sexta-feira, 27 de outubro de 2017

CANGUARETAMA A ÉPOCA DA CHEGADA DE FERROVIA

          A estação de Canguaretama foi inaugurada em 1882, em 1885 assim estava caracterizada Canguaretama:
            Distante 80 km da capital, a sede havia sido transferida para Uruá em 1858.As ruas eram largas, as casas sofríveis, no entanto havia entre elas alguns sobrados.  A igreja matriz era considerada uma das maiores da província. Co cemitério foi edificado ao norte da vila numa planície elevada. O terreno era quase todo plano. Tinha um porto para barcaças.
            Era sede de comarca, tinha aproximadamente 12 mil habitantes, 3 escolas de ambos os sexos, freguesia de Nossa Senhora da Penha, 1 agencia do correio, uma delegacia com 4 policias sendo um delegado, 1 tabelião, 1 coletoria, 3 professores,1 padre, 1 sacristão, 12 fazendeiros/criadores, 23 lavradores, 16 negociantes, haviam 25 engenhos de fabricar açúcar e aguardente, sendo 6 movidos a vapor, 4 a água e o demais por animais.
            A economia do município se baseava na produção de açúcar, milho, farinha e algodão.

Na Penha
                        Na Penha onde se localizava a estação haviam 3 alfaiates, 3 negociantes exportadores, 2 ferreiros e serralheiros, 5 pedreiros, 20 proprietários capitalistas, 1 sapataeiro.
            O chefe da estação era Nicolau Carlos Dumary.

Estação de Canguaretama, 2015. Google Earth.


 Fonte: Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1885, p.766-768


GOIANINHA A ÉPOCA DA CHEGADA DE FERROVIA

Goianinha a época da chegada da ferrovia
            A estação de Goianinha foi inaugurada em 1882, vejamos como estava caracterizado o município nesse período.
            Exportava açúcar, milho, feijão, arroz, farinha de mandioca e de araruta e gado. Pertencia a comarca de Canguaretama, tinha 1 juiz, 1 promotor , 1 escrivão, 1 oficial, e 1 contador. A freguesia é a de Nossa Senhora dos Prazeres.Tinha 1 coletoria, 1 agencia do correio.A população estava estimada em 11 mil habitantes.









Fonte: Almanaque Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, 1885, p. 771

INAUGURAÇÃO DA PREFEITURA DE SÃO BENTO DO NORTE

             São Bento do Norte foi criado em 1953 e instalado em janeiro de do ano seguinte, tendo sido feita muitas oposições dos políticos estaduais para sua criação.
            O primeiro prefeito constitucional de São Bento do Norte foi José Olimpio do Nascimento, dentre as realizações notáveis de sua administração está a construção do prédio da prefeitura, possível graças a arrecadação verificada no ano de 1955, planta de Arialdo Pinho, considerada uma obra moderníssima, ao custo de inicial de 700 mil cruzeiros, faltando ainda 400 mil para se concluir.
            Instalado em 1954 o novo município não tinha de São Bento do Norte não tinha um prédio para a prefeitura, foi alugada uma casa velha, onde também deveriam funcionar o IBGE, o fórum e a Câmara de vereadores, o problema de espaço era uma coisa séria.
            Segundo o jornal O Poti “Se ele fosse um espirito acanhado e sem visão administrativa, teria mandando construir um desses prédios horríveis, sem conforto e higiene como são em sua maioria  as prefeituras do interior”. Mas ele sabia que o certo seria construir uma obra definitiva, fez  melhor que podia fazer, dizia o jornal e construiu um prédio moderníssimo “ que é um orgulho hoje para o município, um motivo de atração para quantos visitem São Bento do Norte”.


prefeitura de São Bento do Norte

             A inauguração contou com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, dentre estas a do bispo auxiliar de Natal, Dom Eugenio de Araújo Sales, o padre Severino Bezerra, monsenhor Vicente de Freitas, padre Lucilo Machado, monsenhor Expedito Medeiros.
            Em breve discurso dom Eugenio Sales congratulando-se com o prefeito pela construção do majestoso prédio.
            Também construiu a casa da lavoura em Caiçara, melhorou a estrada que ligava São Bento do Norte a Parazinho, reestruturou poços tubulares, mandou fazer o levantamento topográfico da cidade e povoações, pagou funcionalismo aem dia, construiu praça em Caiçara, construiu escolas em Juremal, Pedra Grande, São Miguel Lagedo, Farias, Barredos, Terra Santa, Galinhos, Quixabeira, Alto da Aroeira, junto com o governo construiu a estrada que liga São Bento a Caiçara, instalou luz elétrica em Caiçara, poço tubulares em Jucuri e Pedra Grande.


Fonte: O Poti, 1956, p. 16.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

CARACTERIZAÇÃO DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU A ÉPOCA DA CHEGADA DA FERROVIA

           São José de Mipibu foi a primeira cidade do interior do Rio Grande do Norte onde se construiu uma estação ferroviária e segunda no estado se consideramos a de Natal.

Prosseguimento dos trabalhos e inauguração do primeiro trecho da EFNNC
            Prosseguiam com notável andamento os trabalhos da Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz com mais de 3 léguas de trilhos assentados esperando que em breve se alcançasse a florescente cidade de São José de Mipibu. Estavam sendo empregados nas obras cerca de 2.000 trabalhadores (REVISTA DE ENGENHARIA, 1880, p.15).
            O trecho entre Natal e São José de Mipibu foi inaugurado em 28 de setembro de 1881, sendo o primeiro trecho de uma ferrovia inaugurado no Rio Grande do Norte.

Descrição do primeiro trecho
            Tinha duas estações e 3 paradas, os trilhos eram de aço Bessemer do sistema Vignole-patin, os dormentes de madeira de lei e 50.000 de pinho resinoso americano. Não havia obras de artes importantes nessa seção, no entanto haviam 3 pequenas pontes, 51 pontilhões e bueiros e 20 guarda-gados [?].
            O material rodante nesta primeira seção estava composto por 4 locomotivas, sendo 3 da fábrica Neilson, de Glasgow e uma Baldwin. Os carros para passageiros eram do sistema americano. Nos carros de primeira classe a capacidade era para 35 passageiros, já nos de 2ª classe 36. Os carros para cargas eram ingleses com capacidade para 6 toneladas (REVISTA DE ENGENHARIA, 1881, p.15).
            O trafego provisório e de lastro estendia-se até o km 106. A companhia desta estrada de ferro era representada pelo engenheiro Rigby e o engenheiro fiscal Coelho Cintra. O chefe da estação foi citado apenas com o nome de Leonardo (ALMANAQUE ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO, 1885, p. 785).A estação fora construída no subúrbio da cidade como era de praxe a época quando se construía ferrovias.

 São José de Mipibu a época da chegada da ferrovia
            Eis seguir como estava caracterizada a cidade de São José de Mipibu à época da chegada da ferrovia em seu território.
            A sede municipal gozava do predicativo de cidade desde 1845, localizada na margem esquerda do rio Trairi ao pé de uma colina no vale do Capió. O município era divido em duas zonas, o agreste proprio para a agricultura e o sertão destinada a criação de gado, as duas zonas, no entanto, prestavam as respetivas atividades.
            A economia estava baseada na cultura do algodão, açúcar e cereais. Havia a fabricação de borracha da mangabeira, o qual estava dando resultados satisfatórios.
            A população estava estimada em 12 mil habitantes, era sede de comarca, havia 6 escolas de ambos os sexos e uma escola de latim e francês, compreendia duas freguesias: São José de Mipibu e Papari.
        Haviam 9 professores entre públicos e particulares, 2 padres, um pároco e um vigário, 4 advogados, 5 alfaiates, 29 fazendeiros, 3 ferreiros, 4 padarias, 8 pedreiros, 5 sapateiros, 14 comerciantes de secos e molhados, 3 seleiros, 7 negociantes de fazendas e miudezas (ALMANAQUE..., 1885, 784).
            A estação ferroviária de São José de Mipibu foi demolida em meados da década de 1990.

Fonte:

ALMANAQUE ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO, 1885. REVISTA DE ENGENHARIA, 1881

A CRIAÇÃO DA PARÓQUIA DE PAPARI (NÍSIA FLORESTA-RN)

        Um requerimento para a criação da freguesia de Papari foi arquivado em 1827, o conselho administrativo da província decidiu que não havia necessidade da criação da paróquia (ANAIS DO PARLAMENTO BRASILEIRO, 1827 p. 207). A população, no entanto, não desistiu da intenção de se criar a freguesia.
            A comissão eclesiástica do parlamento analisou o requerimento dos moradores da povoação de Papari, na província do Rio Grande do Norte, o qual expunha a necessidade de elevar a dignidade de igreja paroquial a capela de Nossa Senhora do Ó desmembrando-a da matriz de Sant’Ana da vila de São José de Mipibu.
            Segundo constava no requerimento a população alegava que a mais de 30 anos trabalhavam nessa pretensão na qual não haviam logrado êxito, tendo sido feitas muitas representações e suplicas fervorosas as autoridades eclesiásticas competentes e também as autoridades civis.
            O conselho geral havia tomado conhecimento da representação da vila de São José de Mipibu em 26/01/1831, onde, baseada nas reclamações do povo, na qual propunha ao parlamento nacional e a assembleia provincial a criação da freguesia de Papari.
            A proposta foi aceita na câmara dos deputados porem rejeitada no senado, o qual gerou na população uma sensação de descontentamento “superior a toda expressão”.
            Alegando as necessidades espirituais, os eleitores e habitantes de Papari, valendo-se do direito que a constituição do império lhes garantia, se animaram a apresentar novamente o pedido para a criação de freguesia.
             A comissão eclesiástica atenta a religiosidade do povo de Papari, assim como a modéstia, perseverança e luta diuturna para conseguir tal intento, julgou atendíveis  as razões apresentadas para a criação da freguesia, pela natureza do objeto, pelo direito que lhes garantia a constituição, pela diuturnidade de seus sofrimentos dos seus males e por ter havido o projeto votado pelo conselho geral da província e não podendo a comissão deixar de ser insensível a sorte dos suplicantes [o povo] que “não devem merecer à esta augusta câmara menor consideração  e desvelo do que outros pontos do Brasil” era de opinião que fosse deferido de pronto o requerimento para que fosse criada a freguesia de Nossa Senhora do Ó em Papari.

Criação
            Conforme consta nos Anais do Parlamento Brasileiro (1833, p. 94 ) assim a Assembleia Geral Legislativa resolveu:
Art. 1º- Fica desmembrada da matriz de Sant’Ana da vila de São José de Mipibu e elevada à igreja paroquial a capela de Nossa Senhora do Ó da povoação de Papari.
Art. 2º- A Câmara municipal respectiva lhe fixará os limites mais análogos e adaptados as circunstâncias locais, proporcionado e harmonizando, quando for possível, os interesses e comodidades dos paroquianos de uma e outra freguesia.
Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário.

            A lei fora assinada no Paço da Câmara dos Deputados em 10 de julho de 1 833.Assinada por Francisco de Brito Guerra, Antônio Maria de Moura e Manoel Inácio de Carvalho.
            Aprovada a resolução a mesma foi determinada a imprimir-se. A regência em nome do Senhor Dom Pedro II consentiu.

A matriz
            A matriz de Nossa Senhora do Ó, padroeira do município de Nísia Floresta, outrora Papari, teve sua construção iniciada em 1735 e concluída em 1756, pelos padres Capuchinhos italianos. A igreja conserva sua arquitetura barroca original. A imagem da padroeira chegou ao município trazida pelos colonizadores que se estabeleceram em  Papary em meados do século XVII.


Igreja Matriz de Nísia Floresta, 2015. João Batista dos Santos

Aspecto interno da igreja matriz de Nísia Floresta, 2015.João Batista dos Santos

Imagem da Nossa Senhora do Ó, padroeira de Nísia Floresta, 2015.João Batista dos Santos.




Fonte: Anais do Parlamento Brasileiro, Rio de Janeiro, 1827, 1833.