domingo, 28 de fevereiro de 2021

SOBRE ESTATÍSTICAS E OUTRAS NOTICIAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX EM TAIPU #3

 

           O município despendeu a quantia de 1.600$000 em 1906 com uma casa que servia de mercado público, e 600$0000 réis com uma cacimba que abastecia de água potável a população da vila e arredores.

Receitas e despesas

Orçamento da intendência de Taipu entre 1891 e 1903

Ano

Receita

Despesa

1891

588$270

588$130

1892

1:091$110

937$100

1893

1:540$600

1:521$100

1894

1:325$020

1:356$520

1895

723$000

1:896$660

1896

2:114$900

2:110$000

1897

1:238$700

1:046$450

1898

1:725$500

1:711$050

1899

2:002$020

2:002$020

1900

2:445$300

1:942$120

1901

3:000$000

3:484$993

1902

3:210$000

3:440$333

1903

2:845$000

2:608$333

Fonte: relatório, 1905, p.75-78.

O orçamento para o ano de 1905 foi o seguinte: Receita: 3:020$000.Despesa: 3:020$000 (RELATÓRIO, 1905, p.30).

Segundo o relatório do governo do estado de 1906 haviam no município de Taipu 61 fazendas de gado vacum, cuja as rezes se encontrava em número reduzido em virtude das consequências da seca (RELATÓRIO, 1906, p.40).

Ainda de acordo com o citado relatório haviam 20 casas comerciais, todas de pequeno giro e a indústria aparecia com 7 máquinas de descaroçar algodão, sendo 4 movidas a vapor que em anos favoráveis, a produção podia ser calculada em 4 mil sacos de lã e cujo transporte da produção era feito por animais. (RELATÓRIO, 1906, p.40).

Antigo casario em Taipu, atual rua Salvina Soares de Miranda.


Já o orçamento para aquele ano de 1906 foi este: Receita: 3:890$000. Despesa: 3:820$000 (RELATÓRIO, 1906, p.40).

A construção do trecho entre Itapassaroca e Taipu havia se iniciado logo após a inauguração da estação de Itapassaroca que ocorreu em 15/11/1906.

Uma comitiva de jornalista a convite do engenheiro José Luiz Batista, chefe da construção da EFCRGN, visitaram o trecho em construção na seção de Itapassaroca a Taipu em 06/11/1907 poucos dias antes da inauguração do referido trecho.

O objetivo principal da viagem era ver o que se estava fazendo na construção da ferrovia além de Itapassaroca.

O trecho em construção de Itapassaroca a Taipu numa extensão de 11 km estava com quase todo o leito pronto faltando apenas terminar algumas obras de arte das 25 que estavam previstas no trecho e concluir o movimento de terras nos 2 km antes da vila de Taipu. (A REPÚBLICA, 1907, p.2).

         Segundo dados de estatística geral da produção do Estado, organizada pela Sociedade Agrícola do Rio Grande do Norte em 1908 o município de Taipu possuía 3.100 reses de gado vaccum, 13.419 caprinos e produziu 320.000 kg de algodão e 15.000 kg de pequena (BARROS, 1908, p.33).

O governador do Estado, Antônio José de Melo e Souza, publicou em 02/09/1907 o orçamento votado pela Intendência Municipal da Vila de Taipu e que deveria vigorar no exercício financeiro do ano de 1908.

A Lei nº 17 de 10 de setembro de 1907 orçava a receita e fixava a despesa do município de Taipu para o exercício de 1908.

Conforme o Art. 1 da citada lei a receita do município para o exercício de 1908, foi orçada na quantia de 3:970$000.

         Já o Art. 2 constava a despesa do município do Taipu no exercício de 1908 fixada na importância de 3:910$000.

SOBRE OS PRIMEIROS ATOS ADMINISTRATIVOS DO MUNICÍPIO DE TAIPU #2


        Não encontramos os primeiros atos administrativos expedidos pela Intendência municipal de Taipu. Sabe-se, porém, que em 1892 a Intendência elaborou e votou a lei de criação do distrito de Baixa Verde, com sede na povoação de mesmo nome.

         houve logo após a emancipação política de Taipu entendimentos com a intendência de Jardim de Angicos a respeito da cobrança de impostos entre ambos os municípios.

Um dos primeiros ato estaduais que tocam ao município de Taipu em seus primórdios diz respeito a transferência do professor primário, o capitão Joaquim José de Carvalho Pinto, transferido da vila de Flores (atual Florânia) para a vila de Taipu.

         Segundo o jornal O Povo a remoção do citado professor se deu de forma acintosa por causa do professor não acompanhar a política reacionária e antidemocrática do governador Miguel Castro. Ainda de acordo com o citado jornal o professor Joaquim José de Carvalho Pinto não aceitou a transferências permanecendo ensinando de forma particular aos alunos da vila de Flores. (O POVO, 19/07/1891, p.2).

     A secretaria do governo enviou oficio ao Conselho da Intendência do Taipu, recomendando que dentro dos limites pertencente a esse município conforme constava no decreto nº 55 de 04 de outubro de 1890, segundo o qual não deveriam ser cobrados os dízimos (impostos do gado) e mais direitos por aquele município. (RIO GRANDE DO NORTE, 13/09/1891, p.1).

         O relatório do governo do estado de 1896 dizia apenas sobre o município de Taipu que pertencia a comarca do Ceará-Mirim e não era distrito judiciário. O mesmo relatório dizia ainda que não havia sido possível reunir dados históricos e geográficos sobre Taipu. (RELATÓRIO..., 1896, p.88).

Um ofício de 16 de maio de 1902 comunicou que na ata da sessão a Intendência municipal do Taipu daquele dia fora consignado um voto der profundo pesar em virtude do trágico falecimento do aeronauta e deputado potiguar Augusto Severo ocorrido em 12/05/1902 em Paris. (A REPÚBLICA, 11/06/1902, p.4).

Aspectos do casario antigo de Taipu.


UM NOVO MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO NORTE #1

             

        O município de Taipu foi criado pelo Decreto-Lei nº 97 de 10 de março de 1891 assinado pelo governador Antônio Amintas Barros, sancionando assim a lei votada pela Assembleia Legislativa do estado o qual concedia autonomia política e administrativa ao então distrito de Taipu desmembrando-o do território do município de Ceará-Mirim do qual fora distrito entre 1851 e 1891.

       Tinha a época de sua criação uma extensão territorial de 942 km², população de 2.709 habitantes e 165 eleitores. A população habitava na maioria em sítios e fazendas. A economia do município estava em torno da produção agrícola, sobretudo na cultura do algodão, cereais e gado. O município tinha pouco movimento comercial cujos produtos agrícolas eram transportados para os mercados de Natal, Ceará-Mirim e Macaíba. As importações eram apenas de pequenas quantidades de mercadorias necessárias ao consumo e aos hábitos modestos da sua população, já as exportações eram de algodão, cereais, peles e couros.

      A vila de Taipu, sede do município, foi erguida na margem direita do rio Ceará-Mirim. A época da criação do município tinha 3 ruas, 173 casas, 2 escolas de ensino primário (uma para cada sexo), a delegacia de policia civil, a igreja de Nossa Senhora do Livramento que capela filial da paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Ceará-Mirim, a agência dos correios e telégrafos, o cemitério que se localizava a época fora dos limites urbanos da vila.

Aspectos do centro de Taipu em 1965.
A aparência da vila ao ser criado o município era semelhante ao visto nesta imagem.

        A feira era realizada embaixo de uma latada onde os habitantes compravam gêneros de primeira necessidade como milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc.

       Segundo o que foi publicado no jornal A República havia em Taipu em 1891 uma pequena feira sob uma latada “igual a um ninho de asa branca, aonde alguns matutos reúnem-se para vender certos gêneros, como sejam milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc, porém tudo em tão pequena quantidade, que um freguês dispondo-se a atacar tudo, talvez não ache em que empregar a fabulosa quantia de 100$000 réis”.(A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).Ainda de acordo com o citado jornal ao invés de obrigar os vendedores a terem suas medidas aferidas pela municipalidade, ao contrário, obrigava-os a só vender pelas medidas da mesma intendência. O funcionário encarregado de alugar as tais medidas da intendência foi citado pelo jornal apenas pelo sobrenome Ferreira, o qual não satisfeito com a medida tomada pela intendência, obrigava o matuto a alugar tantas medidas quantas fossem os sacos, ou outras vasilhas em que pusesse a venda os seus produtos, dizia o citado jornal. (A REPÚBLICA, 26/09/1891, p.4).

Aspecto de uma feira em Taipu.

       Além da Vila, havia as povoações de Baixa Verde, Contador, Poço Branco e Gameleira que eram núcleos urbanos muito empobrecidos e quase abandonados em consequências das secas.

       Haviam duas estradas que faziam a comunicação terrestre ao municípios limítrofes, sendo uma estrada que ligava a vila de Taipu cidade de Ceará-Mirim. Esta estrada é citada na descrição contida no relatório do governo do estado no tocante ao município de Ceará-Mirim (RELATÓRIO..., 1896, p.86). É a atual estrada do Juamirim passando pelo vale do riacho Gameleira.

A outra estrada partia da vila de Touros para o município de Taipu cortando os vales do Saco e Golandim (RELATÓRIO..., 1905, p.68). É a atual estrada municipal que liga a cidade de Taipu a cidade de Pureza passando pelo distrito do Ingá.

Estrada municipal que começa no rio da Buraca, era a antiga que  fazia a ligação com o município de Touros.



Estrada do Juamirim, antiga estrada que ligava Taipu a Ceará-Mirim.

       Fixados a configuração territorial do novo município de Taipu este passou a ter por limites os municípios de Touros ao norte, São Gonçalo ao sul, Ceará-Mirim a leste e Jardim de angico a oeste.

       Banhado pelo rio Ceará-Mirim, sendo este o principal curso de água do município, além disse rio, outros cursos d´água cortava o território do município de Taipu tais como os riachos Carrapato, com nascente na Cruz do Salvador, Gameleira, com nascente na Serra Pelada, Lajes, cuja nascente estava no serrote do mesmo nome, Barreto, com sua nascente na Cachoeira do Sapo[1], Campestre, com nascente na Serra Verde[2]; Seco, com nascente na mesma Serra Verde[3], Coité, com nascente no Tabuleiro do Barreto, Cafuringa, com sua origem no serrote do Torreão[4].Nenhum destes riachos davam vazantes e secavam completamente quando cessava o inverno e em períodos de secas prolongadas.

Rio Ceará-Mirim na zona urbana de Taipu.


         Já as lagoas existentes no município eram Jurema, Lagoa de Dentro, Melancia, Cajueiro e Lagoa do Gago. Tinham elas grande capacidade acumulativa de água, porém, sem nenhum valor que pudesse a população delas se beneficiar.

        Haviam dois açudes, sendo um na povoação de Baixa Verde em bom estado e outro na Vila, o qual ficou bastante estragado em consequência das inundações de 1895.

        Além destes, haviam mais 8 açudes particulares, todos de pequena capacidade. Nos riachos do Coité, do Barreto e do Carrapato, existiam lugares apropriados para açudagem.

       As serras existentes no município de Taipu constavam das seguintes: Serra Pelada, Serra da Cruz[5] e Serra do Torreão[6]. Todas sem maniçobais e sem préstimo para o cultivo. Havia mais 5 outros serrotes igualmente estéreis que eram: Inhandú, Urubu, Pousa, Lajes e Branco[7].


A Serra Pelada, está localizada no distrito homônimo em Taipu.

Serra do Torreão fazia parte do território de Taipu até 1928 quando foi criado o município de Baixa Verde atual João Câmara.

         Havia no município grande quantidade de terras do Estado, das quais diversos proprietários particulares já estavam se apossado ilegalmente, para o plantio e criação.

        O novo município foi instalado em 03 de abril de 1891 com a posse do primeiro intendente, o capitão Cândido Marcolino da Rocha.

      O líder político republicano Pedro Velho esteve na vila do Taipu em 03/04/1891, descansando por algumas horas seguindo logo depois para o sertão do estado e presenciando a instalação do município. Segundo o jornal A República “assim que circulou a noticia de que se achava na vila o distinto chefe do partido republicano, de muitos pontos romperam festivas girândolas significando a simpatia de que aqui goza o ilustre visitante”. (A REPÚBLICA, 11/04/1891, p.2).

         Ainda de acordo com o citado jornal, Pedro Velho foi visitado por todas as pessoas gradas do lugar e durante o tempo que permaneceu na vila esteve sempre rodeado de numerosos amigos.

          Mesmo com a autonomia política e administrativa dada pela criação de Taipu o município continuou jurídica e eclesiasticamente pertencente a Ceará-Mirim, respectivamente da comarca e da paróquia da cidade vizinha da qual havia se emancipado.

          A época da criação do município de Taipu os municípios eram administrados por um Conselho da Intendência que dividiam as funções administrativas e legislativas, o equivalente aos cargos de prefeito e vereadores atualmente.

     Como de praxe sempre ao ser criado um novo município competia ao governador nomear seu primeiro intendente. O mandato era de 3 anos e  sem remuneração.

                  Continua...

[1] À época pertencente ao município de Jardim de Angicos, atualmente em Riachuelo.

[2]Do município de Touros.

[3] Servia de limites municipais entre Taipu e Touros.

[4] Atualmente no município de João Câmara.

[5] Atualmente do município de Bento Fernandes.

[6] Atualmente do município de João Câmara.

[7] Todos se localizam atualmente no município de Poço Branco.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

O INÍCIO DO TRÁFEGO DO RAMAL DE PICUÍ

 

Tendo sido inaugurado provisoriamente o prolongamento da GWBR entre Itamataí e a parada do km 10 teve inicio o trafego de passageiros, encomendas, mercadorias, transporte de animais e o serviço de telégrafo entre ambas as estações a partir do dia 27/12/1910.

O trecho fazia parte do ramal de Picui da mesma GWBR. Itamataí é um distrito de Guarabira, onde lá se iniciava o referido ramal.

De acordo com o jornal A República os trens mistos correriam provisoriamente as terças, quintas e sábados na ida e retornando as segundas, quartas e sextas. Eis abaixo o horário do referido trajeto .

Estações

Horário

Ida

Itamatai

06h35

Pirpirituba

06h57

Parada km 10

07h10

Volta

Parada  km 10

05h00

Pirpirituba

05h17

Itamatai

05h35

 

O comunicado de inicio do tráfego foi expedido do Recife pelo superintendente da GWBR o engenheiro inglês A. T. Connor em 24/12/1910.

A seguir imagens do ramal de Picui retiradas da revistas Ilustração Brasileira em 1938.






























Fonte: A República, 28/12/1910, p.2.