O ramal
ferroviário de Bananeira a Boca do Túnel foi inaugurado em 22/10/1922 na Estrada
de Ferro Guarabira a Picuí.
De acordo com o relato do jornal O Norte houve trens especiais
com a comitiva chefiada pelo secretário Álvaro de Carvalho, representando o
governador do Estado, os quais se dirigiram para o local das solenidades as
06h00 partindo da estação central de João Pessoa.
Além da comitiva do governo do estado estavam presentes nos
trens o pessoal técnico da Estrada de Ferro Conde d’Eu os engenheiros J. White,
chefe do tráfego, A. G. Cooper, chefe da conservação, Cesar Cartaxo e Pedro
Carlile, engenheiros fiscais, Antonio Almeida e Manuel Costa, engenheiros
eletricistas.
E evidentemente os representantes da imprensa paraibana que
iriam fazer a cobertura da inauguração do referido trecho ferroviário.
As 10h30 a comitiva desembarcou em Borborema ao som da banda
de música de Bananeiras e uma grande girândola fendeu os ares.
Se dirigiram todos a residência do Cel. Barôncio de Lucena
que esperava os delegados do governo na estação e depois de ligeiro repouso
tendo servido um lauto banquete foi saudado por Manuel Paiva, em nome do Cel.
Barôncio de Lucena, ao dr. Álvaro de Carvalho que naquela ocasião representava
o governador Solon de Lucena.
A
inauguração da estação de Manitu
De Borborema partiu o trem puxado pela locomotiva nº 197,
toda embandeirada e coberta de ramos e flores, e onde se lia “Viva o Dr. Epitácio
Pessoa” seguiu o trem que inaugurou o trecho citado, dando entrada na gare da
estação de Manitu, recentemente construída, em baixo de entusiasmáticos vivas
ao presidente da República.
Na estação de Manitu havia sido estendida uma grande faixa
onde se lia: “Viva o Dr. João Holmes” entre outros versos. Ao ser-lhe entregue
um buquê pela comissão de festejos o
engenheiro João Holmes derramou lágrimas
de sincera comoção “pois se via a eloquência da sinceridade daquela manifestação”.
(JORNAL DO RECIFE, 07/12/1922, p.2). João Holmes foi engenheiro responsável
pela construção do trecho.
Fonte: Ilustração Brasileira,1922. |
Prédio da antiga estaçao de Manitu.Foto: Jônatas Rodrigues, 2007. |
A estação de Manitu começou a ser construida em junho de 1922.A imagem a cima mostra a estação de Manitu estampada na revista Ilustração Brasileira em setembro de 1922, ou seja, um mês antes de sua inauguração.
Após a saudação do acadêmico Claudie Maia em nome do povo o
secretário Alvaro Carvalho declarou inaugurada a estação de Manitu. Havia sido
ali preparada para mais de 500 mesas de café onde a todos foram servidas cervejas em profusão segundo o
jornal O Norte.
Subindo
a serra da Viração
Subindo
a serra a primeira locomotiva num apito agudo e prolongado anunciou a vitória
do homem, mais uma vez, sobre a natureza bruta e assim as 14h40 depois de um
rápido percurso, no qual se ouvia constantemente o pipocar dos foguetões, o
comboio parou na estação provisória de Boca do Túnel, sendo os representantes
do governo do Estado recebidos pelas autoridades locais de Bananeiras, tendo
sido saudados por Pedro Anisio Maia e Floriano Mendes.
Na estação
da Boca do Túnel esperava quaser toda a população de Bananeiras que promoveu
uma carinhosa manifestação com todos os discursos protocolares.
Dali saiu a comitiva para a cidade de Bananeiras que fica a
2 km do túnel em construção, o qual em muito facilitaria o acesso aquela
comuna. Desse grande túnel só faltava ser perfurado 50 metros em rocha viva,
sendo esse trabalho feito por poucos homens, avançando-se 8 metros por mês,
segundo informação que foi prestada aos jornalistas.
Detalhes das obras em ambas bocasdo túnel na serra da Viração.Fonte: Ilustração Brasileira,1922. |
A novo trecho ferroviário cortava toda a propriedade “Carneiro” do Cel.
Ascendino Neves.
O governador
do Estado não esteve presente a inauguração devido a problemas de saúde.
Foram feitos os registros fotográficos da inauguração do
trecho ferroviário entre Borborema e Bananeiras.
O extenso trem foi franqueado ao público que desejasse
assistir a referida inauguração. Manitu era uma estação intermediária.
Aspectos do túnel da serra da Viração em Bananeiras. |
Atualmente pelo antigo túnel ferroviário passa uma estrada municipal. |
Aviso de abertura das estações de Manitu e Boca do Túne pela GWBR.Fonte:O Norte,27/10/1922, p.2. |
Aviso de abertura do tráfego entre Guarabira e a estação provisória da Boca do Túnel.Fonte:O Norte,02/12/1922,p.1 |
Sobre
o trecho inaugurado
Esse
trecho, como os demais da Estrada de Ferro de Guarabira a Picuí, foi construído
em plena ascensão da serra, não havendo um só pedaço de linha sobre terreno
natural, pois os grandes cortes de muitos metros de altura em barro e em rocha
se alternavam sucessivamente com aterros de altura vertiginosas que muitas
vezes foi preciso substituir por grandes pontes metálicas.
A linha, contudo ainda não havia atingido a cidade de
Bananeiras porque a cidade estava localizada num profundo vale e para chegar
até lá foi necessário abrir um grande túnel de extensão pouco inferior a 200
metros e que deveria atravessar a serra.
Os serviços já estavam em andamento adiantado de um lado e
do outro uma extensão cavada em rocha não inferior a 30 metros.
A estação de Boca do Túnel era provisória sendo preciso que
para se chegar a cidade devia-se transpor a serra numa caminhada de pouco mais
de 2 km.
Visita
a cidade de Bananeiras
Foi
entre aclamações, músicas e salvas que o secretário Álvaro de Carvalho e comitiva
chegaram a residência do Cel. Leopoldo
Bezerra prefeito de Bananeiras.
Poucos depois a comitiva foi convidada por Marques de
Azevedo, chefe da Comissão de Estradas de Bananeiras, para ser inaugurada uma
pequena e artística ponte na rua principal da cidade.
Houve
uma sessão solene no Conselho Municipal ( Atual Câmara de Vereadores) onde na
ocasião foi inaugurado seu novo prédio e fez-se a aposição do retrato do
presidente da República Epitácio Pessoas.
A comitiva visitou logo depois o Instituto Bananeirense
voltando depois para a residência do Cel. Leopoldo Bezerra onde foi servido um
banquete. (O NORTE, 25/10/1922, p.1).
A cidade de Bananeiras estava toda embandeirada, ostentando
arcos bem iluminados e com expressivas inserções artísticas. Na praça em
construção tocava a banda de música local notando-se uma multidão de mais de
mil pessoas assistiam o cinema ao ar livre.
Segundo o relato do Jornal do Recife, Bananeiras de uma
cidade velha e antiquada que era estava sendo transformada em uma “urbs”
moderna graças às duas comissões de obras contras as secas, uma de estradas e
outra de açudagem que lá haviam.
O
velho riacho que cortava a cidade foi drenado com paralelepípedos de granito
numa extensão superior a 2 km, as ruas estavam todas calçadas e macadamizadas,
tinha uma bela praça com postes de cimento armado, um obelisco e um lindo
coreto, uma escadaria de 70 degraus ligando a cidade baixa à alta onde se
encontrava a igreja matriz e estava ligada a todas as localidades vizinhas por
estradas de rodagens amplas e modernas. (JORNAL DO RECIFE, 07/12/1922, p.2).
No dia seguinte, logo pela manhã, a comitiva fez
uma demorada visita ao grande e belíssimo estabelecimento de ensino
profissional que seria o patronato agrícola André Vidal de Negreiros que estava
sendo construído com economia e sábia administração pelo jovem, modesto e
talentoso engenheiro J.Trindade.
Em seguida fez-se uma excursão até Moreno (atual Solânea).
Depois do almoço houve sessão solene no salão da comissão de
estradas com sede em Bananeiras, havendo então a aposição dos retratos do
presidente Epitácio Pessoa e do governador Solon de Lucena.
As 06h00 do dia seguinte partiu o trem da estação provisória
Boca do Túnel conduzindo os excursionistas para a capital paraibana.
Aspectos da cidade de Bananeiras.Fonte: Ilustração Brasileira,1922. |