terça-feira, 7 de abril de 2015

Taipu no livro as pelejas de Ojuara de Ney Leandro de Castro parte II




         Ney Leandro de Castro coloca outra história que se passa em Taipu em seu romance As pelejas de Ojuara.Desta vez a história se passa na zona, meretrício, cabaré.Como em toda cidade do interior Taipu também tinha sua ‘zona’.Segundo o narrado onipresente do romance da sexta pra sábado era o dia danado de bom pra mulher de zona “era quando os caixeiros-viajantes caiam na farra, os feirantes vindos de outros cantos gastavam no frege e até os pais de família gostavam de molhar a caneta noutro tinteiro” (p. 177).
        No entanto o personagem Ojuara achou estranho ao saber que em Taipu a ‘zona’ não abria nem as sextas e nem aos sábados. Tudo por causa de Zé Tabacão “um homem ruim que só a peste, que costumava aparecer naqueles dias e fazia o maior estrago na zona” (p. 177), Zé Tabacão maltratava mulher, quebrava garrafas e copos, não pagava despesas, era um terror, obrigava as meninas a ir para o quarto com ele e “o danado se era ruim vestido, nu então diz arreda” (p. 177) o valentão dava com chicote nas meninas e “marcava os peitos lá delas com um ferrinho em brasa que tinha as letras do nome dele, que nem ferra gado” (p. 177).A dona da ‘pensão’ era Belinha e foi com ela que Ojuara foi falar para abrir a pensão naqueles dias de sua passagem por Taipu onde Ojuara “afogou o jegue até não poder mais” (p. 179), adormeceu nos braços de uma rapariga e quando amanheceu foi despertado pelo alvoroço que se formou na pensão de Belinha pois “Zé Tabacão soube que a pensão de Belinha estava aberta e tá vindo pra cá.Tá vindo mais abufelado do que gota serena”(p. 179).Segundo o narrado onipresente (p. 182):
Aquele dia calorento de Taipu tinha tudo para ser igual a todos os outros, cobertos de sol e monotonia, com alarido de papagaios ao entardecer.Mas duas coisas quebraram a calma do vilarejo.A primeira foi a peleja entre o caboclo Ojuara e Zé Tabacão que começou exatamente as oito e trinta e cinco da manhã.
         Os dois se agarraram num corpo a corpo de gigantes, levando par ao céu uma nuvem de poeira (p. 182), perto de uma hora da tarde ( lembre-se que a luta começou as oito e trinta e cinco) os brigantes ainda estavam atracados que nem feras quando surgiu uma nuvem escura no céu.De repente, baixaram sobre  verde da plantação milhões de gafanhotos.Ao barulho de suas asas em voo somou-se o ruído da serra de seus dentes devorando  feijão, milho, mandioca, cana de açúcar, destruindo tudo que era verde (p. 183-184).Cinco horas depois, os dois brigões já tinha se deslocado alguns quilômetros e adentraram na plantação infestada de gafanhotos e Zé Tabacão foi sugado pela nuvem de gafanhotos restando Ojuara como vencedor da contenda, encontraram o corpo de Zé Tabacão “ triturado da cintura pra baixo” (p. 184).
       O finado foi atraído pelos gafanhotos pela calça verde que vestia eis a explicação para o fim trágico do brigão. ”mas gafanhoto não come carne, observou Celso da Silva, que chegou a Taipu um dia atrasado e se lastimou pelo resto da vida por não ter testemunhado os acontecimentos. Pois estes comiam, disse o delegado do município. Basta ser verde pra entrar no dente”. (p. 185).
        E assim foram estas as passagens de Ojuara por Taipu. Cumpre dizer para satisfazer a curiosidade do leitor que Ojuara permaneceu três dias se recuperando da briga com Zé Tabacão vivendo do bom e do melhor na pensão de Belinha, mas os detalhes não serão ditos aqui (o horário não permite) e quem os quiser saber terá que ler o livro (sem querer fazer propaganda, mas já fazendo).
       As cenas passadas em Taipu foram retratadas no filme ‘O Homem que desafiou Diabo’ de 2007, adaptado do livro em questão, porém, como em todo livro que é mutilado quando se é adaptado par ao cinema, manteve-se os personagens porém sem dá os devidos créditos ao local do ocorrido,o que é  uma lástima.




Fonte: CASTRO, Ney Leandro.As pelejas de Ojuara: a verdadeira história do homem que virou bicho.Natal: A.S.Editores, 2002.

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