terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Coisas de Taipu


       Mais um fato destes que ocorrem em pequenas cidades do interior. Claro ocorreu na pequena Taipu.
       No 25º aniversário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, o padre Antonio Chacon organizou uma celebração majestosa para celebrar a data.No dia 13 houve missa as 10h “pela paz concedida na guerra de 1914-1918 e em suplica pelo término da atual conflagração”.A tarde foi realizada uma procissão de penitência com a imagem  de Nossa Senhora de Fátima, que foi conduzida da matriz até a capela de Gameleira, distante 3 km da sede municipal, ali a imagem ficaria “até o final da guerra quando voltará triunfalmente em procissão”.
   O vigário percorreu todos os recantos da paróquia conclamando o povo católico de Taipu a se fazer presente as festividades religiosas em homenagem a Virgem de Fátima.
       Onde está o pitoresco no fato?
       O pitoresco do fato citado a cima reside na procissão de 3 km realizada pelo então vigário de Taipu, uma verdadeira penitencia, atualmente a procissão de encerramento da festa da padroeira não chega a ter 500 metros.A imagem ficou abrigada na capela da Gameleira até o final da II  Guerra Mundial, que como se sabe ocorreu 1945, ou seja, lá ficou abrigada por 3 anos.


Fonte: A ordem, 05/10/1942, p. 2.

Coisas que já teve em Taipu-RN

A Cooperativa agrícola

    Taipu é conhecida pejorativamente pela população local como a cidade que tudo teve e nada tem.Para provar eis ai uma das inúmeras coisas que Taipu já teve.
  Segundo o jornal A Ordem foi fundada em Taipu a cooperativa agrícola em 19/04/1943. A cooperativa tinha o objetivo de realizar empréstimos aos agricultores e criadores do município. Segundo o jornal “enriquece-se assim a cadeia cooperatista do Estado que tão relevantes serviços vem prestando  a agricultura e a pecuaria”.
 A data escolhida foi uma homenagem ao presidente Getúlio Vargas grande animador do cooperativismo em todas as suas modalidades, dizia o jornal.Se fizeram presente a inauguração da cooperativa em Taipu autoridades cooperativistas e técnicos do serviço especializado.
   A cooperativa contava com 52 sócios fundadores e um capital inicial de  Cr$ 30.000,00.
     A diretoria foi composta por Otávio Praxedes,  presidente, Luiz Ferreira de Miranda, vice-presidente, Luis Gomes da Costa, gerente, João Eustaquio de Castro, secretário, Rosendo Leite da Fonseca, conselheiro.Além destes, tiveram lugar nos cargos de conselheiros fiscais:Adão Marcelo da Rocha, Alfredo Miranda, Julio Leite da Fonseca,José Soares Sobrinho, Pedro Gomes da Costa, Gabriel Fernandes Campos.Estiveram presentes a inauguração da cooperativa em Taipu Amaro Silva,  chefe da Agencia Econômica rural e Francisco Veras Bezerra, sub-diretor das cooperativas que representou o interventor federal

    É mais um registro para provar que Taipu  é a cidade que  “tudo teve e nada tem”.É triste, mas o registros não deixam mentir.

Crônicas taipuenses Agradecimentos do povo contra as feiras aos domingos

O fato é no mínimo inusitado e curioso, daqueles fatos que só podem ocorrer em cidades do interior e que fazem parte da crônica local.O fato passaria despercebido se não tivesse sido registrado no jornal A Ordem.
       Em agradecimento pelo cumprimento do decreto nº 8 de 23 de dezembro de 1937 do interventor federal Rafael Fernandes em que se transferiu para o sábado as feiras que se realizavam no municipio, ao que se sabe haviam duas, uma na sede e outra na Pitombeira, os representantes de todas as clases taipuenses escrevaram uma carta em agradecimento pelo decreto que mandava obedecer ao descanso dominical.
       Segundo o texto da carta “nós os representantes de todas as classes, interpretando o sentimento do povo católico de Taipu, vimos agradecer a V. Excia. A manutenção do decreto 8 de 23 de dezembro de 1937 do prefeito municipal desta cidade, que manda observar o descanso dominical, transferindo para o dia de sábado todas as feiras do municipio, Saudações”.
       Assinava a carta: Adão Marcelo da Rocha, Tamires Miranda, Cruz &  filha, sic, Luis Ferreira de Miranda, Alfredo Miranda,  Almir Furtado, Clovis Miranda, Luis Gomes da Costa, Otavio Praxedes, Celso  Alves da Rocha, Manuel Rodrigues, Nair Trindade de Morais, Vicencia Améliaa da Cruz, Maria Viana Gomes, Odila daSilva Barros,Maria Gloria Soares, Maria Barbalho Soares, José Gonçalves, José Saldanha, Cicero Saldanha, Rubens Leite, Manuel Cruz, João Vicente Ferreira, Francisco Ferreira da Cruz,Miguel Eustaquio da Cruz, Moises Morais, Antonio de Miranda, Raimundo Furtado, Vicente Cruz, Pedro Guedes de Paiva Fonseca, Anisio Ferreira da Cruz, José Gomes de Oliveira.
       O fato hoje soa inusitado e pitoresco daqueles que só se verifica em pequenas cidades do interior. Na época foi travada uma verdadeira batalha pela mudança do dia da feira do domingo para o sábado, o decreto do prefeito Rosendo Leite surtiu toda sorte de efeitos possíveis, desde o acolhimento do povo católico, naquela época quase a totalidade da população local, até a não obediência do decreto por meio do proprietário da fazenda Pitombeira que manteve a feira naquela localidade sendo realizada no domingo.
       O episódio extrapolou os limites municipais tendo até que, vejam só a ironia, ter a intervenção do interventor federal Rafael Fernandes para que se fosse cumprindo o decreto municipal.
       Os nomes listados na carta de agradecimento da população revela os nomes das tradicionais famílias taipuenses, a saber a Miranda e Cruz, seguida dos Rochas e Soares que são os nomes que mais se repetem na citada carta.Inusitado é o fato de aparecer nomes de mulheres quando na sociedade da época dava-se destaque aos chefes de família e não as mulheres.Por qual motivos aparecem tais mulheres no documento enviado ao interventor? Seria viúvas distintas da sociedade taipuenses naquele ano?, Seriam elas chefes de famílias? Apenas conjecturas podem ser feitas, entretanto merece ser destacado esse fato do aparecimento de tais mulheres no meio dos distintos homens de Taipu.
       Alguns nomes são conhecidos da população local, como Adão Marcelo da Rocha que designa a escola de ensino médio do municipio, outros nomes denomina ruas da cidade.

Fonte: A Ordem, 01/06/1938 p. 4.