terça-feira, 7 de maio de 2019

A INDÚSTRIA DE DOCES E BALAS SIMAS



De antemão o autor do blog esclarece que não recebeu nenhum incentivo pecuniário para publicar essa postagem, o fez tão somente pela convicção de que a referida indústria figura como uma das mais tradicionais empresas que contribui para o desenvolvimento socioeconômico e fazendo parte da memória cultural do Rio Grande do Norte.
Certamente 99,9% dos potiguares já provaram de alguma bala fabricada pelas indústrias SIMAS INDUSTRIAL S/A, uma das mais tradicionais indústrias potiguares. Quem não se lembra do cheiro de açúcar fabricando as balas e pirulitos na sede da industria que ficava na av Salgado Filho?
O inicio
De uma velha fabriqueta da rua Tavares de Lira à moderna indústria de balas e doces situada à margem direita da avenida Salgado Filho, há uma longa história de lutas travadas por um modesto grupo empresarial potiguar contra o poder de concorrência dos grandes grupos sulistas verdadeiros donos do mercado brasileiro de tais produtos.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A começou em 1947, sob a razão social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO, com um capital de 200 contos de réis.
Na época, foi fundada a Fábrica São João, operando em regime quase artesanal e tentando conquistar um lugar ao sol no mercado de Rio Grande do Norte.
A preocupação com a qualidade e a melhora gradativa dos seus produtos logo mostraram resultados positivos. Meses depois de iniciar suas atividades, a Fábrica São João já tinha mais procura do que oferta. Inclusive os Estados vizinhos iniciaram as compras dos produtos aqui fabricados. Para atender ao consumo, ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO cuidou de importar as primeiras máquinas de balas, da Inglaterra e da Alemanha.
                Fachada lateral da SAMIS na av Salgado Filho

O crescimento
O crescimento da empresa prosseguiu de modo racional e constante. Dentro do programa de expansão, em 1963 a firma instalou a sua própria fábrica de latas, para atender o seu próprio consumo e ao de outras empresas locais. Em 1964 a empresa adquiriu o controle da Fábrica de Doces Muriú, ampliando então sua linha de produção, e passando a atuar também no ramo de doces e conservas, aproveitando como matérias primas frutas regionais.
  Aspectos internos da fábrica SAMIS na av Salgado Filho



O Apoio da SUDENE
No ano de 1968, já com um capital de 700 mil cruzeiros, mudando a razão social de ORLANDO GADELHA SIMAS & IRMÃO para SIMAS INDUSTRIAL S/A, os dirigentes da empresa foram apoiados pelos incentivos fiscais da SUDENE. Um projeto de ampliação, modernização e relocalização da fábrica de doces foi encaminhado ao órgão encarregado do desenvolvimento com aprovação imediata pela Resolução n. 41/62 do Conselho Deliberativo da SUDENE.
         A nova fábrica era já  uma realidade em 1971, produzindo, por dia 10 mil kg de goiabadas, bananadas, balas, pastilhas, drops, doces de leite, etc. e consumindo nada menos do que 3 mil sacos de açúcar por mês.
A SIMAS INDUSTRIAL S/A abastecia, já naquele ano de 1971, todo o mercado Norte e Nordeste (inclusive os produtos já estavam sendo vendidos na Transamazônica em construção naquela época e que em muito contribuiu pra divulgar a marca dos produtos SIMAS).
A SIMAS INDUSTRIAL S/A contava com 116 empregados em 1971, com uma linha de 30 produtos que chegavam às mãos do consumidor com as marcas SÃO JOÃO, SAMI’s s MURIÚ. A produção em 1971 deveria subir para 20.000 kg/dia, com a importação das novas máquinas.
Sozinha, a empresa adquiria toda a produção de goiaba do Rio Grande do Norte (naquele ano de 1971 foi de 200 toneladas), e se constituía no maior comprador de caju, banana e várias outras frutas regionais.
Com um capital social de Cr$ 7.000.000,00 em 1971 a SIMAS INDUSTRIAL S/A era, segundo a revista RN Econômico, um atestado da capacidade realizadora do homem nordestino. Segundo a Revista RN Econômico a empresa, praticamente, já  tinha libertado o Nordeste da necessidade de importar balas e caramelos, liderando as vendas destes produtos em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, sem falar no Norte do país, onde atuava quase sem concorrentes.
A empresa tinha à frente Orlando Gadelha Simas, seu diretor presidente e fundador. Os seus demais diretores eram: José Gadelha Simas — diretor comercial; João Gadelha Simas — diretor-assistente; Antônio Thiago Gadelha Simas Neto — diretor-industrial; e Eduardo Orlando Araujo Gadelha Simas — diretor-financeiro. Estes dois últimos nomes trouxeram ao empreendimento a vitalidade, a criatividade e o dinamismo da nova geração.

Orlando Gadelha Simas, presidente e fundador da SIMAS INDUSTRIAL S.A

A fábrica da Avenida Salgado Filho era um cartão de visita de Natal, não apenas pelo que tem de moderno em equipamentos e não apenas pela excelente qualidade dos produtos que lançava no mercado, mas pelo seu conjunto arquitetônico e pelas linhas artísticas que chamam a atenção de quem passava pela avenida.
Não era sem razão que os inúmeros compradores dos produtos São João e Muriú, vindos de outros Estados a convite dos diretores da empresa, ao visitarem a SIMAS INDUSTRIAL S/A tinham a mesma palavra de exaltação e de surpresa pela grande indústria que se conseguiu implantar em Natal e pelos grandes lucros que ela vinha proporcionando aos clientes e aos investidores.
Atualmente a empresa está situada no Distrito Industrial de Macaiba-DIM as margens da BR-304.

Fonte: RN Econômico, 1971, p.24-25.

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