segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A EPOPEIA DE JEAN MERMOZ



Jean Mermoz foi um aviador francês que fazia a travessia do Oceano Atlântico a serviço da empresa Aeropostale que mantinha um escritório as margens do rio Potengi em Natal como base para distribuição de correspondências que eram expedidas para América do Sul.
Jean Mermoz foi um personagem bastante conhecido da capital potiguar na década de 1930 e em Natal há uma escola no bairro do Bom Pastor que lhe homenageia.
O relato a seguir é sobre a travessia feita por Jean Mermoz e seu dois companheiros de voo entre São Luis do Senegal e Natal em 1930.
                                    Jean Mermoz

Jean Dabry, o único sobrevivente relembra as horas dramáticas no inferno de Pot-Au-Noir
Quando, as 8 horas da manhã de 13 de maio de 1930, pusemos os pés em Natal, vindos de São Luiz do Senegal, de onde partimos as 11 horas do dia 12, havíamos realizados uma dupla façanha que nos enchia de orgulho: a primeira travessia postal do Atlântico Sul e o recorde mundial, por hidroavião, de distancias em linha reta, até então em poder dos americanos.
Finalidade da travessia
Mermoz, Dabry e Gimié trabalhavam para a Compagnie Generale Aéropostale que desde 1 de março de 1928, mantinha serviços postais entre Tolosa e Buenos Aires.
         A travessia do Atlântico, porém, era feita em pequenos navios.Mermoz resolveu realizar todo o trajeto por via área , atendendo, assim com grande destemor, aos desejos da empresa.Os 3.137 km de distancia entre São Luiz (Senegal) e Natal foram cobertos em 21 horas e 10 minutos.Nesse voo o “comte  De La Vauix” trouxe 130 kg de correspondências.
Horas dramáticas no ‘pot–au-noir’
Dabry disse ao repórter que um dos momentos mais emocionantes da travessia foi transpor o ‘pot-au-noir’, a grande muralha de nuvens negras e espessas que impede todas a visibilidade em pleno voo.
-Quando nos aproximamos do ‘pot-au-noir’, disse Dabry, avisei Mermoz.Lembro-me de que , momentos depois, o rádio de bordo recebia uma mensagem no limiar da misteriosa parede negra do pot-au-noir.Mermoz, por alguns instantes, largou o comando e o vi com os olhos marejados de lágrimas.Mas logo as lagrimas se dissiparam e Mermoz se preparou para transpor o grande obstáculo.Foram horas dramáticas.Quando em criança imaginava cavernas malditas de feiticeros, não passava pela mente imagem mais funesta do que a linha sob as vistas.Tinhamos a impressão de estar navegando no caos primitivo.No seio desse universo obscuro, distiguiamos grossas counas de chuva e vultos gigantescos que ora nos pareciam castelos, ora nos pareciam animais pré-históricos turbilhando a nossa frente num movimento atordoante.Em dado momento, Mermoz, meio sufocado pôs a cabeça par afora da cabine a procura de ar ouro.Um jato de vapor atingiu-lhe os olhos, deixando-o de sustentar com firmeza o comando.Depois de mais de três horas,vimos um prodígio.a lua cheia, em todo seu resplendor, banhava com a sua luz o céu e o mar.Passara o perigo.
O fim do “Comte de La Vauix”
Dabry ressaltou também a bravura de Mermoz no naufrágio do Comte de La Vauix.Na volta do aparelho, foi tal o mau tempo que se fez necessária uma amerissagem forçada de Mermos. Quando tocou na superfície do oceano,uma baleeira do Phocée já estava perto.Toda a correspondência foi salva.E já nos estávamos afastando do loca, prosseguiu, quando Mermoz de um salto voltou, ao avião.fora desligar o motor.Só então é que voltou para a baleeira, contemplando pesarosamente o fim do Comte de La Vauix, que afundava docemente.
O avião monoplano de flutuadores Latecoere 28, pesava mais de 50 toneladas e era movido por um motor de 50 cv.Havia deixado Sanit Louis do Senegal as 11 horas e pela madrugada do dia 13 sobrevoava as ilhas São Paulo e Fernando de Noronha.A chegada a costa brasileira, a 13 de maio, de manhã cedo, é uma pagina clássica de Mermoz.
         - Diante de mim- escreveu ele em “Mês Vols”- na linha do horizonte, destacou-se lentamente um rochedo.Reconheci a ponta de São Roque.Fiquei pasmado, o estomago se contraiu e senti uma pancada no coração. Julguei que o meu espírito se desprendia do corpo e não tive mais controle dos meus movimentos. O aparecimento de terra depois de ter sulcado o oceano me deslumbrou. Foi um minuto emocionante, o grnade minuto de nossa viagem.Soltei um grito e Dabry e Gimie acorreram.Não abri a boca.Dabry exclamou: São  Roque.Num mesmo ímpeto, estritamente solidários, sentimos a força da nossa colaboração e experimentamos a mesmo embriaguez, a da vitória.Natal estava sob nós e fiz uma curva ao cabo de um instante e ‘piquei’ para a base da Aeropostale instalada as margens do rio Potengui [sic].
                                 Avião Latecoere 28 Comte de La Vauix
Foi num avião desse modelo que Jean Mermoz fez a travessia do Oceano  Atlântico em 1930

        
Mermoz desapareceu no Atlantico a 7 de dezembro de 1936.O radio-operador Gimie, que o acompanhava na travessia com  o navegador Jean Dabry, caiu em serviço aéreo na África do Norte, a 13 de janeiro de 1949.
Fonte: Revista Motor, Rio de Janeiro, 1957, p.6.



                               Escola Estadual Jean Mermoz em Natal
                  

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR DE APODI




         Segundo o que foi publicado no jornal do Comércio de Manaus-AM em 28/04/1912 “no município de Apodi foi inaugurado com extraordinária solenidade o Grupo Escolar Ferreira Pintor”.(JORNAL DO COMMERCIO, 28/04/1912, p.3)
Ainda de acordo com o referido jornal à festa compareceram as autoridades locais e o representante do diretor da Instrução Pública.
O novo estabelecimento de ensino, “que muito concorre para o melhoramento do município” (JORNAL DO COMMERCIO, 28/04/1912, p.3), ficou sob a direção da professora  Ursulina Moura.
Atualmente denomina-se Escola Estadual Professor Ferreira Pinto sendo o prédio atual situado a Padre João da Cunha em Apodi.
              Grupo Escolar Ferreira Pintor em 1927


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR MOREIRA BRANDÃO EM GOIANINHA


      Segundo o jornal A República foi uma festa verdadeiramente agradável a inauguração do grupo escolar Moreira Brandão, realizada no dia 12/05/1910 na vila de Goianinha, em comemoração do aniversário do glorioso martírio de Augusto Severo.
         Acendendo ao convite dos prestigiosos chefes políticos locais, coronéis Manoel Otoni de Araújo Lima e Luiz Gonzaga da Silva Barbalho, e do operoso chefe do Governo do município, coronel Manoel Duarte, o governador Alberto Maranhão seguiu para ali, em trem especial, acompanhado de diversas pessoas gradas, a fim de tomar parte no regozijo dos habitantes daquela futurosa vila, onde lhe foram preparadas entusiásticas manifestações de simpatia.
         Na estação de Goianinha, repleta de amigos e admiradores do querido riograndense, foi s. excia recebido por aqueles distintos cavalheiros e acompanhado até a aprazível vivenda da Ilha Grande, de propriedade do coronel Manoel Duarte, onde o governador Alberto Maranhão recebeu os primeiros cumprimentos.
       As 13h00 foi servido ao governador e sua comitiva opiparo almoço pela família Duarte.A mesa, sentaram-se além do governador Alberto Maranhão, os coronéis Luiz Gozanga, Manoel Duarte, Manoel Otoni  e membros da sociedade goianinhense.
       Au dessart, o normalista Joaquim Grilo saudou o governador em nome do coronel Manoel Duarte, oferecendo, em frases expressivas e cheias de entusiasmo, aquela significativa festa, como preito de sincera homenagem do presidente da Intendência de Goianinha [...]
     Nos discurso proferido s ouviu-se ainda louvores a atividade e correção com que vinha dirigindo os negócios do município o coronel Manoel Duarte, cuja eficaz colaboração, na sua obra de reorganização do ensino, se patenteava de modo iniludível naquele dia, com a abertura do grupo escolar Moreira Brandão.
         Ao brinde de honra foi erguido ao governador do Estado pelo jornalista do jornal A Capital, dr. Geraldino Lima.As 15h00 quando, transportados o governador e sua comitiva para a vila de Goianinha, deu-se inicio a solenidade de inauguração do grupo escolar, achando-se reunido no respectivo edifício, além das principais autoridades da localidade grande número de cavalheiros e distintas famílias da sociedade de Goianinha.
     Esta festa revestiu-se de grande realce,s endo presidida pelo governador Alberto Maranhão.
         Declarada a instalação do grupo escolar, foi cantado pelas respectivas alunas, o Hino Potiguar, que agradou geralmente.

                   Grupo Escolar Moreira Brandão de Goianinha

    Falou em seguida, congratulando-se com os norteriogradenses pelo auspicioso aconteciemnto, o ilustre dr. Pinto de Abreu, diretor Geral da Instrução Pública, que produziu uma belíssima alocução, enaltecendo a obra empreendida pelo benemérito Dr. Alberto Maranhão e concitando o povo de Goianinha a trabalhar pelo florescimento do instituto com que acabava de ser dotado aquele município.
Uma salva de palmas cobriu as últimas palavras do orador.
Interpretando o pensamento do Governado do Município, o normalista Joaquim Grilo dez a entrega do grupo Moreira Brandão ao Governo do Estado, manifestando o júbilo que todos sentiam naquele momento ao assistir, com a instalação do grupo, ao inicio de uma nova  fase de promissoras esperanças para a mocidade de Goianinha.
Ainda em obediência do programa organizado, usou da palavra o diretor do grupo, dr. J.Gouveia, fazendo várias considerações sobre a festa que ali se realizava.
Falaram igualmente o preparatoiano Paulo Maranhão, relembrando os serviço prestados por Moreira Brandão ao município de Goaininha, e dr. Geraldino Lima, que aclamado pelos presentes, fez uma bonita saudação ao belo sexo.
Seguiu-se os exercícios de classe e marcha pelas alunas sob a direção da normalista senhorita Beatriz Cortez.
Deu-se fim a sessão a cerimônia de descobrimento da lápide comemorativa da inauguração do grupo pelo governador do Estado.
As 19h00 teve lugar o grande banquete político oferecido ao governador pelos coronéis Manoel Otoni e Luiz Gonzaga.
Au champagne, ofereceu a festa, em breves mas, eloquentes palavras, o coronel Manoel Otoni.
Ergueu-se em seguida o governador, proferindo vibrante discurso em agradecimento as provas de cativante gentileza de que era alvo, elogiando a harmonia de vistas que era a nota dominante entre os chefes locais, igualmente empenhados na obra de desenvolvimento do prospero município, onde a sua ação se fazia sentir mais uma vez, fecunda e promissora.
Houve ainda outras saudações e brindes.As 20h00 voltaram o governador e sua comitiva para a capital, sendo acompanhados até a estação por crescido número de amigos que aclamaram o seu nome.
O trem especial em que viajou o governador chegou em Natal as 21h40. (A REPÚBLICA, 16 Maio de 1910, p.1).


A INAUGURAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR FABRÍCIO MARANHÃO NA VILA DE PEDRO VELHO



         A inauguração do grupo escolar Fabrício Maranhão da vila de Pedro Velho deu-se em 14/07/1910.
         Segundo publicado no jornal A República, o ato revestiu-se de toda solenidade, sendo assistido pelo governador do Estado e outras altas autoridades. (A REPÚBLICA,  15 Julho de 1910,p.1).
         O novo estabelecimento de instrução recebeu o nome de Fabrício Maranhão, como “uma justa homenagem ao querido chefe político riograndense” (A REPÚBLICA,  15 Julho de 1910, p.1).
         A inauguração do referido grupo escolar coincidiu com o dia da queda da Bastilha que marca a Revolução Francesa e segundo o jornal A República
         “quisemos mostrar a essas crianças que se vão educar em nosso moderno estabelecimento de ensino, o nosso respeito e a nossa veneração pelas coisas locais e pelas grandes ideias”  (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).
 de acordo com o mesmo jornal a respeito do futuro do grupo escolar “um trabalho de iniciamento nesta educação que lhes vais er ministrada pelo nosso grupo, educação aperfeiçoada que há de fazer a felicidade e a grandeza de nossa terra e de nossos filhos”  (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).
         As 05h45 o trem especial da Great Western estacionava em frente a estação da vila de Pedro Velho, onde a essa hora já aguardava a chegada do governador “ o que há de mais seleto em nossa sociedade” que “ardia em jubilo a nossa terra”    (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).
         Se dirigiu o governador Alberto Maranhão a rua principal da vila seguido pela comitiva e saudado por uma salva de 21 tiros e homenageado pelo Corpo de Segurança do Estado.
         Estava o governador acompanhado do vice-presidente da intendência em exercício Joaquim Luz, em cuja administração foi construído o grupo escolar e de Manoel Lobo, presidente efetivo, além do coronel Fabrício Maranhão, chefe político local doravante denominando o referido grupo escolar.
         A rua principal da vila estava toda embandeirada. O governador foi hospedado na casa de Joaquim Luz.As 10h00 se fez a inauguração do grupo escolar. Estava ao lado direito do governador o coronel Joaquim da Luz, o dr. Homem de Siqueira e o coronel Fabricio e a esquerda o dr. Pinto de Abreu, o coronel Manoel Lopes e o dr. Pedro Nascimento, diretor do grupo escolar.
       Seguiu-se a alocução inaugural e por fim deu-se por encerrada pelo governador Alberto Maranhão a solenidade de inauguração do grupo escolar, que segundo A República foi “uma consagração as virtudes cívicas do coronel Fabrício [ Maranhão] e da capacidade administrativa do Dr. Alberto Maranhão, sob cuja administração e com concurso inteligente do Dr. Pinto, se vem remodelando a instrução pública do Estado” (A REPÚBLICA,  23 Jul. 1910, p.2).

           Grupo Escolar Fabrício Maranhão de Pedro Velho em 1922


       As 13h00 houve no salão de honra da Intendência Municipal, um lauto almoço, oferecido pelo Partido Republicano ao governador que tomou assento no centro da mesa, ladeado do Dr. Juiz de Direito da comarca e do Dr. Diretor da Instrução Pública, e tendo em frente o coronel Fabrício Maranhão, cercado de seus lugares-tenentes Joaquim da Luz e Manoel Lopes, ocupando as extremidades o comandante do Copo de Segurança e o ajudante de ordens do governador Alberto Maranhão.
         Em discurso agradeceu o governador as manifestações de seus correligionários da vila de Pedro Velho. Ao final do almoço encaminhou-se a comitiva para a estação ferroviária da Great Western, onde estava postada a guarda de honra, tomando o trem retornaram para Natal.

PROTESTO CONTRA A EFCRGN


Foi publicado no jornal A República em 21/01/1910 o protesto de Joaquim Varela Buriti contra a EFCRGN.
         Segundo o teor do referido protesto Joaquim Varela Buriti dizia ser residente no sitio Maxaranguape e que era senhor e possuidor a justo e legal titulo da propriedade denominada Amarelão, compreendendo todas as terras da data Torreão, nos municípios de Taipu e Jardim de Angicos, em cuja propriedade tinha sua fazenda, com seus terrenos agrícolas, seus campos de criação, casa de morada, curral, cercado e mais benfeitorias.
 Sucedeu, pois, que o Srs. Proença & Cia, contratantes dos trabalhos da Estrada de Ferro Central do Estado, por seu engenheiro chefe José Antônio da Costa Silva, estavam construindo a mesma estrada por sua referida propriedade, em frente a dita casa, derrubando parte de suas cercas sem haver feito indenização, e sem o consentimento do dele o que com tal procedimento constituía desrespeito a lei e aos direitos do suplicante.
 Joaquim Varela Buriti veio por isso protestar, como protesta, contra o aludido trabalho de construção e Estrada de Ferro nas mesmas terras, prometendo fazer valer judicialmente o seu direito em tempo oportuno.
Assim mandou que fosse publicado no jornal A República o teor do protesto lavrado em cartório para que depois fossem intimadas na capital, o engenheiro chefe, representante da dita firma contratante, dr. José Antonio da Costa Junior e o dr. Luciano Martins Veras, chefe da comissão fiscalizadora da dita Estrada por parte do Governo Federal.
O referido protesto Joaquim Varela Buriti foi lavrado em cartório no dia  de 18 de janeiro de 1910 e publicado no jornal A República em 21 de janeiro de 1910.( A REPÚBLICA,  21 Jan.1910, p.2).
      A área a ser indenizada ao proprietário era de 433,385 km²  entre as estacas 2848, 6.65 e 3570 13,75 da EFCRGN em construção conforme constava na planta da referida ferrovia.( A REPÚBLICA, 15 Jun.1910,p.2).