quarta-feira, 9 de setembro de 2015

CENTENÁRIO DA ESTRADA DE FERRO DE MOSSORÓ





             Oficialmente extinta a estrada de ferro de Mossoró foi inaugurada em 19/03/1915.Se operante fosse estaria portanto celebrando seu centenário em 2015, mas como infelizmente as ferrovias potiguares quase não exitem mais, a exceção é transporte ferroviário operado pela CBTU em Natal, o que resta da existência dessa que foi a caçula das ferrovias construídas no RN são algumas estações ferroviárias nas cidades por onde a linha passou e levou o progresso pelos trens que nela circulava.Eis a seguir um resgate histórico da estrada de Ferro de Mossoró.
            A estrada de ferro de Mossoró tem sua história iniciada em 26/08/1875 quando concedida pela Lei nº 742, da Presidência da Província do Rio Grande do Norte, ao comerciante suíço Jonh Ulrich Graff, autorização para construir uma estrada de ferro ligando Mossoró a Petrolina, na Bahia, mas, por falta de recursos, o projeto não foi levado a diante.
            O primeiro trecho contratado pelo Governo federal para a construção da Estrada de Ferro de Mossoró foi feito em 18/07/1910 (CORREIO PAULISTANO, 19/07/1910, p.3), no entanto, teve sua construção iniciada em 3/08/1912 quando a firma Sabóia & Cia., deu início aos trabalhos da Companhia Estrada de Ferro de Mossoró S/A tendo sido inaugurada em 19/03/1915 entre Porto Franco no atual município de Grossos-RN, e a cidade de Mossoró-RN daí partia para se alcançar a cidade de Alexandria-RN, na divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba onde alcançaria a cidade de Souza-PB.
            Em 04/01/1916 Felipe Guerra enviou um telegrama ao jornal apelando a Tavares de Lyra para o patriotismo e humanidade para que se construísse a estrada de ferro de Mossoró para os sertões dando serviço proveitoso aos flagelados e solução definitiva à calamidade por qual passava a região e as futuras crises de transporte nessa região (A RUA, 04/01/1916, p. 4)
             Em 1919 foram aprovados os estudos para a construção do trecho entre Mossoró e São Sebastião, com extensão de 39 km e orçamento de 2.751:154$789 (O imparcial, 109/10/1919, p. 5). Já em 1925 foi dado inicio a construção da segunda ponte de madeira que foi levada pela cheia.O trecho entre Mossoró e São Sebastião foi concluído em 05/10/1926 já a inauguração trecho e da estação deu-se em 01/11/1926.O fato foi consignado em dois telegramas enviados ao presidente da república.Um pelo governador do estado, José Augusto Varela e outro pelo prefeito de São Sebastião, Adolpho Fernandes, na qual ambos agradeciam pela inauguração do trecho entre Mossoró e São Sebastião. (O IMPARCIAL, 06/11/1926, p.3)
            Foi aberto credito especial de 1.000:000$000 para atender as despesas  com o prosseguimento da construção da estrada de ferro de Mossoró entre esta cidade e São Sebastião, bem como a conclusão dos estudos ate Caraúbas (CORREIO PAULISTA, 12/04/1923, p.1). Após muitos adiamentos, o prolongamento da linha foi saindo aos poucos chegando em 1926 a São Sebastião, atual Governador Dix Sept Rosado-RN. Em 1928 os serviços de prolongamento da Estrada de Ferro de Mossoró haviam sido suspensos devido a seca que ocorreu na região e que afetou na oferta de trabalho para a construção da ferrovia gerando assim graves prejuízo para economia local (DIÁRIO NACIONAL,SÃO PAULO, 18/10/1928, p.1).
            Em 1929 foi inaugurada a estação de Caraúbas-RN.Em visita ao RN o presidente Getulio Vargas seguiu de trem de luxo em comitiva partindo da salina Jirema de propriedade do coronel Miguel Faustino para a cidade de Caraúbas então ponto final da estrada de ferro Mossoró “onde lá assistiu a uma interessante vaquejada” (CORREIO DE SÃO PAULO, 15/09/1933, p. 1).
            Em 1936 o rendimento da estrada de ferro de Mossoró foi 720: 015$ 540. O mesmo jornal afirmava que a estrada de ferro de Mossoró teve um superávit financeiro no ano de 1936 de 287 contos de reis. (CORREIO DE SÃO PAULO 03/05/1938, p. 5) nesse mesmo ano de 1936 a ferrovia chegaria a Patu-RN.
            O deputado Dioclécio Duarte defendeu e discurso no congresso nacional a encampação da Estrada de Ferro de Mossoró pelo governo federal (JORNAL DE NOTICIAS, 03/08/1946, p. 2) e somente em 1951 a ferrovia chegaria a Alexandria-RN ultima cidade atingida pela ferrovia no RN.
            As primeiras locomotivas a vapor vieram por Navio tendo sido desembargadas em Porto Franco, para fazerem o transporte dos passageiros e das cargas, iniciando assim o melhoramento da região oeste do RN. Levaria mais 36 anos para chegar a Souza, na Paraíba, conforme o traçado inicial do projeto por volta de 1958, encontrando-se com a linha Recife-Fortaleza nessa cidade.

Trem inaugural da Estrada de Ferro de Mossoró


Fonte:http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/.
Acesso em 26 abr. 2015.

            Em 1943 já haviam sido construídos 188,366 Km da ferrovia. Em 15/07/1945 foi decretada a intervenção federal na ferrovia considerando que a paralisão dos serviços traria enormes prejuízos à coletividade, sobretudo aos trabalhadores da ferrovia (jornal do Brasil, 25/07/1945, p. 5). A intervenção foi decretada em toda extensão da ferrovia, ou seja, tanto o trecho que pertencia a União como  o trecho que era particular que era o trecho de Porto Franco a Mossoró.
             Das 49 ferrovias existentes no Brasil no ano de 1949, a estrada de ferro de Mossoró estava entre as três melhores que obtiveram lucro satisfatório, obtendo esta a importância de 486 mil cruzeiros (OBSERVADOR ECONÔMICO E FINANCEIRO, 1950, p.141)
            Os investimentos para a ferrovia em 1951 foi previsto em C$15.971.250, 00 e esteavam previstos naquele ano a aquisição de 42 mil dormentes, 24 vagões gôndola de 30 t e 5 locomotivas Diesel-eletricas, de 750 HP.A ferrovia havia transportado 77.800 toneladas de carga, sendo deste total 57.000 toneladas de gesso, alem de sal e algodão que estavam na pauta do transporte de carga desta ferrovia (OBSERVATÓRIO ECONOMICO E FINANCEIRO, p. 36).
            Em 1961 o presidente Janio Quadros decretou nova intervenção federal na ferrovia designado como o engenheiro Inaldo Farias Neves como seu interventor a fim de resolver os problemas da ferrovia dentre os quais a greve dos operários e os atrasos de pagamentos desde janeiro daquele ano (diário de noticias, 19/04/1961, p. 2). Já em janeiro de 1962 ocorreu a encampação da ferrovia pelo governo federal, fato que “desnorteou completamente os planos de uma corrente de interessados que lutavam com ardor pela desapropriação, que lhes traria poupudas indenizações” (DIÁRIO DE NOTICIAS, 06/01/1962, p. 4)
            Em 1963 foi destinada uma verba de 80 milhões de cruzeiros para a melhoria da ferrovia, alem disso foi adquirida uma locomotiva nova,60 mil dormentes e 180 mil trilhos em substituição do imprestáveis e uma ambulância para atender aos operários da ferrovia.Esses melhoramentos visava reerguer a ferrovia que se encontrava em estado de abandono (DIARIO DE NOTICIAS,24/05/1963, p3)
            Com a conclusão da obra, a empresa que se chamava Companhia Estrada de Ferro de Mossoró passou a ser chamada Estrada de Ferro Mossoró-Souza.
            Nos anos 1980, a ferrovia desativou o transporte de passageiros e na metade da década de 1990. A desativação definitiva do ramal da Estrada de Ferro Mossoró-Souza ocorreu no dia 12 de junho de 1995 cargueiros e seus trilhos arrancados em praticamente todo o trecho da ferrovia.
            Em 30 de setembro de 1957 foi criada a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) que unificou as 42 ferrovias existentes, criando assim, um sistema regional composto por 18 estradas de ferro dentre as quais as três ferrovias potiguares. Em 1996 a RFFSA foi privatizada, já em 1998 os ramais que ainda funcionavam no estado foram fechados. A RFFSA foi extinta, mediante a Medida Provisória nº 353, de 22 de janeiro de 2007, estabelecida pelo Decreto Nº 6.018 de 22/01/2007, sancionado pela Lei Nº 11.483[1].
            A privatização foi uma das alternativas para retomar os investimentos no setor ferroviário. O governo do PSDB concedeu linhas públicas para que a iniciativa privada pudesse explorar o transporte de cargas. No entanto, as concessionárias não se interessaram pelo transporte de passageiros, essencial num país de dimensões continentais, que foram quase totalmente extintos no Brasil.
Atualmente as questões que envolvem o Transporte Ferroviário, de acordo com as diretrizes do Ministério dos Transportes, estão sob a competência da VALEC - empresa pública controlada pela União por meio do Ministério dos Transportes[2].
A Estrada de Ferro MOSSORÓ-SOUZA-PB era uma aspiração antiga do povo da região oeste do Rio Grande do Norte.  A ferrovia é dividida em dois trechos. Um que sai de Porto Franco, no atual município de Grossos-RN até Mossoró e o outro que partindo de Mossoró vai até Souza já no estado da Paraíba. No estado do Rio Grande do Norte o ponto final desta ferrovia é a cidade de Alexandria.

Trem inaugural da Estrada de Ferro de Mossoró


Fonte: http://www.blogdogemaia.com/.

Acesso em 26 abr.2015.

Mossoró tornara-se centro distribuidor de produção do estado, a ligação entre Mossoró e porto de Areia Branca, porém, era difícil tanto por terra como por via fluvial. Era pelo porto de Areia Branca que Mossoró tinha contato com o mercado exterior daí a necessidade de se construir uma ferrovia (IBGE, 1954, p.111).
O sonho de construir a ferrovia começou com João Ulrich Graif que em 1875 criou uma companhia com a finalidade de tornar possível esta aspiração do povo daquela região. A estrada de ferro de Mossoró iria se ligar a Viação Cearence por meio do trecho Mumbaça–Souza e também de Souza a Campina Grande e então faria a interligação com toda a rede ferroviária do nordeste (IBGE, 1954, p. 80)
Tem a extensão de 279, 310 km (IBGE, 1954, p.112). O projeto da ferrovia foi concebido para viabilizar o escoamento da produção da região oeste do estado, o que proporcionou um forte crescimento econômico da mesma.

Ponte sobre o rio Mossoró


Fonte:.

Acesso em 26 abr. 2015

Por volta de 1958 a ferrovia chegou a Souza, encontrando-se com a linha Recife-Fortaleza nessa cidade. Nos anos 1980, a ferrovia foi desativada e seus trilhos arrancados em praticamente todo o percurso. A ponte sobre o rio Mossoró foi concluída em 1923 e é mostrada na pagina seguinte.
De posse desse resgate histórico da Estrada de Ferro de Mossoró passamos a apresentar as cidades e estações que compõem esta ferrovia.


Memória da Estrada de Ferro de Mossoró



Traçado da estrada de ferro de Mossoró.
ponte sobre o rio Mossoró


estação de Mossoró em 1915 

Estação de Mossoró


Estação de Mossoró em 2015.Atualmente é a estação das artes Eliseu Ventania.
Estação de Governador Dix Sept Rosado, antiga São Sebastião, 2007.

Estação de Caraúbas,

Estação de Patu

Estação de Almino Afonso

Estação de Frutuoso Gomes, antiga Demetrio Lemos

Estação de Alexandria



[1] Cf http://www.rffsa.gov.br/principal/historico.htm. Acesso em 16/02/2012
[2] Conforme o texto da Lei 11.772/2008. (http://www.transportes.gov.br/index/conteudo/id/522, acesso em 16/02/2012).

o centenário da ponte de Igapó

Para atingir a Igapó o trem da Central do Rio Grande do Norte teve que transpor o rio Potengi através da poderosa ponte metálica de mais de 500 metros de extensão [...] (CARETA 1949, p. 30),
Humberto Peregrino disse em uma de suas crônicas (CARETA, 1957, p.14, grifos nosso):
 O trem saiu de Natal há mais de meia hora, já transpôs o rio Potengi sobre a poderosa ponte de ferro, já ficou para trás  também a vila de Igapó, cujas as salina se extinguiram no abandono [...] mas cujo sítios de mangueiras, cajueiros e coqueiros estão cada vez mais viçosos e pitorescos.


Este ano de 2015 a ponte de Igapó completa 100 anos de existência, eis aqui uma pequena homenagem a este simbolo de engenharia civil, paisagística e cultural de Natal.
Para permitir a vinda do trem até ao bairro da Ribeira, em Natal, foi construída a ponte de Igapó pela The Cleveland Bridge & Engeering Company, de Darlington, na Inglaterra. Essa ponte sobre o rio Potengi mede 550 metros e foi inaugurada pelo governador Ferreira Chaves em 20/04/1916. (SOUZA, 2010, p.89).
Ponte de Igapó, Natal-RN
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Fonte: Natal 400 anos, provavelmente anos 1970. < /lugares-e-paisagens/3575960>, 2010. Acesso em 26 abr. 2015. Respectivamente

 


            A ponte ferroviária foi desativada na década de 70 quando foi inaugurada a ponte rodoferroviária ao lado da ponte de Igapó sobre o rio Potengi. Foi vendida a uma empresa de sucata do Recife que desmontou metade da ponte. Atualmente o que restou da ponte faz parte da paisagem de Natal para quem trafega na zona norte da capital potiguar.Abaixo mais imagens da ponte de Igapó.







terça-feira, 19 de maio de 2015

RELATÓRIO MUNICIPAL EM 1950

     Em relatório apresentado pelo prefeito de Taipu a Assembleia legislativa eis como estava caracterizado o município em 1950.
       A receita foi de Cr$ 245.000,00, a arrecadação de Cr$324.000,00, a despesa fixada foi de Cr$ 217.000,00 ficando Cr$ 211.000,00. As despesas foram realizadas dentro do previsto não precisando de verba suplementar.
       No tocante a iluminação publica diz o relatório “o assunto tem sido uma grave preocupação da administração. Infelizmente a primeira tentativa não foi muito feliz. Agora, a administração tenciona resolver tão importante problema se possível no correr de 1950” (A Ordem, 12/06/1950, p.2). Assistência social “tem o município dentro de suas limitações, prestado alguma assistência social aos seus filhos necessitados, inclusive encaminhando-os para a capital do Estado. Também auxiliou o futuro abrigo do Bom Pastor com Cr$ 500.00” (A Ordem, 12/06/1950, p.2).

       O municipio fez reparos no decorrer do exercício em todas as estradas tendo também construído uma pequena ponte. No ano de 1950 foi aberto um credito especial de Cr$ 128.000,00 para a construção do mercado público, pois o anterior não atendia mais as finalidades. Domingo ultimo foi o mesmo inaugurado. Na educação dizia o relatório: “O município tem olhado para esse importante problema auxiliando as escolas existente, auxiliando a Escola Pratica de Jundiaí e criando uma bolsa de estudos para um estudante pobre do curso secundário” (A Ordem, 12/06/1950, p.2).

CONSTRUÇÃO DO MERCADO PUBLICO DE TAIPU EM 1949




      Taipu terá novo mercado.O trabalho dedicado do prefeito Luis Gomes da Costa.Com esse titulo em negrito foi publicado na edição do dia 12/11/ 1949 a pagina 1 do jornal A Ordem.segundo o jornal “sob a orientação do  ilustre prefeito de Taipu Sr. Luis Gomes da Costa encontra-se em construção  um novo mercado para aquela cidade, estando situado  em lugar inteligentemente escolhido que é na praça do comércio” (A Ordem, 12/11/1949, p.6). Apesar dos serviços terem sido iniciados há pouco tempo as obras do novo mercado achavam-se bastante adiantados, esperando-se está tudo pronto no em janeiro de 1950.
     Quanto ao velho mercado uma parte foi cedida para um comerciante local “para melhorar o seu estabelecimento comercial” (A Ordem, 12/11/1949, p.6) e outra parte seria aproveitada  para a construção de um teatro municipal “após cuidadosa reforma a fim de dá mais vida a cidade”(A Ordem, 12/11/1949, p.6), seria o referido teatro o Grêmio taipuense que estava situado onde atualmente se situa o comércio de Raimundo Faustino?



Fonte: arquivo da paróquia de Taipu, 1964.

Fonte: João Batista dos Santos,2012.

OBRAS EM TAIPU EM 1949

    No dia 20/02/1949 importantes melhoramentos públicos foram inaugurados na cidade de Taipu  segundo o jornal A Ordem (02/03/1949, p.1.) tendo comparecido as solenidades o governador do estado José Varela, alem dos deputados José Arnaud e Manoel Varela, professor Severino Bezerra, alem do prefeito Luis Gomes da Costa, os Sr. Adão Marcelo da Rocha, Dr. João Manoel Maria e o padre João Correia de Aquino e famílias por ocasião do ato de inauguração do serviço de iluminação elétrica, publica e particular, e do novo prédio para funcionamento para uma escola rural.Na oportunidade falaram o prefeito, o professor Severino Bezerra e o Sr. Manoel Nazareno , agente  de estatística do município.
       No salão principal da prefeitura municipal foi inaugurado o retrato do governador José Varela, no grupo escolar o do diretor do Departamento de Educação, e na escola rural do senador João Câmara.Também na sede da prefeitura foi feita a entronização da imagem do Sagrado Coração de Jesus, falando na ocasião o padre João Correia de Aquino.Antes de regressar a Natal a comitiva do governador esteve em visita as obras de construção da ponte sobre o rio Ceará-Mirim, no trecho que corta o município de Taipu.
       Recapitulando as informações históricas de Taipu nessa nota temos que foi inaugurada a eletrificação da cidade naquele ano de 1949, havia uma imagem do Sagrado Coração de Jesus na sede da prefeitura (atualmente muito mal há a própria prefeitura,  já a imagem há tempos não se vê tal ornamento na sede da prefeitura) e a ponte da BR 406 estava em construção, as ruínas dessa ponte podem ser vistas as margens da do rio Ceará-Mirim a altura do cemitério pois a mesma foi destruída pela enchente de 1964 causada pelo rompimento da barragem de Poço Branco.