quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O MUNICÍPIO DE TAIPU ENTRE 1895 E 1900




Nessa postagem trazemos a configuração do Município de Taipu entre 1895 E 1900. O período corresponde aos 6 últimos anos do século XIX.

Ano de 1895
Instrução pública
No tocante a instrução pública em 1895 existiam  89 alunos matriculados, dos quais, 51 meninos e 38 meninas:.
Administração municipal
 A intendentes municipal estava assim constituída em 1895:  Presidente: Vicente Rodrigues da Câmara.
Membros: Carlos Alberto Davim.
                                              Francisco Teixeira de Oliveira.
                                              Henrique Basílio do Nascimento.
                                              João Gabriel Campos.
                                             Justino Caetano Leite.
                                            Manoel Eugênio Pereira de Andrade.
 Total: 7 intendentes.
Situação eleitoral
Havia 2 seções eleitorais e 167 eleitores.
Distritos e povoações:
Os distritos e povoados eram: Poço Branco[1], Barreto[2] Gameleira, Contador[3], Boa Vista, Pitombeira e Passagem Funda.
Finanças municipais
         No tocante as finanças municipais os dados eram este:
Ano
Receita
Despesa
1895
723$000
1: 896$660

Ano de 1896
         Segundo o relatório do governo do Estado “não foi possível reunir dados históricos e geográficos sobre o Taipu segundo relatório do Governador do Rio Grande do Norte para Assembleia” (RELATÓRIO, 1896,p.88)[4].
         Os dados disponíveis para aquele ano eram os seguintes:
Administração judiciária
         Pertencente a comarca de Ceará-Mirim e não era distrito judiciário.
Instrução pública
Professores: Francisco da Cunha Lyra.
Maria Emília de Araújo Duarte.
Vias de comunicação: estrada que ligava Ceará-Mirim a Taipu[5].
Administração policial
Delegacia: 1.
Carcereiro: 1.
Delegado: João Leite da Fonseca.
Suplentes: João Estanislau de Oliveira.
                Laurentino Maria de Oliveira.
                Francisco Teixeira de Oliveira.
Distrito policial de Taipu:
Subdelegado: Miguel Ferreira da Câmara.
Suplentes: Manoel Victor da Câmara.
                Antônio José da Costa.
                João Gomes da Costa.
Distrito policial de Baixa Verde
Subdelegado: Luiz Inácio de Melo.
Suplentes: José Ferreira da Câmara França.
               Noberto Nunes Ferreira.
               Cirilo José Tavares.
Religião
         Por determinação do bispo da Paraíba, dom Adauto de Miranda Henriques em junho de 1896 foi transferida a sede da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ceará-Mirim para a vila de Taipu. A transferência durou até julho do ano seguinte.
Finanças municipais
Ano
Receita
Despesas
1896
2:144$900
2:110$000


Ano de 1897
         Eis as informações de Taipu no referido ano.
Instrução pública
Escola particular: 1.
Escola municipal pública: não tinha.
Matriculados: Meninos: 23
                   Meninas: 14.
                   Total: 37 alunos.
Professora: Maria Emília Araújo Duarte.
Administração policial
Delegacia: 1.
Distritos policiais: 2. O da vila e o de Baixa Verde.
Carcereiro: Avelino Antônio dos Santos.
Administração municipal
Intendentes
Presidente: Vicente Rodrigues da Câmara.
Vice-presidente: Manoel Eugênio Pereira de Andrade.
Membros: Carlos Alberto Davim.
               Francisco Teixeira de Oliveira.
               Henrique Basílio do Nascimento.
               João Gabriel Campos.
               Justino Caetano Leite.
Total: 7 intendentes.
Finanças municipais
Ano
Receitas
Despesa
1897
2.558$000
2.46$000.

Ano de 1898
         Não foram encontradas informações novas para este ano além das que se seguem.
População: 12.000 habitantes[6].
Instrução pública:
Alunos matriculados: Meninos: 23
                             Meninas: 14.
                             Total: 37 alunos.
Administração policial
Delegacia: 1
Carcereiro: 1.
Finanças municipais
Ano
Receitas
Despesas
1898
1:238$700
1:046$450

Ano de 1899
         Nada a acrescentar além do que se segue.
Situação eleitoral
Alistamento eleitoral: 226 eleitores.
Administração policial
Delegacia: 1.
Distritos policiais: 2.
Carcereiro: Avelino Antônio dos Santos.
Finanças municipais
Ano
Receitas
Despesas
1899
1:725$500
1:711$050

Ano de 1900
         Nada a acrescentar além do se segue.
Finanças municipais
Orçamento: 3: 525$000.
Receitas e despesas
Ano
Receita
Despesas
1900
2:002$020
2:002$020

Instrução pública
Professores: Benvenuto Augusto Barbalho[7].
Ernesto Otoni Nunes em Baixa Verde[8]
Alunos matriculados:  36 alunos. Sem estatísticas para os sexos.
Ocorrência policial
         Foi notificado um crime na vila de Taipu. Rosa Maria do Nascimento atacou João Fernandes de Oliveira com uma tacada na cabeça do qual veio este a falecer meia hora depois. “Contra a delinquente que foi presa em flagrante delito procedeu o respectivo delegado na forma da lei”( RPPEB, 1900, p. 4).



[1]Atual município de Poço Branco-RN.
[2] Atual município de  Bento Fernandes-RN.
[3] Atualmente distrito de Poço Branco.

[5] Estrada de rodagem que sai no Juamirim, passando por Capela e Itapassaroca no município de Ceará-Mirim e Gameleira em Taipu, margeando o rio Ceará-Mirim, atualmente estrada vicinal do município de Taipu.
[6] Conforme publicado em Mensagens do Governador do Rio Grande do Norte para Assembleia, 1898, p. 42.
[7] Nomeado em 01/02/1900 como professor com vencimento de 200$000 (Cf. RPPEB, 1900, p. 8).
[8] Empossado em 01/02/1900. Mensagens do Governador do Rio Grande Do Norte para AssembleiA,1900, p. 65

O MUNICÍPIO DE TAIPU ENTRE 1891 E 1894




João Batista dos Santos

         O presente artigo pretende apresentar a configuração do município de Taipu a partir de sua emancipação política ocorrida em 10/03/1891 até o ano 1894, ou seja, os 4 primeiros anos de existência como município autônomo.Taipu é um município do Rio Grande do Norte, situado na região do Mato Grande a 50 km de distância da capital potiguar.
O município foi criado pelo Decreto-Lei nº 97 de 10 de março de 1891 desmembrado de Ceará-Mirim e instalado em 03 de abril de 1891 com a posse do primeiro intendente nomeado que foi o capitão Cândido Marcolino Monteiro da Rocha. Sua extensão territorial era de 942 km² tendo por municípios limítrofes Ceará-Mirim, Touros, Jardim de Angicos e São Gonçalo e população de 2.709 habitantes.
A economia do município estava baseada na produção agrícola, sobretudo na cultura do algodão, cereais e gado. Sendo a cultura agrícola desenvolvida no vale formado pelas águas do rio Ceará-Mirim.
Na Instrução pública o decreto Nº 95 de 28 de fevereiro de 1891 restabeleceu a cadeira de instrução primaria do sexo masculino da povoação de Taipu[2] e tinha por Professore de ensino primário o Capitão Joaquim José de Carvalho Pinto[3] e Emília Botelho Pinto.Açudes públicos eram 2, sendo um em Taipu e outro em Baixa Verde.
A vila
         Erguida na margem direita do rio Ceará-Mirim tinha 3 ruas, 173 casas, 1 escola, 1 delegacia, 1 igreja, 1 agência dos correios e telégrafos[4]. A feira era realizada embaixo de uma latada onde os habitantes compravam gêneros de primeira necessidade: milho, feijão, farinha, sal, batatas, etc.
Administração municipal
O primeiro intendente foi o Capitão Cândido Marcolino Monteiro tendo sido nomeado em 21/03/1891 e empossado em 03/04/1891.
As Finanças municipais foram as seguintes naquele ano de 1891:
Ano
Receita
Despesa
1891
588$270
588$130

A Administração policial constituía-se de 1 Delegacia de polícia civil.Havia  1 Distrito policial, o da Vila.O delegado de polícia era José Augusto Fonseca e Silva.Os Suplentes: Carlos Alfredo Davim, Manoel Eugênio Pereira de Andrade, Manoel Alves Jurema e Serafim José de Aquino.
         Foram nomeados para substituir respectivamente a Felipe Rodrigues Monteiro, Manoel, Pereira Caçumbú, João Félix do Nascimento, Vitaliano José Lucena e Laurentino Maria de Oliveira, os quais haviam sido exonerados dos respectivos cargos.
No tocante a questões territoriais foram registradas em 1891 questões territoriais entre os municípios de Taipu e Jardim de Angicos em virtude de cobranças de impostos entre ambos os municípios.
Naquele mesmo ano foram nomeados João Felix de Vasconcelos e Antônio Henrique Freire de Vasconcelos Barra para o cargo do conselho da intendência por se acharem vagos os lugares.
O Distrito eleitoral era constituído de duas seções eleitorais assim estabelecidas: a 1ª seção instalada na casa do cidadão João Estanislau de Oliveira, abrangia os eleitores do 1º quarteirão. Mesários: Elias Cardoso de Souza, presidente, João Augusto Ribeiro Bessa, Joaquim Manoel de Souza, João Soares da Silva Filho, Francisco Cardoso de Souza.
A 2ª seção foi instalada na sala de aula do sexo feminino da vila, abrangendo os eleitores dos 2º, 3º e 4º quarteirões.Mesários: Silvino Raposo de Oliveira, presidente, Estevão Alípio de Oliveira Pinto, Manoel Salustiano de Medeiros, João Estanislau de Oliveira e Miguel Ferreira da Câmara.
Na administração judiciária o município era pertencente a comarca de Ceará-Mirim.
Efemérides
         Em 04/04/1891 o líder político Pedro Velho visitou a vila de Taipu.
No ano de 1892 Foi exonerado do cargo de presidente da intendência Joaquim Manoel de Souza sendo nomeado Silvino Raposo de Oliveira Câmara em substituição daquele[5].
Realizou-se eleições para a escolha dos membros da intendência municipal de Taipu em 11/09/1892. A primeira após a emancipação política do município, sendo a 1ª seção: instalada na casa que servia de intendência municipal e a 2ª seção instalada na casa do cidadão Afonso Teixeira de Oliveira em Baixa Verde.
O numero dos eleitores eram 107 Republicanos 77 Oposicionistas[6], totalizando  177 eleitores.
Na eleição que ocorreu naquele ano de 1892 para assumir a administração municipal foram eleitos: Presidente: Francisco de Paula Paiva. Membros: Francisco Guedes da Costa Tabosa,  Henrique Basílio do Nascimento, João Estanislau de Oliveira, Manoel Eugênio de Andrade,  Manoel Gomes Cavalcante, Vicente Teixeira da Câmara. Os dois últimos ‘oposicionistas’, os demais republicanos.
As finanças municipais foram assim calculadas:
Ano
Receita
Despesa
1892
1:091$110
937$100

Na configuração territorial foi criado o distrito de Baixa Verde anexado ao município de Taipu. Eram distritos e povoados: Boa Vista, Pitombeira, Passagem Funda, Baixa Verde, Barreto, Contador e Poço Branco.
Instrução pública
         A cadeira de ensino primário havia sido suprimida em virtude da reorganização da instrução primária do Estado. Alunos matriculados eram 52 meninos e 28 meninas. Eram professores naquele ano Manoel Ferreira de Mesquita e Josefa Carolina L. de Moura.
Tinha 5 estabelecimentos comerciais, dos quais eram proprietários: Carlos Davim & irmãos, João Soares da Silva, João Ferreira de Miranda Câmara, João Cassiano do Nascimento, Henrique Basílio do Nascimento. Em 1894 foi instalada uma nova padaria na vila inaugurada em 1º de outubro de propriedade de José Macário Freire.
         Eclesiasticamente o município constituía-se de capela filial da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Ceará-Mirim, tendo como padroeira Nossa Senhora do Livramento com festa celebrada no último domingo de novembro.

Referências
A República, Natal, 1892, p. 1.
CÂMARA, Anfilóquio.Cenários municipais, 1943, p.393.
CÂMARA, Cascudo. Terras potiguares, 2002, p.260.
O Povo, Caicó, 1891, p.2.
Revista do IHGRN, vol. XVIII-XXIV, 1926-1927, p.103-104.


[2]Revista do IHGRN, vol. XVIII-XXIV, 1926-1927, p.103-104.

[3] Transferido da vila de Flores, atualmente Florânia em 06/05/1891. Cf. O Povo, 1891, p.2.
[4]Segundo Anfilóquio Câmara os serviços de correios em Taipu datavam desde 19 de fevereiro 1891 (CÂMARA, 1943, p.393).
[5]A República, 1892, p. 1.
[6] Leia-se: fiéis ao regime Imperial.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O PROGRAMA DA INAUGURAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO DO NATAL A NOVA CRUZ



A Imperial Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz foi a primeira ferrovia construída em solo potiguar e teve seu primeiro trecho inaugurado em 28/02/1881, entre Natal e São José de Mipibu num trecho de 39 km.
Segundo o jornal Reforma a empresa The imperial Brazilian Natal and Nova Cruz Railway Company Ltd, que era a empresa concessionária da referida ferrovia estava empenhada em empregar todos os meios para que a inauguração se realizasse com o maior brilhantismo possível (REFORMA, 24/09/1881, p.4).
Vejamos como foi elaborada a programação para o dia da inauguração do referido trecho inicial dessa ferrovia.
A programação
         Segundo constava no jornal A Reforma eis a programação da inauguração conforme foi enviado ao referido jornal pela direção da empresa.
         Ao amanhecer do dia 28/02/1881 uma salva de 21 tiros anunciaria a festa da indústria e do progresso[1].
         As 13h00, a Câmara Municipal da capital e as delegações que quisessem comparecer, reunidas ao superintendente da empresa, seriam recebidos no vestíbulo da Estação Central pelo presidente da Província, Rodrigo Lobato Machado, com as formalidades de estilo[2].
         O presidente da Província depois de percorrer o edifício, faria descer a cortina que cobria a pedra comemorativa e convidaria aos presentes a tomarem lugar no trem inaugural[3].
         Obtida a permissão, o trem partiria em marcha para a cidade de São José de Mipibu, estacionando antes nas paradas de Pitimbu, Cajupiranga e São José, onde os dois trens seriam reunidos depois de um intervalo de 2 minutos em cada ponto[4].
         Chegados a os trens a plataforma da estação de São José de Mipibu desembarcaria o presidente da Província e sua família e tomaria assento na mesa de honra, no salão da estação onde seria servido um lanche. Tomaria também assento nessa mesa os cavaleiros e senhoras convidados pelo presidente da província.
         Logo após a composição da mesa de honra e servido o lanche seria liberada a saída dos trens aos convidados que ocupariam as outras mesas no mesmo salão onde se serviria igual lanche.
         Em seguida o presidente da Província declararia aberto o tráfego da 1ª seção, sendo nessa ocasião permitida aos oradores proferirem discursos análogos ao ato.
         Terminada essa cerimônia convidaria o presidente da Província a todas as pessoas gradas a assinarem a ata da inauguração, que seria arquivada na secretaria da presidência  remetendo-se uma copia ao Ministério da Agricultura.
         Terminada a cerimônia os trens retornariam para Natal, parando antes na para de São José[5], em lugar apropriado, afim de os convidados visitarem a pitoresca cidade de São José de Mipibu onde os trens demoriam até as 17h00, em seguida partindo para a capital, passando por Cajupiranga e Pitimbu, com chegada prevista para as 18h00 na Estação Central da Ribeira em Natal.
         Ainda segundo o programa publicado no jornal Reforma só era permitida o ingresso nas estações e embarque nos trens as pessoas que tivessem obtido os convites acompanhados de bilhetes de ida e volta.
         Uma hora antes da inauguração as estações seriam vigiada spela policia que juntamente com os guardas da linha impediriam a entrada ao público, só permitindo depois o ingresso as pessoas que mostrassem seus bilhetes de passagem.
         No dia 27/02/1881 partiria de Lagoa de Montanhas para a capital um trem conduzindo os passageiros convidados de Nova Cruz, Penha, Goianinha e São José que quisessem se fazer presentes a festa de inauguração[6].

Reforma, 24/09/1881, p.4


[1] As ferrovias eram associadas a esses dois elementos de desenvolvimento, a indústria e ao progresso.
[2] Leia-se : conforme o protocolo exigido as formalidades oficiais.A estação Central é a que está situada na praça Augusto Severo na Ribeira, atualmente sede da CBTU-Natal.
[3] Nessa mesma ocasião deu-se a inauguração da Estação Central de Natal.
[4] Pitimbu a época era distrito de Natal.A estação atual é parada da CBTU.Cajupiranga a época era distrito de São José, atualmente de Parnamirim, a estação já foi demolida.A parada São José trata-se da parada São José do Alto que era a que se localizava próxima a cidade de São José de Mipibu, já demolida.
[5] Trata-se da parada de São José do Alto que ficava mais próxima da cidade de São José de Mipibu, já a estação citada como São José de Mipibu, trata-se da estação de Papari, que ficava no limite dos dois municípios e causa de contendas entre ambos pela posse da mesma que se consagrou como pertencente a Papari mesmo tendo o nome nos guias como São José de Baixo.
[6] Até essa data como visto os trilhos só atingiam ao povoado de  Lagoa de Montanhas, atual cidade de Montanhas.