De acordo com o jornal O Nortista achava-se em trabalho no
serviço da capela-mor da matriz de Ceará-Mirim, o pintor e dourador Manoel
Adolfo d silva Ramos, que a convite do vigário da freguesia foi até a cidade de
Ceará-Mirim e com o vigário empreitou algumas obras na referida igreja sob
orientação dada pelo engenheiro David Wiliams, por 4 contos de réis, cujos serviços a fazer constavam do seguinte
Douramento da capela-mor com todos os frisos dourados
amordente fusco, branco a verniz a imitação de porcelana, começando do teto
frisos dourados, como frisos azuis celeste – o centro do forro branco fingindo
a estuque e nele a efígie da Padroeira Nossa Senhora da Conceição pintada sobre
zinco.
Descendo a cornija, fingindo mármore roxo quase branco,
acompanhando todas as tribunas, travessas e arco-mor da mesma cor, sendo os
pedestais em mármore escuro, secundando outra vez de cima uma sanefa debaixo da
cornija ultramarino ou fingindo damasco amarelo de Nanquim cor de ouro, sendo o
centro roxo rei claro, chegando até as barras paralelas que seriam de quadros
vivos, fingindo a mármore de diversas cores preso a uns cordéis, e os vidros das
tribunas fingindo mosaico e os de entre os nichos da mesma capela-mor do lado
dos caixilhos bordado a pincel, os da frente branco limpo, dos lados do nicho
do centro quatro anjos em adoração à Custódia, sendo dois de cada lado. Pintura
a óleo fino. As portas e tribunas de verde-azul ultramarino, quase branco. Grades
de ferro com douramento para as tribunas e arco-mor da mesma capela e nesta
ladrilho de tijolo mosaico fino.
Segundo o mesmo jornal o vigário de Ceará-Mirim, Pe. Antonio
Antunes de Oliveira e o tenente-coronel José Antunes de Oliveira estavam
empenhados pelo fim das obras da matriz e seu aformoseamento, onde os mesmos
fizeram as torres e o frontispício da igreja, sendo as torres descritas pelo
mesmo jornal como “elegantes e salientes de que avistadas ao longe a tudo sobressaem”, e continuavam com gosto
no trabalho da frente mesma matriz.
Ainda de acordo com o jornal citado o vigário trabalhava
como empenho, zelo e eficácia, para ver concluído todo o trabalho da matriz,
para o que já não só havia saído a pedir auxílios aos senhores de engenho da
cidade de Ceará-Mirim e de Maxaranguape, dos quais recebeu assinaturas e espórtulas
que chegaram a mais de 3:000$000 de réis; além disso estava elevando sua
voz na tribuna sagrada chamando a todos
os seus paroquianos para concorrerem com suas esmolas e mostrando-lhes o dever
que haviam de cooperarem para o sagrado fim, e para que chegassem ao
conhecimento de todos, este dever e o seu apelo
O autor do texto (que se assinou como ‘um paroquiano’) recorria a imprensa para que fosse publicado o plano do vigário na esperança que os paroquianos não se olvidassem o auxilio necessário para aquela obra a qual "enobreceria a Religião e que seria elevado ao Trono de Deus onde se receberia a única e verdadeira recompensa". (O NORTISTA, 09/09/1892, p.3).
Ao longo do tempo a igreja matriz de Ceará-Mirim passou por inúmeras intervenções que pouca coisa ou quase nada mais remete a esta primeira obra de aformoseamento dessa igreja.
Ainda em 1896 a matriz de Ceará-Mirim estava em inacabada, mas mesmo assim o bispo da Paraíba, Dom Adauto de Miranda Henriques, nela fez visita pastoral e em julho daquele mesmo ano, o referido bispo transferiu a matriz para a capela da povoação de Taipu permanecendo lá até agosto de 1897.
A matriz de Ceará-Mirim só foi finalmente concluída em 1900, tendo suas obras se iniciado em 1861, portanto, 49 anos.
Detalhe da fachada da igreja matriz de Ceará-Mirim |
Aspecto da capela-mor da matriz de Ceará-Mirim |
Aspecto de uma capela lateral da matriz de Ceará-Mirim |
Detalhe de um púlpito lateral da matriz de Ceará-Mirim. |
Detalhe do teto da matriz de Ceará-Mirim e seus afrescos |
Aspectos internos da matriz de Ceará-Mirim. |
Aspectos internos da matriz de Ceará-Mirim. |
Detalhes das torres da igreja matriz de Ceará-Mirim. |
Aspectos externos da matriz de Ceará-Mirim. |
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