sexta-feira, 4 de setembro de 2020

VATICANO APROVA PARÓQUIA DIRIGIDAS POR FREIRAS NO RN

 

       O  Osservatore Romano, órgão de imprensa oficial do Vaticano, manifestou-se favorável a experiência que se realizava na paróquia de Nísia Floresta, onde 4 freiras da Ordem das Missionárias de Jesus Crucificado devidamente autorizadas pelo arcebispo de Natal, passaram a administrar a paróquia, passando a realizar exercícios diários de orações na igreja matriz, ensinando o catecismo e em casos de emergência administrando o sacramento do batismo.

         Para a realização de missa a paróquia era atendida por um padre que vinha de Natal que se fazia presente uma vez por semana em razão de outras tarefas na arquidiocese.

         A madre superiora ostentava o titulo de vigária paroquial, antes somente dado aos padres, tendo todos os direitos assegurados pelo Direito Canônico aos titulares desse cargo.

O  Osservatore Romano classificou a experiência de Nísia Floresta como uma “experiência que todas a Arquidiocese encara com grandes esperanças e que já está dando os frutos esperados, o que constitui um sinal de que tem as bençãos divinas”.

         Afirmava ainda o citado órgão do Vaticano que essa experiência e outra semelhante que se realizava em Taipu, também em território da Arquidiocese de Natal, constituíam parte de uma iniciativa mais ampla, denominada Movimento de Natal, que tinha por objetivo a “renovação cristã integral” tanto no campo religioso como no social.

Fonte: Diário de Natal, 1965.


SOBRE O PADRE PEDRO FERREIRA DA COSTA

          O padre Pedro Ferreira da Costa é um sacerdote da Arquidiocese de Natal, sendo ele natural do município de Taipu.

         Nascido a 09/11/1935 em Taipu, filho de Adauto Ferreira da Costa e Ana Gomes da Costa. Ingressou no Seminário São Pedro na capital potiguar, onde fez o curso de Humanidades, depois mudando-se para o Seminário Maior de Fortaleza-CE onde fez o curso superior de teologia.

       Recebeu a primeira tonsura no dia 21/06/1959.Foi ordenado subdiácono em 03/12/1961 e o diaconato em 08/12/1961.

    Foi ordenado sacerdote em 23/06/1962 juntamente com o diácono Antonio Xavier de Souza em solenidade realizada pelo então Administrador Apostólico da Arquidiocese de Natal, Dom Eugênio de Araújo Sales.

                               Monsenhor Pedro Ferreira da Costa


         Segundo o Diário de Natal “é um dia da mais profunda alegria não somente para os neo-sacerdotes, suas famílias,como também para toda a Igreja de Natal, clero e fiéis, que ajudaram a formar mais dois apóstolos para o trabalho de evangelização realizado em toda Arquidiocese. (DÁRIO DE NATAL, 19/06/1962, p.4).

     A solenidade de ordenação ocorreu as 08h00 na catedral metropolitana de Nossa Senhora da Apresentação em Natal.

      Conforme indica o site da Arquidiocese de Natal o Monsenhor Pedro Ferreira da Costa exerce atualmente o cargo de Vigário Paroquial da Paróquia de São João Batista - Lagoa Seca, Natal/RN e membro do Colégio de Consultores da Arquidiocese.

                              Monsenhor Pedro Ferreira da Costa



SOBRE A INAUGURAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA EM TAIPU


        A inauguração da energia elétrica em Taipu proveniente da Usina Hidrelétrica do rio São Francisco em  Paulo Afonso-BA ocorreu em 22/06/1965.

         A distribuição da energia elétrica pela COSERN (Companhia de Serviços Elétricos do Rio Grande do Norte S.A) se fazia por meio de uma ramificação da subestação de Ceará-Mirim através de 29.220 metros de extensão, tendo custado Cr$ 130 milhões para sua implantação.

         A solenidade de inauguração da energia elétrica da COSERN em Taipu contou com a presença do então governador do estado Aluízio Alves, os diretores da COSERN, engenheiro Rômulo Galvão e Wolber Pinheiro e demais auxiliares do governo.

A expectativa

         Segundo o jornal Diário de Natal reinava a expectativa na cidade de Taipu ante a chegada da energia da COSERN. De acordo com citado jornal diariamente o diretor da COSERN, o engenheiro Rômulo Galvão, recebia comissões de comerciante, políticos, agricultores e criadores do município, interessados em saber dos diversos detalhes sobre o improtante acontecimento.

         A linha de distribuição da energia de Paulo Afonso em Taipu, era de vital importância para o município e região, tendo capacidade para atender durante muitos anos as necessidades de desenvolvimento da cidade, o mesmo ocorreria com a região ao longo da linha de transmissão ramificada a partir de Ceará-Mirim o qual propiciaria a indústria e melhoraria a produção agrícola no seu itinerário possibilitando o seu desenvolvimento definitivo.

         De acordo com a direção da COSERN o progresso rural da região de Taipu estava em um dos seus melhores momentos com a chegada ali da energia de Paulo Afonso.

         A eletrificação rural possibilitaria o incremento de toda uma série de pequenas indústrias, além de provocar a utilização de métodos modernos na mecanização da lavoura, da agricultura e da criação.

O programa da inauguração

            A COSERN elaborou um programa de festividades para a inauguração da energia elétrica em Taipu em 22/06/1965 segundo o qual constaria do seguinte:

         18h00-chegada da comitiva governamental a Estação Seccionadora de Taipu e ligação da linha de transmissão Ceará-Mirim-Taipu executada pela COSERN.

         19h00- solenidade de inauguração pelo governador Aluizio Alves da rede de distribuição urbana da cidade.

         21h00- inicio das festas populares e coquetel dançante oferecido a população no clube local pela prefeitura em colaboração com a COSERN.

         De acordo com o Diário de Natal pouco depois das 20h00 o governador Aluzio Alves sob aplausos de uma multidão formada por habitantes do município e de cidades vizinhas, acionou o interruptor que ligou a rede de distribuição da energia na cidade acendendo naquele momento as 174 luminárias da iluminação pública das ruas cidade.

Fonte: O POTI, 20/06/1965,p.8. DIÁRIO DE NATAL,23/06/1965,p.6.




 

AS RAZÕES DOS DEFICITS DA ESTRADA DE FERRO NATAL A NOVA CRUZ

    

        A Imperial Estrada de Ferro do Natal a Nova a Nova (após a proclamação da República foi suprimida a referência ao império) como se sabe foi a primeira ferrovia a ser construída e inaugurada no Rio Grande do Norte.Sua construção trouxe um grande entusiamo tanto do ponto de vista politico como econômico, visto que a época ferrovia era sinônimo de progresso e desenvolvimento.Entretanto, o entusiamo inicial foi cedendo lugar ao pessimismo e decepção em decorrência dos déficits que se verificavam nas rendas da citada ferrovia.

         Várias razões convergiam para a ocorrência dos déficits da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz.Tentaremos expor alguns neste artigo.

         Quando a Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz foi construída e inaugurada o Rio Grande do Norte constituía uma província do Império do Brasil, tendo sido o governo imperial o fiador de sua construção dando a empresa as garantias de juros para a realização da obra.

         A ferrovia tinha seu ponto inicial na capital potiguar com destino a então vila de Nova Cruz numa extensão de 121 km, passando pelas cidades e vilas de São José de Mipibu, Goianinha, Canguaretama e vários pontos intermediários.A ferrovia cortava os vales dos rios Pitimbu, Cajupiranga, Capíó, Papari, Cunhaú e Curimataú.

         Ao percorrer a ferrovia em 1889 um cronista da época escreveu “ percorri toda extensão da ferrovia referida, e posso afirmar, tanto quanto é possível ao meu fraco entender, que a mesma se acha satisaftória e convenientemente servida de boas estações, oficinas e mais material necessário, como estrada de bitola estreita, não conheço cousa melhor nem melhormente servida”. (CIDADE DO RIO,18/05/1889, p.2).

         Se a ferrovia apresentava uma boa estrutura técnica de tráfego por que então aprestava a mesma déficits econômicos em suas rendas? Vejamos.

O  superintendente da Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz, o engenheiro inglês John Morant, apresentou em 12/04/1889 o seguinte relatório sobre as rendas da ferrovia.

Receitas da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz entre 1886 e 1888

Ano

1º semestre

2º semestre

Total

1886

20.417$910

50.250$880

70.668$820

1887

32.836$700

45.454$130

78.290$810

1888

29.693$820

43.034$250

72.728$070

Fonte: Cidade do Rio,18/05/1889, p.2.

Despesas da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz entre 1886 e 1888

Ano

1º semestre

2º semestre

Total

1886

105.176$861

101.630$591

206.807$452

1887

95.551$688

91.275$566

192.827$254

1888

74.380$467

77.187$594

151.568$061

Fonte: Cidade do Rio,18/05/1889, p.2.

         Pelo exposto a cima vê-se que o melhor índice de receita foi verificado no 2º semestre de 1886, já o maior número de despesa ocorreu  no 1º semestre do mesmo ano.Analisando o triênio em questão vê-se que a ferrovia tinha mais despesas que receitas, o que ocasionava constantes déficits em suas rendas.

A  essa altura se pergunta o leitor quais os motivos dos déficits.

         Um dos motivos apontados a época era de que a região atravessada pela ferrovia não tinha população suficiente para produzir viajantes nos trens, consequentemente, a renda devida provenientes do transporte de passageiros era minima.

         Outro motivo era que somente os vales atravessados pela ferrovia eram cultivados, e apenas em pequena escala, já os tabuleiros entre os pontos cultivados e população eram estéreis, e por estas razões a região não produzia tráfego suficiente para auferir rendimentos a ferrovia.

Havia pois vantagem no desenvolvimento da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz?

         Essa é a questão que se levanta naturalmente ao ser analisados todos o fatos que contribuíam para o mau desempenho econômico da ferrovia em tela.

         Uma solução apontada para sanar os déficits orçamentários da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz era a sua ligação com a Estrada de Ferro Conde D’Eu e a Estrada de Ferro do Limoeiro, esta na província de Pernambuco e aquela na província da Paraíba.

         Com esta ligação acredita-se se produziria um crescimento nas receitas de passageiros, e também de mercadorias, uma vez que os impostos interprovinciais fossem abolidos.Outra solução para amenziar os déficts da ferrovia era a construção da Estrada de Fero de Ceará-Mirim como um ramal da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz o que deveria produzir bons resultados.

         No tocante a ligação interprovincial, esta já havia sido prevista no projeto original da construção da Estrada de Ferro Natal a Nova, cuja a finalidade precípua era tirar a província potiguar do isolamento geográfico ligando-as as duas províncias mais próximas (Paraíba e Pernambuco), o projeto dessa ligação foi aprovado em 1884, porém somente foi concretizado em 1904 quando foi inaugurado o ramal Nova Cruz, no Rio Grande do Norte a Guarabira, na Paraíba, com extensão de 50 km, tendo sido este ramal construído pela empresa britânica GWBR que era concessionária de toda a malha ferroviária do nordeste a época, com sede no Recife.

         Quanto ao ramal do Ceará-Mirim, este encontrou grandes dificuldades de ser realizados devido a disputas entre a superintendência da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz e os concessionários da Estrada de Ferro do Ceará-Mirim que não queira a obra como simples ramal daquela ferrovia, mas que fosse feita uma ferrovia autônoma como previsto na lei de concessão da mesma em 1870.Além disso outra questão era a falta de entendimento sobre o traçado da ferrovia para o vale do Ceará-Mirim a que se sabia era o mais dese volvido e vantajoso para as rendas provinciais.

         Os concessionários originais dessa ferrovia queria o traçado partindo da margem esquerda do rio Potengi num ponto denominado Coroa que ficava em frente a capital, partindo daí em direção ao vale do rio Ceará-Mirim.

 os estudos feitos pela Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz apontava um traçado partindo de um ponto logo após o Rifoles em Natal indo em direção ao entreposto do Guarapes, passando pelo vale do rio Jundiaí onde estava a vila de Macaíba dai seguindo em direção a São Gonçalo para alcançar em seguida o vale do Ceará-Mirim, o qual segundo a superintendência da Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz esse traçado traria maiores vantagens por conectar os vales dos rio Potengi e Jundiaí ao vale do Ceará-Mirim, onde se encontrava promissoras vilas e povoados densamente povoados ao passo que o outro traçado somente contemplaria o vale do Ceará-Mirim, menos povoado.

         Para se ter uma ideia da demografia da região cortada pela Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz apresentamos a seguir os dados do Censo de 1900.

Municípios atendidos pela Estrada de Ferro Natal a Nova e suas respectivas populações em 1900

Município

População

Arês

3.480

Canguaretama

6.303

Cuitezeiras (Pedro Velho)

6.690

Goianinha

7.030

Natal

16.056

Nova Cruz

6.485

Papary (Nísia Floresta)

4.700

São José de Mipibu

12.046

Total

62.763

Fonte:  Sinopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1900. Repúblca dos Estados Unidos do Brasil. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Volume: 1900. Oficina da Estatística. Rio de Janeiro. p.71-72.