O
dia 25 de dezembro não relembra apenas o nascimento de Jesus Cristo, mas também
a fundação da nossa capital, em 1599, e ainda a execução em 1910, do decreto pontifício
que criara a diocese de Natal, no ano anterior.
Segundo o jornal A Ordem em 25/12/1910 D.
Adauto de Miranda Henriques publicou uma Carta Pastoral e um Mandamento “dando-nos
a suspirada autonomia com a execução da bula apostólica in singularis (em particular), pela qual Pio X criava a nossa cátedra
episcopal”.
A
baixo alguns dados históricos cujo conhecimento interessa a todos os católicos potiguares.
Criação da Diocese de Natal
O Papa Pio X (atualmente São Pio X) atendendo
a grandes dificuldades espirituais dos habitantes do Rio Grande do Norte, pela demasiada
extensão territorial da Diocese da Paraíba, criou por letras apostólicas de 29
de dezembro de 1909 a Diocese de Natal, que ficou pertencendo, como a da Paraíba
ao Arcebispado de São Salvador da Bahia.
Decreto executório da nunciatura
apostólica sobre a Diocese de Natal
D. Alexandre Bavona, Arcebispo de Farsália
e Núncio Apostólico na então República dos Estados Unidos do Brasil (atualmente
o nome oficial é República Federativa do Brasil), em data de 10 de outubro de
1910, do Palácio da Nunciatura, em Petrópolis, executou as referidas Letras
Apostólicas.
Decreto de nomeação do Administrador
Apostólico
Em
data de 12 de outubro do mesmo ano o referido Núncio Apostólico nomeou D. Adauto
de Miranda Henriques, então bispo da Paraíba, como Administrador Apostólico da
Diocese de Natal.O Administrador Apostólico, geralmente um bispo, é designado
pelo Vaticano até a posse do bispo titular nomeado para a diocese que na nova
diocese de Natal ocorreu em 1911 com a posse do primeiro bispo Dom Joaquim Antônio
de Almeida.
A carta Pastoral de D. Adauto de
Miranda Henrique
Com data de 25 de dezembro de 1910, D.
Adauto de Miranda Henrique publicou uma pastoral transmitindo solenemente aos
filhos deste Estado o decreto promulgado da Diocese de Natal, criada pela Bula Apostólica
in Singularis de 29 de dezembro de
1909 do Santo Padre Pio X.
Segundo o jornal A Ordem Dom Adauto mostrava
“o grande fato da paternal solicitude do Santo e todo Providencial Pontífice,
dando-nos uma Cátedra Episcopal”.
A
Carta Pastoral declarava ainda que, como penhor de sua eterna afeição para com
os fiéis da nova igreja natalense, conservaria nas suas suas armas episcopais a
estrela do santo Natal, que não só indicaria sempre o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora
das Neves, mas também a data de fundação
da nova cidade episcopal e abençoava a
todos os fiéis da nova diocese para quem, dizia, Dom Adauto, “terá sempre a
mesma ternura de sincera estima” e finalmente
ordenava que na cidade de Natal fosse cantado solene Te Deum (música em forma de salmo do antigo hino latino Te
Deum laudamus, que exalta Deus; hino
ambrosiano) em ação de graças pela criação da Diocese, observadas as
disposições litúrgicas,o que se executou no meio do mais intenso júbilo.
A baixo o brasão de armas da Arquidiocese da Paraíba cuja a estrela se conservou em alusão a nova diocese de Natal conforme mencionado anteriormente a cima na Carta Pastoral de Dom Adauto.
Brasão da Arquidiocese da Paraíba
O mandamento
Além da pastoral publicou D. Adauto de
Miranda Henrique o seguinte mandamento:
Dando cumprimento ao decreto da
Nunciatura Apostólica, executando a ereção da nova Diocese de Natal desmembrada
da desta Diocese da Paraíba, visum est
Espiritui Sancto Et Nobis, fazer as
seguinte determinações:
1)-
Esta nossa Carta Pastoral e os documentos que a acompanham serão lidos na
Catedral de Paraíba e de Natal e em todas as matrizes das duas dioceses na primeira
dominga após a recepção;
2)-
Na Catedral de Natal será cantado solenemente o Te Deum em ação de graças,observadas
as disposições litúrgicas;
3)
No nosso Seminário, colégios, diocesanos, capelas, curados,, igrejas e
oratórios públicos ,onde habitualmente se celebra o santo sacrifício da Missa,
far-se-á, do mesmo modo, a leitura desta nossa carta pastoral, seguida de breve
explicação dos documentos que a
acompanham.
4)-Durante
trinta e três dias os Revdos. Sacerdotes da nova diocese darão na missa,quando permitirem as rubricas, a
coleta pro gratiarum actione;
5)-
A todos os que lerem ou ouvirem ler esta
nossa carta pastoral concedendo trinta dias de verdadeira indulgência, na forma
costumada da Igreja.
Paraíba
25 de dezembro de 1910, 4 + S.+ - Adauto, Bispo da Paraíba, Administrador
Apostólico da Diocese de Natal.
Fonte:
A ordem, 25 de dezembro de 1935, p. 1 e 4.
A ligação de dom Adauto com
o Rio Grande do Norte
Antes de 1894 o Rio Grande do Norte pertencia
eclesiasticamente ao bispado de Olinda, juntamente com a Paraíba. Com a criação
da Diocese da Paraíba erigida em 27/04/1892 (atualmente Arquidiocese da
Paraíba, apesar da mudança de nome da capital a circunscrição eclesiástica
conservou o antigo nome da capital paraibana), ficou nosso estado dentro dos limites
do novo Bispado.
Estando em Roma em janeiro daquele ano
de 1894, foi nomeado e sagrado Bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques
(*Areia, 30/08/ 1855 +João Pessoa, 15/081935),
que solenemente se empossou no cargo a 04 de março, na Igreja de Nossa Senhora
da Conceição.
Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques
Pouco mais de um ano depois D. Adauto
veio ao Rio Grande do Norte.Chegou a Natal no paquete São Francisco, da
Companhia de Navegação Costeira Pernambucana.No mesmo dia de chegada, a 17/11/1895,
iniciou sua visita pastoral, sendo sua recepção dirigida pelo saudoso padre
João Maria, então vigário da matriz de Natal.
Segundo o jornal A Ordem tinha o estado
30 freguesias e 300.000 almas. Urgia conhecê-las e visitá-las e D. Adauto
seguiu para o interior a cavalo e durante dois meses a fio entra em contato com
os seus diocesanos.
Ainda segundo o citado jornal outras
muitas visitas fez D. Adauto ao nosso sertão, ”que conhecia palmo a palmo, em
oportunidades várias, quando a condução a cavalo era a única entre nós”.
Durante 15 anos, de 1894 a 1909 Dom
Adauto foi o bispo dos potiguares e mesmo com a criação da Diocese de Natal,
separada em 1909 da Paraíba, continuou D. Adauto até 1911, ligado ao Rio Grande
do Norte diretamente, na qualidade de Administrador Apostólico, nomeado pela
Nunciatura.
Ainda de 1915 a 1918, na vacância
determinada pela renúncia de D. Joaquim de Almeida, desempenhou as funções de
Administrador Apostólico, até a posse do segundo Bispo da Diocese autônoma, D.
Antônio dos Santos Cabral.
Deve-lhe o nosso estado três
educandários modelares, o Colégio Santa Luzia de Mossoró, fundado em 1901, o
Colégio da Imaculada Conceição, em 1902 e o Colégio Santo Antônio, em 1903,
estes dois últimos na capital.
Fonte:
A ordem, 17/08/1935, p.1
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