sábado, 27 de novembro de 2021

A ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE FRUTICULTURA DO JIQUI

 

A Estação Experimental de Fruticultura Tropical foi fundada em 1936. Este estabelecimento agrícola foi instalado as margens da lagoa do Jiqui, no município de Natal, tendo sendo criado em parceria entre o Governo do Estado  e o Ministério da Agricultura.

         A sua finalidade principal era incrementar no território do Rio Grande do Norte o cultivo das árvores frutíferas. A época o Jiqui era um arrabalde distante da capital potiguar. O local para a instalação da referida estação experimental foi feita pelo engenheiro agrônomo Ariosto Peixoto que foi seu primeiro diretor.

Em 03/09/1938 no 2º ano de sua fundação foi inaugurado com pompas e circunstâncias o Horto Florestal Fernandes Barbosa, contando com a presença do governador Rafael Fernandes, os alunos do Liceu Industrial (atual IFRN) além de grande comitiva que vieram de Natal e outros municípios.

Ao alunos do Liceu Industrial e demais pessoas presentes foram apresentadas demonstrações de técnicas agrícolas nos campos da Estação Experimental tais como arados e discos, adubação do terreno com leguminosas, grade de disco e cultivadores.

As 13h00 deu-se inicio a uma sessão cívica no Horto Florestal sob a presidência do Interventor Federal.Por fim falou o engenheiro agrônomo Nilo Albuquerque, diretor da Estação Experimental do Jiqui, que fez um resumo dos trabalhos sob sua direção.Encerrou-se a solenidade com a execução do hino nacional cantado pelos alunos do Liceu Industrial e acompanhado pela banda dos Escoteiros do Alecrim.

A solenidade foi fotografada e filmada por João Alves e Adel Teixeira, respectivamente. (A ORDEM, 04/09/1938, p.1-4).

Naquele mesmo dia foi inaugurado também  o confortável prédio da administração central, construído em local aprazível de onde descortinava-se todos os aspectos da Estação Experimental.

         O edifício possuía o gabinete do diretor, a secretaria, as salas de aulas, o laboratório de química, o gabinete fotográfico e um salão de aulas para o preparo de técnicos agrícolas.

         Após dois anos de criação estavam sendo empregados esforços sobremodo para que no inicio de 1939 já se alcançasse sua finalidade, fornecendo mudas de laranjeiras enxertadas, aos interessados, por preços mínimos.

         Dispunha a Estação Experimental de 10.000 porta-enxertos em condições de serem utilizados para este fim.Os pomares em formação constavam de laranjeiras finas especialmente dos tipos para exportação.

         A cultura do coqueiro também era empregada na Estação Experimental do Jiqui sendo adquirida sementes especiais, devidamente selecionadas e já dispondo de algumas centenas para fornecimento em 1939.

         Constavam ainda nos pomares da Estação Experimental do Jiqui pés de jaca, pinha, mamão, açaí, cacau, merecendo especial atenção a cultura do abacaxi e outras árvores frutíferas em observação (A ORDEM,10/10/1938,p.2).

         Em 1944 a Estação Experimental do Jiqui estava sob a direção do engenheiro João Matos Nogueira.Em 01/05/1944 foi inaugurado o aviário e a pocilga pertencentes a Comissão Brasileiro-Americana de Produção de Gêneros Alimentícios representada no Estado pelo mesmo engenheiro Matos Nogueira.

         O aviário possuía capacidade para 5 mil aves e a pocilga com mais de 700 cabeças de raças selecionadas.Em breve chegariam 4 mil aves para o referido aviário ficando assim assegurado o fornecimento de ovos para a Base Aérea de Parnamirim e ao mercado da Capital.Em 7 meses de funcionamento a pocilga forneceu 28.873 kg de carnes para a Base Aérea de Parnamirim. (A ORDEM, 29/04/1944, p.1).

         Para se chegar a Estação Experimental do Jiqui se podia tanto ir pela estrada da Base Aérea de Parnamirim como pela estrada velha ao lado direito da Estrada de Ponta Negra.

Em 1949 a atividade da Estação Experimental de Fruticultura do Jiqui constava  aviários, culturas de fibras (agave) pomicultura e iniciado a criação de caprinos.

O complexo de edifícios da Estação Experimental de Fruticultura Tropical do Jiqui constava de 1 casa para diretor, 1 casa para o escriturário, 1 casa para escritório, , 1 galpão para máquinas, 1 casa para auxiliar, 1 casa para usina elétrica, 1 casa para o motorista, 1 casa para o feitor, 2 vilas operárias, 2 casas para operário, 1 prédio para fábrica de beneficiamento de agave, 1 casa para o avicultor, 1 aviário. (A ORDEM, 26/11/1949, p.5).


Aspectos da Estação Experimental do Jiqui.Fonte: Revista da Semana, 19/10/1940,p.25.


sábado, 30 de outubro de 2021

OS PRIMEIROS NASCIMENTOS NA MATERNIDADE DE NATAL


       De acordo com o jornal A Ordem a Sociedade de Assistência Hospitalar, mantenedora da Maternidade de Natal havia estabelecido prêmios de 5 mil cruzeiros, 3 mil cruzeiros e 2 mil cruzeiros para os 3 primeiras crianças nascidas com vida na nova maternidade de Natal.

       O primeiro nascimento ocorreu 15/02/1950 as 10h00 da manhã, tomando a criança o nome de Ivete, filha de Elita Elima da Silva, que era lavadeira no Tirol. Pesou a menina 3 kg e mediu 51 centímetros.

     O segundo nascimento ocorrido foi de um natimorto, que apesar de todos os esforços nada foi possível fazer. Ficou assim em branco o segundo lugar que foi ocupado pouco tempo depois por uma criança que tomou o nome de Januário, filho de João Fernandes de Araújo e sua esposa Virgília Fernandes de Araújo. Era um prematuro de 7 meses, pesou 2,25 kg tendo 45 centímetros, ”está em forma apesar da pressa em vir ao mundo” (A ORDEM, 16/02/1950, p.4).

         O quarto nascimento e, portanto, o terceiro a receber o prêmio estabelecido pela Sociedade de Assistência Hospital foi que provavelmente teria o nome de Vicente, filho de Daniel Minervino e Eunice Alves Ferreira, naturais de Goianinha, de onde chegara a mãe da criança que teve que se submeter a uma cesariana. ”A criança nasceu aparentemente morta, mas graças ao oxigênio e outros recursos modernos, entrou a chorar dando provas de que queria viver”. (A ORDEM, 16/02/1950, p.4).

         Se vivos estão os 3 primeiros nascidos na Maternidade Januário Cicco atualmente contam 71 anos de idade.

Maternidade Januário Cicco, Natal.


sábado, 23 de outubro de 2021

DA AGONIA A EXTINÇÃO DO RAMAL LAJES-SÃO RAFAEL


        Pra inicio de conversa, na realidade o trecho entre Lajes e São Rafael não era uma ramal propriamente dito, ele fazia parte da linha tronco da EFCRGN desde seus projeto original de 1904.

Ocorre, pois, que a construção dessa ferrovia foi toda esfacelada, devagar quase parando, que os trechos que foram feitos ao longo do tempo ficaram sendo conhecidos por ramais, sem nunca terem sido de fato. O trecho em questão teria seu término na cidade de Caicó, de acordo com o projeto original, coisa que nunca ocorreu, tendo os leito ficado pronto até as margens do rio Piranhas, no atual município de Jucurutu.

O inicio da agonia do trecho Lajes-São Rafael

         Até abril de 1963 havia aumentado em 17 milhões de cruzeiros a receita do setor de carga do ramal Lajes-Macau, pertencente a Rede Ferroviária do Nordeste-RFN, que por sua vez era uma das subsidiárias da RFFSA. Tais aumento ocorreram depois de melhoramentos realizados sob a orientação da RFFSA.

Os resultados obtidos no transporte de sal despertaram o interesse de representantes da RFFSA, SUDENE e  até da ONU, que examinaram em conjunto um plano de investimentos de 300 milhões de cruzeiros, capaz de carrear a média de mil toneladas daquele produto, com um aumento de 30 milhões de cruzeiros num ramal considerado até então deficitário. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 16/06/1963, p.8).

         Outro ramal (trecho, melhor dizendo) que estava paralisado era o de São Rafael a Lajes, que entrou em pleno funcionamento naquele ano de 1963 com carros de lastro transportando blocos de mármores até o Recife e retornando ao Rio Grande do Norte carregados de postes Cavan.

As locomotivas a diesel já estavam sendo empregadas no transporte de cargas e passageiros. Aumentando assim ao máximo a rentabilidade dos serviços naquela zona.

Foi assim, que o transporte de sal no ramal de Lajes a Macau deu um fôlego de sobrevivência ao trecho moribundo de São Rafael a Lajes, considerado já deficitário  6 anos após a abertura do tráfego, em 1957. Por isso o trecho entrou na lista dos ramais considerados antieconômicos da RFFSA e teria que ser erradicado

O ministério da viação confirmou em 27/05/1964 que foram extintos 2.080 km de ramais ferroviários considerados antieconômicos que representaria uma economia de 22 milhões de cruzeiros.(DIÁRIO DE NATAL, 27/05/1964, p.2). Esses ramais eram Leste Brasileiro (216 km), Viação Férrea Rio Grande do Sul (168 km) e Rede Ferroviária do Nordeste (308 km), entre outros. 

De acordo com o jornal Diário de Natal, o então governador Aluízio Alves  havia dito que em resultado de seu trabalho, concordou o general Afonso Albuquerque, diretor da RFFSA, em manter o trecho ferroviário de Lajes a São Rafael que seria suprimido, de acordo com a política do governo federal de supressão de ramais deficitários.O diretor da RFFSA concordou ainda em reforçar as condições do material rodante do trecho Lajes a Macau, com vistas no escoamento de sal via o porto de Natal, serviço a ser custeado pela SUDENE. (DIÁRIO DE NATAL, 31/07/1964, p.4).

Já em 1966, segundo o jornal O Poti, o Rio Grande do Norte iria perder 45 km de estradas de ferro com o fechamento em breve do ramal Angicos a São Rafael em vista do parecer da Comissão Regional para Erradicação de Ramais Antieconômicos da RFFSA. (O POTI, 01/05/1966, p.2).

Depois da desgraça feita, aparecem os “salvadores da pátria” com soluções, como foi o caso do deputado estadual Dary Dantas cujo requerimento aprovado na Assembleia Legislativa solicitava que fosse feito apelo ao ministro dos transportes para que não somente não encerrassem as atividades do ramal São Rafael a Lajes, mas ampliasse a ligação de São Rafael a Patos, na Paraíba, obedecendo um antigo traçado da EFCRGN que teria também como escalas as cidades de Jucurutu, Caicó e São João do Sabugi. O deputado Asclepiades Fernandes também subscreveu esse requerimento. (O POTI, 03/12/1967, p.3).

Em 28/04/1966 o escritório regional da RFFSA em Natal havia informado a reportagem do Diário de Natal que não havia chegado nenhuma comunicação oficial a respeito da extinção do ramal ferroviário entre Lajes e São Rafael. (DIÁRIO DE NATAL, 28/04/1966, p.2), a informação vinha sendo divulgada pela imprensa de Recife dentro do plano de supressão dos ramais considerados deficitários.

      De acordo com as informações repassadas ao citado jornal naquele trecho ferroviário estava havendo uma grande movimentação no transporte de cargas, principalmente de animais destinados ao abate para consumo de carne da capital potiguar.O informante adiantou ainda que nenhuma proposta havia sido encaminhada a administração central sobre a extinção daquele trecho ferroviário.

          Em 21/03/1967 conforme aviso de horários de trens da semana santa daquele ano ainda constava o trem destinado a São Rafael. (DIÁRIO DE NATAL, 22/03/1967, p.4).Indicando assim que ainda havia atividade naquele trecho mesmo com os rumores de seu fechamento.Porém, a sorte do trecho ferroviário em questão estava já determinada e ele ser extinto. 

       Em setembro de 1967 o engenheiro Fernando Bezerra, do DER, conseguiu junto ao DNER, a aprovação de verbas destinadas a construção de estradas pavimentadas nos trechos Mossoró-Porto Franco e São Rafael-Angicos, no valor de 320 mil cruzeiros novos. (DIÁRIO DE NATAL, 12/09/1967, p.6).Estas estradas iriam substituir os ramais deficitários. Era o inicio do fim das ferrovias potiguares.

         Ainda de acordo com o Diário de Natal naquele ano haviam sido transportadas 80 toneladas de mármore de São Rafael para Salvador, com dois trens em 11 dias. Por caminhão teria que ser utilizado uma frota que não faria o percurso em menos tempo.Mesmo assim persistia a propaganda negativa feita pelo próprio governo federal para a supressão de ramais ferroviários em favor da construção de estradas e do estimulo a industria automobilística.

         Naquele ano de 1967 foi feito ainda um desvio de 8 km de extensão a partir da estação Soldado Alberino até as salinas de Macau possibilitando o carregamento de sal, sem utilizar caminhões.Havendo mercado para o sal, voltaria a estrada de ferro a ter o que transportar.

         17/11/1967 o Diário de Natal escreveu que estava sendo estudada pela Rede Ferroviária do Nordeste o problemas do fechamento do trecho ferroviário de Lajes a São Rafael, numa extensão de 92 km, considerado pela direção da RFN como antieconômico.

     O trecho havia sido vistoriado por dois engenheiros da RFN que realizaram levantamento da situação do trecho, observando o mercado de transporte de cargas que abrangia o mármore de São Rafael, o gado proveniente de Angicos para abate em Natal e o algodão de Fernanco Pedroza.

        O engenheiro Marco Aurélio Câmara Cavalcanti de Albuquerque, diretor da RFN, disse ao referido jornal que caso viesse a ser decidido o fechamento do ramal, deveria ser construída uma rodovia entre os dois municípios, a fim de assegurar as comunicações entre Lajes e São Rafael.Quanto ao pessoal que trabalhava no trecho a ser erradicado eles seriam distribuído nos ramais de Lajes a Macau e Lajes a Natal onde havia carência de pessoal na via permanente.

         O referido engenheiro havia dito ainda que o trecho já era alvo de estudos anteriores com vistas ao seu fechamento, mas que a superintendência da RFFSA se preocupava em dar solução ao caso que atendesse aos interesses da RFFSA e do Estado, e que mesmo se fosse determinado o fim do tráfego entre Lajes e São Rafael não seriam arrancados os trilhos, o que possibilitaria uma futura autorização de tráfego quando oferecidas melhores condições de rentabilidade para a RFFSA. (DIÁRIO DE NATAL,17/11/1967,p.3).

        Conforme anúncio de horários de trens divulgado no jornal Diário de Natal em 10/04/1968 os trens de passageiros estavam circulando até São Rafael. (DIÁRIO DE NATAL, 10/04/1968, p.2).

O golpe de misericórdia

      Em 1969 o diretor do DER, o engenheiro Fernando Bezerra, autorizou ao Sr. Carlos Alberto Liberato (que se encontrava no Rio de Janeiro lhe representando) a assinar o convênio com o DNEF que iria delegar ao DER o trecho ferroviária de São Rafael a Jucurutu o qual seria transformado em rodovia, numa extensão de aproximada de 30 km no valor de 1.200 cruzeiros novos.

          Em 20/05/1969 o diretor do DER, o engenheiro Fernando Bezerra, viajou pelo interior do estado a fim de inspecionar diversas obras rodoviárias do governo do Estado, onde “se deslocará até Angicos para observar o andamento das obras de construção da rodovia Angicos-São Rafael, construído pelo DER, em substituição ao ramal deficitário da Rede Ferroviária Federal”. (DIÁRIO DE NATAL, 20/05/1969, p.2).

O fim

         De acordo com o jornal Diário de Natal em 20/08/1969 o trecho já havia sido extinto e o DNER já havia delegado ao DER a construção da rodovia que vinha sendo executada pelo governo do Estado.Enquanto isso a RFFSA continuava com o tráfego até ser concluída a rodovia. (DIÁRIO DE NATAL, 20/08/1969, p.7).

        A rodovia que substituiu o ramal ferroviário extinto da Rede Ferroviário do Nordeste, ligando São Rafael a Angicos, foi inaugurada em 02/05/1972 as 14h00 pelo ministro dos transportes cel. Mário Andreazza (DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1972,p.10).

         O ministro percorreu toda a extensão da rodovia acompanhado de assessores, do representante do governo do Estado e do diretor do DER. Durante a inspeção, o ministro parou sobre a ponte do rio Caraú, e na ocasião, o engenheiro da empresa construtora prestou os esclarecimentos técnicos, à medida que o ministro ia perguntando. Diretor do DNEF, ficou satisfeito como os trabalhos realizados considerando a rodovia Angicos – São Rafael um padrão para todas as rodovias substitutivas dos ramais deficitários.

Em 1975 as antigas estações de São Rafael, Angicos, Fernando Pedroza, São Miguel, Jardim e Pedra Preta já estavam fechadas.

No tocante a estação de São Rafael ela despareceu por completo, assim como toda a cidade, submergida pelo enchimento do lago da barragem Armando Ribeiro Gonçalves em 1984.

O trecho rodoviário entre Lajes e São Rafael é feito atualmente pela BR-304, já de São Rafael a Jucurutu pela RN-118. Foram estas as rodovias construídas em substituição ao ramal ferroviário.


Estação de São Rafael já desativada na década de 1980

Estação de São Rafael, década de 1950.



Estação de São Rafael, 1958.Enciclopédia dos Municípios, IBGE,1958.


Estação de São Rafael, 1980.



Recorte do jornal Diário de Natal de 1968 constando ainda a circulação de trens entre Natal e São Rafael.


Ruínas da estação de São Rafael que apareceram com a seca ocorrida na barragem em 2013.

Trecho rodoviário entre Lajes e São Rafael.

Trecho rodoviário entre São Rafael e Jucurutu.


domingo, 3 de outubro de 2021

O DIA QUE A CÂMARA DE ESTREMOZ EXULTOU DE JÚBILO POR DOM PEDRO II TER ASSUMIDO O IMPÉRIO


A Câmara Municipal da Vila de Estremoz, na Província do Rio Grande do Norte exultou de júbilo e concebeu as mais bem fundadas esperanças por ter Sua Majestade Dom Pedro II assumido a plenitude dos poderes que pela constituição do Estado lhe competiam em 23/07/1840. Conforme o documento que fora enviado da Câmara de Estremoz para registro do fato no Correio Oficial do Rio de Janeiro:

"O Brasil de novo se encadeará na senda da brilhante carreira que lhe está designada pela Providência. Felizmente este acontecimento veio dissipar o medonho aspecto dos males, que estavam iminentes: graças a Divina Providência, já nos é dado anteolhar o nosso horizonte político desassombrado de tais névoas, já contamos com mais garantias para a estabilidade de nossa Santa Religião, para a Monarquia Constitucional, finalmente para a união e integridade do Império Brasileiro". (CORREIO OFICIAL, 09/10/1840, p.1-2).

         Dizia ainda o citado documento que a Câmara de Estremoz penetrada de tais sentimentos, que qualificava como verdadeiramente patrióticos, depois de congratular-se por tão fausto acontecimento se apressava a se manifestar por meio da imprensa rogando que se fizesse presente ao Imperador e aos ministros e fazer-lhes sentir que a Câmara Municipal de Estremoz tinha por norte a Lei, distintivo de honra.

         O documento foi enviado do Paço da Câmara Municipal da Vila de Estremoz em sessão extraordinária de 19/08/1840 tendo sido o mesmo endereçado ao ministro de Estado de Negócios do Império, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva.

        Assinaram o referido documento Manoel Varela do Nascimento, Francisco da Rocha Bezerra Junior, Felipe Varela Santiago, Francisco de Paula Paiva, Francisco Bernardo de Gouveia, Francisco de Paula Soares da Câmara e Francisco de Souza Xavier, que eram os 7 membros da Câmara Municipal de Estremoz.

Coroação de Dom Pedro II

Juramento de Dom Pedro II





A Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz em cartão postal de 1914.

UM ADENDO SOBRE A TOPONÍMIA DE ESTREMOZ

 

        Antes de prosseguir sobre notas históricas do município de Estremoz devo fazer esse adendo sobre a toponímia e grafia correta do vocábulo Estremoz.

      A origem do município de Estremoz no Rio Grande do Norte deu-se a partir de 1755 com uma lei promulgada pelo primeiro ministro do Reino de Portugual, o Marquês de Pombal, na qual aboliu todos os nomes de origem indígena em todo território do Brasil sendo os mesmos substituídos por topônimos de municípios, vilas e povoados de origem portuguesa.

        Assim, a antiga aldeia indígena de São Miguel do Guajiru foi transmutada para Vila Nova de Estremoz. Estremoz é vila do Alentejo em Portugal. O cumprimento da lei pombalina deu-se em 03/05/1760 com a instalação oficial do município da Vila Nova de Estremoz.

     Segundo Câmara Cascudo o nome de Estremoz no Rio Grande do Norte deve ser tal qual como se escreve em Portugal (quem somos nós, pobres mortais para discordar do Mestre!).

      A origem toponímica de Estremoz é esta e não há e nem se concebe outra. É sem sentido, fora de propósito, anti-histórico, anti-geográfico e antigramatical querer dá versões escabrosas e esdrúxulas para a origem do município de Estremoz no Rio Grande do Norte.

     A grafia correta deve ser, pois, tal qual se escreve em Portugal “ESTREMOZ” com se vê nos prédios públicos da Câmara do Conselho de Estremoz em Portugal e  não “EXTREMOZ” como se vê grafado nos prédios da Câmara Municipal e Prefeitura de Estremoz no Rio Grande do Norte.

    É inconcebível que a Câmara, a Prefeitura e, sobretudo os professores propaguem um erro elementar como esse na qual em nada contribui para a educação do município a não ser perpetuar um erro histórico e geográfico.

         É preciso que a Câmara Municipal de Estremoz atente para esse fato e revisem a forma correta de se escrever o nome do município, pois até em documentos oficiais públicos se escreve o nome errado do município.

Print do satélite do Google onde se vê a grafia do vocábulo Estremoz em Portugal



Print da página oficial da Câmara Municipal de Estremo em Portugal.https://www.cm-estremoz.pt/


Print de texto oficial da página da Câmara Municipal de Estremoz em Portugal.https://www.cm-estremoz.pt/pagina/camara-municipal/caracterizacao-geral


Folder turístico de Estremoz em Portugal, notem a logomarca do folder com a grafia do nome da cidade.https://www.visitevora.net/visitar-estremoz-alentejo/

  

Print da página oficial da Prefeitura do município de Estremoz no Rio Grande do Norte.https://extremoz.rn.gov.br/

Print da pagina oficial da Câmara Municipal de Estremoz no Rio Grande do Norte.http://camaramunicipaldeextremoz.rn.gov.br/

O erro ortográfico se repete nos letreiros da fachada da Câmara Municipal de Estremoz-RN.



O erro ortográfico se repete também no letreiro da fachada da Prefeitura de Estremoz-RN.



E se repete também no letreiro do pórtico da entrada da Cidade.

        

 


sábado, 2 de outubro de 2021

A VIDA POLITICA E ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE ESTREMOZ #3

 

“E pela hora do crepúsculo saudoso, como em profética visão, eu vi Estremoz renascer como Fênix, das suas cinzas, transformada no pomar festivo da cidade, no celeiro farto do povo, em estância preferida do verão”.

Dom José pereira Alves, 3º bispo de Natal.




      O relatório do ministério do império de 1855 dizia sobre a aldeia indígena de Estremoz que nada se podia dizer dela por falta de informações. (RELATÓRIO, 1855, p.152).

De acordo com o relatório do ministério do império havia no município de Estremoz 12 léguas quadradas de terras devolutas no lugar Ceará-Mirim principiando do Poço Branco a limitar-se a rumo Norte a Sul com o termo de Touros.  Brasil. (MINISTÉRIO DO IMPÉRIO: RELATÓRIO DA REPARTIÇÃO DOS NEGÓCIOS DO IMPERIO (RJ) – 1855,  p.10).

Ainda naquele ano foi marcada para o dia 30/08/1855 a abertura do júri em Estremoz.

         Em 1856 o município enfrentava a epidemia do Cólera que naquele ano dentre as inúmeras vitimas fatias havia acometido o juiz municipal suplente, José Soares, o subdelegado,  Miguel Rufino, José Coelho de Souza, tio do vigário de Estremoz e outras pessoas importantes do lugar. (O CEARENSE, 02/05/1856, p.3).

         Em Estremoz a mortalidade por Cólera foi espantosa, tendo o município recebido pequenos socorros, porém quando o presidente da provincia havia designado dois médicos em meados de abril de 1856 a epidemia já declinava bastante, sendo que quando no dia 25/04/1856 chegaram em Estremoz 3 médicos já não era mais necessário.

         Em 24/06/1857 tinha retornado a Capital potiguar o chefe de policia da província que fora a Estremoz por ordem do presidente da província para instaurar o processo pelo assassinato do ex-delegado de policia daquele termo, Antonio de Goes e Vasconcelos Borba. (DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO, 24/06/1857, p.1).

         Em 03/01/1858 o vigário da vila de Estremoz havia se evadido da prisão em que se achava o qual pela segunda vez já havia sido absolvido pelo júri daquela vila por crimes que se dizia haver ele cometido. O motivo da fuga segundo o jornal Diário do Rio de Janeiro foi ter o juiz de Estremoz apelado da decisão do júri. (DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO, 03/01/1858, p.1).

         Já a sessão do parlamento de 12/06/1858 registrou o fato de uma condenação a morte no termo de Estremoz após julgamento réus acusados pelo assassinato do delegado do referido termo, Antonio de Goes Borba, tendo o crime três acusados, dos quais, dois foram considerados autores e um cúmplice, tendo o juiz de direito condenado todos a morte.

         Segundo o registro do parlamento o juiz de Estremoz “denotou a mais crassa ignorância do nosso direito, porquanto o código criminal, disponde que a cumplicidade seja punida com a terça parte da pena imposta ao crime, determina expressamente, quando esta for de morte seja imposta ao cúmplice a pena de galés perpétuas”.

         O juiz ainda foi acusado pelo orador do parlamento de ser falsificador: “tenho aqui documentos de duas sentenças por ele proferidas no júri,e por ele mesmo falsificadas depois”. (ANAIS...,1858, p.124).

         Não encontramos nas demais fontes consultadas os nomes dos autores do citado crime e se os mesmos foram sentenciados  a penas capital ou tiveram a sentença modificada. Em 1858 era juiz municipal suplente de Estremoz, Manoel Leopoldo Raposo da Câmara.

Em 1858 constavam 28 alunos em Estremoz (FALA...,1858, p.52).

E assim temos um dos últimos registros que dizem respeito a Estremoz como sede municipal, doravante a sede seria transferida para a povoação de Boca da Mata elevada a categoria de vila com a denominação de Vila do Ceará-Mirim.


Aspectos de Estremoz em 1914.


Aspectos de Estremoz em 1938.




A VIDA POLITICA E ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE ESTREMOZ #2

 

“E pela hora do crepúsculo saudoso, como em profética visão, eu vi Estremoz renascer como Fênix, das suas cinzas, transformada no pomar festivo da cidade, no celeiro farto do povo, em estância preferida do verão”.

Dom José pereira Alves, 3º bispo de Natal.



       O jornal potiguar O Jaguarari registrou em 12/04/1851 que o chefe de policia da província fez abortar o célebre processo de sedição de Estremoz, na qual segundo o referido jornal: “acreditamos que não dará as mãos a esses estonteados para a realização de um ato igualmente iníquo e imoral. (O JAGUARARI, 12/04/1851, p.4).

         Nada mais conseguimos apurar sobre essa sedição em Estremoz, sabendo que o mesmo era um dos municípios que eram elogiados pela sua tranquilidade e por isso estranho tal caso de sedição, que só se justifica pelas disputas políticas existentes a época.

         O Correio da Tarde registrou que no dia 26/10/1851 foi assassinado no lugar denominado Picada, termo de Estremoz, José Ambrósio por Francisco Damião. (CORREIO DA TARDE, 17/11/1851, p.4).

Sobre a cadeia da vila de Estremoz em 1851 escreveu o presidente da província que a mesma ameaçava ruir “e quanto mais demora houver no conserto, mais caro custará a ele”  (FALA...,1851, p.6).

Em  1851 o Pe.  Candido José Coelho exercia também a função de Juiz de direito em Estremoz (FALA..., 1851,p.13), já Targine Antonio Gonçalves constava como professor naquele ano de 1851 (FALA..., 1851, p.14).

         Em 15/02/1852 o jornal O Cearense registrou que o padre Cândido de Estremoz era um dos  deputados provinciais. (O CEARENSE, 15/02/1852).

         Segundo o jornal O Liberal Pernambucano o procedimento dos juízes suplentes de Estremoz estava desgostando sobremodo o vigário daquela freguesia, o Pe. Candido Varela, por ver que seu antagonista estava decepando a sua influência e burlando seus planos.

         Ainda de acordo como referido jornal o Dr. Loló estava iludindo a todos com promessas lisongeiras com abraços e meiguices, “vai zombando dos pobres crédulos, que se deixam fascinar pelo coral e belos louvores da serpente venenosa” (O LIBERAL PERNAMBUCANO, 20/06/1853, p.2).

         O jornal O Cearense registrou em 26/05/1854 que em Cajueiro, do termo de Estremoz, uma escolta do delegado barbaramente assassinou a um velho de mais de 70 anos tendo o cadáver remetido a Natal para ser vistoriado.O delegado foi demitido e nada foi mandado proceder contra os assassinos do idoso. (O CEARENSE, 26/05/1854, p.3).

O aviso de 13/02/1854 e repetido em 12/10/1854 determinava que os presidentes das províncias informassem sobre a existência de terras devolutas com declaração de suas circunstâncias relativamente à colonização. E foi assim que se teve inicio a ocupação em larga escala do vale do rio Ceará-Mirim.

Segundo o Diário de Pernambuco em outubro de 1854 um individuo morador na Picada do Ceará-Mirim houve por parte de um pai uma ordem de prisão contra o filho a quem acusava de ser ladrão de seus cavalos, animais estes que o filho havia ganhado da madrinha quando criança e quando adulto foi o mesmo expulso de casa pelo pai que exigiu em ação judicial a posse dos animais.Na execução da ordem de prisão foi o filho ferido mortalmente. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 03/11/1854, p.2).

         O mesmo jornal registrou ainda que na Alagoa do Xavier, também da Picada do Ceará-Mirim, termo de Estremoz, um individuo deu um tiro em uma mulher que felizmente não foi mortal. Já no dia 21/10/1854 foi ferido com um tiro no lugar Jaçanazinha, Alexandre de tal, e ficou em risco de vida.

         Segundo o referido jornal: “o termo de Estremoz que sempre gozou os foros de um dos mais pacíficos da província, vai tornanado-se respeitável pela reprodução dos fatos dessa ordem”, os quais não se sabia em que se atribuir tantos crimes visto que as autoridades continuavam diligentes na captura de criminosos.

No relatório de 1854 constavam 69 alunos matriculados na escola primária do sexo masculino de Estremoz. (RELATÓRIO..., 1854, p.16).

De acordo com o relatório do presidente da província de 1854 estes eram os engenhos de moendas de ferro e engenhocas existentes no município de Estremoz:

No de ordem

Engenho/engenhoca

 

Limoeiro

1

Pedregulho

2

Morrinhos

3

Mucuripe

4

Cumbe

5

Verde Nasce

6

Capela

7

Carnaubal

8

Porão do Norte

9

São Francisco

10

Rio Novo

11

Torre

12

Laranjeira

13

Timbó

14

Vilar

15

Massangana

16

Nascença

17

Idem

18

Olho d’Água

19

Canto do Arroz

20

Boca da Mata

21

Tamanduá

22

Rio do Meio

23

Jacoca

24

Barra

Fonte: Relatório..., 1854, p.37.

 




Ruínas da Casa de Câmara e Cadeia de Estremoz.