TAIPU NA DÉCADA DE 1960 #TAIPU130ANOS # 25

 

O Censo de 1960 apontou que havia 11.047 habitantes, dos quais 5.328 eram homens e 5.719 mulheres e 2.390 domicílios no município de Taipu.

Taipu era um município possuidor de ricas várzeas, que bem cultivadas, o tornariam um dos celeiros do Estado. Entretanto, vez por outra eram inundadas pelas cheias do rio Ceará- Mirim, que destruíam completamente as lavouras .

De fato, as condições dos solos nas margens do rio Ceará-Mirim são de uma fertilidade enorme e conferem ao município um potencial econômico de grande largueza. Porém, as cheias do rio deixavam os agricultores e produtores rurais numa situação sempre de instabilidade por não preverem e nem terem condições de lidar com as inundações. Ainda não havia sido construída a barragem do distrito de Poço Branco.

Tais eram os problemas de maior gravidade no município ao surgir a década de 1960.

Os fatos mais relevantes ocorridos no município de Taipu na década de 1960 foram os seguintes.

Em 26 de julho de 1963 ocorreu a emancipação do distrito de Poço Branco e pela lei estadual nº 2990 de 03/12/1963 foi criado o distrito de Gameleira e anexado ao município de Taipu.

Antiga capela de Poço Branco

O distrito da Gameleira foi criado por lei estadual e não por lei municipal como deveria ser.

A região da Gameleira é a porção do município onde se situava o antigo engenho da Pitombeira, a histórica capela de Santa Teresinha na vila sede do distrito e também na região se localiza os distritos de Serra Pelada e Matão, regiões economicamente importantes do município.

Já em 25/02/1964 a chegada das irmãs religiosas da Congregação do Imaculado Coração de Maria, vindas do Rio Grande do Sul para assumir a paróquia de Nossa Senhora do Livramento imprimiria uma nova realidade não só religiosa, mas também sociocultural para Taipu.

Visita de autoridades religiosas as Irmãs Vigárias de Taipu, 1965.

A chegada das Irmãs Vigárias levou o nome de Taipu até mesmo para uma das sessões públicas do Concilio Vaticano II, o grande evento religioso da Igreja Católica o qual foi destacado o trabalho pastoral desempenhado pelas irmãs na paróquia de Taipu.

Naquele mesmo ano de 1964 ocorreu a intervenção militar o qual trouxe instabilidade política tanto no cenário nacional como estadual e municipal, culminando em Taipu com o afastamento do prefeito Wellington José Varela da Costa cassado pela Câmara de Vereadores.

A câmara de vereadores de Taipu reunida em sessão decidiu por 9 votos a favor e 1 contra  a cassação do mandato do prefeito Wellington José Varela da Costa sob a alegação de que o prefeito se recusara a apresentar a câmara os documentos comprobatório da prestação de contas da sua administração.

         Por sua vez, o prefeito cassado entrou com recurso na justiça que lhe foi negado o mandato de segurança recorrendo então no tribunal de justiça para reasumir o cargo.

A justiça tornou sem efeito a decisão da câmara de vereadores, porém esta não aceitou a decisão e criou dificuldades para a recondução de Wellington José Varela ao cargo.

A situação foi bem movimentada a época. Ao ser acusado de “ladrão e sem vergonha” na feira, Wellington José Varela havia se envolvido em um briga com o agricultor João Vilela, esmurrando este em plena feira da cidade. A ocorrência foi comunicada pelo subdelegado ao Secretário de Segurança para os procedimentos legais (DIÁRIO DE NATAL, 1964, p.6).

Com a finalidade de não permitir que o prefeito Wellington Varela reassumisse o cargo o vice-prefeito Ariovaldo Bandeira havia fechado a prefeitura e licenciado os funcionários. Wellington Varela reassumiu o cargo em 12/05/1965.

Mas sem dúvida o maior acontecimento ocorrido em Taipu na década de 1960 foi a grande catástrofe ocorrida pelo rompimento da barragem em construção no então distrito de Poço Branco em abril de 1964.

Ponte destruída pela enchente de 1964.

Em 25/06/1965 foi inaugurado o sistema de distribuição elétrica pela COSERN com energia da usina hidrelétrica de Paulo Afonso-BA.

Já em 1968 foi instalada a comarca de Taipu com a posse da primeira juíza Dr. Gilka Farkatt.

Fórum de Taipu.

Em 1969 teve inicio a construção do prédio da escola estadual Nossa Senhora do Livramento no Alto da Bela Vista destinada a suprir a necessidade do ensino no município. Posteriormente o nome da escola foi alterado para Escola Estadual Professora Clotilde de Moura Lima ali funcionando até sido construído outro prédio na rua Antônio Gomes da Costa (Rua do Fogo) para abrigar esta escola cuja a transferência ocorreu somente com a conclusão do prédio em 1977.

Aspectos da Escola Estadual Clotilde de Moura Lima em funcionamento no prédio no Alto da Boa Vista que atualmente é a Escola  Estadual Adão Marcelo da Rocha.

SOBRE TAIPU ENTRE 1955 E 1959 #TAIPU130ANOS #24

 

Em 02/09/1955 foi noticiada a criação das coletorias federais em todo país entre estas foi instalada a de Taipu (JORNAL DO BRASIL, 1955, p.7). O local da coletoria federal em Taipu é onde hoje esta o prédio da prefeitura.

Entre 12 e 17/ 09/1955 realizou-se a Semana Rural nos municípios de Touros e Taipu. Tratava-se de uma parceria entre a Arquidiocese de Natal, por meio do Serviço de Assistência Rural-SAR e o Ministério da Agricultura para promover cursos de aperfeiçoamento para a população dos respectivos municípios.

Promovida pelo Ministério da Agricultura em parceria com Arquidiocese de Natal e realizadas nos municípios de Taipu e Touros. Promovida pelo Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricultura em cooperação com outras entidades federais, estaduais e municipais, o evento teve inicio no dia 12 em Taipu e Touros.

O programa compreendia aulas práticas e teóricas, palestras, exibições cinematográficas de interesse para lavradores e criadores, pescadores, senhoras e moças, destacando-se a parte de economia doméstica.

Este evento constou de um intenso programa que foi destinado a promover educação e promoção social para o povo destes dois municípios por meio de curso e oficinas práticas.

Realizou-se um curso de economia doméstica para professoras, em cooperação com o clero. O curso foi realizado por 29 professores da região constando o programa de 30 aulas teóricas e práticas sobre higiene, alimentação, puericultura, enfermagem, horticultura, indústrias rurais, caseiras, religião e serviço social.

Em 30/04/1957 ocorreu a implantação da linha postal telegráfica entre Taipu e Poço Branco com 12 km de extensão, cuja atividade constava de 104 viagens redondas anuais. De acordo com o Jornal  do Brasil haveria um portador a cavalo, com um custeio anual de Cr$ 15.000,00 por ano (JORNAL DO BRASIL, 1957, p.7).

No inicio da década de 1950 a paróquia já havia instalado a amplificadora paroquial com altos falantes colocados no alto da torre de onde os fiéis católicos eram convocados a participar dos atos litúrgicos e também eram noticiados acontecimentos locais como avisos de interesse público, falecimentos, etc. Eram as famosas "boca de lobos" como se denominavam os alto-falantes.

O anuário católico de 1957 dizia que havia em Taipu o cinema de orientação católica o ‘Cine Paroquial de Taipu’ que funcionava sobre a responsabilidade da paróquia aos cuidados do Pe. José Luís da Silva (ANUÁRIO CATÓLICO DO BRASIL, 1957, p. 504). Além deste as demais atividades sociais e culturais da cidade se realizavam no Grêmio Recreativo de Taipu.

O prefeito de Taipu Tamires Miranda em viagem ao Rio de Janeiro entregou ao presidente Juscelino Kubistchek um memorial contendo reivindicações para solução de problemas da municipalidade (A NOITE, 14/05/1957, p.3), dentre estas reivindicações estava a urgente construção da barragem de Taipu no distrito de Poço Branco, reivindicação esta atendida e cuja obra foi iniciada pelo DNOCS.

A maternidade APAMI de Taipu foi criada em 28 de junho de 1957 pelo então padre José Luís da Silva e funcionou até o ano de 2004 quando encerrou suas atividades.

 A Maternidade APAMI foi um dos maiores serviço hospitalares filantrópicos do município de Taipu. Segundo seus estatutos procurava desenvolver assistência nas áreas de ginecologia, obstetrícia e puericultura. Posteriormente os serviços se estenderam nas áreas de odontologia entre outros.

Local onde funcionou a APAMI inicialmente.

Prédio da APAMI a partir da década de 1970.

A sede da APAMI funcionou inicialmente numa casa na Rua Antônio Alves da Rocha, na casa onde morou as Irmãs (freiras do ICM) e na década de 1970 foi transferida para a rua Cel. Manuel Eugenio de Andrade.

 A APAMI funcionou até 2004 quando teve suas atividades encerradas e posteriormente extinta a associação mantenedora da instituição. A APAMI foi sem dúvida, junto com o Centro Social Dom Bosco as duas maiores obras de assistência social já existente em Taipu, ambas de iniciativa da paróquia de Taipu, criadas no bojo da Ação Católica implementada pela Arquidiocese de Natal por meio do Movimento de Natal. 

     Ao final da década de 1950 a situação física, social e econômica do município de Taipu foi assim explicitada segundo a Enciclopédia dos Municípios do IBGE do seguinte modo:

 O município de Taipu tinha em 1958 uma extensão territorial de 942 km² e conforme os dados do Departamento Estadual de Estatísticas, a população de Taipu em 1957 estava contabilizada em 17.090 habitantes, deste total apenas 1.162 habitavam no núcleo urbano da sede (ENCICLOPÉDIA DOS MUNICIPIOS, p.166).

Mapa do município de Taipu em 1958.Fonte: IBGE,1958.

         No que se referem a economia do município o quadro vigente em 1958 era o seguinte: A agricultura e a pecuária congregavam o maior numero de pessoas ativas. Taipu era possuidora de ricas várzeas, que bem cultivadas o tornariam um dos celeiros do estado , afirma a referida obra do IBGE (1958, p.166).No entanto a agricultura era ameaçada vez por outra pelas enchentes ocasionadas pelo rio Ceará-Mirim que destruíam completamente as lavouras.

       A região oeste do município sentia os efeitos da falta de água, o que não permitia o fomento da agricultura naquela região (a passagem se refere a região compreendida atualmente pelos municípios de Poço e Branco e Barreto, atual Bento Fernandes, que à época eram distritos de Taipu).

Aspecto de uma propriedade rural no município de Taipu em 1958.Fonte: IBGE,1958.

        A importância da agricultura na economia local decorria principalmente  do cultivo do algodão e mandioca, que concorreram em 1955 com 60% do valor de todas as culturas agrícolas analisadas pelos serviços de estatísticas.

        O valor da safra municipal naquele ano atingiu a cifra de 5.424,000  cruzeiros, a pecuária estava assim constituída conforme os dados do Censo agropecuário de 1956: A extração de produtos vegetais era outra atividade de fonte de rendas do município. Em 1955 foram extraídos 1.500 kg de cera de carnaúbas que geraram  50.000 cruzeiros a economia município.

A indústria  estava representada em 26 estabelecimentos industriais, que em 1955, ocuparam 6 operários e apresentou um valor de 1.558,000 cruzeiros.

No tocante ao comércio diz a publicação já citada que o mesmo não apresentava um grande desenvolvimento e que exportava na época algodão, couros e peles com destino a Natal. Havia no município 73 estabelecimentos comerciais varejistas em 1956.

Aspecto urbano de Taipu em 1958.Fonte: IBGE,1958.
A casa em destaque na foto corresponde a residência de Dona Teresinha Dias.

Em 1958 ocorreu a emancipação do distrito de Barreto, atual município de Bento Fernandes, já em 1959 teve inicio a construção da barragem sobre o rio Ceará-Mirim no distrito de Poço Branco pelo DNOCS.

SOBRE O PREFEITO TAMIRES MIRANDA #TAIPU130ANOS #23

       

       Em 27/09/1952 realizou-se em Taipu a convenção do Partido Social Democrata-PSD a qual lançou  a candidatura a prefeito  e a vice-prefeito de Taipu.

         De acordo com o jornal Diário de Natal acorreu para a cidade de Taipu uma caravana de próceres do citado partido dentre os quais estavam presente João Severiano da Câmara, Alexandre Severiano da Câmara o deputado Joaquim Câmara, e Marino Alves da Rocha que foram recebidos por Tamires Miranda, Otavio Praxedes, Gabriel Campos, Davino Miranda, Manoel Soares, Luiz Miranda e outros correligionários.

         A convenção foi realizada no prédio onde funcionava o  Grêmio Taipuense onde se concentrou grande massa popular, tendo sido na ocasião procedida por aclamação a indicação do novo diretório do PSD de Taipu.

         De acordo com o jornal Diário de Natal “em meio as maiores demonstrações de simpatia do povo taipuense foram lançadas as candidaturas dos Srs. Tamires Miranda e Gabriel Campos para prefeito e vice-prefeito, respectivamente que concorrerão às eleições de 07 de dezembro do corrente ano”.

         Houve de acordo com o citado jornal grande entusiasmo de parte da enorme afluência de famílias e pessoas de todas as classes presente a convenção.

         Após a reunião as pessoas presentes a reunião se dirigiram até a casa de Tamires Miranda acompanhado de Gabriel Campos e Marino Alves.

         Depois da solenidade houve um grande baile “que se prolongou até as primeiras horas do dia seguinte, em ambiente de alegria e cordialidade”.

         O novo diretório do PSD ficou assim constituído:

        Presidente: Marino Alves da Rocha, Vice-Presidente: Manoel Santiago Filho, 2º vice-presidente: Vicente Ferreira da Cruz, 3º vice-presidente: Gabriel Campos, 1º Secretário: Manoel Soares, 2º secretário José Gomes de Oliveira, 3º secretário: Geraldo Ferreira da Cruz. Vogais: Severino Guedes, Otávio Praxedes Filho, Afrânio Ferreira de Miranda Filho, Paulo Miranda, Pedro Gomes da Silva, Joaquim Vitorino de Andrade, Francisco Atanásio da Silva, Moacir Soares, Sebastião Gomes da Câmara, Adauto Gomes da Câmara, José Cândido Filho, Fernando Praxedes, José Francisco Filho. Diretor de honra: Jerônimo Rodrigues da Câmara.( DIÁRIO DE NATAL, 10/10/1952,p.6).

Ao assumir a prefeitura em 15/03/1952 o prefeito Tamires Miranda começou a programar a sua gestão a frente da administração pública de Taipu. É por meio da propaganda por ele enviada aos jornais de Natal que se pode ter uma ideia da situação administrativa do município no inicio da década de 1950.

 A principio a atuação de Tamires Miranda a frente da prefeitura de Taipu esteve prejudicada por falta de recursos. (O POTI, 1954, p.3).

 O prefeito Tamires Miranda reduziu os vencimentos dos vereadores e aumentou o quadro de funcionários municipais entre outras atividades.

O caso da redução dos salários dos vereadores foi um exemplo raro no Brasil a época que dado pela Câmara municipal de Taipu onde os vereadores demonstrando patriotismo e espírito público reduziram espontaneamente o seus vencimentos de Cr$100,00 para Cr$50,00. Mereceu por essa iniciativa elogios dos veículos de imprensa do estado.

A época a Câmara de vereadores de Taipu estava composta por três partidos, PSD, PSP e PST.

Durante a administração do prefeito Tamires Miranda não se registrou nenhum embaraço entre a Câmara de Vereadores e o Prefeito, onde as sessões e votações ocorriam com a maior cordialidade e normas democráticas, manifestando o perfeito entendimento entre os dois poderes.

Naquele ano de 1953 se gastou com o legislativo municipal a quantia de Cr$ 56.450,00.

O prefeito Tamires Miranda convidou o contador da prefeitura de Ceará-Mirim e técnico em assuntos municipais Manoel de Aguiar Gusmão, a época afastado para exercer o cargo de vereador para examinara a situação do município para fazer sugestões no que fosse necessário para a boa ordem do serviço publico. Coube a ele organizar a administração publica durante o mandato de Tamires Miranda em Taipu.

A secretaria da prefeitura era exercida por Egídia Saldanha, tendo seus serviços em dia. No ano de 1953 o movimento registrado na secretaria da prefeitura de Taipu foi o seguinte: ofícios expedidos 113, 55 telegramas e 48 circulares. Foram recebidas 122 correspondências oficiais e 50 telegramas, emitidos 383 empenhos e transitaram pela secretaria 383 processos. o expediente era diário na sede da prefeitura sendo as partes interessadas atendidas pontualmente.

O funcionalismo municipal era considerado deficiente, Tamires Miranda criou mais dois cargos, um de escriturário e outro de fiscal de rendas, alem do pessoal extranumerário que foi aumentado. No segundo semestre daquele ano Tamires Miranda concedeu aumento geral ao funcionalismo publico. A folha de pagamento aumentou para Cr$ 109.913,00 e com o aumento dos funcionários o gasto foi de Cr$ 23. 853,00.

A educação pública mereceu atenção especial de Tamires Miranda. Foi promulgada a lei n.16 de 11 de junho de 1953 o qual organizava o ensino primário no município de Taipu visando adotar uma orientação certa em relação a educação. Em 1953 funcionavam 15 escolas no município e 600 alunos matriculados. Haviam 7 escolas municipais, elevando para 30 o número de escolas por ele construída, os salários das professoras estavam atrasado por causa da retenção da quota do recursos federais para o município.

Foram construídas ou melhoradas muitos quilômetros de estradas vicinais, abrindo o acesso para diversos locais da região, com grande vantagem para o desenvolvimento do município. O prefeito contava com o apoio da maioria dos vereadores da Câmara Municipal.

Em sua atuação administrativa Tamires Miranda havia gasto Cr$ 30.815,00 com educação primária em 1953

As escolas estavam localizadas nas fazendas e povoados do município, a maioria funcionava em casas cedidas gratuitamente pelos proprietários das fazendas, em outras eram pagos alugueis pela prefeitura. o município subvencionava a escola técnica agrícola de Jundiaí, em macaíba, concedeu uma bolsa para um curso de aperfeiçoamento em natal, fornecimento de querosene as escolas de supletivos para adultos que funcionavam a noite, fornecimento de livros e material didático aos alunos pobres do município.

Na área da educação há de se registrar também a iniciativa o deputado José Arnaud que conseguiu do orçamento da união uma verba de Cr$ 100.000,00 para iniciar a construção do prédio destinado ao funcionamento do colégio João Gomes, cujos estatutos já haviam sido aprovados. Foi gasto com educação a quantia de Cr$ 30. 815,00 (O POTI, 1954, p.3).

Tamires Miranda foi integrante do conselho estadual de cooperativismo, que representava o departamento de assistência aos municípios e cooperativas da capital e do interior.

Aspectos de Taipu.

Em 1953 Taipu havia alcançado o percentual 35,26 % de sua população sendo analfabeta.

A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte que teve seu nome alterado para Estrada de Ferro Sampaio Correia em 1950, já não influía significativamente para elevar o índice de desenvolvimento do município.

O ano de 1953 ocorreu uma seca no estado do Rio Grande do Norte que se agravava a cada dia a qual foi sentida em suas graves consequências no município de Taipu onde se enfrentava uma quase absoluta falta de gêneros alimentícios.

O trecho da estrada em construção Taipu - Baixa Verde ameaçava parar por falta de alimentos para atender aos operários.

 O comércio de Taipu estava esgotando todos os recursos disponíveis de viveres e Baixa Verde teria talvez capacidade para atender a mais cinco dias de fome.

O prefeito Tamires Miranda não sabia mais o que fazer e rogava ao governo estadual para tomar providencias sobre a vinda de mercadorias com a máxima urgência a fim de suprir os barracões que atendiam aos flagelados.

Ainda sobre a gestão do prefeito Tamires Miranda a frente da prefeitura de Taipu o jornal o Poti publicou o seguinte:

Pelo atual prefeito do município foi instituído um serviço de coleta de lixo domiciliar na cidade que é feita duas vezes por semana com a caminhonete. A limpeza pública vem mantendo dentro das normas higiênicas a cidade, com suas ruas varridas e capinadas.

Este beneficio se estende aos povoados de Poço Branco,  Contador e Barreto.Com a limpeza foi gasta a quantia de Cr$ 7.270,00.

Próprios públicos

         Com outros setores administrativos os próprios públicos municipais também estavam abandonados. O mercado Municipal, obra de construção recente, ameaçava ruir. O atual prefeito teve que substituir diversas tesouras e reformar todo o teto e os portais. Todos os prédios públicos foram reparados, caiados e pintados. A despesa do exercício foi de Cr$ 31.238,00, sendo a despesa total com serviços de utilidade pública de Cr$ 171,616,00.

Graças aos esforços e a boa vontade do Dr. João Galvão de Medeiros, diretor da Estrada de Ferro Sampaio Correia, a população foi abastecida de água potável durante o ano, conduzido o precioso liquido de Estremoz em carros tanques, sendo fornecidos semanalmente 45.000 litros.

O prefeito Tamires Miranda providenciou, também, a abertura de duas cacimbas no rio que fornecendo água para o gasto e até para beber, pois uma deixa fornecer um líquido bem tolerável.

Para a construção do adro da Matriz de Nossa Senhora do Livramento foi fornecida ao Vigário Paroquial José Severino a importância de Cr$ 10.000,00 autorizada pela Lei nº 30 de 20 de dezembro de 1953 da Câmara de Vereadores de Taipu.

      O prefeito municipal fez o levantamento dos bens do Município cujo balanço acusou o patrimônio liquido de Cr$ 1.101.234. (O POTI, 17/09/1954, p.3).

Além dessas atividades relativas a administração pública outros eventos que não estão relacionados a prefeitura marcaram a década de 1950 no município de Taipu como os que se seguem.

TAIPU NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1950 #TAIPU130ANOS #22

 

Conforme dados do Censo Geral de 1950, Taipu contava 15.156 habitantes, dos quais 7.581 homens e 7.575 mulheres, sendo que deste total, 92% da população habitava o meio rural.

Já na educação os dados do Censo de 1950 apontavam que apenas 21% da população era alfabetizadas (quota observada na população acima de 10 anos).Havia 35 unidades de ensino no município.

Esta década se inicia em Taipu com um grande acontecimento para o município de Taipu que foi a inauguração da ponte rodoviária sobre o rio Ceará-Mirim em 09/04/1950, obra arrojada de iniciativa do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens-DER, sob a direção do engenheiro Apolônio Zenaide.

Taipu na década de 1950.

A inauguração da ponte

         A ponte foi inaugurada na administração do governador José Augusto Varela e do prefeito de Taipu Luis Gomes da Costa, tinha por finalidade ligar os municípios de Taipu e Baixa Verde a Natal.

A obra não deixava de ter um significado especial para todas as populações desses municípios que eram prejudicados por não se servirem da extensa rodovia em épocas inverno, pois o transbordamento do rio Ceará-Mirim impedia qualquer abastecimento da capital através da referida estrada.

         Com a ponte havia desaparecido essa dificuldade para muitos que cultivavam a rica região do vale em Taipu, estando tendo sido esta ponte assinalada como a resolução de mais um problema que afligia o Estado.

      A solenidade de inauguração, de acordo com o programa traçado, foi presidida pelo governador José Augusto Varela em companhia de grande comitiva chegou a cidade em trem especial da EFCRGN. A festividade que contou com a presença da sociedade baixaverdense e taipuense ocorreu as 10h00, retonando a capital o governador e a comitiva logo após o ato de inauguração da ponte. (A ORDEM, 10/04/1950, p.1).

     Um trem especial cedido pela Estrada de Ferro Centra do Rio Grande do Norte partiu no dia 07/04/1950 conduzindo parte das autoridades e convidados especiais a inauguração que teria lugar as 09h00 da manhã com a presença do Governador do Estado, autoridades federais e estaduais além de grande número de convidados. (DIÁRIO DE NATAL, 08/04/1950, p.4).

   A ponte de Taipu foi inaugurada solenemente as 09h30. A solenidade foi assistida pelo Governador José Augusto Varela que a presidiu, pelo Comandante do destacamento de Natal, general Fernando do Nascimento Fernandes Távora, pelo prefeito de Taipu, Luiz Gomes da Costa e por autoridades civis e convidados especiais.

     O governador José Varela chegou ao local as 09h15 acompanhando do general Távora e de seu ajudante de ordens capitão José Reinaldo  e momento após teve inicio a solenidade inaugural quando falou o governador que ressaltou a sua preocupação desde o inicio da administração de solucionar vários problemas do Estado, dentre esses afigurou-se a construção da ponte sobre o rio Ceará-Mirim a qual parecia porém de impossível realização tendo em vista o custo da obra e os parcos recursos do estado.

     A benção da ponte foi ministrada pelo padre João Correia de Aquino que iniciando a solenidade inaugural salientou o agradecimento da população de Taipu pelo vultoso empreendimento do governo estadual.

Afirmou ainda que numa homenagem dos taipuenses os vereadores da Câmara Municipal resolveram dar a denominação de Governador José Varela à ponte que estava sendo inaugurada como sinal da gratidão do povo daquele município. Explicando os detalhes técnicos da construção da ponte falou o Sr. Roberto Bezerra Freire sócio da Empresa de Construções Civis, responsável pela construção.

 Focalizou as dificuldades encontradas para a construção tendo em vista as dificuldades do terreno e as condições de segurança que eram imprescindíveis àquela construção. A solenidade foi encerrada com o discurso do governador José Varela  (DIÁRIO DE NATAL, 10/04/1950, p.6).

Essa ponte não existe mais, pois foi destruída pela enchente de 1964 causada pelo rompimento da barragem de Poço Branco tendo sido em seu lugar construída outra em local diferente que é a ponte atual da BR 406 na altura do cemitério de Taipu.

As ruínas da ponte podem ser vistas atualmente as margens da BR-406 próximo ao cemitério da cidade de Taipu, parece que teimosamente insiste em sobreviver apesar da ação do tempo para atestar que foi ela uma das maiores obras já realizada não só em Taipu, mas também na região do Mato Grande.

A coletoria de rendas

De acordo com o jornal Diário de Natal em 17/10/1953 foi aprovado pela comissão de finanças da Câmara dos Deputados o projeto que criava mais 640 coletorias de rendas federais no país (DIÁRIO DE NATAL, 17/10/1953, p.1). No tocante ao Rio Grande do Norte foram criadas 29 coletorias de rendas e dentre estas a de Taipu. Era mais uma repartição pública federal criada no município de Taipu.

Prédio onde funcionou a coletoria de rendas de Taipu.

A construção do matadouro

Em 03/05/1952 Luís Gomes da Costa, então prefeito de Taipu, respondeu a uma enquete promovida pela Rádio Poti de Natal a respeito do que seria feito com a quota do Imposto de Renda que seria destinada pela Governo Federal para ser aplicada em benefício dos municípios.

        O prefeito de Taipu disse que “pretendo construir nesta cidade um matadouro Público que atenda as necessárias condições de higiene e conforto, dando a todos os municípios a segurança de que a administração municipal está preocupada em realizar em favor do povo”.

Matadouro público de Taipu em 2012.

Reservatório de água

        Ao mesmo tempo, disse ainda o prefeito Luís Gomes da Costa, que a cidade ressentia-se da falta de um reservatório para água, “pois na estação do estio, recebendo água para seu abastecimento da Vila de Extremoz, transportada pela Estrada de Ferro Sampaio Correia, há muita dificuldade na conservação do precioso liquido que pode ficar exposto a poeira e facilmente poluir-se”.

Disse ainda o prefeito de Taipu que “considero assunto de grande relevância esse beneficio a população de minha terra. Penso que  todos saberão compreender o alcance da obra de interesse verdadeiramente coletivo”.

De acordo com Luís Gomes da Costa, caso houvesse saldo da referida quota, ele a empregaria na construção de escolas nos povoados, além de consertos de estradas dentro do município “de sorte que melhormente se façam o transporte e escoamento da produção”.

O prefeito finalizou dizendo que já havia elaborado um plano a ser enviado ao legislativo municipal para a devida apreciação “dando assim uma satisfação ao povo para que ele saiba que só temos um interesse – realizar algo em seu beneficio, honrado que fui com o seu voto nas últimas eleições”. (DIÁRIO DE NATAL, 03/05/1952, p.1).

SOBRE A ADMINISTRAÇÃO DO PREFEITO LUÍS GOMES DA COSTA #TAIPU130ANOS #21

Ao terminar sua gestão a frente da prefeitura de Taipu o prefeito Luís Gomes da Costa apresentou o seguinte relatório a Câmara de vereadores e ao Departamento de Assistência aos Municípios e conforme publicado no jornal A Ordem.

A receita prevista para 1949 foi de Cr$ 24.000,00, sendo arrecadado Cr$ 224. 198,40, incluindo a cota federal do imposto de renda. A despesa fixada em Cr$ 217.140,00 ficou em Cr$ 211, 870,00 na realidade. Não foi necessária verba suplementar, pois dos gastos foram feitos dentro do duodécimo necessário, não passou-se divida alguma a saldar para o exercício de 1950, ficando o município em situação de equilíbrio financeiro naquele ano.

Prefeito Luís Gomes da Costa

Em 1950 foi aberto um credito especial de Cr$ 128.000,00 para a construção do novo mercado público de Taipu, pois o anterior não atendia mais a finalidade imprescindível.

O novo mercado de Taipu foi a maior obra realizada na administração de Luís Gomes da Costa.

No tocante a educação, segundo o relatório do prefeito Luís Gomes da Costa o município estava olhando com carinho para esse importante problema auxiliando as escolas já existentes e a Escola Prática de Jundiaí, criando uma bolsa de estudos para um estudante pobre do curso secundário.

Com relação a Iluminação pública o assunto era uma grave preocupação do prefeito segundo o seu relatório, onde uma primeira tentativa não tendo sido bem sucedida para esse melhoramento, tencionando a prefeitura resolver o problema no correr de 1950.

Antiga usina de energia elétrica a motor diesel de Taipu.

No campo da assistência social dentro de suas limitadas posse o município prestava alguma assistência social aos mais necessitados, encaminhando para a capital do estado, inclusive e auxiliou o futuro abrigo do Bom Pastor com a quantia de Cr$ 500,00.

Com relação as estradas foram realizados reparos no decorrer do exercício do prefeito Luís Gomes da Costa em todas as estradas do município e construída uma pequena ponte.

Quanto aos impostos e taxas, os impostos que mais renderam ao município vieram da indústria e profissões orçadas em Cr$ 8.000,00 tendo sido arrecadado Cr$ 19.000,00, já a exploração agrícola e industrial rendeu Cr$ 21.887,00, no entanto a grande contribuição para as rendas municipais veio da quota federal do imposto de renda no valor de Cr$ 233. 889,00 (A ORDEM, 1950, p.2).

      Ao terminar a década de 1940 o município de Taipu tinha 747 km² e 12.066 habitantes (OBSERVADOR ECONOMICO E FINANCEIRO, 1949, p.37).