sábado, 19 de novembro de 2022

O CENTENÁRIO DA ESTAÇÃO DE PEDRO AVELINO

 


Em 08/01/1922 foi inaugurada a estação da então povoação de Gaspar Lopes, posteriormente Epitácio Pessoa e atual cidade Pedro Avelino, portanto, há 100 anos. Eis a seguir a história dessa estação.

Em 1914 foi autorizada pelo Governo Federal a construção do ramal de Macau na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, cujo traçado partindo de Lajes deveria atingir a cidade portuária de Macau.

         Foi uma construção demorada e por diversas vezes paralisadas por falta de recursos, até então que no inicio da década de 1920 a construção tomou impulso por meio da determinação do então presidente da República, o paraibano Epitácio Pessoa.

         As obras de construção da estação de Gaspar Lopes ao que tudo indica se iniciaram em 1921, pois de acordo com o relatório do ministério da viação e obras públicas ela já é citada naquele ano. ”Foi feita a construção de desvios e de um triângulo de reversão na estação Epitácio Pessoa”. (Relatório do Ministério da Viação e Obras Públicas, 1921, p.258).

A inauguração

         A inauguração dos primeiros 27 km dos mais de 80 km que deveria ter o referido ramal  entre Lajes e Macau ocorreu em 08/01/1922.

         Naquele dia foi inaugurada a estação da então povoação de Gaspar Lopes, do município de Angicos, que em homenagem ao presidente da República que possibilitou as obras de construção do trecho ferroviário até aquela povoação teve seu nome alterado naquele mesmo ano para Epitácio Pessoa.

          O Diário de Pernambuco registrou a solenidade de inauguração da estação de Gaspar Lopes na edição do dia 20/01/1922.

De acordo com o citado jornal, as 08h00 do dia 08/01/1922 partiu de Natal o trem especial, levando o governador do Estado, com suas casas civil e militar, desembargadores do Superior Tribunal de Justiça, Henrique Castriciano, vice governador; Teotônio Freire, juiz seccional; autoridades estaduais e federais, representantes da imprensa, funcionários da EFCRGN, etc., viajando em carro anexo a banda de música do Batalhão de Segurança.

         Em Taipu, o trem especial ainda recebeu mais convidados. Chegados a Baixa Verde, realizou-se um lauto almoço, servido por senhoras e senhoritas daquela povoação.

Na estação de Jardim subiram mais convidados no trem e chegando a vila de Lajes, a estação já estava apinhada de cavalheiros. Houve ali uma pequena demora onde novos convivas tomaram o trem e recomeçando a marcha.

         As 15h50 o trem especial se aproximou da estação de Epitácio Pessoa.

        Uma girândola fendeu os ares e vivas foram erguidos dr. Ferreira Chaves, ao governador Antonio de Souza, ao presidente Epitácio Pessoa e ao engenheiro da EFCRGN João de Sá e Benevides.Ao descer do carro o governador enquanto a banda executava  o hino do Estado, a multidão aclamava-o.

A seguir dirirgiram-se todos a uma vasto salão da estação, vistosamente decorado, destacando-se a bandeira nacional.Ali fora servido uma taça de champagne, falando o engenheiro João Benevides, que disse do seu prazer por aquele fato, exaltando as qualidades do presidente Epitácio Pessoa e do governado Antonio de Souza, a quem brindou.

         O governador agradeceu o brinde e lembrou o grande progresso que realizava aquele ato, falando ainda sobre o nordeste, suas necessidades, bem conhecidas pelo presidente da República, na qualidade de filho da zona flagelada pelas secas.

       O Sr. Luiz Fassino de Menezes fez então um discurso, em nome do povo do lugar, expressando a satisfação de todos pelo passo que se dava em Gaspar Lopes, doravante Epitácio Pessoa.Depois disto, o governador com sua comitiva, fez um passeio ao povoado que apresentava muitas possibilidades de progresso.

         A comitiva pernoitou em Baixa Verde  e no dia seguinte regressaram, "todos satisfeitos da viagem e do acolhimento que tiveram em todo o seu percurso". (Diário de Pernambuco, 20/01/1922, p.4).

Segundo  o jornal O Paíz o diretor da EFCRGN, engenheiro João Sá e Benevides, deu a festa de inauguração da estação de Gaspar Lopes um caráter festivo muito atraente.(O Paíz,12/01/1922,p.2).

A repercussão

         Os jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro registraram a inauguração da estação de Gaspar Lopes.

         Segundo o Correio Paulistano: “NATAL, 9 (A)- Inaugurou-se ontem o trecho da Estrada de Ferro Central [do Rio Grande do Norte] de Lajes a Gaspar Lopes, com um percurso de 27 quilômetros. A Estação da povoação de Gaspar Lopes recebeu o nome de estação Epitácio Pessoa”.(Correio Paulistano, 10/01/1922, p.2.O grifo é nosso).

         Ainda segundo o citado jornal o governador do Estado, acompanhado de sua casa civil e militar e de outras autoridades e representantes da imprensa, compareceram ao ato da inauguração, pronunciando um discurso ao mesmo alusivo.Era o governador a época Antonio de Souza Melo. Respondeu ao discurso diretor da EFCRGN, o engenheiro Sá e Benevides.

         Já o jornal carioca O Paíz assim registrou acontecimento: “O Sr. Ministro [da justiça] recebeu ontem do doutor Sá e Benevides, diretor da Central do Rio Grande do Norte, um telegrama, comunicando haver concluído um trecho de 27 quilômetros do ramal de Macau e ter inaugurado, como presença do governador do Estado e pessoa gradas, a estação Epitácio Pessoa”. (O Paíz, 14/01/1922, p.3.Grifo nosso).

         O teor completo do telegrama recebido pelo ministro foi publicado pelo O Jornal, segundo o qual: ”tenho a honra de comunicar a v.ex. que depois de oito anos de paralisação da linha em Lajes, atendendo às justas aspirações dos sertanejos, pude realizar economias na verba de custeio do tráfego e assim concluir a construção de um trecho de 27 quilômetros do ramal de Macau. Com a presença do governador do Estado, chefes das repartições e avultado número de pessoas, acabo de inaugurar, com solenidade a estação de ‘Epitácio Pessoa’, tributo de respeito e gratidão dos habitantes de uma florescente vila sertaneja e de reconhecimento da política que v. ex patrioticamente dirige ao benemérito padroeiro dos filhos do nordeste. Queira v. ex. aceitar minhas cordiais congratulações”. (O Jornal, 14/01/1922, p.3).

Naquele mesmo ano de 1922 a construção prosseguiu até  o povoado de Carapebas, atual cidade de Afonso Bezerra, tendo sido feito os estudos de uma variante de 4 km, no sentido de aproximar a linha daquele povoado, e sendo aproveitado o trecho, já quaser concluído, na extensão de 10,260 km além da estação de Epitácio Pessoa.

A importância da estação para o crescimento de Epitácio Pessoa

        A povoação de Epitácio Pessoa prosperou graças ao cultivo do algodão em seu território, sobretudo pela firma João Câmara & Irmãos, que mantinha ali uma filial daquela grande empresa sediada em Baixa Verde, atual João Câmara.

     A estação ferroviária em muito contribuiu para o crescimento e desenvolvimento da povoação por que por meio dela eram exportados os produtos da cotonicultura e demais produtos agrícolas que ali se cultivavam.Além disso, o transporte de passageiros contribuiu para alargar os horizontes da população da florescente povoação de Epitácio Pessoa.

      Outra finalidade social desenvolvida pela estação ferroviária de Epitácio Pessoa foi assistência aos flagelados da seca do ano de 1937.

        Naquele ano o governador Rafael Fernandes recebeu telegrama enviado da povoação de Epitácio Pessoa, informando que em consequência da seca ali reinante, já se verificavam mortes por fome.

         O povo faminto, havia atacado vários casas comerciais, a fim de obter viveres.A ordem foi restabelecida a grande custo pelas autoridades.A população de Epitácio Pessoa sofria também os horrores da sede, faltando água numa vasta extensão dos arredores.A pequena quantidade de água que ali chegava era levada pelo trem da EFCRGN, a uma distância de 150 km, ainda assim uma lata d’água de 5 litros era vendida a 2$000.(Correio de S. Paulo, 29/03/1937, p.1).

         A água era levada pelos trens que eram abastecidos com água da lagoa de Estremoz e distribuída para a população.

O municipio

         De  acordo com o jornal A Ordem em 29/10/1937 o governador do Estado assinou o decreto elevando a categoria de vila a povoação de Epitácio Pessoa. (A Ordem, 29/10/1937, p.2).Segundo um artigo publicado no jornal Diário de Noticias em 12/06/1937 a povoação de Epitácio Pessoa, no municipio de Angicos, servida pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, se desenvolvia animadoramente em qualquer aspecto em que se procurava encará-la.

       Dispunha de magníficas possibilidades agrícolas, já pelo espírito progressista de seu povo, já pela fertilidade de seu solo, o antigo povoado de Gaspar Lopes se desenhava aos olhos de quem o visitava como um recanto de prosperidade e de grandeza.

         A povoação de Epitácio Pessoa distava de Angicos, a sede municipal, 38 km e possuía vários prédios importantes, dentre os quais destacava-se as Escolas Reunidas, as Usinas de Algodão pertencentes a Sinbra e a firma João Câmara & Irmãos e o mercado público, que acabava de passar por uma reforma graças a visão administrativa do prefeito de Angicos, Baltazar Pereira.

         Entretanto,como acontecia relaitivamente a outros povoados de Angicos, o de Epitácio Pessoa tinha seu valor na agricultura, sendo sem contestação, a mais agrícola de todas as povoações do municipio.Ali plantava-se com muito êxito o algodão mocó e o verdão, e especialmente na chapada da Serra Verde, que ficava ao lado da povoação.

      Um problema, porém, estava a exigir a atenção do governo, para que melhores possibilidades pudesse atingir Epitácio Pessoa o grau de desenvolvimento que lhe estava reservado, que era a falta d’água.

         Conforme vinha sendo demonstrado, o único remédio para sanar esse mal, que aquele ano de 1937 atingira proporções assustadoras, era a construção do açude a 2 km da povoação, cujo projeto se encontrava nas mãos do ministro da viação para os devidos fins.Satisfeita essa aspiração, não se tinha dúvida que Epitácio Pessoa continuaria a progredir sucessivamente, para maior grandeza do municipio de Angicos e do Rio Grande do Norte, dizia o referido artigo. (Diário de Noticias, 12/06/1937, p.37).

        O distrito foi criado com a denominação de Epitácio Pessoa, pelo decreto estadual nº 603, de 31/10/1938, subordinado ao município de Angicos e elevado à categoria de município com a denominação de Pedro Avelino, pelo decreto estadual nº 146, de 23/12/1948, desmembrado de Angicos,com sede no então distrito de Pedro Avelino, ex-Epitácio Pessoa e instalado em 01/01/1949.

         A partir daquele ano a estação também teve o nome alterado para o do municipio que fora criado.O municipio está a 158 km de distância de Natal, a capital do Estado.

A desativação da estação

         A estação de Pedro Avelino foi desativada para o tráfego de passageiros em 1977 e para o de cargas em 1998, desde então ficou sem utilidade e em virtude da ação do tempo veio a se deteriorar quando veio ruir parcialmente em meados dos anos 2000.

           A baixo imagens da estação em estado de ruína.

    







O tombamento

         O Prédio da Estação Ferroviária, em Pedro Avelino, foi tombado pela Fundação José Augusto por sua importância cultural para o Estado do Rio Grande do Norte em 06/09/2006.

A recuperação

      Em 2013 foi anunciado pela prefeitura de Pedro Avelino que o prédio da estação ferroviária da cidade seria recuperado por meio de um acordo e convênio como o Governo Federal, tendo sido este o primeiro passo para a preservação do monumento histórico que em muito contribuiu para o crescimento socioeconômico da atual cidade de Pedro Avelino.

      O local daria lugar a um Centro Cultural tendo a obra sido orçada em R$ 341.250,00 disponibilizada pelo Ministério do Turismo em 2013.

     

        A seguir imagens da estação em reformas em 2015.



     As obras foram concluídas em 2016 e no ano seguinte a estação ferroviária de Pedro Avelino foi entregue novamente a serventia pública como um centro cultural.

       A lei municipal Nº 762-2018 da prefeitura de Pedro Avelino denominou a Casa de Cultura Estação Ferroviária  Manoel Valério ao prédio da antiga estação ferroviária de Pedro Avelino.

      De acordo com a referida lei o antigo prédio que fora recuperado com recursos federais tinha por objetivo abrigar atividades e projetos da cultura local.A Casa de Cultura Estação Ferroviária Manoel Valério está situada na rua Epitácio Pessoa, na cidade de Pedro Avelino.

       Nas imagens que se seguem a estação já recuperada e entregue a serventia pública.











quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A VISITA PASTORAL DO BISPO DA PARAÍBA A TAIPU EM 1903

 

         E quando menos esperamos encontramos um verdadeiro achado arqueológico para a história de Taipu.Trata-se da visita pastoral de Dom Adauto de Miranda Henriques, bispo da então Diocese da Paraíba, da qual o Rio Grande do Norte fazia parte de sua jurisdição.

         De acordo com o jornal A Imprensa, órgão hebdomadário do Mosteiro de São Bento da Paraíba, atual João Pessoa, o bispo diocesano no afã de visitar todas as paróquias de sua Diocese resolveu seguir no principio de junho de 1903 para concluir o ciclo de sua Visita Pastoral.(A Imprensa,01/03/1903,p.3-4). O itinerário constava de visitas as paróquias do sertão paraibano, sertão, seridó, região central e litoral potiguar.

         No tocante ao itinerário do Rio Grande do Norte constava a visita do referido bispo aos seguintes lugares: Serra Negra do Norte, Jardim de Piranhas, Caicó, São Miguel do Jucurutu, Flores (atual Florânea), Jardim (atual Jardim do Seridó), Acari, Currais Novos, Angicos, Jardim de Angicos, Touros, Taipu, Ceará-Mirim e Macaíba, das quais Flores, São Miguel de Jucurutu e Taipu não eram paróquias.

          Em  07/06/1903 o referido jornal registrou que  Dom Adauto de Miranda Henrique havia decidido empreender a Visita Pastoral que tinha adiado.De acordo com o jornal citado: “é verdade que o tempo é difícil, mas S.Exc. ardente em desejos de levar o pão do conforto espiritual a seus caros filhos longe das mais longas distâncias do alto sertão não trepida diante dos sacrifícios”.( A Imprensa, 07/06/1903, p.2).

          As dificuldades do tempo a que aludia o jornal era a seca que grassava em boa parte do percurso escolhido pelo bispo para realizar sua visita, no entanto, o mesmo jornal dizia que o povo desejava sofregamente a visita.

        Sendo assim, o bispo diocesano saiu da capital paraibana em 11/06/1903, tendo a sua Visita Pastoral iniciada oficialmente no dia 14/06/1903 e concluída em 06/09/1903.Não encontramos os dias em que Dom Adauto esteve em Taipu, mas de acordo com a sequência dos lugares os quais seriam por ele visitado, a visita a Taipu possivelmente ocorreu em entre meados de agosto e o inicio de setembro de 1903.

       Na comitiva do bispo estavam os padres Inácio de Almeida, que também era jornalista e José Tomás, potiguar de Alexandria que mais tarde viria a ser o  primeiro bispo da Diocese de Aracajú-SE.

       Do resultado da visita pastoral de Dom Adauto de Miranda Henriques em Taipu consta da realização de 1.560 crismas, distribuídas 987 comunhões e realizados 77 casamentos de pessoas concubinadas. (A Imprensa, 27/09/1903, p.3).

         De Taipu o bispo seguiu para a paróquia de Touros passando por Maxaranguape e retornando pela paróquia de Ceára-Mirim.

         Essa foi a segunda vez que um bispo visitou Taipu, tendo sido a primeira em novembro de 1839, pelo bispo de Olinda, Dom João da Purificação Marques Perdigão, portanto, um espaço de tempo de 54 anos separam ambas as visitas pastorais.

         Nestes 54 anos muita coisa havia mudado em Taipu. Na primeira visita pastoral a vila se quer existia, nesta segunda a vila constituída em 10/03/1891 era a sede municipal. Na primeira visita foi dada pelo bispo de Olinda a autorização para se construir a capela de Nossa Senhora do Livramento, nesta segunda visita, a capela já estava concluída e apta a realizar todas as funções litúrgicas como visto do resultado da visita pastoral de Dom Adauto.

         Outro fato histórico liga Dom Adauto a Taipu, posto que foi ele quem transferiu a sede da paróquia de Ceará-Mirim para a capela de Taipu entre julho de 1896 e agosto de 1897.

         Do itinerário desta visita de Dom Adauto no Rio Grande do Norte o referido jornal só registrou a visita a paróquia de Caicó e os resultados gerais da mesma.

         Dom Adauto de Miranda Henriques fez um percurso de 248 léguas a cavalo.

Dom Adauto de Miranda Henriques
(Areia, 30/08/1855 —João Pessoa, 15/08/1935).


sábado, 29 de outubro de 2022

ATA DE INSTALAÇÃO DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO DE NOVA CRUZ

 

Em 28/01/1900 o jornal paraibano A Imprensa publicou a ata de instalação do Apostolado da Oração da paróquia de Nova Cruz. A época a paróquia pertencia a Diocese da Paraíba. Eis a seguir o teor da referida ata.

Ata  da instalação do Apostolado da Oração e Liga do Sagrado Coração de Jesus na Igreja Matriz da Freguesia  de Nossa Senhora da Conceição de Nova Cruz

Aos dezessete de Dezembro de mil oitocentos e noventa e nove, pelas cinco e meia horas da tarde, o Rvm. Vigário,na Igreja Matriz, perante muitos fiéis, declaro instalada esta freguesia de Nova Cruz, a grande obra do Apostolado da Oração, a grande obra do Apostolado da Oração e a Liga do Sagrado Coração de Jesus, tendo como centro a Matriz da mesma freguesia.-Ao ato, que foi precedido de uma tríduo em honra e glória do Sagrado Coração de Jesus, durante cujos exercícios o Rvm. Vigário explicou a origem, fins, graus e vantagens do Apostolado da Oração, além de muitos fiéis tomaram parte os associados instaladores que [ilegível] previamente pelo santo tribunal da penitência no mesmo dia as dez horas da manhã, se confortaram com um delicioso manjar dos Anjos, recebendo o dulcíssimo Coração de Jesus no Santíssimo Sacramento do Altar.

A hora marcada o Rvm. Vigário, Diretor Local, procedeu a benção das medalhas, coroas e bentos e fazendo a chamada das Zeladoras e mais associados, entregou a cada uma das Zeladora e associados seus respectivos títulos e insígnias, depois do que prostradas em frente do Sagrado Coração de Jesus, a Secretária Zeladora leu o ato da Consagração e em seguida foi entoada a Ladainha, terminando todo o ato coma Benção do Santíssimo Sacramento.

 Foi assim instalada a grande obra do Apostolado da Oração e Liga do Sagrado Coração de Jesus naquela igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição de Nova Cruz, tendo sido eleitas as Exmas. Sras. Emidia Ferreira Mouzinho, secretária zeladora; Maria Alipia de Alustão, tesoureira zeladora; Ambrozina Maria Alves Pereira, zeladora.

E para constar, eu Emidia Ferreira Mouzinho, Secretária Zeladora a escrevi.

Vila de Nova Cruz, 17 de Dezembro de 1899.

Vigário Tomás de Aquino.

Diretor Local.

Emidia Ferreira Mouzinho.

Secretária Zeladora.

Maria Alipia de Alustão.

Tesoureira Zeladora.

Ambrozina Maria Alves Pereira.

Zeladora.

Fonte: a imprensa, 28/01/1900, p.3.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Assim, o Apostolado da Oração é uma associação religiosa que existe naquela paróquia de Nova Cruz desde 17/12/1899.







A INSTALAÇÃO DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO DE CEARÁ-MIRIM E A CONCLUSÃO DA MATRIZ


“Uma nova era de bênçãos e felicidades acaba de descortinar-se para a vasta paróquia”.Assim iniciou o artigo publicado no jornal A Imprensa a respeito da instalação do Apostolado da Oração em Ceará-Mirim.

         De acordo com o referido jornal a providencial obra do Apostolado da Oração que tantos benefícios vinham já derramando em muitas paróquias para a gloria de Deus e salvação das almas, e que há algum tempo constituía o mais suspirado desideratum (desejo) do povo católico do Ceará-Mirim, foi instalada naquela cidade no dia 01/01/1900 por entre as mais genuínas expressões de uma santo contentamento.

         Celebrava-se pela mesma ocasião a festa do Orago, a excelsa Virgem da Conceição, que fora transferida para aquele dia por causa dos trabalhos da matriz.

Os trabalhos da matriz

         De há muito os cearamirinenses se esforçavam correspondendo ao apelo de seu zeloso e ativo pároco, por preparar de um modo condigno da majestade do culto divino a sua matriz, e apesar da crise que naqueles anos vinha atravessando, conseguiram fazer, se não todo o trabalho complementar, ao menos uma grande parte de serviços que muito melhorariam as condições do majestoso templo, aquele ano já reconhecido como um dos primeiros do norte do Brasil.

         O jornal tecia elogios a comissão encarregada das obras da matriz, que não tinha poupado sacrifícios no intuito de bem desempenhar sua tarefa, assim como a todos que concorreram com seu generoso óbolo para a decoração da daquela igreja.

         Os trabalhos realizados na igreja matriz de Ceará-Mirim  necessários a celebração da festa da padroeira  e instalação do Apostolado da Oração terminaram no dia 30/12/1899 e no dia seguinte, a tarde teve lugar a novena cantada em honra da Imaculada Conceição, encerrando-se o ato com a benção do S.S.Sacramento.

A festa da padroeira

         Raiando a aurora do dia 01/01/1900 muitos eram os trabalhos a vencer nesse dia.

     Pelas 06h30 da manhã chegou o cônego  Fernando Lopes e Silva, vice-diretor diocesano do Apostolado da Oração, que celebrou,as 07h00, a missa no altar do Sagrado Coração de Jesus,magnificamente decorado e iluminado, e distribuiu a comunhão a cerca de 100 pessoas. Durante a missa foram entoados ao som do órgão, maviosos hinos sacros.

         As 08h00 o vigário de Touros, o Pe. Frederico Câmara, celebrou no altar-mor, distribuindo ainda a sagrada comunhão a diversas pessoas.As 09h00, no patamar da igreja matriz procedeu-se a benção dos 2 novos e grandes sinos que haviam chegados recentemente do Recife, assistido por 3 seminaristas e muitas pessoas que formavam uma grande e compacta multidão de povo.

A  instalação do Apostolado da Oração

         As 10h30 começou a cerimônia da instalação do Apostolado da Oração.O Diretor local, o vigário Paulino Duarte, paramentado para a missa solene, subiu ao altar-mor juntamente com os padres Frederico Câmara, servindo como Diácono, e o Diácono Agnelo Fernando de subdiácono, dirigiu a cerimônia o cônego Lopes.Em seguida, este em nome do diretor local, declarou instalado na paróquia o Apostolado da Oração e fez a chamada das pessoas nomeadas para os cargos de zeladores, que foram as seguintes: Maria da Purificação Pereira Wanderley, presidente das zeladoras, Bernadina Carolina Cavalcante Maracajá, secretária, Maria Carolina de Arruda Maracajá, tesoureira; Josefa Maria Cavalcante Rocha, Antonia Emilia Pereira Sobral, Francisca Lidia Pereira Lago; Joaquina Bernadina da Silva, Francisca Senhorinha Barbalho Bezerra; Águeda Ferreira; zeladoras.Francisco das Chagas Fernandes, Leão Fernandes, Manoel do Nascimento Silva, zeladores.

         Ao final foram benzidas pelo Pe. Paulino Duarte as cruzes e medalhas e respectivos diplomas e distribuídas a cada um dos zeladores segundo as formalidades do Manual do Apostolado da Oração.

         Seguiu-se a missa solene, dirigindo a orquestra o hábil e conhecido maestro Luiz Monteiro.

    Ao evangelho fez a pregação o cônego Lopes um substancioso sermão sobre a Virgem Imaculada,sendo ouvido como religioso silencio pelo numeroso auditório que enchia o vasto templo.

         Após a missa solene abriu-se a inscrição para os Associados do Apostolado da Oração, alistando-se no momento 85 pessoas.

A benção da pia batismal

        As  16h00 houve a benção da fonte batismal em uma pia nova de mármore, ofertada a matriz pela Sra. Vitória Duarte, mãe do vigário de Ceará-Mirim.

A procissão 

         As 17h00 desfilou a procissão percorrendo as ruas da cidade as imagens do Sagrado Coração de Jesus, conduzida esta pelas associadas, seguindo-se o Santo Lenho, levado sob pálio.Acompanhava o préstito a filarmônica Cearamirinense, executando diversas peças de seu repertório, e grande concurso de povo que não obstante o mau estado sanitário da cidade por causa da varíola, compareceu em considerável número.

         Ao recolher-se a procissão houve ainda sermão pelo cônego Lopes que dissertou vantajosamente sobre a origem do Apostolado da Oração e convidando todos os católicos a abrigarem-se debaixo da bandeira do Sagrado Coração de Jesus,incitou de modo especial aos zeladores a trabalhar com zelo e denodo na grande obra de salvação das almas.Depois do sermão foram cantadas as ladainhas de Nossa Senhora e o Tantum Ergo.Foi dada a benção com o S.S. Sacramento, exposto na custódia, como término de tão significativa festa que gratas impressões deixou nos corações do povo cearamirinense, produzindo abundantes frutos espirituais.

Elogios a comissão e ao vigário

Não deviam ser olvidados os serviços generosamente prestados pela comissão de festejos nomeada pelo Pe. Paulino Duarte a qual envidou todos os meios para o maior brilhantismo da solenidade.Mostrou-se como sempre incansável o vigário daquela freguesia quer na direção dos trabalhos, quer no confessionário ou em todos os atos da festa.

  A primeira sexta-feira do mês

       No dia 05/01/1900, primeira sexta-feira do mês, houve missa celebrada pelo Pe. Paulino Duarte, diretor local do Apostolado da Oração, no altar do Sagrado Coração de Jesus, acompanhada a hinos sacros, recebendo a sagrada comunhão os zeladores e mais de 50 associados.

         Finda a missa, o vigário fez uma breve prática sobre o amor do Coração de Jesus e deu a benção do S. S. Sacramento.

         Neste dia inscreveram-se ainda muitos associados, elevando-se o número a 131. A tarde teve lugar a primeira reunião do conselho de zeladores, presidida pelo diretor local.

         O jornal referido terminava a narração dizendo: “ queira o admirável Coração de Jesus abençoar e fazer frutificar para sua maior glória a semente plantada nos corações dos cearamirinenses. Laus Deos et Marie”.(A Imprensa, 21/01/1900,p.3).

         Assim, esta associação religiosa existe há 120 anos na paróquia de Ceará-Mirim.

      Naquele ano como visto a cima foram realizados serviços importantes na matriz que se não a deixaram terminada ao menos ao ponto de serem realizadas as celebrações.A matriz de Ceará-Mirim começou a ser erguida em 1865.Naquele ano também foi adquirida a pia batismal de mármore.Não sei se ainda é a mesma, pois há alguns anos recente a matriz passou por uma restauração.



segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A INAUGURAÇÃO DO TRECHO OSCAR NELSON - SÃO RAFAEL

  

         O coronel Rodrigo Otávio Jordão Ramos, comandante do 1º Grupamento de Engenharia do Exército, sediado em Natal, comunicou ao ministro da viação o engenheiro Lucas Lopes, em 18/01/1956, a inauguração do 1º trecho ferroviário construído por aquela unidade recém-criada, ligando as localidades de Oscar Nelson e São Rafael numa extensão de 21 km.

     De acordo com o jornal A Noite a noticia era jubilosa sob diversos aspectos e singularmente expressiva quando se sabia que aquele Grupamento tinha apenas cerca de um ano de criação. (A NOITE, 18/01/1956, p.13).

Já para o jornal O Poti a inauguração do trecho entre Oscar Nelson  e São Rafael estava em prosseguimento ao plano de melhoramentos para as ferrovias brasileiras por meio do Departamento Nacional de Estradas de Ferro que na Estrada de Ferro Sampaio Correia havia inaugurado mais um trecho ferroviário que “com mais esse trecho fica o interior do Rio Grande do Norte melhor servido pela E. F. ‘Sampaio Correia’,que no seu plano de ampliação de sua rede rodoviária, visando estender até a cidade de Caicó a linha da Central”.(O POTI, 13/01/1956, p.8).

       De acordo com o jornal O Poti as 16h00 do dia 12/01/1956 seria oficialmente inaugurado o trecho da Estrada de Ferro Sampaio Correia entre Oscar Nelson e São Rafael. (O POTI, 12/01/1956, p.8).

         O ato inaugural contaria com a presença do diretor geral do Departamento Nacional de Estradas de Ferro-DNEF, o engenheiro Othon de Araújo Lima que desde o dia 09/01/1956 se encontrava no nordeste realizando visitas de inspeções aos serviços do DNEF.

         O programa da inauguração incluía um almoço em São Rafael as 12h00 com a presença de autoridades do município, diretores da EFSC e membros da comitiva do diretor geral do DNEF e a inauguração dos serviços as 16h00.

         O trem com a comitiva do diretor do DNEF, diretores e funcionários da EFSC bem como os demais convidados partiu de Natal as 04h00 da manhã em um trem automotriz até a cidade de São Rafael que passaria a ser a partir daquela data a nova estação terminal da EFSC em sua penetração até o município de Caicó.

         No dia 14/01/1956 o diretor do DNEF faria inspeção nas linhas da EFSC almoçando em Lajes. Na tarde desse mesmo dia o engenheiro Othon de Araújo Lima prosseguiria viagem até Natal onde seria convidado de honra a um jantar no Grupamento de Engenheiros, oferecido pelo Coronel Rodrigo Otávio. No dia 14/01/1956 o engenheiro Othon de Araújo Lima faria ainda inspeção nos serviços da EFSC em Natal e no dia seguinte prosseguiria em viagem de trem até Nova Cruz quando seguiria também de trem até a capital pernambucana.

A abertura do trecho

         Ao que tudo indica parece que a inauguração do trecho entre Oscar Nelson e São Rafael foi “coisa só para inglês vê”, porque ainda em 1957, ou seja, um ano após a inauguração daquele trecho o mesmo não havia sido aberto ao tráfego.

De acordo com O Poti “quarta-feira última realizando experiência no novo trecho da Estrada de Ferro Sampaio Correia, entre as estações de Oscar Nelson - São Rafael, partiu desta capital o trem horário em viagem normal conduzindo anexo um carro especial”.

Como convidados viajaram no mesmo carro o Cel. Júlio Pinheiro, ajudante de ordens e representante do Governador, o engenheiro Carlos Cabral, diretor do 5º Distrito do DNOCS, o deputado Genésio Cabral, o major Osório de Paulo, representando o Cel. Comandante do Batalhão Ferroviário executor dos trabalhos no referido trecho, altos funcionários da EFSC, representantes do Prefeito e da Câmara de Vereadores e jornalistas.

Segundo O Poti primeiro trem a chegar a estação de São Rafael deu entrada ali as 13h00, recebido por grande número de pessoas de todas as classes sociais.

Cessando as primeiras aclamações fizeram uso da palavra o Cel Júlio Pinheiro, o deputado Genésio Cabral, o Pe. Bianor Aranha, o Dr. Carlos Cabral, o major Osório de Paulo, o Sr. Arlindo Varela em nome do engenheiro José Bittencourt, o dr. Rômulo Vanderley, o Pe. Luiz Lucena, vigário de São Rafael, o dr. José Canuto pelos operários da EFSC e o jornalista  Cristalino R. Costa.

Encerrando os discursos falou ainda o Pe. Pedro Luiz, chefe do Serviço de Assistência Social da EFSC que em meio a enorme vibração enalteceu o melhoramento que em breve seria inaugurado atendendo aos  reclamos de uma região do Estado.

Após, os visitantes foram homenageados com um banquete na residência do prefeito de São Rafael, João Soares, constituindo o ágape um acontecimento destacado na vida da cidade.Vários brindes foram erguidos homenageando-se a sociedade local na pessoa do prefeito.

As 18h00 regressou o trem especial chegando à estação da EFSC na capital as 05h00 da manhã do dia ...

Ainda de acordo com o jornal O Poti o diretor da EFSC, José Bittencourt, foi homenageado pelos funcionários pelo seu primeiro ano a frente da ferrovia, na qual foi destacado o empenho daquele engenheiro na inauguração do trecho entre Oscar Nelson e São Rafael, “uma das obras do dr. José Bittencourt, a frente da Estrada de Ferro ‘Sampaio Correia’, que repercutiu favoravelmente foi a da inauguração anteontem do novo trecho da ferrovia ligando Oscar Nelson a São Rafael”. (O POTI, 01/03/1957, p.8).

O tráfego ficou interrompido logo depois devido ao inverno daquele ano quando a partir de 24/06/1957 seria restabelecido conforme aviso publicado no jornal O Poti a pedido da administração da Estrada de Ferro Sampaio Correia. (O POTI, 25/06/1957, p.8).

Segundo os horários publicados nos jornais da capital os trens partiam de Natal com destino a São Rafael aos domingos, terças quintas-feiras as 05h00 e chegando as 14h30, num total de 9 horas de viagem.Já o percurso inverso era feito as segundas, quartas e sábados, saindo o trem de São Rafael em 04h00 e chegando a Natal as 12h47.

De fato a estação de São Rafael só é citada nos horários de trens publicados nos jornais de Natal a partir de 1957.

 


O primeiro acidente

          O primeiro acidente no trecho recém inaugurado de São Rafael ocorreu em abril de 1957, onde três pessoas morreram tragicamente e outras dez ficaram gravemente feridas quando um trem da EFSC na altura do km 221, entre as estações de São Rafael e Oscar Nelson, tombou sobre o rio Açu ao passar sobre o pontilhão ali existente.

       O sinistro ocorreu devido as fortes chuvas que caíram em todo o Estado, tendo provocado a queda da cabeceira do aterro do pontilhão destruindo a sua base. No próprio local da tragédia morreram o maquinista Manoel Crescêncio e o foguista José Pedro da Silva. A terceira vitima foi Manoel Teixeira que veio a falecer horas depois quando recebia os primeiros socorros. (O JORNAL, 23/04/1957, p.7).

        As pesadas chuvas levaram consigo o aterro deixando sem apoio os trilhos e dormentes. Um pequeno comboio partiu de São Rafael para prestar socorro ao trem de passageiros, ao passar pelo pontilhão fatídico, outro caminho não encontrou se não o do descarrilhamento, resultando naquele grave desastre que acometeu a vida das três pessoas a cima citadas.

       A baixo uma raríssima imagem da inauguração do trecho Oscar Nelson -São Rafael vendo-se aglomeração de pessoa na estação de São Rafael, igualmente inaugurada naquele dia 12/01/1956 e que passaria a ser a estação terminal da Estrada de Ferro Sampaio Correia na sua linha tronco.

    Como se vê na imagem o trem inaugural foi composto uma automotriz, a qual popularmente era conhecido como "o motriz".Essa automotriz foi uma das duas destinada pelo Governo Federal para as ferrovias potiguares em 1949, sendo esta destinada a EFSC e a outra a Estrada de Ferro de Mossoró.

Inauguração do trecho Oscar Nelson - São Rafael

                A seguir imagens da construção do trecho em tela.As legendas se encontram nas próprias imagens.Convém dizer somente que as siglas ON=Oscar Nelson, Ju=Jucurutu e Cc= Caicó a qual deveria ser o destino final da EFSC.A sigla Fv, salvo engano deve se tratar do termo ferrovia.









Todas as imagens são do acervo de Neto Bernardo, São Rafael - RN
..

sábado, 27 de agosto de 2022

O MERCADO DA AV 4 OU O QUE SERIA A FEIRA PERMANENTE DO ALECRIM

 

         O mercado da Av. 4 no Alecrim foi inaugurado em 31/03/1972 pelo prefeito Jorge Ivan Cascudo Rodrigues o qual deveria funcionar ali a feira permanente do Alecrim.

         Construído com 408 boxes padronizados e modernos, para dar condições de higiene e resolver definitivamente o problema das feiras livres do bairro do Alecrim. A obra foi concluídas 25 dias antes do prazo de 90 dias custando a Prefeitura cerca de Cr$ 450.000,00.A cerimônia de inauguração teria a presença do Governador Cortez Pereira e estava prevista para ocorrer as 11h00 daquele dia.

Fonte: Diário de Natal, 30/03/1972, p.2.




COMO E PORQUE A BR-101 FOI PARAR EM TOUROS

 

         Em 1975 muito se vinha discutindo, principalmente no âmbito e ao nível da Assembleia Legislativa sobre as rodovias contempladas desde o ano anterior com a sua integração ao Plano Nacional de Viação.

Isto significava em principio, a responsabilidade do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem, embora houvesse ainda outras prioridades no referido plano.De qualquer forma a incorporação destas estradas no âmbito de rodovias oficiais federais foi uma luta ingente,obstinada, de muitos dos parlamentares federais potiguares e que se tornou realidade através da participação e  das emendas do senador Dinarte Mariz que no senado foi inclusive o relator da parte referente as rodovias deste Plano Nacional de Viação em vigor até 1979.

         Assim foi que transferiu-se o inicio da BR 101 de Natal para Touros,dando-se a seguinte justificativa:”Este prolongamento – dizia a emenda do senador Dinarte Mariz que tomou o nº 7 no Senado Federal – visa a satisfação de três aspectos básicos.1º Turistico – eis que atenderá a um conjunto de praias das mais lindas de todo o Nordeste: Rio do Fogo, Pititinga, Maracajaú, Caraúbas, Maxaranguape,Muriú, Pitangui, Jenipabu e Redinha.2º econômico – porque benificiará aos vales úmidos mais importantes e produtivos do Rio Grande do Norte – Ceará-Mirim, Maxaranguape,Fonseca,Punaú, Santa Luzia e Touros, ademais de ser essa a região mais piscosa do Estado, sobretudo lagosta, sendo ainda que está atualmente cogitada a implantação de uma indústria de “peixe voador” que somente naquela região encontra o seu habitat, 3º segurança – em Touros estão localizados os faróis que orientam a navegação marítima e aérea.Toda a orla marítima já descrita foi durante a II Guerra Mundial guardada militarmente tornando-se assim alvo de significativa importância para a Segurança Nacional”.

 

Fonte: Diário de Natal, 02/09/1975, p.5.


Monumento que marca o inicio da BR 101 em Touros.