sábado, 11 de maio de 2019

A ‘BOTADA’ DA USINA ESTIVAS EM 1948


         A nova safra açucareira estava no começo, estando as usinas iniciando seu trabalho de colheita.
         No dia 16/09/1948 realizou-se a “botada” da Usina Estivas, que era o inicio da colheita.
         A Usina Estivas havia passado por recentes melhoramentos e ampliações naquele ano de 1948 e que tinha sido inauguradas justamente na festa da “botada” recebendo as bênçãos da Igreja, oficiando o padre de Goianinha.
         Com os novos melhoramentos, a Usina estava em condições de produzir até 30mil sacos de açúcar, tendo ainda, uma grande destilaria para álcool e aguardente.
         Terminada a cerimônia da “botada”, foi servido a todos os presentes um churrasco e farta mesa de bebidas.
         Compareceram o governador José Varela e numerosa comitiva, constituída de autoridades que haviam seguido até a Usina em carro de linha, sendo recepcionados pelos sócios da Usina.

                                Aspecto da Usina Estivas em 1972
Fonte: RN Econômico, 1972.

         Após o churrasco, falou saudando o governador e sua comitiva o Dr. Oto Guerra, advogado da Usina Estivas que destacou o papel econômico da indústria do açúcar no Rio Grande do Norte, tendo também palavras de agradecimentos ao Dr. Helio Lobo diretor da EFCRGN.
         O governador José Varela agradeceu as palavras de saudação e declarou ter o maior desejo em animar a expansão econômica do Estado.
         Aclamados, falaram, ainda o jornalista Remildo Gurgel e o dr. Luiz Ribeiro Coutinho, diretor presidente da Usina Estivas S.A.
       Situada no município de  Arez a 60 km de Natal, a Usina Estivas S.A, era recortada pela Estrada de Ferro que ligava a capital a Nova Cruz, cujo trilhos passavam pro dentro da Usina, tendo inclusive ali um desvio para abastecimentos dos produtos ali beneficiados da cultura canavieira.Encravada no vale do rio Jacú, recebia também a produção de canas do vale  Urucá ou Santo Alberto, na parte norte e ao sul do vale do Catú e do Curimataú.
Em 1952 estava equipada com moendas capazes de triturar até 650 toneladas em 24 horas, podendo fabricar 850  sacos de açúcar diariamente.
Com a Usina Estivas e outras do vale do Ceará-Mirim o Rio Grande do Norte estava assumindo a posição de estado exportador de derivados de cana de açúcar no referido período.
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Fonte: A Ordem, 17/09/1948, p.3

RESUMO DO PROGRAMA DO GOVERNO COMUNISTA PARA NATAL EM 1935



         Quando a revolução comunista no Brasil em novembro de 1935, Natal, capital do Rio Grande do Norte, esteve 3 dias incompletos transformada em Moscou.
Eis um resumo do programa a ser executado na capital moscovita potiguar e em outros pontos do país caso o movimento triunfasse.
DIA DO CLERO. Todos os sacerdotes seriam sangrados na praça pública  começando pelo Bispo Diocesano.(Coitado de Dom Marcolino Dantas, o angélico bispo diocesano que era incapaz de fazer mal a uma folha que caísse ao chão, seria o primeiro a ser fuzilado pelo governo comunista potiguar).
DIA DO COMÉRCIO. Assalto ao alto comércio, particularmente as casas bancárias, podendo cada comunista levar para sua casa o que pudesse. (Dispensa comentários, está mais claro que água brotando da Fonte de Pureza).
DIA DAS FAMÍLIAS OU DO PRAZER. Todo e qualquer “camarada” poderia invadir os lares e fazer o que bem entendesse... (isso mesmo que o leitor leu e entendeu, os “camaradas” poderiam invadir o sacrossanto lar do cidadão de bem e conspurcar a dignidade de um senhora casada e violar a virgindade de moças impúberes e nubentes).
DIA DA RELIGIÃO. (complemento do dia do clero). Uma procissão a sair da Catedral em que todas as famílias teriam que formar em trajes de Adão e Eva... ( traduzindo em bom e claro português hodierno: o povo seria obrigado a sair na rua pelado como veio ao mundo).
         Este era apenas o resumo da ópera, imaginem os leitores o que seria a obra completa desse governo vermelho na capital potiguar.
O citado programa foi exposto no jornal Tribuna Popular, que era de orientação de esquerda, ou seja, comungava das ideias comunistas, como propaganda do “bem sucedido” golpe comunista que foi dado em Natal naquele ano de 1935 (TRIBUNA POPULAR, 12/09/1945, p.4).
         Graças a proteção da padroeira de Natal, em cujo caixote onde sua imagem foi encontrada estava escrito que onde aquela imagem parasse nenhuma desgraça aconteceria, que de fato essa desgraça de um governo comunista jamais ocorreu em Natal em 1935. Já hoje em dia...

TRÊS ÍNDIOS DO MARANHÃO E OS SAPATOS DO GOVERNADOR DO RN



         Em 1949 chegaram a cidade de Natal, 3 índios da tribo dos Canelas procedentes do Maranhão, onde tinham ali seu habitat.
         Para chegar até a capital potiguar, os índios atravessaram os estados do Piaui, Ceará , Rio Grande do Norte, além de boa parte do seu próprio estado,o Maranhão.
         Que vieram fazer os índios em terras potiguares? Apenas isto: pedir algumas ferramentas para suas lavouras e reclamar da comunicação que lhes proporcionassem o escoamento dos artigos que produziam.
         Certamente esses índios se conhecessem a bussola deveria ter solicitado uma.Como se admitir que viessem ter em Natal atravessando tantos estados, quando poderiam ter ido a capital do seu estado? Enfim, talvez eles soubessem os motivos dessa preferência um tanto vexatória para o governo do Maranhão.
         Não dizem os telegramas se  os Canelas obtiveram os facões, machados, foices e enxadas de que tanto precisavam, mas se soube pelos telegramas de lá, que esses índios já tinham sido organizados em show teatral e estavam se exibindo com incrível êxito no Cinema Rio Grande, dançando e cantando para o público da capital potiguar.
         Visitaram o governador José Varela levando ao “papai grande” vários  presentes: arcos, flechas, cerâmicas.Para culminar suas homenagens ao governador, condecoraram-no com a mais alta honraria da taba, um colar de penas, colocando ao pescoço do governador que passou daquele momento em diante a ser considerado “Tuchaua honoris da tribo dos Canelas”.
         É da praxe que quem recebe também tem que dar. Um deles, o mais loquaz foi logo escolhendo sua recompensa. Olhou para os pés do governador José Augusto Varela e pediu os sapatos.
         Imaginem que susto não teve o governador se os índios exigissem a cadeira governamental.
 
Revista da semana, 1949,p.57.




Fonte: Revista da semana, 1949,p.57


terça-feira, 7 de maio de 2019

A INDÚSTRIA DE DOCES E BALAS SIMAS



De antemão o autor do blog esclarece que não recebeu nenhum incentivo pecuniário para publicar essa postagem, o fez tão somente pela convicção de que a referida indústria figura como uma das mais tradicionais empresas que contribui para o desenvolvimento socioeconômico e fazendo parte da memória cultural do Rio Grande do Norte.
Certamente 99,9% dos potiguares já provaram de alguma bala fabricada pelas indústrias SIMAS INDUSTRIAL S/A, uma das mais tradicionais indústrias potiguares. Quem não se lembra do cheiro de açúcar fabricando as balas e pirulitos na sede da industria que ficava na av Salgado Filho?
O inicio
De uma velha fabriqueta da rua Tavares de Lira à moderna indústria de balas e doces situada à margem direita da avenida Salgado Filho, há uma longa história de lutas travadas por um modesto grupo empresarial potiguar contra o poder de concorrência dos grandes grupos sulistas verdadeiros donos do mercado brasileiro de tais produtos.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A começou em 1947, sob a razão social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO, com um capital de 200 contos de réis.
Na época, foi fundada a Fábrica São João, operando em regime quase artesanal e tentando conquistar um lugar ao sol no mercado de Rio Grande do Norte.
A preocupação com a qualidade e a melhora gradativa dos seus produtos logo mostraram resultados positivos. Meses depois de iniciar suas atividades, a Fábrica São João já tinha mais procura do que oferta. Inclusive os Estados vizinhos iniciaram as compras dos produtos aqui fabricados. Para atender ao consumo, ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO cuidou de importar as primeiras máquinas de balas, da Inglaterra e da Alemanha.
                Fachada lateral da SAMIS na av Salgado Filho

O crescimento
O crescimento da empresa prosseguiu de modo racional e constante. Dentro do programa de expansão, em 1963 a firma instalou a sua própria fábrica de latas, para atender o seu próprio consumo e ao de outras empresas locais. Em 1964 a empresa adquiriu o controle da Fábrica de Doces Muriú, ampliando então sua linha de produção, e passando a atuar também no ramo de doces e conservas, aproveitando como matérias primas frutas regionais.
  Aspectos internos da fábrica SAMIS na av Salgado Filho



O Apoio da SUDENE
No ano de 1968, já com um capital de 700 mil cruzeiros, mudando a razão social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO para SIMAS INDUSTRIAL S/A, os dirigentes da empresa foram apoiados pelos incentivos fiscais da SUDENE. Um projeto de ampliação, modernização e relocalização da fábrica de doces foi encaminhado ao órgão encarregado do desenvolvimento com aprovação imediata pela Resolução n. 41/62 do Conselho Deliberativo da SUDENE.
         A nova fábrica era já  uma realidade em 1971, produzindo, por dia 10 mil kg de goiabadas, bananadas, balas, pastilhas, drops, doces de leite, etc. e consumindo nada menos do que 3 mil sacos de açúcar por mês.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A abastecia, já naquele ano de 1971, todo o mercado Norte e Nordeste (inclusive os produtos já estavam sendo vendidos na Transamazônica em construção naquela época e que em muito contribuiu pra divulgar a marca dos produtos SIMAS).
A SIMAS INDUSTRIAL S/A contava com 116 empregados em 1971, com uma linha de 30 produtos que chegavam às mãos do consumidor com as marcas SÃO JOÃO, SAMI’s s MURIÚ. A produção em 1971 deveria subir para 20.000 kg/dia, com a importação das novas máquinas.
Sozinha, a empresa adquiria toda a produção de goiaba do Rio Grande do Norte (naquele ano de 1971 foi de 200 toneladas), e se constituía no maior comprador de caju, banana e várias outras frutas regionais.
Com um capital social de Cr$ 7.000.000,00 em 1971 a SIMAS INDUSTRIAL S/A era, segundo a revista RN Econômico, um atestado da capacidade realizadora do homem nordestino. Segundo a Revista RN Econômico a empresa, praticamente, já  tinha libertado o Nordeste da necessidade de importar balas e caramelos, liderando as vendas destes produtos em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, sem falar no Norte do país, onde atuava quase sem concorrentes.
A empresa tinha à frente Orlando Gadelha Simas, seu diretor presidente e fundador. Os seus demais diretores eram: José Gadelha Simas — diretor comercial; João Gadelha Simas — diretor-assistente; Antônio Thiago Gadelha Simas Neto — diretor-industrial; e Eduardo Orlando Araujo Gadelha Simas — diretor-financeiro. Estes dois últimos nomes trouxeram ao empreendimento a vitalidade, a criatividade e o dinamismo da nova geração.

Orlando Gadelha Simas, presidente e fundador da SIMAS INDUSTRIAL S.A

A fábrica da Avenida Salgado Filho era um cartão de visita de Natal, não apenas pelo que tem de moderno em equipamentos e não apenas pela excelente qualidade dos produtos que lançava no mercado, mas pelo seu conjunto arquitetônico e pelas linhas artísticas que chamam a atenção de quem passava pela avenida.
Não era sem razão que os inúmeros compradores dos produtos São João e Muriú, vindos de outros Estados a convite dos diretores da empresa, ao visitarem a SIMAS INDUSTRIAL S/A tinham a mesma palavra de exaltação e de surpresa pela grande indústria que se conseguiu implantar em Natal e pelos grandes lucros que ela vinha proporcionando aos clientes e aos investidores.
Atualmente a empresa está situada no Distrito Industrial de Macaiba-DIM as margens da BR-304.

Fonte: RN Econômico, 1971, p.24-25.

O PALACETE DA INTENDÊNCIA DE NATAL



O elegante palacete da Intendência Natal, situado no angulo da rua da Conceição e rua Ulysses Caldas, no centro da Capital Potiguar é a sede do poder executivo do referido município (prefeitura municipal é redundância e deve ser evitado) tendo sido construído em 1922 em substituição ao antigo prédio da intendência para comemorar o Centenário da Independência do Brasil.A sede do poder executivo passa a ser denominada prefeitura a a partir de 1932.
 É uma sólida construção de alvenaria, consta de dois pavimentos todo ladrilhado a mosaico e tendo um vasto  pátio de entrada e escadaria.
Na parte baixa, dividida em duas seções ficam á esquerda dois salões destinados ao serviço do Juíz e ás audiências dos juizados de direito locais, e á direita, a portaria, a fiscalização, o almoxarifado e instalações sanitárias.
Na parte superior, ou primeiro andar, está a sala das sessões da Intendência, o gabinete do Presidente e o do Secretario, á esquerda oeste, e á direita, tesouraria, sala técnica e contadoria.

    Fachada lateral da Intendência de Natal em 1923

    Fachada da prefeitura de Natal em 1935


A fachada monumental do edifício oeste no belo escudo municipal e a inscrição: intendência Municipal.
 O novo palacete da Intendência Municipal foi construído, foi construído em virtude de contrato com o Dr. Mario Lyra, lavrado a 7 de fevereiro de 1922  e assinado pelo Major Fortunato Rufino Aranha, Vice-Presidente em exercício.
 O preço da obra era de 128.490$000 ; o prazo de entrega foi agosto do mesmo ano.
A Intendência Municipal resolveu, durante a construção, mudar as telhas comuns pelo telhado francês e, por isso, pagou de diferença a mais de preço R$. 5:200$000. Depois de construído o prédio e inaugurado, mandou se fazer a instalação de luz e tímpanos elétricos, todo o mobiliário novo, tapetes, alcatifo em toda a escadaria e todos os utensílios necessários á nova adaptação, tendo a Intendência gasto, na totalidade R$. 251:000$000, isto é, com o seu prédio, mobília e imateriais.
O inicio da construção se verificou no  dia 9 de fevereiro de 1922. A 3 de junho,levantada a ultima tesoura da coberta, pelo lado da rua da Conceição e a 5 de junho, erguida a cumeeira, havendo o embandeiramento que a solenizou a conclusão da obra, inaugurada a 7 de setembro, se efetuou a 9 de novembro de 1922.

                      O Palacete da Intendência de Natal em 1936
Fonte: Revista da Semana,1936.

Ata da inauguração do novo prédio Intendência Municipal de Natal
Aos sete dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e vinte dois, nesta cidade de Natal Capital do Estado do Rio Grande do Norte, reunidos ás 12 horas, no n° edifício da Intendência Municipal de Natal. Estado e autoridades locais, chefes das repartições públicas, estaduais e federais, e o
povo em geral, foi inaugurado o prédio onde vai funcionar a Intendência da Capital do Estado,em comemoração a passagem do Centenário da Independência do Brasil, (a) Eu Mario Eugênio Lyra, Secretário da Intendência Municipal, lavrei a presente ata, que vai assinada por todos os presentes e demais pessoas que visitarem o edifício.
(aa) Antonio José de Mello e Sousa.
Fortunato R. Aranha.
Hemeterio R. Fernandes de  Mello.
Augusto Leopoldo da Câmara.
P.Soares de Araujo.
Mons. Alfredo Pegado.
Sebastião Fernandes.
Apolônio Seabra de Mello.
 Silvio Galvão de Miranda.
Dr. Mario Lyra.
 Felizardo Toscano de Britto.
Adv. Otávio Cavalcanti.
Cícero Aranha. Solon Araújo.
Josué Tabira.
Diogo Alves Maia.
José Arcoverde Cavalcante.
Seguem se mais 202 assinaturas.
Fonte: Revista do IHGRN, 1922, p.303.