De antemão o autor do blog esclarece que não recebeu
nenhum incentivo pecuniário para publicar essa postagem, o fez tão somente pela
convicção de que a referida indústria figura como uma das mais tradicionais
empresas que contribui para o desenvolvimento socioeconômico e fazendo parte da
memória cultural do Rio Grande do Norte.
Certamente 99,9% dos potiguares já provaram de alguma
bala fabricada pelas indústrias SIMAS INDUSTRIAL S/A, uma das mais tradicionais
indústrias potiguares. Quem não se lembra do cheiro de açúcar fabricando as
balas e pirulitos na sede da industria que ficava na av Salgado Filho?
O inicio
De uma velha fabriqueta da rua Tavares de Lira à moderna
indústria de balas e doces situada à margem direita da avenida Salgado Filho,
há uma longa história de lutas travadas por um modesto grupo empresarial
potiguar contra o poder de concorrência dos grandes grupos sulistas verdadeiros
donos do mercado brasileiro de tais produtos.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A começou em 1947, sob a razão
social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO, com um capital de 200 contos de
réis.
Na época, foi fundada a Fábrica São João, operando em
regime quase artesanal e tentando conquistar um lugar ao sol no mercado de Rio
Grande do Norte.
A preocupação com a qualidade e a melhora gradativa dos
seus produtos logo mostraram resultados positivos. Meses depois de iniciar suas
atividades, a Fábrica São João já tinha mais procura do que oferta. Inclusive
os Estados vizinhos iniciaram as compras dos produtos aqui fabricados. Para atender
ao consumo, ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO cuidou de importar as primeiras
máquinas de balas, da Inglaterra e da Alemanha.
Fachada lateral da SAMIS na av Salgado Filho
O crescimento
O
crescimento da empresa prosseguiu de modo racional e constante. Dentro do
programa de expansão, em 1963 a firma instalou a sua própria fábrica de latas,
para atender o seu próprio consumo e ao de outras empresas locais. Em 1964 a empresa
adquiriu o controle da Fábrica de Doces Muriú, ampliando então sua linha de
produção, e passando a atuar também no ramo de doces e conservas, aproveitando
como matérias primas frutas regionais.
Aspectos internos da fábrica SAMIS na av Salgado Filho
O Apoio da SUDENE
No
ano de 1968, já com um capital de 700 mil cruzeiros, mudando a razão social de
ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO para SIMAS INDUSTRIAL S/A, os dirigentes da empresa
foram apoiados pelos incentivos fiscais da SUDENE. Um projeto de ampliação,
modernização e relocalização da fábrica de doces foi encaminhado ao órgão
encarregado do desenvolvimento com aprovação imediata pela Resolução n. 41/62
do Conselho Deliberativo da SUDENE.
A
nova fábrica era já uma realidade em
1971, produzindo, por dia 10 mil kg de goiabadas, bananadas, balas, pastilhas, drops,
doces de leite, etc. e consumindo nada menos do que 3 mil sacos de açúcar por
mês.
A
SIMAS INDUSTRIAL S/A abastecia, já naquele ano de 1971, todo o mercado Norte e
Nordeste (inclusive os produtos já estavam sendo vendidos na Transamazônica em
construção naquela época e que em muito contribuiu pra divulgar a marca dos
produtos SIMAS).
A
SIMAS INDUSTRIAL S/A contava com 116 empregados em 1971, com uma linha de 30
produtos que chegavam às mãos do consumidor com as marcas SÃO JOÃO, SAMI’s s
MURIÚ. A produção em 1971 deveria subir para 20.000 kg/dia, com a importação
das novas máquinas.
Sozinha,
a empresa adquiria toda a produção de goiaba do Rio Grande do Norte (naquele
ano de 1971 foi de 200 toneladas), e se constituía no maior comprador de caju, banana
e várias outras frutas regionais.
Com
um capital social de Cr$ 7.000.000,00 em 1971 a SIMAS INDUSTRIAL S/A era, segundo
a revista RN Econômico, um atestado da capacidade realizadora do homem
nordestino. Segundo a Revista RN Econômico a empresa, praticamente, já tinha libertado o Nordeste da necessidade de
importar balas e caramelos, liderando as vendas destes produtos em Pernambuco,
na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, sem falar no Norte do país, onde
atuava quase sem concorrentes.
A
empresa tinha à frente Orlando Gadelha Simas, seu diretor presidente e fundador.
Os seus demais diretores eram: José Gadelha Simas — diretor comercial; João
Gadelha Simas — diretor-assistente; Antônio Thiago Gadelha Simas Neto —
diretor-industrial; e Eduardo Orlando Araujo Gadelha Simas —
diretor-financeiro. Estes dois últimos nomes trouxeram ao empreendimento a
vitalidade, a criatividade e o dinamismo da nova geração.
Orlando
Gadelha Simas, presidente e fundador da SIMAS INDUSTRIAL S.A
A
fábrica da Avenida Salgado Filho era um cartão de visita de Natal, não apenas
pelo que tem de moderno em equipamentos e não apenas pela excelente qualidade
dos produtos que lançava no mercado, mas pelo seu conjunto arquitetônico e
pelas linhas artísticas que chamam a atenção de quem passava pela avenida.
Não
era sem razão que os inúmeros compradores dos produtos São João e Muriú, vindos
de outros Estados a convite dos diretores da empresa, ao visitarem a SIMAS
INDUSTRIAL S/A tinham a mesma palavra de exaltação e de surpresa pela grande indústria
que se conseguiu implantar em Natal e pelos grandes lucros que ela vinha
proporcionando aos clientes e aos investidores.
Atualmente
a empresa está situada no Distrito Industrial de Macaiba-DIM as margens da
BR-304.
Fonte:
RN Econômico, 1971, p.24-25.
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