terça-feira, 1 de janeiro de 2019

A INAUGURAÇÃO DO NOVO PRÉDIO DA DIRETORIA REGIONAL DOS CORREIOS EM NATAL



Apesar da decadência atual e futuro incerto ameaçando ser privatizado os Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos já foi uma, senão a maior empresa pública prestadora de serviços de qualidade ao povo brasileiro com agências presente em todos os municípios do território nacional.Sim, era uma empresa pública que funcionava e tinha respeito!
         Na década de 1930 os correios passava por uma fase de modernização de suas agências centrais, notadamente nas capitais, como ocorreu em Natal.Vejamos a seguir como ocorreu.
         Foi inaugurado definitivamente a 03/01/1936 o novo prédio da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte cuja sede ficava em Natal.
                          Prédio da Diretoria Regional dos Correios em Natal
Fonte: A Ordem, 05/01/1936,p.1.

          A cerimônia realizou-se as 14h00 do dia 03/01/1936 estando presentes o Mons. João da Mata, então Governador do Estado, D. Marcolino Dantas, Bispo Diocesano, Dr. Gentil Ferreira, prefeito da Capital, comandante Josué Freire, dr. Enock Garcia, chefe de policia interino, Comandante Barroso Magno, Dr. Bruno Pereira, procurador geral do Estado, Mons. Alfredo Pegado, vigário geral da diocese, Irmãos Maristas, desembargadores Luiz Lyra e Benicio Filho, Raul Potengi, inspetor da Alfândega,professores Flodoaldo de Goés e Ulisses de Goés, Dr. Odilon Garcia, diretor da Agência do Lloyd, Amaro Andrade, representante da Panair, Carlito Veloso, representante da Condor, Macel Girard, representante da Air France, Dr. Edgar Chermont, chefe da fiscalização do Porto, Manoel SEABRA, diretor do Banco do Rio Grande do Norte, mister Brown, gerente da força e Luz, Tte coronel Luiz Júlio, majores Genésio Lopes e  Jacinto Tavares, capitão José Bezerra, Tte Vicente Euclides, representante do Comte da Circunscrição do recrutamento militar, além de outras autoridades e cavalheiros, representantes da imprensa, funcionários postais e telegráficos.
Por solicitação do Sr. José Lucas Garcia, Diretor Regional, o Governador interino do Estado, Mons. João da Mata considerou inaugurado o edifício, proferindo algumas palavras alusivas ao ato.
         A seguir a senhorinha Judith Landim, funcionária dos Correios, passou a ler a seguinte portaria assinada pelo Diretor Regional:
         Meus caros colegas:
         Convoquei esta reunião em que vedes a presença honrosa do Exmo Sr. Governador do Estado, de magistrados, de outras distintas autoridades e de representantes da imprensa, de todas as classes sociais enfim, para nela solenizarmos embora de maneira não suntuosa como se fazia mister, a inauguração do novo edifício, sede da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Norte e de suas moderníssimas instalações, edifício esse mandado construir pelo eminente Sr. Presidente Getúlio Vargas, nos termos do Decreto nº 22.193, de 8 de dezembro de 1932.
         E assim depois de tantos e tão longos anos, em que alegamos com carinho de quem vela por um  ideal esse desejo de termos uma sede própria, condigna com a nossa Repartição, vemos afinal isso realizado com a inauguração desse edifício amplo, moderno e bem localizado,onde dentro de alguns dias a esta parte vimos exercitando nossa atividade profissional.
         Na inauguração que ora solenizamos justo é que esta diretoria regional ponha em destaque o modo digno dos melhores elogios com se houve o Delegado da Diretoria do Material de, inspetor técnico, Dr. Jovino da Silva Ramos, engenheiro civil, ilustrado, honesto e modelismo, que foi digno de uma dedicação  e operosidade inexcedíveis na fiscalização da construção do prédio e como executante de todas as suas instalações.
         Para bem guiarmos Dora em diante e correspondermos ao carinhoso interesse do Sr. Diretor Geral em beneficio do serviço postal telegráfico desta Região carecemos e careceremos muito da união, de fraternidade, de amor ao trabalho e da porfia sincera e espontânea no cumprimento exato dos nossos deveres de burocratas postais telegráficas e de cidadãos.
         O momento é de exortações em bem do engrandecimento da pátria e da República e por isto eu vos concito, meus caros colegas a realização individual estrita das nossas obrigações, em prol do público, para que nossa repartição possa assim, preencher sua elevada finalidade.
         Esqueçamos, lealmente, quaisquer ressentimentos passados e afastemos de nossos cérebros e de nossos corações, quaisquer ideias de vinganças, para nos preocuparmos exclusivamente com o bom nome de nossa repartição. O ódio é um sentimento aviltante, inadequado aos caracteres bem formados e por isto não deveis deixar levar pelos que porventura se queiram tornar semeadores de intrigas e de vinganças.
         Hosanas aos companheiros de valor, aos companheiros que trabalham, aos companheiros que produzem!
         Hosanas aos bem intencionados, aos bons!.
José Lucas Garcia Filho
Diretor Regional dos Correios e Telégrafos.
         Percorridos os vários compartimentos do prédio e servidas champagne e cerveja aos presentes, foi encerrada a solenidade.
         Durante a inauguração do novo prédio dos Correios e Telégrafos estava a serviço na sala de aparelhos, a Turma chefiada pelo telegrafista Dr. Raimundo França e composta pelos funcionários Oswaldo Moura, Arthur Vilar, Murilo da Cunha Melo e João Leite Cordeiro, morsistas, João Alves Correia, Baudautista, José Alecrim, colante, mensageiros José Felismino da Silva, Manoel Gomes, Luiz França Morais e Reinaldo Galhardo e na intervenção o telegrafista José de França Coelho.
Fonte: A Ordem, 05/01/1936, p.1-4.
O prédio da Diretoria Regional dos Correios foi construído  na avenida Eng. Hildebrando de Góis, na Ribeira, na capital potiguar.


Prédio da Diretoria Regional dos Correios em Natal atualmente

Fonte: Alisson Mathews.

MEMÓRIA DA DIOCESE DE NATAL



O dia 25 de dezembro não relembra apenas o nascimento de Jesus Cristo, mas também a fundação da nossa capital, em 1599, e ainda a execução em 1910, do decreto pontifício que criara a diocese de Natal, no ano anterior.
         Segundo o jornal A Ordem em 25/12/1910 D. Adauto de Miranda Henriques publicou uma Carta Pastoral e um Mandamento “dando-nos a suspirada autonomia com a execução da bula apostólica in singularis (em particular), pela qual Pio X criava a nossa cátedra episcopal”.
          A baixo alguns dados históricos cujo conhecimento interessa a todos os católicos potiguares.

Criação da Diocese de Natal
         O Papa Pio X (atualmente São Pio X) atendendo a grandes dificuldades espirituais dos habitantes do Rio Grande do Norte, pela demasiada extensão territorial da Diocese da Paraíba, criou por letras apostólicas de 29 de dezembro de 1909 a Diocese de Natal, que ficou pertencendo, como a da Paraíba ao Arcebispado de São Salvador da Bahia.

Decreto executório da nunciatura apostólica sobre a Diocese de Natal
         D. Alexandre Bavona, Arcebispo de Farsália e Núncio Apostólico na então República dos Estados Unidos do Brasil (atualmente o nome oficial é República Federativa do Brasil), em data de 10 de outubro de 1910, do Palácio da Nunciatura, em Petrópolis, executou as referidas Letras Apostólicas.

Decreto de nomeação do Administrador Apostólico
         Em data de 12 de outubro do mesmo ano o referido Núncio Apostólico nomeou D. Adauto de Miranda Henriques, então bispo da Paraíba, como Administrador Apostólico da Diocese de Natal.O Administrador Apostólico, geralmente um bispo, é designado pelo Vaticano até a posse do bispo titular nomeado para a diocese que na nova diocese de Natal ocorreu em 1911 com a posse do primeiro bispo Dom Joaquim Antônio de Almeida.

A carta Pastoral de D. Adauto de Miranda Henrique
         Com data de 25 de dezembro de 1910, D. Adauto de Miranda Henrique publicou uma pastoral transmitindo solenemente aos filhos deste Estado o decreto promulgado da Diocese de Natal, criada pela Bula Apostólica in Singularis de 29 de dezembro de 1909 do Santo Padre Pio X.
         Segundo o jornal A Ordem Dom Adauto mostrava “o grande fato da paternal solicitude do Santo e todo Providencial Pontífice, dando-nos uma Cátedra Episcopal”.
A Carta Pastoral declarava ainda que, como penhor de sua eterna afeição para com os fiéis da nova igreja natalense, conservaria nas suas suas armas episcopais a estrela do santo Natal, que não só indicaria sempre  o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora das Neves, mas também  a data de fundação  da nova cidade episcopal e abençoava a todos os fiéis da nova diocese para quem, dizia, Dom Adauto, “terá sempre a mesma ternura de  sincera estima” e finalmente ordenava que na cidade de Natal fosse cantado solene Te Deum (música em forma de salmo do antigo hino latino Te Deum  laudamus, que exalta Deus; hino ambrosiano) em ação de graças pela criação da Diocese, observadas as disposições litúrgicas,o que se executou no meio do mais intenso júbilo.
A baixo o brasão de armas da Arquidiocese da Paraíba cuja a estrela se conservou em alusão a nova diocese de Natal conforme mencionado anteriormente a cima na Carta Pastoral de Dom Adauto.

Brasão da Arquidiocese da Paraíba



O mandamento
         Além da pastoral publicou D. Adauto de Miranda Henrique o seguinte mandamento:
         Dando cumprimento ao decreto da Nunciatura Apostólica, executando a ereção da nova Diocese de Natal desmembrada da desta Diocese da Paraíba, visum est Espiritui Sancto  Et Nobis, fazer as seguinte determinações:
1)- Esta nossa Carta Pastoral e os documentos que a acompanham serão lidos na Catedral de Paraíba e de Natal e em todas as matrizes das duas dioceses na primeira dominga após a recepção;
2)- Na Catedral de Natal será cantado solenemente o Te Deum em ação de graças,observadas as disposições litúrgicas;
3) No nosso Seminário, colégios, diocesanos, capelas, curados,, igrejas e oratórios públicos ,onde habitualmente se celebra o santo sacrifício da Missa, far-se-á, do mesmo modo, a leitura desta nossa carta pastoral, seguida de breve explicação  dos documentos que a acompanham.
4)-Durante trinta e três dias os Revdos. Sacerdotes da nova diocese darão  na missa,quando permitirem as rubricas, a coleta pro gratiarum actione;
5)- A todos  os que lerem ou ouvirem ler esta nossa carta pastoral concedendo trinta dias de verdadeira indulgência, na forma costumada da Igreja.
Paraíba 25 de dezembro de 1910, 4 + S.+ - Adauto, Bispo da Paraíba, Administrador Apostólico da Diocese de Natal.
Fonte: A ordem, 25 de dezembro de 1935, p. 1 e  4.

A ligação de dom Adauto com o Rio Grande do Norte
         Antes de 1894 o Rio Grande do Norte pertencia eclesiasticamente ao bispado de Olinda, juntamente com a Paraíba. Com a criação da Diocese da Paraíba erigida em 27/04/1892 (atualmente Arquidiocese da Paraíba, apesar da mudança de nome da capital a circunscrição eclesiástica conservou o antigo nome da capital paraibana), ficou nosso estado dentro dos limites do novo Bispado.
         Estando em Roma em janeiro daquele ano de 1894, foi nomeado e sagrado Bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques (*Areia, 30/08/  1855 +João Pessoa, 15/081935), que solenemente se empossou no cargo a 04 de março, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques
         Pouco mais de um ano depois D. Adauto veio ao Rio Grande do Norte.Chegou a Natal no paquete São Francisco, da Companhia de Navegação Costeira Pernambucana.No mesmo dia de chegada, a 17/11/1895, iniciou sua visita pastoral, sendo sua recepção dirigida pelo saudoso padre João Maria, então vigário da matriz de Natal.
         Segundo o jornal A Ordem tinha o estado 30 freguesias e 300.000 almas. Urgia conhecê-las e visitá-las e D. Adauto seguiu para o interior a cavalo e durante dois meses a fio entra em contato com os seus diocesanos.
         Ainda segundo o citado jornal outras muitas visitas fez D. Adauto ao nosso sertão, ”que conhecia palmo a palmo, em oportunidades várias, quando a condução a cavalo era a única entre nós”.
         Durante 15 anos, de 1894 a 1909 Dom Adauto foi o bispo dos potiguares e mesmo com a criação da Diocese de Natal, separada em 1909 da Paraíba, continuou D. Adauto até 1911, ligado ao Rio Grande do Norte diretamente, na qualidade de Administrador Apostólico, nomeado pela Nunciatura.
         Ainda de 1915 a 1918, na vacância determinada pela renúncia de D. Joaquim de Almeida, desempenhou as funções de Administrador Apostólico, até a posse do segundo Bispo da Diocese autônoma, D. Antônio dos Santos Cabral.
         Deve-lhe o nosso estado três educandários modelares, o Colégio Santa Luzia de Mossoró, fundado em 1901, o Colégio da Imaculada Conceição, em 1902 e o Colégio Santo Antônio, em 1903, estes dois últimos na capital.
Fonte: A ordem, 17/08/1935, p.1

sábado, 29 de dezembro de 2018

MEMÓRIA DA BARRAGEM DE TAIPU



Apesar de o município de Poço Branco ter se emancipado de Taipu em 26/07/1963 para o Governo Federal a Barragem sobre o rio Ceará-Mirim continuava sendo de Taipu. Pelo menos é que transparece nessa reportagem publicada na revista Manchete em 1965.
Tratava-se da viagem de inspeção a barragem realizada pelo ministro Juarez Tavora.
Segundo o texto da referida revista:
      O ministro Juarez Távora acaba de visitar as obras de  uma das mais importantes barragens do Nordeste.Trinta anos após ser planejada, ela vem sendo finalmente construída ,sob o impulso do governo federal.É a barragem de Taipu localizada no fértil vale do Ceará-Mirim, região mais rica e promissora do Rio Grande do Norte.Quando concluída, Taipu [a barragem] irá controlar as cheias do Ceará-Mirim, e, acumulando 135 milhões de metros cúbicos de água, irrigará uma área de 10 mil hectares, na qual já funcionam três grandes usinas de açúcar.ali centenas de homens e maquinas trabalham sem cessar, para transformar  velhos sonhos potiguares em mais uma realidades do novo Nordeste.












Fonte: Revista manchete, n 704, 16/10/1965, p.101.

IMAGENS DA PONTE DE TAIPU DESTRUÍDA PELA ENCHENTE DE 1964


As imagens a seguir são uma relíquia histórica para a cidade de Taipu apesar de lembrar uma das maiores catástrofes já registradas na referida cidade.
Trata-se do rompimento do rompimento da barragem de Taipu em construção no então distrito de Poço Branco ocorrida na madrugada de 13/04/1964.O rompimento da barragem ocorreu devido ao alto volume de água que desceu das cabeceiras do rio Ceará-Mirim cuja a força não foi suportada pela estrutura da barragem ainda em construção.Ao se romper o dique da barragem foram jogados 22 milhões de metros cúbicos de água rio a baixo atingindo a cidade de Taipu destruindo  a ponte ferroviária no Umari e a ponte rodoviária no perímetro urbano da cidade de Taipu e deixando no rastro de destruição muitas famílias desabrigadas além dos prejuízos materiais da lavoura do vale do rio Ceará-Mirim.
As imagens foram publicadas na revista Manchete em 1964 dias depois do rompimento da barragem.Segundo a revista o drama do nordeste era paradoxal onde ao flagelo da seca se seguia o das enchentes quando chuvas torrenciais elevavam o nível dos rios e provocando o rompimento de grandes açudes,ocasionando enchentes catastróficas em vários estados, dentre eles no Rio Grande do Norte, com o rompimento da barragem de Taipu.










Fonte: revista Manchete, 23/05/1964.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A ESTAÇÃO SANTA CRUZ E A PARADA CABUGI


    Hoje publicamos mais imagens da memória ferroviária da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, trata-se da estação de Santa Cruz e da parada do Cabugi, ambas localizadas em Lajes.
Estação Santa Cruz
      A estação Santa Cruz era uma estação intermediária da Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN inaugurada em 1932 no km 161 e localizada logo após a cidade de Lajes.
      A estação Santa Cruz servia também como residência do agente da estação, tendo para isso todas as acomodações necessárias de uma casa comum, além dos compartimentos destinados aos serviços ferroviários como a agência, telegrafa e armazém.
                                A estação Santa Cruz







Fonte: Eduardo Chaves,08/12/2018.

     A estação foi desativada na década de 1960 mas milagrosamente escapou de ser demolida.Atualmente serve de moradia a uma família do local.

A parada do Cabugi
      A para do Cabugi estava localizada no sopé do Pico do Cabugi entre os municípios de Lajes e Angicos. Essa não teve a mesma sorte da sua precedente Santa Cruz e foi demolida. No local é possível vê ainda as ruínas da plataforma da parada do Cabugi.
              Ruínas da plataforma da parada do Cabugi
Eduardo Chaves, 08/12/2018

       Entre as duas edificações pode ser vista em meio a vegetação as estruturas que eram chamadas de obras de artes pela engenharia ferroviária como pontes, pontilhões, viadutos etc. Na imagem a estrutura de um aponte ou pontilhão.
Estruturas ferroviária abandonadas em meio a caatinga


        Colaborou com as imagens Eduardo Chaves a quem somos grato.