quinta-feira, 26 de julho de 2018

A DESOBSTRUÇÃO DO RIO CEARÁ-MIRIM EM 1910

      A desobstrução do rio Ceará-Mirim foi uma obra da Inspetoria de Obras Contra as Secas-IFOCS, atual DNOCS ( departamento Nacional de Obras Contra as Secas) na 2ª seção de Natal no ano de 1910 para aproveitamento das águas e uso racional das terras do vale cujo produtores do vale do rio Ceará-Mirim reclamavam das constantes inundações no vale.

Visita do governador Alberto Maranhão ao rio Ceará-Mirim
              
    Na foto a cima vê-se o governado Alberto Maranhão em visita de inspeção as obras de desobstrução do rio Ceará-Mirim em 1910.Na época da visita o canal provisório tinha 0,80cm de profundidade e 9,0m de largura e 1,8 km de extensão. A obra tinha por finalidade o rompimento da coroa dos Passarinhos para o escoamento do bacia do Periperi.A coroa dos Passarinhos era um dique natural que represava as águas do rio por muitos quilômetros o que impedia o aproveitamento de grande extensão das terra férteis do vale


Aspectos da obras do canal do rio Ceará-Mirim

          


    Aspecto do canal aberto pela IFOCS. O canal foi aberto para o escoamento das águas do rio Ceará-Mirim e tinha 6 km de extensão, 20 metros de largura e 1,40 metros de profundidade em média.


     Aspectos do canal do rio Ceará-Mirim

              

    Na foto um turma de 60 operários que trabalharam na obra da abertura do canal, aqui na margem esquerda do rio.


Visita de inspeção as obras do canal do rio Ceará-Mirim
                    
    Visita as obras de abertura do canal do rio Ceará-Mirim na imagem aparecem o engenheiro  chefe Júlio Praxedes, engenheiro encarregado da obra R. Pereira Da Silva e o governador Alberto Maranhão.A foto foi tirada na reta do canal no lugar denominado ponte.







Fonte: Arquivo Nacional.

ASPECTOS DE NATAL EM 1910.


   As imagens a baixo mostram as obras da Inspetoria de Obras Contra as Secas-IFOCS, na 2ª Seção de Natal e revelam aspectos da capital potiguar em 1910.

           Arredores de Natal

     A falta de água nos arredores de Natal obrigava as lavadeiras a abrir pequenas cacimbas na areia próximo as praias.


       Poço da escola aprendizes marinheiros


    O   Poço tubular para abastecimento da Escola de Aprendizes Marinheiros em Natal tinha a profundidade  de 51,50m , 5,58’’ de diâmetro e descarga diária de 86.400 litros.


                                         Poço da rua Assu


     O poço da rua Assu tinha 45m de profundidade, 6’’ de  diâmetro e descarga diária de 72.000 litros e foi perfurado para atender a população pobre do bairro.Sim havia pobres no bairro de Petrópolis em Natal no inicio do século XX.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

O ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA NA DÉCADA DE 1930



       As imagens a seguir do arquipélago de Fernando de Noronha foram extraídas das revistas  O Malho, Fon Fon e Excelsor entre os anos de 1930, 1931, 1932, 1938.


Igreja matriz da Vila dos Remédios, 1938.

Desembarque na ilha, 1931.

Casa do diretor do presidio e praia de Fernando de Noronha, 1930.




Vista da Vila dos Rémedios, 1932.


vista da Vila dos Remédios, Fernando de Noronha, 1938.

igreja matriz da Vila dos Remédios, 1931.




Vista do presidio de Fernando de Noronha, 1930.

Vista do presidio de Fernando de Noronha, 1931.

matriz da Vila dos Remédios, 1930.


Detalhes do forte, 1938.

Portão principal do forte


O dirigivel Zepellin passando por Fernando de Noronha, 1932.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

CÂMARA CASCUDO E AS IGREJAS DO RN NA DÉCADA DE 1930


      Uma mania de remodelação de prédios antigos, incluindo igrejas coloniais estava se propagando no Brasil pelos idos da década de 1930 e o Rio Grande do Norte não escapou ileso a esse (des)movimento em desfavor da arte.
         Com essa onda de reformas as igrejas do interior passaram a não apresentar mais a fisionomia de suas arquiteturas originais.
         Em 1934 Câmara Cascudo em companhia da caravana do então Interventor Federal (governador) Mário Câmara esteve em visita ao interior do estado, ao retornar escreveu no jornal A República uma serie de crônicas de sua viagem nas quais falou sobre as igrejas potiguares de então. Eis o que ele escreveu:
         De todos os templos que visitei no Estado (nos 37 municípios que conheço quase todos são incaracterísticos e já não podem ser apontados como estilos. São testemunhas de várias tarefas de conserto onde as mais mãos desviaram de seu trilho o espírito arquitetural daquelas capelas seculares.
         A igreja de Patu é ainda uma capelinha, mas sem fisionomia. A de Augusto Severo[1] severa, pesada, maciça, recorda o românico em sua fase inicial. A de Caraúbas é tipo comum das igrejas “conservadas”. É moderna. As de Luis Gomes e Pau dos Ferros guardam traços deliciosos. A primeira é interessante com suas torres quase quandragular e lisas, sem ornato, nuas e álgidas, dando um aspecto de sisudez hirta. A de Pau dos Ferros é mais imponente com seu frontão singelo mais equilibrado.
         A imponência da igreja de São Sebastião[2] não encontra rivalidades nem com a Matriz de Mossoró. Todas perdem para a nobre simplicidade da capelinha de Nossa Senhora dos impossíveis, no cimo da Serra do Lima (em Patu), barroco pobre, sem decoração, sem enfeite, sem conchas e golfinhos, com um recorte triste numa frontaria branca e melancólica  de ermida colonial.Mas é acolhedora em sua pobreza mística.Sente-se a atmosfera pura da linhas erguidas com  o desejo religioso.Vê-se que foi um trabalho feito por promessa e modificado posteriormente sem que a construção perdesse a seu ar recatado e humilde de eremitério cenobitico e de pouso de oração silenciosa.
         Com relação a outras igrejas do interior do Rio Grande do Norte disse Câmara Cascudo: Assu, Ceará-Mirim, Mossoró, Caicó, não tem história em suas paredes, vinte vezes alteradas.Tanto podiam estar no nordeste brasileiro como na Austrália.Nada tem de nós porque as despojaram de sua herança de cem anos.
         Basta recordar que Natal só possui uma igreja digna de conservação. É a igreja de Santo Antônio, feita em 1766, num barroco jesuítico impressionante e distinto. Vivo tremendo com a ideia de uma “reforma”, de uma “melhoria”, naquele frontão que viu o amanhecer da Cidade.
         O enxerto dessa crônica de Câmara Cascudo foi publicado no jornal Diário de Pernambuco na edição do dia 22.06.1934, p.3.
         A baixo algumas igrejas citada por Câmara Cascudo nesse texto e como ele as viu na época em que fez a referida viagem.

                                             Catedral de Mossoró

          Justamente no ano da viagem e da publicação da crônica cascudiana a igreja matriz de Mossoró foi elevada a dignidade de catedral diocesana com a criação da Diocese de Mossoró em 1934.A arquitetura da igreja, no entanto, já havia sofrido as modificações de que fala Cascudo como o frontão, as torres e o acréscimo da cúpula, são as "vinte vezes remodeladas" que fala Câmara Cascudo.ao visitar a cidade de Mossoró em 1934 a igreja em nada parecia com a igreja original da cidade de outrora.

                                                            igreja matriz de Assu

       É uma das igreja mais antigas do estado do Rio Grande do Norte, porém "vintes vezes alterada" usando a expressão de Câmara Cascudo.

                                                              Catedral de Caicó
  
          A época da viagem de Câmara Cascudo o bispado de Caicó ainda não havia sido criado.Esta é a igreja matriz de Caicó em 1936, 3 anos antes de ser elevada a dignidade de catedral diocesana.A arquitetura ainda era a anterior as reformas por qual passaria posteriormente, exibindo nessa imagem a configuração românica colonial na fachada e apenas uma torre ( na década de 1940 foi erguida a segunda torre). foi dessa forma que Câmara Cascudo a viu em sua viagem que segundo ele a matriz de Caicó também já havia sido "vinte vezes alterada".

                                                            Matriz de Caraúbas

           Segundo Câmara Cascudo a igreja matriz  de Caraúbas é (era) tipo comum das igrejas “conservadas”.supomos que a expressão usada por Cascudo se refira ao fato de a igreja ainda conservar seus traços arquitetônicos originais.No entanto a igreja de São Sebastião nem sempre teve essa conformação sendo visíveis os acréscimos que nelas foram postos como o aumento do corpo da igreja, a torre sineira e a outra torre "falsa" inacabada.

                               igreja matriz de Ceará-Mirim
         Outra igreja que segundo a expressão cascudiana foi "vinte vezes alterada".De fato a igreja de Nossa Senhora da Conceição teve alterações em suas características arquitetônicas.O frontão e a fachada neoclássicas contrastam com as torres góticas em formato de agulhas.Nem por isso tira dela o esplendor de sua imponência.

                                                   igreja matriz de Luís  Gomes


      Esta foi a antiga igreja matriz de Luis Gomes vista por Câmara Cascudo em sua viagem em 1934.Apesar de ser uma igreja matriz a conformação arquitetônica mais lembrava uma capela.As características arquitetônicas são conflitantes percebendo que também esta foi alterada ao longo do tempo.

                                               Matriz de Pau dos Ferros 

       Esta é a antiga igreja de Pau dos Ferros que segundo Câmara Cascudo "é (era) mais imponente com seu frontão singelo mais equilibrado"[3].

                           Igreja matriz de Augusto Severo (Campo Grande)

           A igreja matriz de Santana de Campo Grande é antiga também, aqui vista da mesma forma que foi vista por Câmara Cascudo em sua viagem em 1934.





[1] Atualmente Campo Grande.
[2] Câmara Cascudo não especifica qual igreja se refere, supomos seja a de Caraúbas que tem como padroeiro São Sebastião.
[3] O parêntese é nosso.

sábado, 7 de julho de 2018

A CRIAÇÃO DO BISPADO DO SERIDÓ



O bispado do Seridó 
Desde as gestões dos bispos Dom Antônio dos Santos Cabral e Dom José Pereira Alves que se vinha trabalhando para criar as Dioceses de Mossoró e Caicó.
        Coube a Dom Marcolino Dantas a partir da sua posse em 1929 a organização do plano de desmembramento do território da Diocese de Natal em favor da criação de outras Dioceses no território potiguar, sendo a primeira Diocese criada a de Mossoró em 1934.
         já para o bispado do Seridó a cidade escolhida para ser a sede da nova Diocese foi Caicó. A cidade está situada a 220 m de altitude e distante cerca de 300 km da capital do Rio Grande do norte.
      A época da criação da Diocese era bem edificada, destacando-se de seu conjunto arquitetônico a igreja matriz, igreja do Rosário, igreja evangélica, o Paço Municipal, Grupo Escolar Senador Guerra, Hospital do Seridó, Colégio Santa Teresinha, sendo os três últimos recentemente construídos naquela época.
        A população da cidade era de 2.500 conforme os dados do Censo de 1922. em 1927 calculada em 3.500 habitantes.Já o município tinha 25.000 habitantes.

“E Dioceasibus”
Dom Marcolino Dantas recebeu a Bula “E Dioceasibus” de 25.11.1939, por meio da nunciatura Apostólica no Brasil, pela qual era criada a Diocese de Caicó no Estado do Rio Grande do Norte.
Com esse documento vieram também o decreto pontifício de execução, datado de 08.05.1940 e o ato de igual nomeação de Dom Marcolino Dantas como Administrador Apostólico até a escolha e posse do primeiro bispo da nova Diocese.
         Todo o Estado e principalmente a região do Seridó, recebeu com satisfação a noticia da criação pela Santa Sé do Bispado de Caicó.A noticia alvissareira chegou ao conhecimento do bispo de Natal, quando ele fechava horas antes a compra do palacete do Sr. Olavo Medeiros, em Caicó, para servir de Palácio Episcopal do novo bispo.

O território da nova Diocese
       A Diocese de Caicó ao ser criada abrangia toda a região denominada de Seridó na porção centro sul do estado do Rio Grande do Norte a época com apenas 8 municípios e compreendendo uma área de 9.220 km² de extensão.
      Com a criação da Diocese de Caicó ficaram pertencentes ao seu território as paróquias de Caicó, Currais Novos, Acari, Parelhas, Jardim do Seridó, Jardim de Piranha, Flores[1] e Serra Negra[2], integrando-se mais tarde Cruzeta e São Miguel de Jucurutu.
      Foi escolhido para a sede do bispado a cidade de Caicó, doravante denominada cidade episcopal e tendo a igreja matriz de Santa'Ana elevada a dignidade de Catedral.

A instalação da diocese
         Segundo o jornal A Ordem constituiu nota de profunda significação, na festa de Caicó, a instalação solene da nova diocese do Seridó, com a leitura da Bula Pontifícia que criou, no estado do Rio Grande do Norte mais uma circunscrição eclesiástica.A solenidade de instalação da Diocese se revestiu de muito brilhantismo ocorrendo as 09h00 do domingo, antes da missa solene da festa de Santa’Ana.

A Bula da criação da Diocese de Caicó
O jornal A Ordem na edição do dia 27.07.1940, p.1 transcreveu a bula Pontifícia pela qual foi criada a Diocese de Caicó. Eis o texto do referido documento da criação do bispado do Seridó.

                           Bula da criação da Diocese de Caicó
PIO, BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS, AD PERPETUAM REI MEMORIAM
         Das diocese, que pela vasta extensão do território dificilmente podem ser governadas por um só Antistite, embora vigilantíssimo, julgamos oportuno separar uma parte e nela erigir novas Dioceses, para  que, aumentando o número de Pastores, possa o rebanho do Senhor receber frutos mais abundantes.
         Considerando, portanto, estas coisas, e como o conselho dos Nossos Veneráveis Irmãos os Cardeais da Santa Igreja Romana, Propostos a Sagrada Congregação Consistorial, e após o voto favorável do Venerável Irmão Bento Aloisi Massella, Arcebispo Titular de Cesárea, na Mauritânia e Núncio Apostólico na República Brasileira, resolvemos com a melhor boa vontade anuir aos pedidos do Venerável Irmão Macolino de Souza Dantas, Bispo de Natal, o qual Nos pediu que, para maior utilidade dos fieis cristão, fosse separada uma parte do vasto território de sua Diocese, na qual pudesse ser criada uma nova Diocese.
         Suprido, pois, quanto necessário, o consentimento daqueles a quem interessar ou que presumem lhes interessar, pela plenitude de Nosso poder apostólico subtraímos da referida Diocese de Natal a parte do território que compreende duas paróquias existentes no município de Caicó e as paróquias dos municípios de Currais Novos, Acari, Jardim do Seridó, Parelhas, Serra Negra, Flores, e constituímos e erigimos do território separado uma nova Dioceses, que na cidade de Caicó, queremos e decretamos seja chamada Diocese de Caicó.
Os limites desta nova Diocese serão: ao Norte os montes da Serra de Santana, a Leste as serras do Doutor do Ingá e os limites do Estado da Pàraiba; ao Sul e ao Oeste os limites do mesmo Estado.
         Constituímos a sede da mesma Diocese na cidade de Caicó, da qual a mesma diocese, como já dissemos, tomará o nome; além disso, a elevamos à dignidade de Cidade Episcopal e lhe atribuímos todos os privilégios e direitos de que gozam as outras cidades episcopais.
         Fixamos a Cátedra episcopal na Igreja Paroquial dedicada a Deus em honra de Santa’Ana, existente na mesma cidade, e a elevamos ao grau e a dignidade de Igreja Catedral e lhe concedemos e aos seus Bispos todos os direitos, privilégios, honras, insígnias, favores e graças de que gozam e desfrutam, por direito comum, as demais Igreja Catedrais e seus Prelados, e lhes impomos os ônus e as obrigações a que estão sujeitos as outras Igrejas Catedrais e seus Antistites.
         Constituímos, além disso, a Diocese de Caicó, sufragânea da Igreja Metropolitana da Paraíba, e submetemos seus Bispos ao direito metropolitano do Arcebispo da Paraíba.
         Como, porém, as circunstâncias do tempo presente não permitam que nesta nova Diocese seja constituído logo um Cabido de Cônegos, concedemos que por enquanto em lugar dos cônegos sejam escolhidos e nomeados Consultores Diocesanos de acordo com o Direito.
         Mandamos também que, quanto antes, seja fundado ao menos o Seminário Menor de acordo com as prescrições do Código e as normas emanadas da Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades de Estudos, e que também sejam enviados a custa da nova Diocese de Caicó ininterruptamente, dois jovens escolhidos,ou ao menos um para esta alma Cidade, para que sejam educados no Pontifício Seminário Brasileiro, como esperanças da Igreja.
         No que, porém, se refere à Direção, e Administração dessa nova Diocese, a eleição do Vigário Capitular ou de Administrador “sede vacante” aos direitos e obrigações dos clérigos e dos fiéis, e a outras coisas semelhantes que devem ser observadas, ordenamos o que prescrevem os sagrados cânones a respeito.
         Quanto ao clero, determinamos que no mesmo tempo em que as Letras de ereção desta nova Diocese forem executadas, sejam considerados a ela incardinados os clérigos  que legitimamente habitam em seu território.
         Constituirão a Mesa episcopal os emolumentos da Cúria, as ofertas que costuma fazer os fieis, em cujo beneficio foi criada a Diocese, além do que para esse fim já foi reunido.
         Queremos finalmente que os Documentos e Atos referentes a Diocese de Caicó, aos seus clérigos e fieis, sejam entregues pela Cúria da Diocese de Natal a cúria da nova Diocese, para se conservarem em seu arquivo.
         Delegamos para executar tudo que acima foi disposto e constituído, o Venerável Irmão Bento Aloisi Masella, Núncio Apostólico na República Brasileira, acima nomeado, a quem concedemos todas as faculdades para isso necessárias e oportunas, também de subdelegar para efeito, de que se trate, qualquer homem constituído em dignidade eclesiástica, e lhe impomos a obrigação de enviar quanto antes, a Sagrada Congregação Consistorial um autentico exemplar da execução dos Atos.
         Estas presentes Letras e tudo que nelas está contido mesmo aqueles a quem interessar ou que presumirem lhes interessar, dignos embora de menção específica e individual, não tenham sido ouvidos ou não tenham consentido, em tempo algum podem ser controvertidas ou impugnadas por vicio de supressão, opressão, de nulidade ou intenção Nossa, e por qualquer outro defeito, mesmo substancial ou inadvertido, pois, por ciência certa e plenitude do poder feitas e emanadas, ficam e permanecem válidas, obtém a alcançam seus íntegros e plenos efeitos, e devem ser inviolavelmente observados por aqueles a quem se refere; se, pelo contrário, acontecer que se atente algo contra elas, seja por quem for revestido de qualquer autoridade, por ciência ou ignorância, queremos e determinamos que seja inteiramente nulo e irrito, não obstando, enquanto possível, as regras contrarias publicadas nos Concílios Sinodais, Provinciais, Gerais ou Universais, e as Constituições ou Ordenações Apostólicas especiais, e qualquer outra Disposições contarias dos Romanos Pontífices, Nossos Predecessores, mesmo dignas de especial menção, todas as quais derrogamos pelas Presentes.
         Queremos finalmente, que se dê o valor que se dá a estas Letras às suas cópias impressas, se, exibido ou mostrado, contanto que sejam assinadas pelo punho de algum escrivão público e munidas com o selo de um varão constituído em oficio e dignidade eclesiástica.
       A ninguém, pois, é licito contradizer este documento de desmembração, ereção, concessão, sujeição, estatuto, mandamento, delegação, derrogação e vontade Nossa.
         Se alguém, contudo, temerariamente o presumir atentar, reconheça-se ter incorrido na indignação de Deus Onipotente e dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.
         Dado em Roma, São Pedro, ano do Senhor mil novecentos e trinta e nove, no dia vinte e cinco de mês de Novembro, primeiro ano do Nosso Pontificado.
(a) Cardeal Rossi - Secretário da Congregação Conistorial.
Pio Cardeal Boggiani - Chanceler da Santa Igreja Romana.
Jorge Stara Tedde - Adjunto dos Estudos da Chanc. Apost.
Alfredo Viteli - Protonotário Apostólico.
Francisco Anibal Ferretti - Protonotário Apostólico.
Domingo Francini - Escriturário Apostólico.
         Expedida no dia 17 de janeiro, do ano primeiro do Pontificado.
         Pelo Oficial do Selo Pontificio
                    Alfredo Marini
Reg. Na Chencelaria Apostólica vol. LXII, Nº 48
                         Luis Trussardi.

O primeiro bispo 
A Santa Sé escolheu para a nova Diocese de Caicó o monsenhor José de Medeiros Delgado que até a sua nomeação desempenhava a função de pároco da matriz de Campina Grande-PB.
    Conhecidos em todo o nordeste eram os dotes de inteligência e espírito sacerdotal que adornavam o bispo eleito para o bispado caicoense.
       A sagração episcopal do monsenhor José  Delgado realizou-se em 29.06.1941  na Catedral Metropolitana de João Pessoa-PB sendo o bispo sagrante dom Moisés Coelho, arcebispo da Paraiba, tendo como bispos consagrantes dom Marcolino Dantas, bispo de Natal-RNe Dom João da Mata, bispo de Cajazeiras-PB.
    A posse em Caicó foi marcada para o dia 26.07.1941, durante a festa da padroeira de Caicó na catedral da nova diocese.
A Catedral
    Ao ser criada a Diocese a igreja matriz de Santana de Caicó foi elevada a dignidade de Catedral.A baixo o aspecto da igreja matriz de Caicó em 1936 ainda com o aspecto romano colonial da fachada e apenas uma torre, foi com esse aspecto que a igreja matriz foi elevada a Catedral..
       
                 Fonte: O malho, 1936,p.40

Aspectos de Caicó a época da criação da Diocese

      A baixo algumas imagens de Caicó a época da criação da Diocese.
Fonte: O malho, 1936,p.40

Fonte: O malho, 1936,p.40

Fonte: O malho, 1936,p.40

         Nessa imagem aparecem a avenida principal da cidade, o Colégio Seridoense e a residência episcopal, respectivamente.
Fonte:  A noite, 1941.

          Aqui se vê a praça da Liberdade, a Catedral e  a sede da prefeitura respectivamente.
Fonte: A Noite, 1941.





[1] Atualmente Florânea.
[2] A época o município não usava a parrticula ‘do Norte’ como grafado atualmente.

terça-feira, 3 de julho de 2018

AS CATEDRAIS QUE NATAL NÃO TEVE E A ATUAL


   
           A seguir mostraremos os projetos para a nova catedral de Natal que não foram executados. De inicio  cumpre lembrar que todos o desenhos são de autoria de Jônatas Rodrigues que os fez a partir das imagens por nós encontradas nos jornais da época, caso sejam reproduzidos a ele deve ser dado o crédito das imagens.

PROLEGÔMENOS
      A diocese de Natal foi criada pelo Papa Pio X em 29.12.1909, seu primeiro bispo foi Dom Joaquim Antônio de Macedo, potiguar de Goianinha, transferido de Teresinha onde foi empossado como primeiro bispo do Piauí, igualmente o foi no estado potiguar. 
      Geralmente quando se é criada uma diocese a igreja matriz é elevada a categoria de catedral, assim o foi com a igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação situada a praça André de Albuquerque na Cidade Alta em Natal.Esta é a igreja mais antiga de Natal, tendo sua construção iniciada ainda século XVIII.Já no inicio do século XX a cidade de Natal revela um aumento populacional e socioeconômico, porém, as igrejas da capital potiguar tornavam-se diminutas para acolher as pessoas.
       O padre João Maria Cavalcanti de Brito, ou só como é conhecido pe. João Maria, o santo de Natal, iniciou em 1902 a construção da nova matriz de Natal, maior, mais elegante e capaz de tornar-se em anos vindouros a maior igreja de Natal segundo o sonho do referido sacerdote.
          Evidentemente não se tratava de um catedral pois até a morte do pe. João Maria em 1905 a diocese não havia sido criada, coisa que só ocorreu 4 anos mais tarde, no entanto essa igreja seria a nova catedral do bispado.
         A construção foi interrompida com a morte do pe. João Maria e suas paredes e colunas foram vistas até meados de 1925 quando Dom José Pereira dos Santos, 3º bispo de Natal autorizou sua demolição para ali na praça Pio X erguer a nova catedral de Natal.

A NOVA CATEDRAL
        A nova catedral de Natal começou a ser idealizada com a posse de Dom Antonio dos Santos Cabral, 2º bispo da diocese de Natal, que revelou ao povo potiguar a necessidade de se construir uma nova catedral dado as circunstâncias da catedral que se tornava pequena para o povo e porque o povo potiguar merecia uma igreja maior e altura das demais dioceses brasileiras.
        Dom Antônio dos Santos Cabral criou a comissão de construção da nova catedral, iniciou as campanhas e convidou o engenheiro Carvalho Miranda, chefe da comissão de melhoramentos do porto de Natal para fazer a planta da nova catedral. o projeto porém, foi interrompido coma  transferência de dom Antônio Cabral para a diocese de Belo Horizonte-MG.Não encontramos nenhum imagem do projeto, o mais provável é que se trata-se de uma igreja em estilo neoclássico bem ao gosto da época, inicio dos anos 1920 em que predominavam o gosto arquitetônico pelo eclético e o clássico.

A CATEDRAL GÓTICA
        O projeto de uma catedral em estilo neogótico foi de Dom Marcolino Dantas que encomendou o projeto ao engenheiro George Munier, francês residente em Recife. O projeto foi apresentado em 1933.
        Nesse projeto a Nova Catedral apresentava uma igreja em forma de cruz, em estilo neogótico e inspirado na catedral de Colônia na Alemanha e semelhante a catedral de Fortaleza-CE obra do mesmo arquiteto.
       A benção solene da pedra fundamental dessa catedral foi dada por Dom Marcolino Dantas no dia 03/10/1933.Seria uma igreja monumental de grandes proporções, com duas torres de 70 metros de altura e a igreja com 92 metros de comprimento e 44 metros de largura.
        A pedido do bispo Dom Marcolino Dantas foi adotado um estilo gótico modernizado, mas sem perder as características do estilo clássico da Idade Média para a Nova Catedral segundo explicou o arquiteto George Munier ao apresentar seu projeto a imprensa de Natal.

                                                       A Catedral negótica




        Apesar de sua grande beleza estética e sua suntuosidade arquitetônica o projeto da catedral gótica de Natal não chegou a ser concretamente executado tendo a ideia ficada em latência durante as décadas seguintes.

A CATEDRAL NEORROMANA
Um novo projeto apresentado em 1955 substituiu a arquitetura gótica pela neorromana para a nova catedral de Natal.
 Com capacidade para acomodar até 6.000 pessoas ssse projeto para a nova catedral de Natal coube ao arquiteto Calixto de Jesus Neto, o mesmo que havia projetado a Basílica de Aparecida-SP.
De acordo com o projeto do arquiteto Calixto de Jesus Neto, a catedral seria construída em forma de cruz e ornamentada com duas torres, porta principal, batistério, altares laterais, altar-mor no centro da nave com visão de qualquer ângulo, coro, sacristia, capela do Santíssimo Sacramento.
         A igreja teria capacidade para 2.000 pessoas sentadas e 4 mil em pé.
Suas proporções seriam de 80m de comprimento por 72m de largura. Na frente seria feito um jardim para ornamentar o espaço externo da catedral.
Foi incluso ainda no projeto a construção do palácio arquiepiscopal anexo ao corpo da catedral.

                                            A Catedral neorromana




As obras dessa catedral chegaram a ser iniciadas, mas com as diretrizes do Concilio Vaticano II a Arquidiocese de Natal assumiu outras prioridades voltada ao social e a construção da nova catedral foi posta em segundo plano.
Já em finais da década de 1960 a ideia volta a ser discutida com o arcebispo Dom Nivaldo Monte, dessa vez já com a predominância de projetos modernos para a nova catedral.

A CATEDRAL 'GINÁSIO DE ESPORTES'
Um dos primeiros projetos modernos para a construção da Nova Catedral de Natal foi apresentado pelos alunos do curso de engenharia em 1967[1], de inicio agradando ao arcebispo metropolitano dom Nivaldo Monte.
 A concepção arquitetônica era semelhante ao Palácio dos Esportes de Natal, localizado na Praça Pedro Velho, esse projeto foi de pronto contestada pela opinião pública e pelos arquitetos.
Nesse projeto a nova catedral seria construída em estruturas metálicas medindo 40 metros de largura por 60 metros de comprimento e teria capacidade para até 3.000 pessoas.
Segundo a concepção arquitetônica desse projeto a Nova Catedral de Natal se assemelharia a três dunas em referencia a uma peculiaridade geográfica da capital potiguar, que é ser circundada por dunas marinhas e serviria de panorama de fundo que se encaixaria na paisagem da cidade.
As dimensões técnicas dessa catedral seriam: o primeiro bloco e o posterior teriam 40 metros de largura por 35 de comprimento e 18 de altura; o segundo 30 metros de largura por 20 de comprimento e 13 de altura e o menor que seria a frente da igreja teria 10 metros de largura por 10 de comprimento e 8m de altura.
                                         A Catedral 'ginásio de esportes'




Críticas ao projeto
As críticas ao projeto moderno para a Nova Catedral começaram por se constituir algo inusitado em se tratando de igreja, pois Natal era uma cidade histórica embora acompanhasse a época o surto de desenvolvimento por qual passava o país, ainda havia na capital potiguar o sentimento de evocação ao passado em seus monumentos históricos.
 Ademais não havia nenhuma igreja em estilo moderno em Natal, a primeira seria justamente a catedral, razão pela qual o estranhamento de muitos.
Segundo as criticas feitas a esse projeto haveria um galpão e não um templo. Já para o clero da arquidiocese que tentava amenizar o debate acalorado sobre o assunto da nova catedral o projeto se enquadrava na paisagem de Natal, pois, lembrava as dunas que circundavam a capital potiguar.
A CATEDRAL PIRÂMIDE 
Este novo projeto foi de autoria do arquiteto João Mauricio Miranda em 1968 e segundo o qual a catedral seria construída em concreto armado com uma cúpula sextonada de 17 metros de altura.
Ao lado da entrada principal ficaria o batistério e um recinto para a administração dos serviços religiosos, nas laterais ficariam capela para a padroeira, outra para o santíssimo e outra para celebrações menores como batizados, casamentos etc.
 Haveria ainda um salão para festas religiosas, além das sacristias. Abaixo ficaria a cripta para sepultamento dos bispos da Arquidiocese e outras autoridades religiosas.
A catedral teria três entradas, sendo a principal em rampa, a nave central ficaria com cota menos de 3 metros. No interior haveria apenas uma mesa de mármore e um crucifixo situado em semicírculo em torno do altar.
De inicio as criticas ao projeto de João Mauricio Miranda vieram dos padres que  constataram o alto custo da obra avaliado em NC$ 1.000.000 (1 milhão de cruzeiros novos), diante disso o projeto teve que ser interrompido ainda na primeira etapa fazendo-se a opção pelos ‘galpões’ (DIÁRIO DE NATAL, 1968, p. 8).
O arquiteto João Mauricio pro sua vez criticava os projetos escolhidos pela arquidiocese por se assemelhassem a estruturas de fábricas e ginásios esportivos em suas estruturas de arcos e segundo ele a arquitetura de uma catedral implicaria em arte e como tal deveria ser um marco de uma geração, por isso não entendia ele o por que de um projeto ser aceito sem nenhum valor artístico como o fora o escolhido pela arquidiocese externando assim sua insatisfação diante da exclusão de seu projeto.
                                     A Catedral pirâmide




O projeto do arquiteto João Mauricio foi excluído embora fosse dentre os projetos apresentados anteriormente o que foi considerado como sendo o melhor para ser executado segundo a opinião dos arquitetos e de ser aprovado pelo clero da arquidiocese o projeto foi recusado sob a justificativa de que seria muito caro.

A CATEDRAL SUBTERRÂNEA
O segundo projeto modernista para a Nova Catedral de Natal foi um anteprojeto apresentado a arquidiocese por Luciano Toscano em 1971.
Nesse projeto a obra seria dividida em três pavimentos, sendo o primeiro a uma profundidade de 1,40m, onde na parte da frente seria construída a cúria metropolitana, ficando a igreja propriamente dita na parte de trás.
O segundo pavimento compreenderia um platô em cimento armado a 2,60m acima do solo.
Já o terceiro pavimento compreenderia a torre ao estilo da catedral de Brasília, com altura de 26 metros e uma cruz de 7 metros sobre ela plantada.
O projeto foi orçado em 2 milhões de cruzeiros, dos quais 700 mil só de cimento armado.
Seria um projeto ousado e excêntrico e por isso as criticas não lhe foram poupadas como nos projetos anteriores.
                            A Catedral subterrânea




As criticas ao projeto de Luciano Toscano
Esse projeto foi inicialmente vetado pela prefeitura justificando que a ocupação de todo o terreno da Praça Pio X prejudicaria a visão urbanística da cidade
O idealizador do projeto se esqueceu de levar em conta o calor sufocante da capital potiguar na hora de elaborar seu projeto de uma catedral subterrânea, onde se teria que ser feito um dispendioso sistema de ventilação para os fiéis não morrerem sufocados pelo calor sem contar que seria inapropriada para a realização dos atos litúrgicos.
         Outra crítica que recebeu o anteprojeto da Nova Catedral era que ela se assemelhava a catedral de Brasília, porém, sem os raios com a cúpula, seria achatada e feia,
As salas destinadas a administração da Cúria Metropolitana eram demasiadas pequenas e se assemelhavam a biombos, contrariando a moderna arquitetura.
O órgão responsável da prefeitura estava inclinado a vetar o projeto por entender que a ocupação de toda a área da Praça Pio X como previa o anteprojeto prejudicaria a visão urbanística do centro da cidade.
      Outro problema para o projeto era que seu autor não era arquiteto e sim desenhista, esse fato que só chegou ao conhecimento do arcebispo depois da apresentação do anteprojeto e isso impedia a tramitação do projeto nos órgãos competentes da prefeitura de Natal.Diante desses imbróglios o projeto de Luciano Toscano da Catedral subterrânea de Natal foi rejeitado.

HABEMUS CATEDRALLI
      Só para não deixar o dileto leitor na curiosidade resolvemos por neste apêndice a catedral atual de Natal.
       Após rejeitados todos os projetos mostrados a cima em 1972 um projeto do arquiteto Marconi Grevi foi aprovado para ser a nova catedral de Natal.
      Segundo a concepção do autor do projeto a catedral tem forma trapezoidal lembrando uma tenda em alusão aos primitivos templos do povo hebreu.A fachada é rebaixada e ao adentrar o templo as colunas se elevam, segundo o arquiteto para o infinito que é Deus.
     A igreja é constituída em uma nave única com altar central circular, tem capacidade para até 3.000 pessoas. Foi iniciada em 1974 e inaugurada em 21.11.1988.Se situa na confluência das avenidas Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e as ruas Apodi e Mossoró no centro de Natal.

                                    Catedral metropolitana de Natal


Fonte: do autor, 2018.

       Assim como os demais projetos esse do arquiteto Marconi Grevi não escapou as críticas e as pilhérias do povo potiguar, sobretudo os natalenses, que a chamava de 'tobogã' devido sua arquitetura.Devido a demora na conclusão das obras, que levou 18 anos pare ser finalizada entres os jovens se dizia que só se casariam quando a catedral fosse inaugurada.
       Outro gracejo sobre a catedral eram as apostas para vê quais obras ficariam prontas primeiro,se a  nova catedral ou estado de futebol iniciado no mesmo, ironicamente o estádio Machadão foi inaugurado em 1972 ano em que o projeto de Marconi Greve foi aprovado.
       Já o ex padre José Luis da Silva dizia que a nova catedral era  “uma espécie de Via Costeira de Deus: cara, bonita, suntuosa, demorada, útil apenas para alguns” (O POTI, 1979, p.22), a comparação das obras da Nova Catedral com as da Via Costeira em Natal, se deu porque ambas as obras pareciam não ter fim e de utilidade duvidosa para toda a população.
        Há quem goste, há quem não, o fato é que esta é a catedral metropolitana de Natal até os dias atuais.







[1] Os jornais por nós consultados não dizem qual era a instituição a qual tais alunos eram ligados, supomos que seja a faculdade arquitetura de Pernambuco para onde a maioria dos estudantes potiguares iam estudar no período citado.