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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

A INAUGURAÇÃO DO TRECHO FERROVIÁRIO ENTRE BORBOREMA E BANANEIRAS


O ramal ferroviário de Bananeira a Boca do Túnel foi inaugurado em 22/10/1922 na Estrada de Ferro Guarabira a Picuí.

         De acordo com o relato do jornal O Norte houve trens especiais com a comitiva chefiada pelo secretário Álvaro de Carvalho, representando o governador do Estado, os quais se dirigiram para o local das solenidades as 06h00 partindo da estação central de João Pessoa.

         Além da comitiva do governo do estado estavam presentes nos trens o pessoal técnico da Estrada de Ferro Conde d’Eu os engenheiros J. White, chefe do tráfego, A. G. Cooper, chefe da conservação, Cesar Cartaxo e Pedro Carlile, engenheiros fiscais, Antonio Almeida e Manuel Costa, engenheiros eletricistas.

         E evidentemente os representantes da imprensa paraibana que iriam fazer a cobertura da inauguração do referido trecho ferroviário.

         As 10h30 a comitiva desembarcou em Borborema ao som da banda de música de Bananeiras e uma grande girândola fendeu os ares.

         Se dirigiram todos a residência do Cel. Barôncio de Lucena que esperava os delegados do governo na estação e depois de ligeiro repouso tendo servido um lauto banquete foi saudado por Manuel Paiva, em nome do Cel. Barôncio de Lucena, ao dr. Álvaro de Carvalho que naquela ocasião representava o governador Solon de Lucena.

A inauguração da estação de Manitu

         De Borborema partiu o trem puxado pela locomotiva nº 197, toda embandeirada e coberta de ramos e flores, e onde se lia “Viva o Dr. Epitácio Pessoa” seguiu o trem que inaugurou o trecho citado, dando entrada na gare da estação de Manitu, recentemente construída, em baixo de entusiasmáticos vivas ao presidente da República.

         Na estação de Manitu havia sido estendida uma grande faixa onde se lia: “Viva o Dr. João Holmes” entre outros versos. Ao ser-lhe entregue um buquê  pela comissão de festejos o engenheiro João Holmes  derramou lágrimas de sincera comoção “pois se via a eloquência da sinceridade daquela manifestação”. (JORNAL DO RECIFE, 07/12/1922, p.2). João Holmes foi engenheiro responsável pela construção do trecho.

Fonte: Ilustração Brasileira,1922.
Prédio da antiga estaçao de Manitu.Foto: Jônatas Rodrigues, 2007.

            A estação de Manitu começou a ser construida em junho de 1922.A imagem a cima mostra a estação de Manitu estampada na revista Ilustração Brasileira em setembro de 1922, ou seja, um mês antes de sua inauguração.

         Após a saudação do acadêmico Claudie Maia em nome do povo o secretário Alvaro Carvalho declarou inaugurada a estação de Manitu. Havia sido ali preparada para mais de 500 mesas de café onde a todos  foram servidas cervejas em profusão segundo o jornal O Norte.

Subindo a serra da Viração

Subindo a serra a primeira locomotiva num apito agudo e prolongado anunciou a vitória do homem, mais uma vez, sobre a natureza bruta e assim as 14h40 depois de um rápido percurso, no qual se ouvia constantemente o pipocar dos foguetões, o comboio parou na estação provisória de Boca do Túnel, sendo os representantes do governo do Estado recebidos pelas autoridades locais de Bananeiras, tendo sido saudados por Pedro Anisio Maia e Floriano Mendes.

Na estação da Boca do Túnel esperava quaser toda a população de Bananeiras que promoveu uma carinhosa manifestação com todos os discursos protocolares.

         Dali saiu a comitiva para a cidade de Bananeiras que fica a 2 km do túnel em construção, o qual em muito facilitaria o acesso aquela comuna. Desse grande túnel só faltava ser perfurado 50 metros em rocha viva, sendo esse trabalho feito por poucos homens, avançando-se 8 metros por mês, segundo informação que foi prestada aos jornalistas.



Detalhes das obras em ambas bocasdo túnel na serra da Viração.Fonte: Ilustração Brasileira,1922.


         A novo trecho ferroviário cortava toda a propriedade “Carneiro” do Cel. Ascendino Neves.

O governador do Estado não esteve presente a inauguração devido a problemas de saúde.

         Foram feitos os registros fotográficos da inauguração do trecho ferroviário entre Borborema e Bananeiras.

         O extenso trem foi franqueado ao público que desejasse assistir a referida inauguração. Manitu era uma estação intermediária.



Aspectos do túnel da serra da Viração em Bananeiras.

Atualmente pelo antigo túnel ferroviário passa uma estrada municipal.



Aviso de abertura das estações de Manitu e Boca do Túne pela GWBR.Fonte:O Norte,27/10/1922, p.2.

Aviso de abertura do tráfego entre Guarabira e a estação provisória da Boca do Túnel.Fonte:O Norte,02/12/1922,p.1
      

Sobre o trecho inaugurado

Esse trecho, como os demais da Estrada de Ferro de Guarabira a Picuí, foi construído em plena ascensão da serra, não havendo um só pedaço de linha sobre terreno natural, pois os grandes cortes de muitos metros de altura em barro e em rocha se alternavam sucessivamente com aterros de altura vertiginosas que muitas vezes foi preciso substituir por grandes pontes metálicas.

         A linha, contudo ainda não havia atingido a cidade de Bananeiras porque a cidade estava localizada num profundo vale e para chegar até lá foi necessário abrir um grande túnel de extensão pouco inferior a 200 metros e que deveria atravessar a serra.

         Os serviços já estavam em andamento adiantado de um lado e do outro uma extensão cavada em rocha não inferior a 30 metros.

         A estação de Boca do Túnel era provisória sendo preciso que para se chegar a cidade devia-se transpor a serra numa caminhada de pouco mais de 2 km.

Visita a cidade de Bananeiras

Foi entre aclamações, músicas e salvas que o secretário Álvaro de Carvalho e comitiva chegaram a residência  do Cel. Leopoldo Bezerra prefeito de Bananeiras.

         Poucos depois a comitiva foi convidada por Marques de Azevedo, chefe da Comissão de Estradas de Bananeiras, para ser inaugurada uma pequena e artística ponte na rua principal da cidade.

Houve uma sessão solene no Conselho Municipal ( Atual Câmara de Vereadores) onde na ocasião foi inaugurado seu novo prédio e fez-se a aposição do retrato do presidente da República Epitácio Pessoas.

       A comitiva visitou logo depois o Instituto Bananeirense voltando depois para a residência do Cel. Leopoldo Bezerra onde foi servido um banquete. (O NORTE, 25/10/1922, p.1).

         A cidade de Bananeiras estava toda embandeirada, ostentando arcos bem iluminados e com expressivas inserções artísticas. Na praça em construção tocava a banda de música local notando-se uma multidão de mais de mil pessoas assistiam o cinema ao ar livre.

         Segundo o relato do Jornal do Recife, Bananeiras de uma cidade velha e antiquada que era estava sendo transformada em uma “urbs” moderna graças às duas comissões de obras contras as secas, uma de estradas e outra de açudagem que lá haviam.

O velho riacho que cortava a cidade foi drenado com paralelepípedos de granito numa extensão superior a 2 km, as ruas estavam todas calçadas e macadamizadas, tinha uma bela praça com postes de cimento armado, um obelisco e um lindo coreto, uma escadaria de 70 degraus ligando a cidade baixa à alta onde se encontrava a igreja matriz e estava ligada a todas as localidades vizinhas por estradas de rodagens amplas e modernas. (JORNAL DO RECIFE, 07/12/1922, p.2).

No  dia seguinte, logo pela manhã, a comitiva fez uma demorada visita ao grande e belíssimo estabelecimento de ensino profissional que seria o patronato agrícola André Vidal de Negreiros que estava sendo construído com economia e sábia administração pelo jovem, modesto e talentoso engenheiro J.Trindade.

         Em seguida fez-se uma excursão até Moreno (atual Solânea).

         Depois do almoço houve sessão solene no salão da comissão de estradas com sede em Bananeiras, havendo então a aposição dos retratos do presidente Epitácio Pessoa e do governador Solon de Lucena.

         As 06h00 do dia seguinte partiu o trem da estação provisória Boca do Túnel conduzindo os excursionistas para a capital paraibana.

 

Aspectos da cidade de Bananeiras.Fonte: Ilustração Brasileira,1922.