quarta-feira, 6 de maio de 2015

MEMÓRIA FERROVIÁRIA DO RN

Acidentes na estrada de ferro Natal Nova Cruz

        A seguir alguns acidentes que ocorreram na estrada de Ferro Natal-Nova Cruz-RN, é obvio que não ocorreram só estes, mas dado a limitação da pesquisa e pela fato de não carecer de mencionar todos elegemos estes por razões que se segue.O primeiro acidente relatado foi o mais antigo encontrado em nossas pesquisas ocorreu em 1893.Os outros sinistros tem sua relevância por citarem estações como a de São José de Mipibu, a Penha, atual Canguaretama, a estação de Estiva, o desvio Pituaçu e Bélem, estes dois desvio eram desvios particulares de engenhos e usinas da região em que o trem ia lá para transportar cana.Segue o relato dos sinistros.
          Da memória ferroviária da parada do Baldum da estrada de ferro Natal-Nova Cruz tem-se o sinistro ferroviário ocorrido naquela localidade em 22/01/1891.Segundo a matéria do jornal do Recife o trem regressava para Natal composto por 11 carro carregados  de tijolos, caroços de algodão e outras mercadorias alem do pessoal indispensável a composição, sendo um maquinista, um foguista, condutor e dois guarda freios.O maquinista imprudentemente deu demasiada força a locomotiva de modo que ao chegar a declividade  próximo a parada do Baldum, onde deveria-se diminuir a força, não foi possível, por que se tivesse dado contra vapor a locomotiva teria explodido. “o descarrilhamento deu-se de um modo horrível, ficando os trilhos arrancados, e entortados, sendo a machina e carros atirados a grande distancia”, em diligencia e informações colhidas resultou que “o sinistro  não teve outra causa alem da imprudência do machinista pela força dada ao vapor e carreira vertiginosa em que vinha” que traduzindo para o português atual e compreensão dos distintos leitores pode se resumir que o  descarrilhamento ocorreu por que o trem estava em alta velocidade.
      O maquinista e o foguista foram encontrados sem vida no meio dos escombros, o condutor Virginio Garcia ( na matéria foi o único citado nominalmente) escapou com vida porem com sérias queimaduras por ter vindo próximo ao vapor que expelia a locomotiva.Os dois guarda freios pularam antes do descarrilamento e foram estes dois que prestaram socorro aos companheiros no desastre.Os mortos e feridos foram transportados para Nova Cruz num trem expresso que a companhia fez seguir para o lugar do sinistro (Jornal do Recife, 29/01/1891, p 2).
     Entre o km 29 e 28 da ferrovia, na viagem do trem do horário procedente da estação de Nova Cruz, no dia 21 de junho do ano passado [1893], com destino a Natal, a locomotiva que conduzia o trem apanhou uma mulher e uma criança e ambas contundiu gravemente, vindo a primeira a falecer, logo depois de chegar ao hospital de caridade, para onde foi conduzida (Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1894, p. 3).
        No dia  09/03/1894, em São José, onde achava o corpo do soldado José Alexandre do Carmo “dirigindo ao rio para banhar-se com outros companheiros e querendo atravessar o leito da estrada quando muito próximo vinha o trem, sucedeu ser apanhado pela locomotiva e morreu instantaneamente” (Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1894, p.4).
no dia 09/06/1894 o trem do horário da ferrovia, de viagem para Natal procedente de Nova Cruz ao descer a ladeira do Pium, no km 30, descarrilou, resultando  do descarrilamento ficaram diversas pessoas ferida.A causa do acidente foi atribuída a grande velocidade me que estava o trem e pela imperícia ou imprudência do maquinista Olímpio  Alves de Melo que foi imediatamente preso (Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1895, p 13).
        No dia 19/10/1901 outro acidente ocorreu na estrada de Ferro Natal-nova Cruz.Desta vez o sinistro ocorreu na estação da Penha, atual Canguaretama-RN.O acidente se deu devido a uma manobra no desvio da estação da Penha num trem especial de cargas que resultou no esmagamento da perna do guarda freios de nome José Pequeno, que “dali foi imediatamente  transportado para esta capital [Natal] em trem especial, e recolhido ao Hospital de Caridade, a fim de ser tratado naquele estabelecimento”.Das informações apuradas do acidente constou-se que o acidentado ao tentar passar de um carro para o outro com um “amarrado de canas” se desequilibrou vindo a cair entre os dois carros que resultou no desastre causado pela imprudência da própria vitima.Na mesma ferrovia no dia 26/10/1901 um trem que fora buscar carro vazios no desvio do Engenho Pituaçu para carregá-los de cana em Estiva e Belém, “ao chegar entre o km 68 e 69 no começo da ladeira de Goianinha, o brequista Francisco Firmino, no momento de arrochar o breque, este largou a roda, acontecendo de cair na linha o referido brequista, por cima do qual passou imediatamente um carro vazio que esmagou esse infeliz em consequência do que faleceu no mesmo dia” (Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1901, p.14).
      A imagem a baixo não tem qualquer relação com os acidentes citados a cima, é puramente ilustrativa.Foi publicada no Almanaque Tico Tico.

Almanaque Tico Tico,1918, p.30.



Fontes: 
Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros,1894,1895,1901, Jornal do Recife, 29/01/1891 e Almanaque Tico Tico,1918.

MEMÓRIA FERROVIÁRIA DO RN


A baixo recorte do jornal A Constituinte de 17/04/1880, p.1 em que se lê que por ocasião da inauguração da Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz foi dada de presente  ao presidente de província Rodrigo Lobato Marcondes uma  colher de pedreiro de prata oferecida pelo presidente da ferrovia Arthur Bowen.


Fonte: A Constituinte,1880,p.1.

        A baixo o quadro de horário da estrada de ferro Natal-Nova Cruz-RN nele podemos vê o horário de chegada e partida dos trens em cada estação da ferrovia.



         Outro recorte de 1913 em que consta o horário e listagem das estações e paradas da Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz.
Fonte: Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1913,p. 3605




MEMÓRIA FERROVIÁRIA DO RN

   

                                                                                                                                                                        Da nossa série sobre a memória ferroviária do Rio Grande do Norte apresentamos MONTANHAS-RN  (antiga LAGOA DE MONTANHAS) que fazia parte da antiga estrada de ferro Natal-Nova Cruz. Localizado na microrregião do Litoral Sul. De acordo com o censo IBGE  no ano 2010 sua população era de 12.393 habitantes. No mapa do Rio Grande do Norte a baixo está a localização do município de Montanhas-RN. A área territorial do município é de 82 km² (IBGE 2007). A distância de Montanhas até a capital, Natal é de 103 km.

Localização de Montanhas-RN

 


Fonte:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Montanhas>. Acesso em 14 Mar.2014.

            O município de Montanhas teve sua origem no lugar chamado Lagoa das Queimadas, situado às margens do rio Curimataú, cuja sesmaria foi dada ao Padre José Vieira Afonso.
Ainda no século XIX passou a chamar-se Lagoa de Montanhas, em virtude de situar-se entre montanhas que lhe proporcionam um clima ameno e aprazível. Distrito criado com a denominação de Montanhas, pelo decreto estadual nº 603, de 31/10/1938, subordinado ao município de Pedro Velho. Em divisão territorial datada de 01/07/1950, o distrito de Montanhas figura no município de Pedro Velho. Pelo decreto estadual nº 2727, de 08/01/1962 foi desmembrado de Pedro Velho-RN e elevado à categoria de município com a denominação de Montanhas.

A estação
A estação de Lagoa de Montanhas foi inaugurada em 31/10/1882 no km 102 da Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz. A baixo está o único registro encontrado da estação de Montanhas-RN provavelmente na década de 1950.Edificação modesta, assim como eram as estações de cidades pequenas do interior.Telhado em duas águas terminado em alpendre sobre a plataforma.Possivelmente a porta da direita seja a da bilheteria onde as pessoas compravam as passagens e aguardavam os trens, as outras duas, os armazéns para guardar os produtos locais que eram escoado pelos trens.

Estação de Montanhas-RN

Fonte: Acervo Ubiraci Alves Ribeiro, data desconhecida.

A estação de Montanhas já foi demolida, segundo Aureliano Nóbrega, natural de Montanhas-RN, a caixa d'água foi construída para abastecer os trens que passavam pela estação de Montanhas e  é ela juntamente com os trilhos que ainda restaram que guardam a memória da antiga Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz em Montanhas-RN.A abaixo imagens do local onde ficava a estação.

           
Fonte: Google earth, 2015.
                                                                   Detalhe da caixa d´água
Fonte Aureliano Nóbrega, 2015.






segunda-feira, 4 de maio de 2015

TAIPU CITADO NO JORNAL DO RECIFE EM 1879

         Em matéria de 1879 sobre a seca no Rio Grande do Norte foi publicado no Jornal do Recife o seguinte ( ortografia do original e grifos nosso):
         Continua o dr. Monetenegro a mandar fazer obras e serviços importantes, de utilidade geral, em que vai ocupando os infelizes flagellados pela sêcca em diversas localidades.assim por exemplo, o açude na villa da Macahyba,cuja  a população vai buscar água potável a grande distancia, o açude no  disttricto de Poço Limpo, o açude do Taipú, o açude de outros logares onde os habitantes tem soffrido consideravelmente com a falta desse beneficio [...] a abertura do rio Pitimbu [...], o melhoramento da  fonte publica de são Gonçalo [...] uma aumento na lagoa do Genipapo[...] um aumento no cemitério  desta capital[...].
         O distrito de Poço Limpo a que se refere o texto é o atual município de Ielmo Marinho-RN, e a lagoa do Genipapo seria Genipabu? Talvez houve erro de grafia do tipografo que desconhecia a geografia potiguar( suposições, pois possa ser que exista ou tenha existido um lagoa do Genipapo no RN que talvez atualmente seja conhecida por outro nome).
        No tocante a Taipu é uma das citações mais antigas do lugar ainda como distrito de Ceará-Mirim, em que se cita uma obra publica naquela localidade, o açude, infelizmente dada as nossas limitações e as impostas pela própria localidade não nos foi possível localizar no atual Taipu onde ficava o referido açude citado no texto.

 Fonte: Jornal do Recife, 1879, p.2.

TAIPU CITADO NO JORNAL DO RECIFE EM 1885






           No jornal da Tarde publicado no Recife encontrei uma matéria em que cita Taipu-RN no ano de 1885.Trata-se de um abaixo assinado enviado da povoação do Taipu à capital pernambucano precisamente a redação do jornal pedindo que se publicasse tal a abaixo assinado.Eis o teor do documento enviado ao jornal (ortografia do original):
          Da povoação de Taipu, do município e freguesia de Ceará-Mirim, nos foi enviado para ser publicado, o abaixo assinado que segue:
            O Ilmo. E Rvd.Sr. Padre José Esteves Viana – Os  serviços prestados por V. Rvd, ao culto Divino que é a religião estabelecida, especialmente a nós abaixo assignados moradores no distrito de Taipú da freguesia do Ceará-Mirim, são altos e grandiosos e faltaríamos ao nosso dever se, retirando se V. Rvd para a Provincia de Pernambuco, não disséssemos um publico testemunho a V. Rvd do nosso respeito, admiração e reconhecimento.Os trabalhos emprehendidos por V. Rvd e sob sua exclusiva administração, já com relação ao Cruzeiro e ao aceio da capella, para com a devida decência terem lugar  os actos religiosos, sobrelevam aos effeitos produzidos no espírito desta população pelos edificantes sermões que, durante o tempo quaresmal se sérvio V.Rvd de pregar; ouvindo V.Rvd nesses dias para mais de 260 fieis no tribunal da penitencia.
        A par de todos esses serviços e trabalhos que os abaixos assignados consideram relevantes e meritórios, está o de haver V. Rvda obtido do Exmo.  E Rvd. Diocesano, nosso muito amado prelado, permissão  para que , pela vez primeira tivesse lugar a procissão do Encontro, acto este que foi feito com toda decência e devida solemnidade.
E já que foi V. Rvd,, quem  essa graça obteve pedem-lhe os abaixos assignados que se digne de apresentar ao Revmo. E Rvd Sr. Bispo os seus eternos agradecimentos.
Desejando a V. Rvd perfeita saúde, e viagem prospera e feliz, esperam os abaixo-assginados que V. Rvd. aceite a presente demonstração de estima e alto respeito que os abaixo assignados fiéis  intérpretes de seus sentimentos depositam nas mãos de V. Rvd.
Taipu, 6 de abril de 1885.Seguem 184 assignaturas.
       Como se vê o documento era um manifesto da população católica ( absoluta na época) da povoação do Taipu pertencente a época a freguesia do Ceará-Mirim.O documento fazia referencias aos bons serviços prestados a comunidade taipuense pelo referido padre José Esteves Viana.



FONTE: Jornal Do recife, 05/09/1885, p.2