sexta-feira, 20 de outubro de 2017

SOBRE A PARÓQUIA DE CEARÁ-MIRIM



            O território da freguesia do Ceará-Mirim pertenceu inicialmente a paróquia de Natal até 06/07/1775 quando um alvará criou a freguesia de Extremoz sob a invocação dos padroeiros São Miguel e Nossa Senhora dos Prazeres. Era a matriz fora construída pelos jesuítas que segundo Câmara Cascudo era a mais bela igreja do período barroco no Rio Grande do Norte. A igreja foi abandonada quando da expulsão dos jesuítas do Brasil e do Rio Grande do Norte, permaneceu como igreja matriz até ser transferida a sede da paróquia.Ficando em desuso e decadência, a igreja primitiva de Extremoz foi demolida e atualmente só restam algumas partes das paredes da construção desta igreja.Em 1775 o município tinha 1.123 habitantes e 400 casas.

Transferência da sede
        A sede da freguesia conservou-se em Extremoz até maio 1875 quando foi dada pelo bispo diocesano de Olinda a permissão para o pároco residir na então vila do Ceará-Mirim. No ano em que a paróquia foi transferida habitavam nela 17.215 pessoas e haviam 2.942 casas segundo o censo realizado no Brasil em 1872.Era o vigário o padre Joaquim Francisco de Vasconcelos.
A igreja de Nossa Senhora da Conceição
        Com a transferência ocorreu também a mudança do padroeiro da freguesia, passando a ser Nossa Senhora da Conceição, orago da capela que esteva sendo construída na então povoação de Boca da Mata, futura Ceará-Mirim.A igreja de Ceará-Mirim, com invocação de Nossa Senhora da Conceição, passaria então a ser a matriz. 
       A igreja teve o início de sua construção datada de janeiro de 1858.A cerimônia da colocação da pedra fundamental do tempo estavam presente os padres Luís da Fonseca e Silva, Bartolomeu da Rocha Fagundes, João Xavier Dantas, João Coelho de Oliveira, Francisco de Paula Soares da Câmara e frei Serafim de Catânia.
     Sobre a construção da nova matriz em Ceará-Mirim, até então Boca da Mata, o então presidente da província do Rio Grande do Norte, João José de Oliveira Junqueira, enviou ao procurador da irmandade de Nossa Senhora da Conceição, José Joaquim de Castro Barroca a quantia de 1:000$000 de réis para auxiliar na continuação da construção da matriz que se achava com os alicerces feitos e parte da capela-mor.O presidente ainda ressaltou que a crescente população da vila e freguesia exigia a construção desse templo que tinha já merecido a atenção da administração da província (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2 9/03/1860, p.2).
Segundo Anais do Parlamento Brasileiro (27/06/1866,p.217) foram concedidas pela assembleia geral do império duas loterias para a matriz da freguesia de Ceará-Mirim, já em 1870 mais quatro loterias foram extraídas pela Corte em beneficio as obras da matriz de Ceará-Mirim (ANAIS..., 22/05/1871, p. 82). Outras oito loterias seriam extraídas nos dois anos seguintes para a mesma finalidade. Em 1883 um novo auxilio de 1:00$000 contos de réis foi dado pela presidência da província para auxiliar as obras da construção da matriz e outro auxilio no valor de 1:250$00 contos foi dado em 1886.
O bispo de Olinda Dom José Pereira da Silva Barros em visita pastoral ao Rio Grande do Norte, visitou a paróquia no dia 14/08/1887 (RIO GRANDE DO NORTE, 31/08/1887). Foi recebido pelo vigário Frederico Câmara e pelo padre Antônio de Oliveira Antunes. A visita foi celebrada com muitas pompas e circunstâncias e com a presença maciça da população. Segundo o referido jornal o bispo visitou a matriz “que é um dos maiores templos da província”, onde o bispo admirou as obras que ali foram realizadas principalmente no altar mor “que é um verdadeiro primor da arte” na palavras do referido bispo.O projeto do altar-mor  foi feito pelo engenheiro David Williams. O bispo ainda visitou os engenhos do vale e levou da cidade boa impressão.
         Em 1877 a igreja de Ceará-Mirim ainda estava em construção, tendo as obras concluídas em 1903 com a inauguração das torres e dos sinos que as ornamentam. A igreja é um elegante edifício religioso tendo sido erguida sobre um local elevado da vila de onde se descortina uma bela visão da paisagem do vale do rio Ceará-Mirim que denominava também a vila.
          De julho de 1876 a agosto de 1877 a sede da freguesia foi transferida para a povoação de Taipu então distrito do município de Ceará-Mirim. Em 1877 a paróquia contava com as capelas de Extremoz, Taipu e Muriú, mas é possível que devesse haver bem mais que estas, principalmente nos engenhos de cana de açúcar que começavam a florescer pelo vale do rio Ceará-Mirim.
Em 15/11/1871 foi criada no consistório da igreja de Nossa Senhora da Conceição a irmandade do Santíssimo Sacramento tendo por objetivo manter e sustentar o esplendor e acatamento que é devido sendo regido pelo pároco José Alexandre Gomes de Melo.
Situada a sul do vale, na margem direita do rio que lhe denomina, sobre o dorso de uma pequena colina, estava a cidade de Ceará-Mirim, predicativo adquirido em 1882, distante 8 léguas da capital da província a cidade de Ceará-Mirim despontava num florescente desenvolvimento econômico.
Segundo o Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro em 1885 a cidade de Ceará-Mirim contava uma população de 4 mil pessoas, era sede de comarca, tinha uma agência de rendas provinciais e gerais, uma agencia dos correios, três escolas públicas de primeiras letras, sendo uma para meninos e duas para meninas e duas escolas particulares.
Entre os edifícios dignos de nota estava a igreja matriz, um templo bastante espaçoso em belíssima posição e que naquele ano de 1885 ainda estava em fase de acabamento internamente, porém atestava o espirito religioso e o não pequeno esforço dos habitantes da cidade.
A igreja tinha por dimensões 106 palmos de frente, um largo patamar guarnecia a base da vasta fachada. Deste patamar poder-se-ia contemplar o vale que ali se descortinava.
Em 1902 contava o município com 13.408 habitantes. Em 1906 a matriz recebeu a visita do presidente da república Afonso Pena que esteve em Ceará-Mirim para inaugura a EFCRGN, subindo as torres da matriz se admirou com o tamanho do vale do Ceará-Mirim que se apresentava a sua vista.Em 1930 o município  já contava 20.000 habitantes.
Em 1913 foi criada a paróquia de Taipu desmembrada da de Ceará-Mirim. Já em 15/08/2001 foi criada a paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Maxaranguape também desmembrada de Ceará-Mirim.

Matriz de Ceará-Mirim, 1929.Revista Exceslsor.

Matriz de Ceará-Mirim em foto publicada na revista Vida Doméstica em 1930.Vida Doméstica.

Matriz de Ceará-Mirim em 1957 publicada na Enciclopédia dos municípios, IBGE. 

Em 1935 ocorreu as missões em caráter de visita pastoral representando o bispo de Natal pelo provincial carmelita frei José Maria de Casanova.
Em 26/11/1936 dom Marcolino de Souza Dantas criou o colégio Santa Águeda para instrução do sexo feminino considerando a justa reivindicação da população do município e da paróquia. O colégio foi confiado a congregação das irmãs Franciscanas do Bom Conselho. Neste mesmo ano a paróquia foi escolhida para sediar o congresso eucarístico diocesano.
Em 1944 foi realizada campanha para remodelamento da parte externa da matriz, limpeza, meio-fio, mosaico na calçada e  patamar com balaustrada, revestimento total das torres a cimento colorido, reboco total das fachadas, roda pé geral de cimento rustico colorido, alteamento da cruz do frontão, colunas completas nas torre, cornijas nas platibandas da capela mor e respectiva empena, beirais sobre a nave principal, retelhamento geral, substituição de portas e venezianas entre outros serviços que foram feitos tendo a frente o cônego Celso Cicco [ A ORDEM, 28/10/1944, p.3].

Matriz de Ceará-Mirim, 2014.João Batista dos Santos


Matriz de Ceará-Mirim, 2015.João Batista dos Santos

Matriz de Ceará-Mirim, 2014.João Batista dos Santos

Efemérides
            Humberto peregrino em crônica de 1957 disse que a igreja de Ceará-Mirim era [é] o maior orgulho da cidade. Segundo ele tinha sido construída no tempo da escravatura, as pedras foram trazidas em cabeça de gente, escravos mandados para isso, brancos piedosos fazendo-o por devoção ou penitencia, cordões humanos no trabalho penoso e paciente, como formigas, diz ele. O templo cresceu, tornou-se o maior do estado, as torres as mais altas e segundo ele das torres se avistava o mar ‘a não sei quantas léguas’, as duas torres em formato pontiagudos, eram segundo ele encimados por um galo.
         Terminava o artigo dizendo que a um filho do Ceará-Mirim ninguém diga que a sua igreja não é a maior do estado, as torres a as mais altas, os sinos os mais sonoros, os altares os mais bonitos, os santos os mais milagrosos... (CARETA, 1957, p.11).
         Segundo o jornal Diário de Pernambuco a paróquia de Ceará-Mirim recebeu a visita missionária do padre Thomaz Vitale, segundo exposto na matéria, o citado padre “por meio da instrução moral e religiosa prestou o virtuoso missionário, serviços de um valor imenso e de uma vantagem transcendente”, na rica e populosa freguesia do Ceará-Mirim em 19 dias de missão na paróquia (DIÁRIO DE PERNAMBUCO 28/03/1870, p.3).
         A época era vigário da paróquia o padre José Alexandre Gomes de Melo, cujo primeiro cuidado ao assumir a paróquia foi “promover meios de levar a afeito a importante obra da matriz respectiva, de sorte que quando o ilustrado missionário padre Vitale aqui chegou já existia muito material e talvez para mais de 5:000$ em cofre sendo isto devido só e unicamente a solicitude do mesmo vigário” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO 28/03/1870, p.3).
         Em 1873 o jesuíta João Berth fez missões em Ceará-Mirim, mas, suas pregações não foram bem vistas pela população e pelas autoridades locais, consta que o referida padre começou a pregar contra os maçons, a propósito da morte de Napoleão a quem chamou de excomungado e protetor dos maçons, foi advertido pelo delegado de polícia sobre sua inconveniência e “meteu a viola no saco”.  (A PROVÍNCIA, 1873, p. 4).
           
Referências:
ALMANAQUE ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO, Rio de Janeiro, 1885.
ANAIS DO PARLAMENTO BRASILEIRO, Rio de Janeiro, 1866, 1871.
A ORDEM, Natal,1944.
A PROVÍNCIA, Recife, 1873
CARETA, Rio de Janeiro, 1957,
DIÁRIO DE PERNAMBUCO, Recife. 1860, 1870,
REVISTA EXCELSOR, 1929.
REVISTA VIDA DOMÉSTICA, 1930.
RIO GRANDE DO NORTE, Natal, 1887.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Semelhaças



Estações semelhantes pertencentes a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.



Comparações entre as cidades homônimas

          Comparações entre duas cidades homônimas que também são cortadas por ferrovias e possuem estações ferroviárias. Extremoz, no Rio Grande do Norte e Estremoz, no distrito de Évora em Portugal.
         A estação de Extremoz no Rio Grande do Norte foi inaugurada em 13/06/1906.Atualmente é uma parada dos trens metropolitanos da CBTU, na linha norte.
         A estação de Estremoz em Portugal foi inaugurada em 22 de Dezembro de 1873.Em 1 de Janeiro de 1990, deixaram de ser prestados serviços de passageiros entre Évora, Estremoz e Vila Viçosa, e já tinham sido terminados os comboios deste tipo no Ramal de Portalegre, ficando apenas serviços de mercadorias nestes três caminhos de ferro.Em 2009, o troço entre Estremoz e Évora deixou de ter exploração, tendo sido oficialmente desclassificado em 2011.
            Câmara Cascudo diz que Extremoz deveria ser grafado com S como o é em Portugal, porém, se consagrou com X em terras potiguares.


Sobre a estação ferroviária de Extremoz

A estação de Extremoz fazia parte da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRN, posteriormente Estrada de Ferro Sampaio Correia-EFSC, e está situada no km 21 da ferrovia. A inauguração ocorreu em do dia 13/06/1906, na época Extremoz ainda era distrito de Ceará-Mirim.
            A solenidade de inauguração do trecho entre Natal e Ceará-Mirim na qual foi inaugurada a estação de Extremoz teve início as 09h30min do dia 13/06/1906, ao ato esteve presente o então Presidente Afonso Pena e assistido pelo governador, chefes de repartições públicas e grande número de convidados.
            Do relato da inauguração de Extremoz nos jornais locais tem-se o seguinte (DIÁRIO DO NATAL, 14/06/1906, p. 1):
O ato teve lugar na parada de Extremoz, onde serviu-se uma mesa de finas massas, doces, vinhos, champanhe, café etc. Dr. Carneiro da Rocha proferiu importante discurso findo o qual declarou inaugurada a estrada.

            Depois de inaugurada a estação e Extremoz partiu o trem para a cidade de Ceará-Mirim e de lá a comitiva retornou a Natal as 16h30min.

       
                                                                     Fonte: www.nomilenio.com.br.

         A imagem a cima mostra o trem inaugural da EFCRN tendo sido igualmente o trem que conduziu a comitiva de inauguração da estação de Extremoz.
            A estação ainda conserva seu estilo arquitetônico original embora tenha sido adaptada para ser atualmente uma parada dos trens metropolitanos da CBTU. 



Estação de Extremoz.Google Earth

Estação de Extremoz.Google Earth

Estação de Extremoz.Panoramio.

Estação de Extremoz.Google Earth

Estação de Extremoz, 1993.Carlos Almeida.
Pessoas desembarcando na estação de Extremoz, 2015.João Batista dos Santos.
Lendas
            A EFCRN corta a cidade de Extremoz margeando a lagoa.   Falavam os antigos que, quando se deu a construção da estrada de ferro, tantos aterros fizessem como a lagoa engolia. A linha margeia a lagoa de Extremoz que se descortina numa paisagem ao mesmo tempo exuberante e bucólica causando ao passageiro do trem um encantamento.
            Ao adentrar em Extremoz os trilhos saltam sobre a calha do sangradouro e se encaminham para a estação. Na estação se revelava a cada dia para os passageiros dos trens da Estrada de Ferro Sampaio Correia uma inesquecível feira de frutas e gulodices regionais. Em Extremoz eram também famosos os grudes e água de coco verde vendida na plataforma da estação.

            O diretor da EFCRN, Sampaio Correia, que queria fazer-se deputado (e foi) colocou água encanada em Extremoz derivada da farta caixa d’água de abastecimento dos trens (CARETA, 1959, p.6).

O município de Extremoz

            O segundo período histórico de Extremoz começa a 3 de maio de 1760 quando a povoação foi elevada a categoria de vila com a denominação de Vila Nova de Extremoz do Norte pelo ouvidor Bernardo Coelho da Gama e Casco especialmente designado para erigir em vilas todas as aldeias que estavam sob a direção da Companhia de Jesus. Extremoz foi assim alçado a condição de município cuja sede era a antiga vila de Extremoz É desse período a construção da casa de Câmara que servia à época como sede do poder municipal.
            Sobre Extremoz nos vem de Aires de Casal uma síntese corográfica da então vila de Extremoz. Segundo ele era uma vila pequena, bem situada junto a uma lagoa de três léguas de comprimento e meia de largura (18x3 km), distante cerca dez milhas do mar, e ao noroeste da capital” (CASAL, 1817, p.280). O povo, que ali habitava, compunha-se de brancos, índios e mestiços, todos agricultores.
            Casal citou também a povoação de Touros como pertencente ao termo de Extremoz, na costa do Norte. Segundo ele “junto à embocadura de uma ribeira estava a pequena, aprazível e florescente povoação de Touros, habitada de brancos, e ornada com uma Capela dedicada ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes” (CASAL, 1817, p.280). Do seu porto, exportava-se algodão.
            O Rio Genipabu, também de nome Ceará-Mirim, foi igualmente mencionado por Aires de Casal nestes termos: “depois de ter regado um terreno extenso, e semeado de pequenas aldeias, desemboca três milhas ao norte do Potengi, com boa largura e duas braças de fundo” ” (CASAL, 1817, p. 279).
Extremoz na Revolução de 1817
            Foi junto ao Cruzeiro de Extremoz que coronel Joaquim José do Rego Barro ergueu a bandeira da Revolução de 1817.
A visita do bispo
            O bispo de Olinda Dom Joao da Purificação Marques Perdigão em visita pastoral pelo Rio Grande do Norte esteve na freguesia de Extremoz entre 12 e 18/11/1839.
            Chegou a Freguesia de Extremoz as 9h do dia 12/11. O bispo notou que as estradas neste percurso eram aprazíveis com a presença de muitas mangabeiras e cajueiros. Entrou na matriz e fez a oração ao santíssimo, logo após foi hospedado pelo pároco no antigo convento dos jesuítas que existia anexo a igreja. A vila se iluminou a noite.
            No dia 13 o bispo foi visitado por muitas pessoas, inclusive índios que habitavam tanto fora como dentro da vila. Nesse dia crismou 300 pessoas e confessou 80, participaram dos atos nesse dia cerca de 400 pessoas.
            Segundo o bispo foi observado por ele nesta povoação muita religiosidade, probidade e docilidade do povo, principalmente na freguesia de Extremoz bispo notou que muitas pessoas iam ao seu encontro nos aposentos do convento para lhe beijar a mão, entrando e saindo sem cerimonias, deixando o bispo sem nenhuma privacidade.
            As 10 horas procedeu a inspeção da matriz cujo o orago era São Miguel e Nossa Senhora do Prazeres. Conduzido em procissão sob o palio o bispo adentrou a matriz onde foi cantado o oficio. O sacrário, a pia batismal e custodia estavam muito decentes segundo o bispo, o mesmo não podia se dizer dos paramentos. A igreja possuía apenas m altar lateral, o piso ainda era de terra batida, o altar mor estava grande deterioramento, era segundo o bispo uma igreja grande. Exortou o povo a zelar pela matriz e contribuísse para seu melhoramento. A tarde crismou cerca de 1.000 pessoas com presença de mais de 2.000 a celebração onde o bispo dirigiu-se a exortação no púlpito da igreja.
            No dia 15 foi a vez do bispo ouvir a comunidade. Alguns vinha apenas para lhe beijar as mãos, outros para expor suas queixas. Alguns fugiam até a jurisdição pastoral do bispo, como a violação de mulheres solteiras com promessas falsas de casamento, as quais sofriam por serem enganadas pelos rapazes, elas pediam ao bispo que os obrigassem a casar com elas. Embora estranhasse que tais moças pudessem se deixar se iludir com os rapazes remeteu elas ao juiz de paz a quem competia apurar os casos de violação de mulheres. Compareceram neste dia mais de 300 pessoas.
            A noite crismou mais de 1000 pessoas com o dobro dos presentes a celebração. Anulou um casamento a quem o padre da freguesia havia feito contra a vontade do noivo. No dia 16 ouviu a confissão de alguns homens, convidou as pessoas principais da freguesia para ali instalar a irmandade do santíssimo. Crismou quase 400 pessoas neste dia, assistindo a missa mais de 600 pessoas. A visita a paróquia de Extremoz terminou no dia 18/11 as 7h quando o bispo se dirigiu a capital da província onde chagou as 9h.
            Em 1841 houve eleições no colégio eleitoral da vila de Extremoz (O Diário Novo, 1842, p.2). Em 1842 achava-se a vaga a paróquia de Extremoz tendo sido aberto um concurso para preencher a vaga da dita paróquia entre outras do bispado de Pernambuco (Diário de Pernambuco, 1842, p.1).
            Em 1844 havia um juiz municipal e de órfãos no termo da comarca de Extremoz (O Diário Novo, 1844, p.1).
            Em 1847 distúrbios entre brancos e índios foram subdelegados do distrito de Muriú ao chefe de polícia. Segundo o relato encontrado no jornal Diário de Pernambuco os índios eram assaz insubordinados e desordeiros, já tinham outras vezes alterado o sossego público cometendo graves atentados além de prejuízos aos proprietários que ali residiam ( Diário de Pernambuco, 1847, p.1).
            Em 1848 houve nova eleição na mesa paroquial da vila de Extremoz, dessa vez bem tumultuada, segundo o jornal o Diário Novo “nunca se tanto escândalo se viu praticar em eleição alguma nesta província, como na que teve ultimamente lugar nas vilas de Extremoz e São Gonçalo”, segundo o jornal , o presidente Siqueira quis impor a sua vontade ao povo daquelas duas freguesias.
            o tumulto se deu por que a facção nortista estaria consciente da derrota nas eleições, tendo tomado em armas para prevalecer em sua vontade e com a  ajuda do juiz de paz fizeram uma eleição clandestina. Os ânimos se exaltaram a tal ponto que a vila teve que ser evacuada e muitas pessoas buscaram refúgio em Natal para escapar da violência que ali se verificara (O Diário Novo, 1848, p.1).
            Em 1854 crimes foram registrados na Picada do Ceará-Mirim, na Alagoa do Xavier e no Jaçanaizinha no termo de Extremoz. O termo de Extremoz era considerado um dos mais pacíficos da província, porem estava as voltas com uma onde violência o qual se mostrava injustificada pois as autoridades estavam constantemente realizando diligencias (Diário de Pernambuco, 1854, p. 2).
            O jornal Diário de Pernambuco também estampou em suas páginas uma denúncia ao vigário de Extremoz, acusado de ser o responsável pela decadência da igreja matriz. Segundo o jornal, o padre “tomou conta da matriz, que é um bispado, achando uma ótima matriz, e teve a habilidade de convertê-la em ruinas, apesar de quando em vez receber não pequenas somas da tesouraria para reparos” (Diário de Pernambuco, 1855 , p. 2).A explicação para a ruina da igreja de Extremoz residia no fato de a vila de Extremoz sofrer uma espantosa decadência  causada pelo crescimento da povoação de Boca da Mata distante 4 léguas e por esse fato não havia logica em acabar a vila e ficar a matriz, era o que se lia no referido jornal.
            Sobre a mudança da sede municipal em 1855 se lia no diário de Pernambuco “está em segunda discussão outro projeto mudando a sede da vila de Extremoz para a povoação da Boca da Mata; isto é um dos objetivos de grande necessidade, porque aquela vila hoje só tem o nome” (Diário de Pernambuco, 1855, p. 2), o requerimento passou a despeito da grande maioria dos deputados provinciais.
            Em 1865 se lia no jornal de Recife um oficio do bispado de Pernambuco estanhando por que o padre de Extremoz não está residindo na matriz “ estranhando que V. Revma tendo sido colado vigário de Extremoz em o mês de dezembro, ainda até hoje não tenha ido residir junto a sua matriz, como é do seu dever, e como ordenam as constituições diocesanas, conservando-se no lugar denominado boca da Mata, distante da igreja matriz três léguas e isto com grave prejuízo da regular administração do pasto espiritual”, assim a secretaria do bispado ordenava que o dito vigário mudasse para a residência junto da matriz e comunicasse ao bispado assim que o fizesse (Diário de Pernambuco, 1865 , p. 2),
Apogeu
            O município de Extremoz foi extinto em 1855 quando uma lei provincial transferiu a sede do município para a então povoação de Boca da Mata, atual Ceará-Mirim tendo sido Extremoz reduzida a condição de povoação. O distrito foi criado em 1892 anexando-o Extremoz ao município de Ceará-Mirim condição esta que permanecerá por 108 anos até ser restaurado como município.
            Nesse período Extremoz entra em seu apogeu. A antiga vila com seus monumentos históricos cai numa letargia cujo final foi a completa ruina de tais monumentos. A igreja, o convento, a casa de Câmara, o hospício, todos prédios do período colônia e barroco ruíram pelo abandono que deles se fizeram.

            As ruínas do convento onde viveram os jesuítas e da igreja podiam ser vistas até a década de 40.A igreja caiu por 3 vezes, na 4, foi totalmente derrubada por caçadores de tesouros. Os escombros ficaram cobrindo a imensa praça que tinha ao lado esquerdo o cruzeiro e pelourinho feito de pedra e tijolos contendo as armas reais de Portugal atestando ali a justiça do Reino de Portugal. Todas as vilas do Rio Grande do Norte tiveram pelourinhos. O de Extremoz era o mais antigo.


Ruínas do paço municipal de Extremoz


Localização do atual município de Extremoz.Wikipedia.


Município de Extremoz.Wikipédia.
            Após 108 anos de letargia Extremoz ressurgiu como município restaurado em 1963 sendo assim o terceiro período histórico de Extremoz, período este vigente presentemente. Através da Lei n° 2.876, de 4 de abril de 1963, desmembrou-se de Ceará-Mirim tornando-se município do Rio Grande do Norte.