do mesmo vigário e dos cidadãos Antonio Ximenes Maciel de Aragão e Olinto Leopoldino de Leiros Coelho. (FALA..., 1883, p.39).

         Ao que parece a construção seguia em ritmo lento pois em 1886 a fala do presidente da província constata que tanto a matriz de Ceará-Mirim como a da Macaíba estavam ainda em vias de construção e registrava que “para que não paralisem as obras, não cessam os zelosos vigários dessas freguesias de empenhar os maiores esforços, no que tem sido eficazmente coadjuvado pelos fiéis”. (FALA..., 1886, p.20).

         Recomendava ainda o presidente da província que seria de justiça que a Assembleia Legislativa designasse, no orçamento, uma quota para a conclusão de ambas matrizes.

Em 25/10/1887 foi confirmada a renúncia que fez o Pe. Manoel Fernandes Lustosa Lima da igreja paroquial de São Gonçalo do Amarante, a época transferida para a igreja de Nossa Senhora da Conceição da Macaíba. (CIDADE DO RIO, 25/10/1887, p.1).

Já por carta imperial de 02/01/1888 foi apresentado o novo vigário da paróquia de Nossa Senhora da Conceição da Macaíba, o Pe. José Paulino de Andrade (O APÓSTOLO 06/01/1888, p.1). Coube a este sacerdote a conclusão dos trabalhos de construção da igreja matriz de Macaíba.

Macaíba tinha em 1889 uma população de cerca de 4.000 habitantes (TRIBUNA LIBERAL, MA, 28/01/1889, p.2), além de ser de grande importância no cenário comercial do Rio Grande do Norte a época.

 

Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022.

Fachada da Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022.

Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022.

Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022.



Lateral da Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022.

Lateral da Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022

Lateral da Igreja matriz de Macaiba. Google Earth, 2022




Saiba mais em:

 https://cronicastaipuenses.blogspot.com/2019/06/remodelacao-da-igreja-de-macaiba.html



Fontes:

BRASIL. Ministério do Império: Relatório da Repartição dos Negócios do Império. Rio de Janeiro, 1882.

Correio do Natal: Periódico Político, Moral e Noticioso, Natal, 15/01/1880.

RIO GRANDE DO NORTE. Fala com que o excelentíssimo senhor Dr. Francisco de Gouveia Cunha Barreto, presidente da província, abriu em 09 de fevereiro de 1883 a segunda sessão ordinária da Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte.Pernambuco:Tipografia de Manoel Figueiroa de Faria, 1883.

________, Fala com que o Exm. Sr.Dr.Francisco de Gouveia Cunha Barreto, presidente da província, instalou a 1ª sessão ordinária da Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte em 15 de maio do corrente ano. Natal: Tipografia do Correio do Natal, 1882.

________, Fala lida a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte pelo presidente José Moreira Alves da Silva, no dia 15 de março de 1886, ao instalar-se ela extraordinariamente. Natal: Tipografia do Correio do Natal, 1886.

Tribuna Liberal, São Luis-MA, 28/01/1889.

WANDERLEY, Luiz Carlos Lins. Visita Episcopal do Exm. E Rvm.  Sr. D. José Pereira da Silva Barros a algumas paróquias do Rio Grande do Norte por Luiz Carlos Lins Wanderley doutor em Medicina e Cavaleiro da Ordem da Rosa. Natal: Tipografia do Correio do Natal, 1882.


sexta-feira, 6 de maio de 2022

DESCRIÇÃO DA CADEIA DE NATAL EM 1878


O chefe de policia fez sua exposição no relatório do presidente da Provincia do ano de 1878 apresentou a seguinte descrição da cadeia de Natal:

A cadeia desta cidade tem mais ou menos a forma quadrangular; é sita na Cidade Alta.

É um edifício onde mal penetra a luz tendo dois pavimentos, um térreo, dividido em três compartimentos, um central, que serve de enxovia e dois calabouços laterais, outro superior, onde está sala livre: é um lúgubre edifício, cujo interior contrista e o exterior é uma campa dealhada em comparação com o interior que é uma furna em que seres vivos se apodrecem maldizendo a sociedade que os condenou a uma morte  lenta em masmorra infecta, repugnante  e asquerosa; o ar é insuficiente para a respiração dos sentenciados, a luz crepuscular que bruxuleia na enxovia não aviventa a organização;o chão é frio, úmido e sórdido; os presos fazem despejo d’água servida e urinam dentro da mesma enxovia, e o lixo e a podridão saindo da cadeia pela fachada posterior se escoam pelo cano rampa a baixo, formando um espojeiro, onde constantemente alguns porcos se regalam.

         Dentro da mesma enxovia os detentos lavam carne e cozinham, tudo ali é tétrico e medonho, tudo denuncia uma postergação da lei da higiene, tudo diz que ali está um lugar em que a sociedades exerce a vendita, e não a mansão de recolhimento e meditação em que a consciência do delinquente sob farpa dos remorsos o regenera para entregá-lo de novo a comunhão social.

         A prisão é comum, o sistema celular nunca foi aqui ensaiado, o sistema misto a que alguns dão preferência, no regime penitenciário, nem ao menos foi ainda lembrado, tudo é desanimador. Os sentenciados não tem espaço para dormir, ficam ali ao conchegados como abelhas na colmeia.

         Nota-se que indivíduos que entram para lá,fortes e vigorosos,pouco tempo depois estão raquíticos, depauperados e macilentos com uma palidez de morte.

         As anemias, as febres miasmáticas, o beri-beri, as bronquites, as disenterias, as hepatites, a tísica pulmonar e as hidropisias são as moléstias mais frequentes ali.

         Sabe-se a triste condição desses desgraçados, mas em nome da civilização  e humanidade é necessário que não se poupem esforços para redimir estes infelizes,colocando-os em posição em que o desespero não seque as lágrimas de arrependimento e eles possam sofrer bendizendo as leis tutelares da sociedade, do cidadão que lhes deram corrigindo-os  [ ilegível] de resignarem-se.

         E quando tudo for baldado e a penúria da província não permita de sorte alguma a satisfação desse deve sagrado, espero e confio que V.Exc., levando esse estado de coisas ao conhecimento do preclaro cidadão que dirige dignamente o Ministério da Justiça,ele removerá parte desses desgraçados para o presídio de Fernando de Noronha, onde eles possam ao menos ter ar puro e salutar para respirar; é cruel o suplicio de Tântalo,morrer à falta d’água que para mais excitar-se a sede, desliza-se em ondas cristalinas passando perto dos lábios ressequidos,é mil vezes mais cruel morrer-se a falta de ar que Deus em sua sabedoria providencial disseminou por toda a terra.

         O ar da cadeia não se pode dizer que é confinado, porque se o fora em menos de 24 horas de depois da convulsão da agonia exalariam o último alento, lastrando a cadeia de cadáveres.

         Há uma renovação imperfeita,mas levando muitos detentos em número superior ao que a capacidade do lugar pode conter, o ambiente que respiram não pode conter somente quatro milésimos de acido carbônico;conterá esta gás deletério em proporção superior a prescrita, está carregada de umidade, sem contudo tocar ao estado de saturação, que a tornaria irrespirável, a atmosfera da cadeia está alem disso impregnada de substancias orgânicas arrastadas pelo vapor d’água resultante não só da respiração do tegumento eutaneo como também exalado pela respiração pulmonar.

         Graças ao acaso que muitas vezes faz o papel de providente no país, no compartimento inferior da cadeia, no lugar chamado enxovia, não há janelas que hermeticamente fechada impossibilitem absolutamente a entrada de ar; há grades de ferro que em nada tolhem a renovação constante,embora insuficiente daquele ambiente escuro, frio úmido e lugugre.

         Um homem precisa, regra geral, de dez metros cúbicos de ar para respirar no espaço de um hora, entretanto, tendo mais ou menos a cadeia quinze metros  em suas três dimensões, respiram ali 158 homens

         Felizmente só as varões de ferro separam os detentos do ar exterior.

         Cada homem perde, pela evaporação cutânea e pulmonar, sessenta gramas de liquido por hora, e, portanto 158 homes perderam 10.480 gramas ou 10 kilogramas e 480 gramas, avalie-se por ai como se deve estar úmido constantemente o ar da cadeia.

Note-se ainda que há diferentes focos de combustão na cadeia, bico de gás, candeias,fogo para preparação de alimento e tudo isto rouba o elemento vivificante do ar dando-lhe em troca um elemento deletério.O vapor d’agua suspenso naquela atmosfera tem em suas moléculas substâncias orgânicas que concorrem para o abalo lento que se opera na economia dos detentos que sobre outras  influencias maléficas,vão sofrendo graves alterações,que os tornam quase desconhecidos em pouco tempo.

         Estas substâncias que até se denunciam pelo cheiro nauseante, sui generis, sob a ação inexplicável de agentes ainda desconhecidos atacam as forças radicais da vida e mais uma vitima vai repousar na valar solitária dos mortos.

         Os presos doentes para serem tratados recolhem-se ao hospital de caridade que de conformidade com o Regulamento das cadeias da província art. 23 faz parte da mesma cadeia, e com quanto fiquem pela mesma disposição sob vigilância do Chefe de Policia, torna-se esta difícil pela grande separação e distancia em que esta se acha daquele.

         A enfermaria dos presos é muito acanhada e mal arejada, regularmente não pode conter mais de seis presos, entretanto, já tem estado ali mais de 36.De dia ainda é menos cruciante o tormento, à noite fechada as janelas o calor excessivo , a falta de ar puro e a umidade transformam a enfermaria dos presos em um verdadeiro inferno.

      MaL compreendo como é possível que se opera um tratamento em semelhantes condições.Ali a higiene é uma mentira, tudo inspira consternação e horror, somente os sentimentos humanitários de alguns empregados da casa suavizam as magoas dos desgraçados detentos.

         Fazendo esta exposição espero que v. Exc., envidará tudo para melhorar este estado de coisas. (RELATÓRIO..., 1878, p.50, a-9).

         Algum melhoramento no prédio da cadeia de Natal só se verificou em 1881 quando o presidente da província a fim de o colocar nas devidas condições higiênicas, ordenara que alguns trabalhos fosse feitos no edifício da cadeia da Capital. Além de caiar e pintar todo o edifício fez cimentar todo o pavimento térreo, e neste fez construir um compartimento completamente independente dos outros e destinado as mulheres.

         No andar superior fez construir um grande salão perfeitamente arejado, para servir aos trabalhos que ordinariamente se entregavam os presos, e onde poderia funcionar uma escola para os mesmos presos, como era intenção dele estabelecer.

       Fez colocar no edifício 5 latrinas, sendo 3 no andar superior e 2 no andar térreo, munidas de sólidos canos de esgoto. (RELATÓRIO..., 1881, p.13).

A antiga cadeia pública de Natal foi construida em construído em 1719 situada na Praça André de Albuquerque na Cidade Alta e foi demolida em 1911, possibilitando o acesso da praça à margem do rio, através da Rua João da Mata.

    

Aspectos de Natal em 1904 vendo-se no canto a direita a antiga cadeia de Natal.


 

Fontes:

Relatório com que instalou a Assembleia legislativa Provincial do Rio Grande do Norte no dia 04 de dezembro de 1878 o 1º vice-presidente, o Exm. Sr. Manoel Januário Bezerra Montenegro. Pernambuco: Tipografia do Jornal do Recife, 1879.

Relatório com que o Ex. Sr.Dr. Alarico José Furtado passou no dia 20 de abril de 1882 a  administração da Provincia do Rio Grande do Norte ao Exm. Sr. 1º vice-presidente Dr. Matias Antonio da Fonseca [ilegível].Natal: Tipografia do Correio do Natal, 1882.


Antiga cadeia de Natal.

Antiga cadeia de Natal.

Antiga cadeida de Natal em processo de demolição.

Antiga cadeia de Natal em processo de demolição.