sexta-feira, 31 de julho de 2020

A ESTAÇÃO DE ANGICOS


      A estação de Angicos pertencia a a linha tronco da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte situada no km 194 dessa ferrovia. A estação de Angicos fora prevista no projeto original da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte elaborado pelo engenheiro Sampaio Correia em 1904, no entanto com a mudança do traçado da ferrovia em 1911, cujo novo traçado alcançaria caicó contornando a serra da Borborema por Recanto via Currais Novos, deixou Angicos fora da rota ferroviária. 
      Somente em 1921 após fracassada tentativa de se fazer o ramal de Recanto foi retomada o trajeto original por Angicos, as obras no entanto se arrastariam por anos sem muito avanço. Foi na seca de 1932 que chegaram recursos federais para se concluir o ramal entre Lajes e Angicos empregando nas frentes de trabalho da construção do ramal os milhares de flagelados que se amontoavam pelos caminhos fugindo da calamidade climática. 
      Em 26/05/1932 o diretor da EFCRGN, o engenheiro Norberto Paes, havia enviado um telegrama ao chefe do gabinete da Inspetoria Federal das Estradas informando que havia sido intensificado o assentamento dos trilhos que se achava a 9 km da última estação em tráfego da EFCRGN (Lajes), faltando 10 km para atingir a primeira estação em São Romão, que seria atingida até meados do mês de junho, faltando 12 km para atingir a cidade de Angicos, cujo movimento de terra estava quase concluído (São Romão é atualmente a cidade de Fernando Pedroza).
      Para alcançar São Romão o engenheiro escolheu os trilhos do ramal de Macau, Recanto, linha de contorno e e da Coroa em Natal, visto que todas essas linhas estavam abandonadas e solicitava que a Estrada de Ferro Cearense e a de São Luis-MA pudessem cada uma ceder 6 km de trilhos a fim de inaugurar em julho ou agosto a estação de Angicos. (A BATALHA, 26/05/1932, p.2).


Largo da estação ferroviária de Angicos.

      Em 27/07/1932 o ministro da viação, José Américo de Almeida, mandou entregar, por conta dos recursos destinados aos flagelados do nordeste, ao diretor da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, a quantia de 450:000$ para atender as despesas com a conclusão do prolongamento da ferrovia até Angicos. (DIÁRIO DA NOITE, 27/07/1932, p.4).

      O ministro José Américo de Almeida expediu ordem ao inspetor das estradas para admitir até 4.000 operários nas obras de construção da EFCRGN no trecho de Angicos a São Rafael. (DIÁRIO DA MANHÃ, PE, 21/01/1933,p.2).

  
 A inauguração 

        A estação ferroviária de Angicos foi inaugurada em 26/10/1932 em meio a grandes festividades. Sobre a inauguração da referida estação há o telegrama recebido pelo ministro José Américo.
     Eis seu teor: Na presença de milhares de pessoas assistimos grande regozijo e vibrantes aclamações o nome de vossencia na festiva inauguração da estação de Angicos na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.Pedimos licença para saudar na pessoa vossencia o maior benfeitor do nordeste flagelado pela seca inclemente, ao mesmo tempo destacando prodigiosa e incansável operosidade do engenheiro Norberto Paes a quem nosso Estado deve em tão fecunda e boa administração da referida Estrada [...] .             
      Assinaram o telegrama as seguintes pessoas: Pe. Luiz Wanderley, vigário de Angicos, Antonio Alves Oliveira, representante do prefeito de Natal, Salvestino Vilas Boas Filho, membro do conselho consultivo, Manoel Alves Filho, Balthazar Pereira, Manoel Moreira Dantas, João Militão, José Alves Wanderley, Geraldo Francisco Trindade, Vivente Barbosa, João Januário Oliveira,José Tito Filho, Francisco Pinheiro.( O JORNAL, RJ),29/10/1932,p.7). 
     Além da inauguração da estação de Angicos foram igualmente inaugurados outros serviços de realce ao longo de um trecho de 20 km da EFCRGN. Desde 2007 a estação funciona como Casa da Cultura da cidade de Angicos, entidade mantida pela Fundação José Augusto do governo do Estado.No dístico da estação há a data de 1933, porém como visto a estação foi inaugurada no ano anterior. 

Largo da estação ferroviária de Angicos.

Fachada da estação de Angicos.

Lateral da estação de Angicos.

Prédios anexos da estação de Angicos onde funcionavam os armazéns.

Lateral da estação da Angicos.


Sobre o município de Angicos a época da inauguração da estação

Entre os municípios mais destacados do Rio Grande do Norte, pelos feitos memoráveis da sua história, pelo  seu indiscutível valor econômico, pelas suas esplendidas possibilidades de progresso e riqueza, Angicos figurava em honroso lugar, escrevia o jornal Diário de Noticias. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

O município situado em pleno coração do Estado, distante cerca de 200 km da capital, era terra de tantos filhos ilustres e tão gloriosas tradições, se afirmava na década de 1930, “graças ao esforço do  seu governo e a boa vontade do seu povo, na senda luminosa do desenvolvimento, enfrentando todas as dificuldades sobrepondo-se a todos os empecilhos, para que a impressão de sua grandeza, caracterizada num belo passado, jamais fosse imaculada, pelo pessimismo, pelo atraso, pelo retrogradamento”. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

A agricultura, como em  quase todos os municípios potiguares, constituía a sua principal fonte de riqueza, era incentivada pelo idealismo do Dr. Dioclécio Duarte, diretor do Departamento de Agricultura Viação e Obras Públicas, e pela perseverante aclividade do Dr. Jeuvêncio Mariz, inspetor de plantas texteis, “os habitantes do município, almas plasmadas no sofrimento e na dor, mas desabrochando sempre com a alegria contagiante dos felizes, se entregam decidida e corajosamente, avistando, a cima de tudo, a imagem da terra estremecida”. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

De acordo com o citado jornal nos anos invernosos, os heroicos lavradores do solo fértil de Angicos deixavam os seus lares, e, acompanhados por suas humildes mulheres e pelos seus filhos “vão para o campo, na faina enobrecedora do trabalho, batalhando mais pela prosperidade de seu torrão natal, do que pela melhoria de suas minguadas finanças”. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

O município tinha 80% de suas receitas na agricultura, marchando essa atividade cada vez mais progressista,  tendo o seu povo, ordeiro mas altivo, pacífico mas, digno, acalentava sempre as esperanças verdes de um futuro melhor. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

   Por toda a extensão da Serra Verde e do Mato Grande, situadas ao lado da importante cidade de Angicos se estendiam vastas plantações, sendo bem confortador o movimento que se operava entre os agricultores angicanos, no sentido de evoluir os processos agrícolas, não se contando número daqueles que substituíam a rotineira enxada, pelas sugestivas capinadeiras, arados, etc. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

         Plantava-se preferencialmente conforme as estatísticas públicas, o algodão do tipo mocó e verdão, tidos como os que melhores floresciam nas terras daquele município.

    O descaroçamento da malvácea não era feito fora dos limites de Angicos, mas em 9 grandes instalações, que com 13 máquinas constituídas de 800 serras, satisfazia relativamente as necessidades da produção do algodão.A safra de 1937, foi calculado em 2.000,000 kg, caso o inverno se mostrasse bom como se previa. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.37).

         O município produzia também milho, feijão, arroz, cera de carnaúba, etc.

Sobre o município de Angicos escreveu o Interventor Rafael Fernandes naquele ano de 1937: “O povo de Angicos, de alguns anos a esta data, tem demonstrado elogiosa capacidade progressista doando sua terra com melhoramentos e riquezas que devem servir de padrão e orgulho".

         Para este apogeu o impulsionam a inteligencia e tenaz operosidade dos seus filhos, a esplendida uberdade do seu solo e o acervo de reservas materiais e morais já acumuladas.NATAL, RAFAEL FERNANDES GURJÃO, GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE”. (DIÁRIO DE NOTICIAS,12/06/1937, p.37).



A estação de Angicos com suas cores originais.


        A baixo o cartograma do município de Angicos em 1949 onde é possível vê o traçado da EFCRGN no território do município e a indicação das estações que havia no mesmo.

                               Cartograma do município de Angicos em 1949


Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações - Estado do Rio  Grande do Norte. Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros.1949, p. 4.



                               Cartograma do município de Angicos em 1949

Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações - Estado do Rio  Grande do Norte. Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros.1949, p. 4.


MULHERES TRABALHANDO NA EFCRGN

     O tema do trabalho feminino em ferrovias já foi abordado por nós outras postagens.Neste post iremos enumerar mais cinco nomes de mulheres que exercer ceram cargo no serviço público na Estrada de Ferro Central do Rio Grande Norte-EFCRGN.

         Em 09/07/1937 foi assinado pelo presidente da República, Getúlio Vargas, o ato de nomeação de Maria Sitaro da Costa para a função de escriturária da EFCRGN cargo a ser exercido interinamente. (A ORDEM, 09/07/1937,p.1).

Um  ano depois Maria Sitáro da costa foi nomeada para o cargo de escriturária da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional em Natal  (A ORDEM, 09/07/1938, p.4).Nesta repartição ela fez a sua carreira no serviço público onde era bem quista e respeitada.

         Segundo a revista Vida Doméstica, Maria Sitáro da Costa, era filha de Rodrigo Afonso da Costa (a mãe não foi citada pela revista, mas apenas como o titulo de Exma esposa) fazia parte da alta sociedade de Natal (VIDA DOMÉSTICA, 1939, p.7).


Maria Sitáro da Costa.Foto: Vida Domestica,1939, p.7.

         Foi Maria Sitáro da Costa quem iniciou a campanha para a construção da capela da Praia do Meio/Areia Preta cuja a posição respeitosa por qual era tida conseguiu mais de 100 assinaturas de doadores para a construção da referida capela.( A ORDEM,10/02/1941,p.1).

         Conforme se lia no jornal A Ordem “por decreto do sr. Presidente da República, assinado no Ministério da Fazenda, vem ser promovida a escriturário, com exercicio na Delegacia Fiscal deste Estado, a Srta. Maria Sitáro da Costa, que desde algum tempo vem servindo, com dedicação, naquele importante órgão da administração federal. (A ORDEM,24/04/1943,p.4).

         Em 1945 Maria Sitaro da Costa foi promovida a letra G da carreira de escriturário do Ministério da Fazenda atuante na Delegacia Fiscal de Natal.Segundo o jornal A Ordem “pela sua promoção a Srta. Maria Sitaro da Costa vem sendo muito felicitada”.(A ORDEM, 08/10/1945, p.4).

         Maria Sitaro da Costa casou-se com Israel Menezes Brasil, da Importadora Severino Alves Bila.

        Em 06/02/1945 o presidente da República, assinou a admissão das seguintes candidatas habilitadas em concurso público para a função de auxiliar de escritório de referência VII na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte (A ORDEM,06/02/1945,p.4):

Maria Eurídice Vasconcelos.

Maria Carolina Cantanhede Teófilo.

Maria Nisia Bezerra das Neves.

Diva Alves da Silveira.

         De Maria Eurídice Vasconcelos e Diva Alves da Silveira sabe-se que ambas foram admitidas para cursar o primeiro ano de Magistério na Escola Normal de Natal em 1938 (A ORDEM, 07/06/1938, p.1).Maria Eurídice fez parte da juventude Feminina Católica.Diva Alves da Silveira ficou noiva de Raimundo de Sena, que trabalhava no comércio da capital em 1946.

         Das outras duas nada mais conseguimos apurar.


A ESTAÇÃO CABUGI

 

         A estação Cabugi fazia parte da linha tronco da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN tendo sido inaugurada em 25/09/1932 e sua localização estava entre as cidades de Lajes e a então vila de São Romão, atual cidade de Fernando Pedrosa, estação também inaugurada no mesmo dia que a de Cabugi, a época ambas pertencentes ao município de Angicos.

         Sobre a inauguração desta estação há o registro do telegrama do diretor da EFCRGN, Norberto Paes, enviado ao ministro da viação José Américo dando ciência da inauguração das estações de Cabugi e São Romão.

         “Natal, 26.Tenho a mais viva satisfação de comunicar a V. Ex., que foram inauguradas, ontem, as estações Cabugi e São Romão no prolongamento desta estrada. Estiveram presentes ao ato os representantes do Sr. Interventor no Estado, secretário, Tribunal de Justiça, comércio, jornais e grande massa de população da zona rural. Rogo a V. Ex., permissão para dizer que o referido melhoramento da zona deu lugar a que a mesma população aclamasse delirantemente o nome de V. Ex. Cumpre-me informar ainda a V. Ex., que os serviços inaugurados foram feitos aproveitando somente flagelados. Saudações respeitosas. (a) - Norberto Paes, diretor [da] Central R. G. do Norte. (A NOITE,27/07/1932, p.9.Grifo nosso).

         Do texto a cima, além de saber que a inauguração das referidas estações, fica-se sabendo que os serviços foram feitos aproveitando a força de trabalho dos flagelados da seca daquele ano de 1932.

         A inauguração das estações de Cabugi e São Romão ecoaram ainda nos demais jornais da então capital do país, a cidade do Rio de Janeiro, como os citados a seguir: Correio da Manhã, 27/09/1932, p.4;  04/10/1932, p.4; Diário da Noite, 27/09/1932, p.5, Jornal do Comércio, RJ, 28/09/1932, p.5.

         Em todos estes veículos de comunicação foram replicados o telegrama enviado pelo diretor da EFCRGN citado a cima.

         Já o Jornal do Brasil escreveu na edição do dia 30/09/1932: “ NATAL, 29- realizou-se domingo, a inauguração das estações de S. Romão e Cabugy, na Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte. Houve um trem especial, que conduziu as autoridades, e regressou a noite, após a realização de grande festa, nas estações inauguradas”. (JORNAL DO BRASIL, 30/09/1932, p.12).

Como  já dito antes, Cabugi fazia parte do território do município de Angicos a época da inauguração da estação ferroviária ali naquela localidade.

Em 1937 foi publicado no jornal Diário de Noticias uma matéria a respeito da então povoação do Cabugi.

Segundo a referida matéria a zona do Cabugi era das mais prósperas do município de Angicos. Situada ao leste da sede municipal de onde distava 28 km e da capital.” É nela que está localizada a conhecidíssima serra do Cabugy que pela sua altitude e originalidade de aspecto, é uma dos mais interessantes acidentes geográficos do Rio Grande do Norte”. Presentemente o referido acidente geográfico é conhecido como Pico do Cabugi.

         De acordo com a referida matéria os habitantes do Cabugi, assim como os demais do município, dedicavam-se quase exclusivamente a agricultura e a pecuária.

Sobre a estação ferroviária do Cabugi escreveu a citada matéria: “é servida pela linha férrea da Central, que ali fez construir uma estação, de linhas modernas, inaugurada em setembro de 1932.Este prédio fica em terras da fazenda Santa Cruz, de propriedade do ce. Luiz Pinheiro, um dos maiores fazendeiros daquela região’. (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.36).

Sobre a serra do Cabugi escreve a citada matéria “ a serra do Cabugy, que foi chamada por um poeta potyguar ‘isolada pirâmide do Egito’, é avistada de pontos afastados, e tem servido de bússola a navegantes e pescadores” (DIÁRIO DE NOTICIAS, 12/06/1937, p.36).

Acreditando no futuro promissor da povoação terminava a matéria dizendo que por fatores, Cabugi “será, talvez num futuro muito próximo, uma das mais importantes povoações do município de Angicos” (DIÁRIO DE NOTICIAS,12/06/1937, p.36).

         A estação do Cabugi funcionou por pouco mais de 30 anos como se pode vê nos horários dos trens da EFCRGN ela aparece no ano 1962, porém no ano de 1966 já não aparece citada, o que deixa transparecer que já havia sido desativada.

         Abandonada o destino da estação foi a demolição, restando apenas os alicerces do edifício que podem ser visto atualmente em meio a paisagem árida da caatinga como visto na foto a seguir.

Ruínas da estação Cabugi. Foto: Cicero Lajes.

Horários de trens da EFSC em 1962 onde é possível vê citada a estação Cabugi. Fonte: O Poti, 11/11, /1962, p.4.


Horário de trem da EFSC em 1966 onde não há mais alusão a estação de Cabugi. Fonte: O Poti, 27/11/1966, p.4. 

          A baixo o cartograma do município de Angicos em 1949 onde se pode vê a indicação das estações ferroviárias que haviam no município aquela época, inclusive a de Cabugi.

                           Cartograma do município de Angicos em 1949 


Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações - Estado do Rio  Grande do Norte. Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros.1949, p. 4.


quinta-feira, 30 de julho de 2020

OS PRIMEIROS INTENDENTES DE TAIPU

      O município de Taipu foi criado em 10/03/1891 desmembrado de Ceará-Mirim.Sua instalação ocorreu em 03/04/1891 com a posse do primeiro intendente municipal, que foi nomeado pelo governador do estado, Amintas Barros.

Trata-se de Cândido Marcolino Monteiro.Dele sabe-se que era delegado escolar em Taipu, cargo que exerceu até 08/03/1890 quando foi exonerado (GAZETA DO NATAL, 08/03/1890, p.1), um ano depois foi nomeado, como já dito, para intendente do recém criado município de Taipu.

         Na intendência de Taipu, Cândido Marcolino Monteiro,  permaneceu no cargo entre 03/04/1891 e 30/12/1891 tendo sido nesta data exonerado da função. (A REPÚBLICA,16/01/1892, p.1).Para substitui-lo foi nomeado o cidadão Joaquim Manoel de Souza conforme indica o citado jornal.

         Por sua vez, Joaquim Manoel de Souza permaneceu na função entre 30/12/1891 e 19/03/1892, quando foi exonerado, tendo sido substituído por Silvino Raposo de Oliveira Câmara nomeado para o cargo naquela mesma data. (A REPÚBLICA, 19/03/1892, p.1), este por sua vez permaneceu no cargo até 15/09/1892.

         Ao serem criados novos municípios cabia ao governador a prerrogativa de livre nomeação do intendente municipal no ato de criação do município, competia igualmente ao governador a exoneração e substituição dos mesmos.

         A época o município era administrado por um Conselho de Intendência cabendo aos membros exercer simultaneamente as funções legislativa e executivas, geralmente o mais votado nas eleições assumia a função de administrar o município enquanto os demais as funções legislativas.

         A distinção entre os dois poderes, Executivo e Legislativo, só ocorreu a partir de 1930 quando os municípios passaram a serem regidos pelas prefeituras e câmaras de vereadores, assim sendo, cabia ao prefeito a função executiva e aos vereadores a função legislativa, permanecendo assim até os dias atuais.

         As primeiras eleições municipais do Estado do Rio Grande do Norte foram realizadas em 15/09/1892 sendo esta a primeira eleição na qual o município de Taipu elegeria os membros de sua intendência.

         Assim sendo, no período de 1 ano e 5 meses o município de Taipu teve 3 intendentes nomeados pelo governador que se revesaram no cargo até a realização das eleições de 1892.

Naquela eleição foram eleitos no município de Taipu os seguinte membros para a intendência:

Francisco de Paula Paiva.

João Estanislau de Oliveira.

Manoel Eugênio de Andrade.

Henrique Basilio do Nascimento.

Vicente Teixeira da Câmara.

Manoel Gomes Calvalcante.

Francisco Guedes da Costa Taboca.

         Supondo que o primeiro nome da lista indicava o presidente tem-se então que coube a Francisco de Paula Paiva assumir a função, sendo assim o primeiro intendente de Taipu eleito em votação direta.

         Compareceram a eleição 177 eleitores, dos quais 107 eram Republicanos e os restantes 70 Oposicionista. (A REPÚBLICA,17/09/1892, p.4).


AS NOVAS LOCOMOTIVAS DA GWBR PARA A SEÇÃO NATAL A INDEPENDÊNCIA (GUARABIRA)

       Em 1908 a Great Western of Brazil Railway Co. (GWBR) havia adquirido para a seção Natal à Independência (atual Guarabira-PB) duas novas locomotivas  tipo Consolidation da North British Locomotive Cia., empresa com sede em Glasgow, Inglaterra.Segundo o jornal Diário do Natal, as duas locomotivas tinham todos os melhoramentos conhecidos pela mecânica moderna, conforme havia informado ao jornal um profissional entendido, possivelmente um engenheiro da referida seção da ferrovia. (Diário do Natal,12/01/1908,p.2).

         A seção entre Natal e Independência tinha 176 km, sendo 121 entre Natal e Nova Cruz em território potiguar e 54 km entre Nova Cruz e Independência, já no estado da Paraíba.


Tendo sido este ramal inaugurado em 1904 fazendo a ligação dos dois estados e destes com o de Pernambuco por meio de ferrovia.

         A baixo uma imagem de uma locomotiva tipo Consolidation produzida pela referida empresa britânica.



MULHERES TRABALHANDO EM FERROVIAS


         O trabalho ferroviário era considerados um dos mais pesados existentes no inicio do século XX por suas características que envolviam muitos materiais em ferro que exigiam força e destreza para sua realização, era trabalho exclusivamente masculino, no entanto, como nada é impossível ao esforço humano feminino, essa regra não era cumprida nos EUA no inicio do século XX quando se tinha muitas mulheres empregadas em serviços que eram realizados pelos homens.

         Segundo publicou o jornal natalense A República referente a estatísticas do Censo dos EUA  em 1907 havia 4.833,630 mulheres naquele país que ganhavam a vida trabalhando, sendo esse número o dobro do que havia registrado o Censo de 1880.

          A baixo uma imagem de mulheres do inicio do século XX trabalhando no que parece ser uma oficina mecânica.


         As mulheres que se ocupavam do trabalho doméstico era ¼ do total, o restante se ocupavam nos mesmos misteres que os homens, com exceção apenas de 9.

         Ainda de acordo com o referido jornal havia naquele ano 31 mulheres exercendo a função de porta-freios, 45 mecânicas de locomotivas, 43 cocheiras, 185 ferreiras e 11 que se empregavam em escavações de poços. (A REPUBLICA,22/11/1907,p.2).

           Notem que a maioria dos trabalhos eram nas ferrovias e os mesmos considerados “pesados” para mulheres.

         Aqui no Brasil o registro de mulheres trabalhando “pesado” em ferrovias foi registrado na construção da Estrada de Ferro Sorocabana em São Paulo já década de 1920, como a foto a baixo de 1929.


        Contudo, há que se dizer, a bem da verdade, que a maioria dessas mulheres tanto nos EUA como no Brasil se dispunham a enfrentar as dificuldades do serviço em ferrovias motivadas mais pelas necessidades de sobrevivência sua e de seus filhos do que pelo "glamour" de desafiar os homens na guerra dos sexos que dura desde que o mundo é mundo.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A INAUGURAÇÃO DO TREM URBANO EM CEARÁ-MIRIM

      A inauguração sistema de trens urbanos até a cidade de Ceará-Mirim ocorreu em 09/11/1982 , naquele dia ocorreu a viagem inaugural do trem de passageiros ligando Natal a Ceará-Mirim num prolongamento do percurso do trem urbando que desde janeiro daquele ano de 1982 já estava sendo utilizado entre Natal e Estremoz.

         Essa viagem teve a duração de aproximada de 5 horas tendo sido realizada diversas paradas ao longo do trecho, tendo partricipado dela o ministro dos transportes, Cloraldino Severo, o governador Lavoisier Maia, o presidente da EBTU, José Guilerme Francicene, o diretor técnico da empresa Marcos César Formiga, o prefeito da capital, Manoel Pereira,o ex-prefeito de Natal e candidato a governador José Agripino, além do presidente da RFFSA, Carlos Aloysio Weber e outras autoridades.

         O ministro dos transportes e comitiva desembarcou no aeroporto militar do Catre as 15h45 seguindo diretamente para a estação ferroviária da Ribeira onde foram assinados as 16h30 diversos convênios entre o ministério dos transportes, a EBTU, o governo do estado e a prefeitura de Natal.

         A saida da composição que faria a primeira viagem entre Natal e Ceará-Mirim estava prevista para partir as 17h00 devendo chegar  ao destino final as 22h00.

         No trecho havia um total de 9 paradas com duraçaõ de cerca de 20 minutos em cada uma, eram estas: Alecrim, Quintas, Igapó, Conjunto Santa Catarina, Conjunto Soledade, Nova Natal, Conjunto da Marinha (Estrela do Mar), Estremoz, Massangana, chegando finalmente a nova estação de Ceará-Mirim as 22h00.

         Dois carros da composição foram destinados as autoridades e os 5 demais carros franqueados ao público.

         Após a inauguração da nova estação de Ceará-Mirim quando houve o discurso de vários oradores (como de praxe) o trem retornaria a Natal e entrando em funcionamento normalmente a parir do dia seguinte, ou seja, dia 10/11/1982.

         O transporte de trem urbano era operacionalizado pela Empresa Brasileira de Trens Urbanos-EBTU que em 1984 passou a denominar-se de CBTU.

            A demora na realização do percurso deve ao fato de que foram feitos comícios nas paradas ao longo do trecho.Normalmente o percurso é realizado em uma hora.

          Segundo o diretor local da RFFSA, Marco Aurélio Calvacanti, o preço da passagem seria único para todo percurso de Natal a Ceará-Mirim que seria de Cr$ 17,00, o que representaria uma substancial redução no custo de transportes das populações beneficiadas, uma vez que uma passagem de ônibus Natal a Ceará-Mirim custava a época Cr$ 150, 00. ( O POTI,.07/11/1982,p.8).

                                      A nova estação de Ceará-Mirim









UMA NOVA AUTOMOTRIZ PARA A EFCRGN

           Em 1949 a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN  havia adquirido mais uma automotriz para serviço de passageiros na referida ferrovia.

         Em 12/07/1949 a direção da EFCRGN  fez uma viagem de inspeção entre Natal e Ceará-Mirim na nova e luxuosa automotriz recém chegada do sul do pais para aquela ferrovia.Foram convidados representantes da imprensa loca le outras autoridades civis e militares.

         A nova automotriz seria em breve destinada ao trafego na linha entre Natal e Ceará-Mirim onde cobriria o percurso de 39 km em tempo 3 vezes menor que nos trens normais e proporcionando maior conforto aos passageiros que o utilizassem. (DIÁRIO DE NATAL, 11/07/1949,p.2).

Na tarde do dia 15/07/1949 a direção da EFCRGN proporcionou a autoridades e e representantes da imprensa uma viagem especial na luxuosa automotriz que em breve seria lançada  ao trafego regular de passageiros.

         Tratava-se de um carro de linhas aerodinâmicas, com instalação de luz fluorescente, provido de motor a álcool anidro de 220 HP que era acionado por um gerador para dois motores elétricos. ( DIÁRIO DE NATAL,16/07/1949, p.6).

         Na experiência realizada em Natal, esse veiculo havia desenvolvido em marcha normal de viagem 58 km em média e um consumo aproximado de 1,7 litros de combustível, podendo entretanto atingir 80 km.Sua capacidade era de 58 passageiros sentados em confortáveis poltronas estofadas em borracha distribuídas em duas seções no interior do carro.

         Essa automotriz havia sido construída no Rio de Janeiro pela IRFA (Indústria Reunida de Ferro e Aço Ltda), sendo de fabricação inteiramente nacional com exceção de algumas peças componentes das rodas.

         A EFCRGN foi a primeira ferrovia do Brasil a utilizar esse tipo de automotriz.”deve-se essa primazia à facilidade com que pode a direção da Estrada contar na obtenção do combustível apropriado, o álcool anidro, que aqui vem sendo fornecido pela Usina Ilha Bela, de Ceará-Mirim”. ( DIÁRIO DE NATAL,16/07/1949,p.6).

         Já se encontrava em Natal uma segunda automotriz do mesmo tipo e ainda viriam chegar mais 4 unidades.Com os dois carros já existentes pretendia a direção da EFCRGN servir por enquanto apenas o percurso entre a capital  e a cidade de Ceará-Mirim, porém, com a chegada das outras 4 automotrizes seria proporcionado um serviço de luxo também aos passageiros no restante do trecho da linha central até Angicos.

         Segundo havia declarado o engenheiro Hélio Lobo, diretor da EFCRGN, as tarifas na automotriz seriam provavelmente os mesmos que já se vinha usando nos demais trens.

         Na viagem de experiência realizada em 15/07/1949 a automotriz percorreu o trecho Natal/Ceará-Mirim em 01h03min o que representava uma economia aproximada de uma hora no tempo que as locomotivas a vapor gastavam nesse percurso.No regresso a viagem foi realizada em 59 minutos precisamente.

         Em ambas as direções foram feitas parada em Estremoz. Na viagem para Ceará-Mirim dirigiu  a automotriz o maquinista Pedro Rufino, enquanto no regresso a automotriz esse posto foi ocupado pelo próprio engenheiro Hélio Lobo, diretor da EFCRGN.

       Segundo o jornal Diário de Natal com a introdução do novo serviço rápido e luxuoso, muito iriam lucrar os que se serviam da EFCRGN, cuja direção atual vinha demonstrando na pratica a preocupação não apenas de renovar e melhorar o material rodante, mas também proporcionar comodidades maiores aos passageiros.

         E para Ceará-Mirim em particular, cidade aprazível e de alimentação fácil, se abria desde já grande possibilidade, podendo agora ser procurada, com esse transporte rápido e regular psrs Natal para residência permanente dos que preferiam o sono nos lugares tranquilos do interior.

        A ideia do engenheiro Hélio Lobo era fazer circular essa automotriz diariamente,partindo de Ceará-Mirim as 05h00 da manhã, com chegada a Natal as 06h00, regressando de Natal as 17h00. ( DIÁRIO DE NATAL,16/07/1949, p.4).

         A população que utilizava esse tipo de transporte chamavam o trem apenas de motriz, o uso diário consagrou o vocábulo.

         Não encontramos nenhuma imagem dessa automotrizes que circularam pela EFCRGN, mas a baixo podem ser vistas automotrizes de outras ferrovias brasileiras que se utilizaram das automotrizes fabricadas pela IRFA (Indústria Reunida de Ferro e Aço Ltda) as quais eram idênticas as que circularam na EFCRGN.

                        Automotrizes fabricadas pela IRFA




Tabela de horários e tarifas das automotrizes da EFCRGN

                              

                              Croqui de automotrizes fabricadas pela IRFA

         Do que foi exposto acima deve-se ressaltar o pioneirismo da EFCRGN em utilizar um novo tipo de combustível em locomotivas que foi o álcool anidro, sendo este fabricado na Usina Ilha Bela de Ceará-Mirim cuja a produção era transportada pela referida ferrovia.Tempos auspiciosos para ambas as empresas genuinamente potiguares que atualmente só existe na lembrança, visto que ambas não existem mais.











A PARÓQUIA DE GOIANINHA

        Eis a seguir alguns apanhados históricos sobre a paróquia de Goianinha, uma das mais antigas do Rio Grande do Norte.

A Criação da freguesia

         Conforme indica o site da Arquidiocese de Natal a Freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres de Goianinha foi criada no ano de 1690.A época Goianinha pertencia ao município de Arez tendo na então vila a sede municipal. Se Goianinha pertencia inicialmente a Arez, este já deveria ser freguesia ao tempo da criação da de Goianinha, portanto, sendo a de Arez mais antiga que a de Goianinha.

Segundo Manoel Ferreira Nobre a freguesia começou por uma pequena Capela, onde se celebravam os ofícios divinos, sendo o seu primeiro Capelão o Pe. Antônio de Albuquerque Montenegro (NOBRE, 1877, p.169).

         Em sessão de 13 de julho de 1832 foi aprovado na Câmara dos Deputados o projeto de lei o qual transferia a sede da Vila de Arez para a Povoação de Goianinha na Província do Rio Grande do Norte, sendo elevada doravante em Vila de Goianinha. (DIÁRIO DA CÂMARA DOS SENADORES DO IMPÉRIO DO BRASIL, 13/07/1832, p.1).

         A freguesia já constava no relatório de Dom frei Luiz de Santa Teresa, bispo de Olinda, já em 1746, tendo aquela época 3 capelas filiais. Em 1749 era seu pároco, o Pe. Antônio de Andrade Araújo. Em 1775 num relatório sobre a Capitania do Rio Grande do Norte se dizia sobre os limites da  Freguesia de Goianinha se dizia que havia  no  distrito desta freguesia, onde atualmente é a cidade de Goianinha, 11 engenhocas que só fabricavam mel e rapadura e 3 engenhos Reais. (ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL , 1918,p.25).

         Segundo o rol da desobriga de 1775 tinha a freguesia  3 capelas filais, 10 fazendas, 485 fogos (casas) e 2.277 pessoas de desobriga.

         No total em todo o território da freguesia eram 4 capelas filiais, 35 fazendas, 1.890 fogos (casas) e 6.661 pessoas de desobriga. (ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL , 1918, p.25). A quarta capela citada a cima neste relatório devia ser provavelmente a atual matriz de Goianinha.

        A  lei provincial nº 219 de 27 de junho de 1850 confirmou a criação da freguesia dando-lhes os seus limites, ou seja, 70 anos após a criação da freguesia se considerado a data de 1690 como sendo a data de criação da mesma.

       Em 08/08/1874 foi aprovado os estatutos da Irmandade do SS. Sacramento de Goianinha cuja finalidade era promover e sustentar oculto do mesmo Divino Sacramento. A Irmandade seria composta por fiéis de ambo sos sexos, cujas qualidades e costumes não houvesse deslustre. Podia ser também admitida pessoas de outras freguesias. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAIS DO RIO GRANDE DO NORTE, 08/08/1874, p.13).

         A estatística mais antiga por nós encontrada sobre a freguesia de Goianinha data de 1876 segundo a qual contava com a referida freguesia com 12.288 habitantes naquele ano (O LIBERAL (08/04/1876,p.2).

         As  capelas mais antigas da Freguesia eram as de Espirito Santo[1], Várzea[2], Piau, Santo Antonio[3], Tibau[4] e Pipa[5].

As associações religiosas mais antigas da paróquia foram o Apostolado da Oração, a Pia União de Santa Teresinha, Doutrina Cristã e a Irmandade de São Benedito.

A freguesia de Goianinha pertenceu inicialmente ao bispado de Olinda, passando ao bispado da Paraíba em 1892 e por fim a diocese de Natal, a partir de 1909 quando foi criado o bispado potiguar, atualmente arquidiocese de Natal.


A matriz

       A freguesia de Goianinha é uma das mais antigas do território da arquidiocese de Natal, sendo as existência datada já no século XVII, a igreja, porém, levou longos anos até se tornar o imponente templo atual.

         Conforme o historiador Manoel Ferreira Nobre tudo começou por uma pequena Capela, onde se celebravam os ofícios divinos, sendo o seu primeiro Capelão o Pe. Antônio de Albuquerque Montenegro, “sacerdote respeitável por suas qualidades”. (NOBRE, 1877,p.169).Ainda segundo o citado autor ignorava-se a data de sua fundação.

Somente em 13/08/1821 por meio de alvará é que a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres  de Goianinha foi  elevada a dignidade de Matriz.

A igreja passou ao longo do tempo por várias intervenções até chegar a configuração arquitetônica pela qual a conhecemos atualmente, tendo sido sido o corpo central da igreja acrescido e com a construção das duas torres o tamanho da igreja aumentou significativamente. É por nós desconhecido o ano de construção das torres, mas certamente são de data posteriores ao corpo central da referida igreja.

       Dentre as reformas por qual passou as mais significativas foram as que se seguem.

     Em 1840 as informações dos respectivos párocos constava que as igrejas matrizes de Natal, Estremoz, São José, Papari, Goianinha, Arez, Vila Flor, Acari, Apodi, Pau dos Ferros, Angicos e Portalegre se encontravam muito deterioradas, e algumas em tal estado, que viriam a cair em breve, se por ventura não viessem a acudi-las os prontos reparos. ( O PUBLICADOR NATALENSE, 11/04/1840, p.4).

         Os Párocos dessas freguesias não tinha ideia do montante necessário para as reformas das suas respectivas matrizes, os orçamentos enviados pela maior parte dos párocos estavam sem os necessários dados e mal podiam habilitar-se para calcular a despesa necessária para esse serviço público que era mister fazer

         Na  falta de tais dados foi dado a quantia de 8:659$000 para cada matriz para auxiliar nas obras de reparos das referidas igreja.

         Não é possível saber em que estado se encontrava a igreja matriz de Goianinha, mas como foi citada no rol das igrejas que necessitavam de reparos, conclui-se que a mesma devia se achar necessitando de urgentes serviços.

         Naquele ano de 1840 foi entregue a Câmara de Goianinha a quantia de 200 contos de réis para o conserto da Igreja Matriz daquela vila. A Assembleia Provincial enviou um oficio a mesma Câmara solicitando informações a cerca de como foi utilizado o valor repassado assim como o estado em que se achavam as obras começadas, das que ainda eram necessárias e da despesa provável exigida para a reforma da matriz. (O PUBLICADOR NATALENSE, 27/06/1840, p.3).

        Em 1884 foi votado pela Assembleia provincial o auxilio de 2 contos de réis para a matriz de Goianinha para obras de consertos na referida igreja. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAIS DO RIO GRANDE DO NORTE, 1884,p.75).

      Conforme o jornal O Nortista em 1893 por longos anos sem conta onde foi regida por muitos vigários, em tempo de maior prosperidade e riqueza daquela freguesia, porém, a matriz nunca passou de uma igrejinha sem aspecto e sem asseio que era de desejar de um templo de devoção de um povo tão católico como o daquele município. (O NORTISTA, 10/11/1893, p.2).

Foi então que o vigário Pe. Manoel José Pereira Albuquerque que naquele ano de  1893 com seus próprios recursos e com os pequenos donativos que havia obtido, estava fazendo um grande serviço na igreja matriz de Goianinha.

         De acordo com citado jornal naquele ano já estava concluída uma torre e a outra em fase de conclusão, além de outros melhoramentos que deram a igreja um aspecto elegante. (O NORTISTA, 10/11/1893, p.2).

         Ainda segundo O Nortista “são dignos de todo elogio o zelo e desprendimento daquele virtuoso sacerdote que, no meio dessa indiferença geral pela pureza do culto, dá tão edificante exemplo pela causa sagrada da religião”. (O NORTISTA, 10/11/1893, p.2).

         Pelo exposto a cima evidencia-se que a ampliação e aformoseamento da igreja matriz de Goianinha teve inicio naquele época citada pelo jornal O Nortista, assim como a sua ampliação como fica dito da informação a respeito das duas torres que ornamentam aquela igreja.

        Ao que tudo indica as obras iniciadas em 1893 já estavam concluídas em 1895 conforme se percebe no relato do referido jornal: “estão em grande adiantamento as obras de melhoramento da nossa matriz feita pelo nosso zeloso e virtuoso vigário, Revd Manoel Pereira. Levantou duas torres, fez arcadas dos corredores para o corpo da igreja, fez tribunas e outros muitos serviços que os seus predecessores em longos anos não se animaram a fazer”.

        Segundo o mesmo jornal o vigário de Goianinha estava custeando as obras realizadas na matriz com as rendas de um pequeno patrimônio e com o pouco que ganhava de seus serviços de pároco. (O NORTISTA,21/05/1895, p.2).

Novas reformas

          Novas reformas na igreja matriz de Goianinha são verificadas no ano de 1935.Naquele ano o vigário esperava o auxilio de todos os fieis da paróquia para muito em breve iniciar os diversos serviços indispensáveis na Matriz, a compra de alfaias e terminar os serviços da Casa Paroquial que se achava pronta internamente. (A ORDEM, 27/08//1935,p.4).

Tendo sido assim iniciado os trabalhos de colocação do piso em mosaico da matriz de Goianinha com a compra de 59 metros de mosaico a 21$000, ainda  sem o transporte de Natal.

O vigário de Goianinha falou ao povo da necessidade de ser realizada a festa de Nossa Senhora dos Prazeres e reverter as joias e contribuições dos fiéis em beneficio do mosaiquiamento e se possível fosse do forro da matriz.

A proposta foi bem acolhida por todos que segundo o jornal A Ordem não faltava ninguém com sua contribuição.

Quando alguém não tinha dinheiro, oferecia um craveiro para o leilão, outro uma prenda, uma velhinha nada tendo, mas possuindo um peru, vendia-o dando os 10$00 do custo. Eram fatos dignos de menção, dizia o citado jornal.

O elevado custo do mosaico para 21$000 com o encaixe de madeira, o transporte, etc, fez com que os trabalhos iniciados ultrapassassem as possibilidades da população do município. Eis porque o vigário apelou para os católicos e pessoas amigas e relacionadas para o ajudarem nos trabalhos começados. A muitos pode acudir a memória o fato de não terem estas relações com Goianinha, mas para se fazer o bem, reza o ditado, “não se olhe a quem”, ainda mais que era trabalho urgente e necessário pois o teto necessitava também de sérios reparos.

Seriam postos em leilão no dia 31/05/1940, os 22 garrotes doados ainda no tempo do Pe. Ramiro Varela, em sua maioria, em beneficio dos trabalhos da matriz. Foram os seguinte os doadores dos garrotes:

Dr. Manuel Duarte, srs. Benjamin Simoneti, Davi Simoneti, Anibal Barbalho, Arnaldo Simonete Esaú Marinho, Jeronimo Cabral, D. Estela Duarte, Agenor Lima, José Lúcio Ribeiro, Madame Tibúrcio Gambarra, D. Jacira Simoneti, Odilon Barbalho, Dr. Milton Duarte, Basilio Barbalho Gonzaga Junior, Teofilo Herculano, Humberto Grilo, D. Ana de Araújo Lima, e M. Amélia A. Lima. (A ORDEM, 01/04/1940, p.2).  

Segundo o jornal A Ordem em 10/10/1940 reiniciaram os trabalhos do mosaiqueamento da matriz de Goianinha. Seria um piso novo, higiênico, substituindo o antigo de tijolo úmido cujo aspecto não condizia com  a casa de Deus.

O Pe. Alair Vilar estava recebendo os auxílios dos católicos de Goianinha para este ingente trabalho. Ainda e acordo com o citado jornal em breve a matriz estaria todo pronta. (A ORDEM, 10/10/1940, p.2).

         Segundo o jornal A Ordem a festa da padroeira Nossa Senhora dos Prazeres naquele ano de 1940 realizou-se com brilhantismo.

         Houve uma reunião dos elementos mais destacados do município na casa paroquial onde ficou deliberado em harmonia impressionante e consoladora, que sendo impossível prosseguir os serviços da matriz, e ao mesmo tempo custear as despesas com música, que fosse feita a festa aquele ano sem música.

         Todos se comprometeram a pagar sua joia integralmente ou pelo menos equivalente, o que viria assim a demonstrar o interesse geral pelos trabalhos da matriz. Como havia 23 garrotes oferecidos a Igreja, ficou decidido que no dia 31/05/1940 fosse feito um leilão.

         O resultado do leilão excedeu aos cálculos mais otimistas. As bases apresentadas eram logo cobertas com vantagens e os garrotes foram adquiridos por altos preços. (A ORDEM,09/04/1940,p.2).

Substituição do teto e outros reparos por qual passou a matriz de Goianinha

         Sob a orientação do cônego Antonio Andrada, vigário da paróquia, foi iniciado os trabalhos da substituição do teto da  matriz de Goianinha, o qual estava em péssimo estado de conservação e exigindo inevitavelmente uma nova e total cobertura.

     Segundo  o jornal A Ordem, todos tinha conhecimento da situação em que se encontrava a má conservação e os estragos da tesouras, linhas, caibros e ripas do teto da matriz de Goianinha.

         O madeiramento e o transporte do mesmo estavam sendo oferecidos pelos paroquianos de Goianinha e devotos de Nossa Senhora dos Prazeres, que eram conhecedores das condições de má conservação do referido teto da igreja matriz e não vacilaram em concorrer para tão urgente e necessário melhoramento daquele templo católico.

         Com atuação, bom gosto e não menos interesse do vigário, a matriz de Goianinha seria em breve transformada em uma nova feição, conforme o programa traçado pelo cônego Antonio Andrada que estava a frente da paróquia naquele ano de 1941.

         Além do serviço de melhoramento do teto seriam realizados outros serviços como a remoção das antigas e antiquadas tribunas, completamente inúteis, abertura de arcadas, edificação dos altares do Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Dores, e por fim uma limpeza geral, interna e externa, inclusive uma calçada ao redor de toda a matriz.

         O referido vigário esperava a providencial ajuda de todos os paroquianos para a doação do óbulo necessário a realização desses serviços na matriz de Goianinha. (A ORDEM,13/08/1941,p.2).

Novo sino e melhoramento da matriz

         Em 1947 houve a benção do novo sino da matriz que foi batizado pelo Pe. Francisco das Chagas Neves Gurgel com o nome de Dom Joaquim Almeida, em homenagem ao prelado que havia falecido recentemente.


         Naquele ano foi ainda dada a benção pelo Cônego Adelino dos novos melhoramentos que foram realizados na igreja matriz de Goianinha cujo trabalhos custaram a importância de Cr$ 35.000,00 tornando-se assim um dos melhores templos católicos do Estado. (A ORDEM,28/04/1947,p.2).

Características arquitetônicas da igreja matriz de Goianinha

É o padre  Francisco das Chagas Neves Gurgel quem nos fornece um panorama arquitetônico da  linda igreja de Nossa Senhora dos Prazeres de Goianinha em 1948.

 Segundo ele, naquele ano ainda faltava muito a se fazer na parte externa da igreja, contratando com o que se via na parte interna da matriz que se achava em melhores condições. Segundo escreveu o já citado padre, a igreja matriz estava internamente “bem pintada, forrada, ornamentada, impressionando muito no seu conjunto de cores, que se articulavam numa realeza de perspectivas que agradavam ao mais sisudo visitante”. (A ORDEM,13/11/1948, p.15).



         Segundo o padre Francisco das Chagas Neves Gurgel a sobriedade de suas linhas arquitetônicas falavam bem alto, “obedecendo ao sentido da arquitetura do barroco português, aguçando-se o estilo numa promessa de romano pesado, distanciado da longínqua renascença”. (A ORDEM,13/11/1948,p.15).

A casa paroquial

         No dia 02/07/1934 foi lançada a a primeira pedra para a construção da Casa Paroquial da cidade de Goianinha, pelo vigário da paróquia o Pe. Antonio Avelino.

         A solenidade litúrgica da pedra fundamental foi assistida por numerosa pessoas tendo sido em em seguida inciada a construção da referida residencia. (DIARIO DE PERNAMBUCO,21/07/1’934,p.4).

Era, segundo o jornal A Ordem, o melhor prédio da cidade, de feição moderna o qual foi iniciado durnte a gestão do pároco Antonio Avelino.

Em 1935 foi dada a benção pelo bispo diocesano, dom Marcolino Dantas, que esteve em visita a pastoral a paróquia e com o valioso auxilio de uma comissão composta por Arthur Villar e Jeronimo Cabral, que muito se esforçaram para  a realização desse grande melhoramento para a paróquia de Goianinha. Contribuíram materialmente para a construção da casa paroquial Agenor Lima, Dr. Milton Duarte e João Barbalho. (A ORDEM, 27/08//1935,p.4).

Em visita a cidade de Goianinha onde foi recebido com significativa recepção pelo população, o bispo diocesano entrou sob flores e palmas na matriz onde foi cantado o hino eucarístico, depois percorreu a igreja e examinou em seguida os alicerces da casa paroquial e outros aspectos da localidade, partindo em seguida para Canguaretama. (A ORDEM,11/12/1936,p.1).

Restauração da imagem

         Em 1951 a imagem secular de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira de Goianinha, foi levada para o Recife onde seria restaurada pela Casa Paz, na qual seriam devolvidos a imagem a sua ornamentação original em ouro.

         O serviço foi contrato ao valor de Cr$ 4.200,00 para entrega em 6 meses.A população da paróquia preparava-se festivamente para receber o orago da matriz no tempo determinado. (A ORDEM, 21/061951,p.4).

Vigários

         Eis o rol dos vigários que ficaram a frente da administração da paróquia de Goianinha ao longo do tempo.A lista apresentada carece de atualização, foi o melhor que pudemos fazer segundo nossas pesquisas.

         Em 1749 era pároco, o Pe. Antonio de Andrade Araújo.

O  Pe. Antonio de Albuquerque Montenegro foi vigário de Goianinha desde 1802 até 1840 ano de seu falecimento sendo sepultado na matriz daquela cidade.Ele foi um dos mentores da Revolução Pernambucana de 1817 (A ORDEM,14/07/1945,p.7).

Em 1849 aparece o nome do Pe. Manoel Ferreira Borges como vigário da freguesia de Goianinha (O SULISTA, 05/08/1849, p.3).

Em 1892 era vigário da freguesia o Pe. Manoel José Pereira de Albuquerque ( RIO GRANDE DO NORTE, 25/09/1892, p.3).

Em 1927 o cargo de pároco da paroquia de Goianinha estava vago.Em 1929 era pároco de Goianinha o Pe. José Joaquim de Oliveira Barbalho.Em 1935 exercia a função de pároco o Pe. Ulisses Maranhão até o ano de 1937.

Em  1939 exercia a função de vigário em Goianinha o Pe. Ramiro Varela (A ORDEM,02/06/1939, p.4), ficando apenas alguns meses ois naquele mesmo ano tomou posse no cargode vigário da paróquia de Goianinha o Pe. Alair Vilar como vigário da paróquia em questão.(A ORDEM, 18/12/1939, p.1).

O Cônego Antonio Andrada foi nomeado vigário de Goianinha em 25/04/1941.(A ORDEM,25/04/1941, p.1).

Já em 30/12/1941 o bispo dicocenao, dom Marcolino Dantas removeu o Pe. Nivadlo Monte da paróquia de São Gonçalo para vigário da de Goianinha (A ORDEM, 30/12/1941, p.1).

Em 1943 o Cônego Luiz Adolfo de Paula aparece como vigário de Goianinha, porém em 30/12/1943 o Pe. José Nazareno Fernandes já havia assumido tal cargo na paróquia. (A ORDEM,30/12/1943, p.4) onde permaneceu até 1949.

Conforme indica o jornal A Ordem em 1949 assumiu a paróquia o Pe. Severino Bezerra (A ORDEM, p.29/04/1949, p.2) permanecendo no cargo até 1955.

Já o Pe. Armando Paiva aparece como vigário da paróquia de Goianinha desde o ano de 1959, tendo sido um dos mais longevos párocos daquelas paróquia.

Filho ilustre

O filho mais ilustre da paróquia de Goianinha é Dom Joaquim Antonio de Almeida, primeiro sacerdote potiguar a ser elevado a dignidade episcopal.

Nascido em 17/08/1868 em Goianinha, tendo sido ordenado padre em 02/12/1894.

Exerceu sucessivamente os cargos de professor, diretor espiritual e reitor do Seminário da Paraíba, foi consultor da Diocese da Paraíba, redator do jornal A Imprensa e cônego catedrático do cabido metropolitano da Diocese da Paraíba.

Foi eleito bispo tendo sido sagrado pelo Núncio Apostólico Tonti com assistência dos bispos dom Adauto de Miranda Henriques e Dom Luiz de Brito, na catedral de Nossa Senhora das Neves na cidade da Paraíba, atualmente João Pessoa em 04/02/1906.

Durante sua administração na diocese do Piauí promoveu a fundação do Seminário e do Colégio Diocesano do Piauí.

Foi transferido em 23/10/1910 para a recém criada Diocese de Natal, tendo renunciado a mitra potiguar, no ano de 1915 em virtude de suas condições de saúde.Bispo resignado foi investido no titulo de Bispo de Lares[6].

Foi nomeado para assumir o bispado do Piauí, atual Arquidiocese de Teresina, tendo sido o primeiro bispo daquela diocese, ali tomando posse em 12/03/1906.

Apesar de quase cego e paralitico, esteve em constante peregrinações pelos sertões nordestinos, pregando como um autêntico missionário.

Viveu os últimos anos de vida modestamente na casa da sua irmã em Macaíba onde veio a falecer em 29/03/1948.










[1] Atualmente  paróquia.

[2] Atualmente paróquia.

[3] Posteriormente transferida para a paróquia de Nova Cruz e paróquia desde 1915.

[4] Presentemente é a paróquia  de Tibau do Sul.

[5] Presentemente pertencente a paróquia de Tibau do Sul.

[6] Diocese da antiguidade cristã já extinta cujo titulo foi dado honorificamente ao citado bispo potiguar.