Ney Leandro de Castro coloca outra
história que se passa em Taipu em seu romance As pelejas de Ojuara.Desta vez a
história se passa na zona, meretrício, cabaré.Como em toda cidade do interior
Taipu também tinha sua ‘zona’.Segundo o narrado onipresente do romance da sexta
pra sábado era o dia danado de bom pra mulher de zona “era quando os
caixeiros-viajantes caiam na farra, os feirantes vindos de outros cantos
gastavam no frege e até os pais de família gostavam de molhar a caneta noutro
tinteiro” (p. 177).
No entanto o personagem Ojuara achou
estranho ao saber que em Taipu a ‘zona’ não abria nem as sextas e nem aos
sábados. Tudo por causa de Zé Tabacão “um homem ruim que só a peste, que
costumava aparecer naqueles dias e fazia o maior estrago na zona” (p. 177), Zé
Tabacão maltratava mulher, quebrava garrafas e copos, não pagava despesas, era
um terror, obrigava as meninas a ir para o quarto com ele e “o danado se era
ruim vestido, nu então diz arreda” (p. 177) o valentão dava com chicote nas
meninas e “marcava os peitos lá delas com um ferrinho em brasa que tinha as
letras do nome dele, que nem ferra gado” (p. 177).A dona da ‘pensão’ era
Belinha e foi com ela que Ojuara foi falar para abrir a pensão naqueles dias de
sua passagem por Taipu onde Ojuara “afogou o jegue até não poder mais” (p.
179), adormeceu nos braços de uma rapariga e quando amanheceu foi despertado
pelo alvoroço que se formou na pensão de Belinha pois “Zé Tabacão soube que a
pensão de Belinha estava aberta e tá vindo pra cá.Tá vindo mais abufelado do
que gota serena”(p. 179).Segundo o narrado onipresente (p. 182):
Aquele dia calorento de
Taipu tinha tudo para ser igual a todos os outros, cobertos de sol e monotonia,
com alarido de papagaios ao entardecer.Mas duas coisas quebraram a calma do
vilarejo.A primeira foi a peleja entre o caboclo Ojuara e Zé Tabacão que
começou exatamente as oito e trinta e cinco da manhã.
Os dois se agarraram num corpo a
corpo de gigantes, levando par ao céu uma nuvem de poeira (p. 182), perto de
uma hora da tarde ( lembre-se que a luta começou as oito e trinta e cinco) os
brigantes ainda estavam atracados que nem feras quando surgiu uma nuvem escura
no céu.De repente, baixaram sobre verde
da plantação milhões de gafanhotos.Ao barulho de suas asas em voo somou-se o
ruído da serra de seus dentes devorando
feijão, milho, mandioca, cana de açúcar, destruindo tudo que era verde
(p. 183-184).Cinco horas depois, os dois brigões já tinha se deslocado alguns
quilômetros e adentraram na plantação infestada de gafanhotos e Zé Tabacão foi
sugado pela nuvem de gafanhotos restando Ojuara como vencedor da contenda,
encontraram o corpo de Zé Tabacão “ triturado da cintura pra baixo” (p. 184).
O finado foi atraído pelos
gafanhotos pela calça verde que vestia eis a explicação para o fim trágico do brigão.
”mas gafanhoto não come carne, observou Celso da Silva, que chegou a Taipu um
dia atrasado e se lastimou pelo resto da vida por não ter testemunhado os acontecimentos.
Pois estes comiam, disse o delegado do município. Basta ser verde pra entrar no
dente”. (p. 185).
E assim foram estas as passagens de
Ojuara por Taipu. Cumpre dizer para satisfazer a curiosidade do leitor que
Ojuara permaneceu três dias se recuperando da briga com Zé Tabacão vivendo do
bom e do melhor na pensão de Belinha, mas os detalhes não serão ditos aqui (o
horário não permite) e quem os quiser saber terá que ler o livro (sem querer
fazer propaganda, mas já fazendo).
As cenas passadas em Taipu foram
retratadas no filme ‘O Homem que desafiou Diabo’ de 2007, adaptado do livro em
questão, porém, como em todo livro que é mutilado quando se é adaptado par ao
cinema, manteve-se os personagens porém sem dá os devidos créditos ao local do
ocorrido,o que é uma lástima.
Fonte:
CASTRO, Ney Leandro.As pelejas de Ojuara: a verdadeira história do homem que
virou bicho.Natal: A.S.Editores, 2002.
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