São José de Mipibu foi a primeira
cidade do interior do Rio Grande do Norte onde se construiu uma estação
ferroviária e segunda no estado se consideramos a de Natal.
Prosseguimento dos trabalhos e inauguração do primeiro trecho da EFNNC
Prosseguiam
com notável andamento os trabalhos da Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz com
mais de 3 léguas de trilhos assentados esperando que em breve se alcançasse a
florescente cidade de São José de Mipibu. Estavam sendo empregados nas obras
cerca de 2.000 trabalhadores (REVISTA DE ENGENHARIA, 1880, p.15).
O
trecho entre Natal e São José de Mipibu foi inaugurado em 28 de setembro de 1881,
sendo o primeiro trecho de uma ferrovia inaugurado no Rio Grande do Norte.
Descrição do primeiro trecho
Tinha
duas estações e 3 paradas, os trilhos eram de aço Bessemer do sistema
Vignole-patin, os dormentes de madeira de lei e 50.000 de pinho resinoso
americano. Não havia obras de artes importantes nessa seção, no entanto haviam
3 pequenas pontes, 51 pontilhões e bueiros e 20 guarda-gados [?].
O
material rodante nesta primeira seção estava composto por 4 locomotivas, sendo
3 da fábrica Neilson, de Glasgow e uma Baldwin. Os carros para passageiros eram
do sistema americano. Nos carros de primeira classe a capacidade era para 35
passageiros, já nos de 2ª classe 36. Os carros para cargas eram ingleses com
capacidade para 6 toneladas (REVISTA DE ENGENHARIA, 1881, p.15).
O
trafego provisório e de lastro estendia-se até o km 106. A companhia desta
estrada de ferro era representada pelo engenheiro Rigby e o engenheiro fiscal
Coelho Cintra. O chefe da estação foi citado apenas com o nome de Leonardo (ALMANAQUE
ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO, 1885, p. 785).A
estação fora construída no subúrbio da cidade como era de praxe a época quando
se construía ferrovias.
São José de Mipibu a época da chegada da ferrovia
Eis
seguir como estava caracterizada a cidade de São José de Mipibu à época da
chegada da ferrovia em seu território.
A
sede municipal gozava do predicativo de cidade desde 1845, localizada na margem
esquerda do rio Trairi ao pé de uma colina no vale do Capió. O município era
divido em duas zonas, o agreste proprio para a agricultura e o sertão destinada
a criação de gado, as duas zonas, no entanto, prestavam as respetivas
atividades.
A
economia estava baseada na cultura do algodão, açúcar e cereais. Havia a fabricação
de borracha da mangabeira, o qual estava dando resultados satisfatórios.
A
população estava estimada em 12 mil habitantes, era sede de comarca, havia 6
escolas de ambos os sexos e uma escola de latim e francês, compreendia duas
freguesias: São José de Mipibu e Papari.
Haviam
9 professores entre públicos e particulares, 2 padres, um pároco e um vigário,
4 advogados, 5 alfaiates, 29 fazendeiros, 3 ferreiros, 4 padarias, 8 pedreiros,
5 sapateiros, 14 comerciantes de secos e molhados, 3 seleiros, 7 negociantes de
fazendas e miudezas (ALMANAQUE..., 1885, 784).
A estação ferroviária de São José de Mipibu foi demolida em meados da década de 1990.
Fonte:
ALMANAQUE ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E
INDUSTRIAL DO RIO DE JANEIRO, 1885. REVISTA DE ENGENHARIA, 1881
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