O fato é no mínimo inusitado
e curioso, daqueles fatos que só podem ocorrer em cidades do interior e que
fazem parte da crônica local.O fato passaria despercebido se não tivesse sido
registrado no jornal A Ordem.
Em agradecimento pelo cumprimento do decreto nº 8 de 23 de
dezembro de 1937 do interventor federal Rafael Fernandes em que se transferiu
para o sábado as feiras que se realizavam no municipio, ao que se sabe haviam
duas, uma na sede e outra na Pitombeira, os representantes de todas as clases
taipuenses escrevaram uma carta em agradecimento pelo decreto que mandava
obedecer ao descanso dominical.
Segundo o texto da carta “nós os representantes de todas as
classes, interpretando o sentimento do povo católico de Taipu, vimos agradecer
a V. Excia. A manutenção do decreto 8 de 23 de dezembro de 1937 do prefeito
municipal desta cidade, que manda observar o descanso dominical, transferindo
para o dia de sábado todas as feiras do municipio, Saudações”.
Assinava a carta: Adão Marcelo da Rocha, Tamires Miranda, Cruz
& filha, sic, Luis Ferreira de
Miranda, Alfredo Miranda, Almir Furtado,
Clovis Miranda, Luis Gomes da Costa, Otavio Praxedes, Celso Alves da Rocha, Manuel Rodrigues, Nair Trindade
de Morais, Vicencia Améliaa da Cruz, Maria Viana Gomes, Odila daSilva
Barros,Maria Gloria Soares, Maria Barbalho Soares, José Gonçalves, José
Saldanha, Cicero Saldanha, Rubens Leite, Manuel Cruz, João Vicente Ferreira,
Francisco Ferreira da Cruz,Miguel Eustaquio da Cruz, Moises Morais, Antonio de
Miranda, Raimundo Furtado, Vicente Cruz, Pedro Guedes de Paiva Fonseca, Anisio
Ferreira da Cruz, José Gomes de Oliveira.
O fato hoje soa inusitado e pitoresco daqueles que só se
verifica em pequenas cidades do interior. Na época foi travada uma verdadeira
batalha pela mudança do dia da feira do domingo para o sábado, o decreto do
prefeito Rosendo Leite surtiu toda sorte de efeitos possíveis, desde o
acolhimento do povo católico, naquela época quase a totalidade da população
local, até a não obediência do decreto por meio do proprietário da fazenda
Pitombeira que manteve a feira naquela localidade sendo realizada no domingo.
O episódio extrapolou os limites municipais tendo até que,
vejam só a ironia, ter a intervenção do interventor federal Rafael Fernandes
para que se fosse cumprindo o decreto municipal.
Os nomes listados na carta de agradecimento da população
revela os nomes das tradicionais famílias taipuenses, a saber a Miranda e Cruz,
seguida dos Rochas e Soares que são os nomes que mais se repetem na citada
carta.Inusitado é o fato de aparecer nomes de mulheres quando na sociedade da
época dava-se destaque aos chefes de família e não as mulheres.Por qual motivos
aparecem tais mulheres no documento enviado ao interventor? Seria viúvas
distintas da sociedade taipuenses naquele ano?, Seriam elas chefes de famílias?
Apenas conjecturas podem ser feitas, entretanto merece ser destacado esse fato
do aparecimento de tais mulheres no meio dos distintos homens de Taipu.
Alguns nomes são conhecidos da população local, como Adão
Marcelo da Rocha que designa a escola de ensino médio do municipio, outros
nomes denomina ruas da cidade.
Fonte: A Ordem, 01/06/1938
p. 4.
Boa tarde, João Batista!
ResponderExcluirSou Edson Vicente Ferreira
Cara, fiquei fascinado pelo seu projeto, acho fantástico muito bem elaborado e com um capricho sem igual!
Neste artigo que fala sobre a carta de agradecimento, um dos senhores que assinaram a carta é João Vicente Ferreira.
Esse senhor era meu Avô, acredito que na época era Delegado de Taipu, tinha terras vizinha a fazenda Maracajá, um fato interessante que ele além de delegado, era barbeiro tinha seu comércio e residencia exatamente do lado direito da igreja e um fato curioso é que ele foi morto devido uma injeção contaminada aplicada pelo pároco da igreja.
Gostaria de saber mais sobre ele e outras autoridades que também hoje é nome de Rua no município.
Abraço e mais uma vez acho seu trabalho fantástico digno de um livro.
T.F.A.
Grato Edson pelo comentário e pelos elogios ao nosso trabalho.
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