terça-feira, 28 de maio de 2019

A INAUGURAÇÃO DA CAPELA DE BARCELONA



Segundo o jornal A Ordem revestitu-se de grande brilho e fervor religioso por parte da população de Barcelona, então distrito de São Tomé, a inauguração da Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira daquela localidade que ocorreu no dia 02/07/1942.
A construção da capela foi dirigida pelo Sr. Pedro Azevedo Maia e sua digna consorte dona Maria Aquelina Azevedo Maia, com o concurso de outras pessoas do município, tendo o Sr. Joaquim Lourenço de Carvalho ofertado a imagem de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, o Sr. Pedro Azevedo o altar e banqueta.
A instalação elétrica foi presenteada pelo aspirante Liberato de Azevedo Maia, cabendo a ornamentação ao Sr. Francisco de Assis Maia, senhorinhas Iolanda Maia, Teresinha Maia e d. Ana Bezerra Maia.
No dia da benção Capela houve missa solene celebrada pelos padres Bianor Aranha, Antonio de Melo Chacon e Alair Vilar, acompanhada da orquestra Schola Cantorum da Juventude Feminina Catalólica-JFC de Santa Cruz, regida pelo maestro Felinto Lucio e senhorinha Nanita Ferreira, respectivamente.
A solenidade estiveram presentes os Srs. Odorico Ferreira, prefeito de Santa Cruz, Florêncio Luciano, prefeito de Parelhas, Antonio Ferreira, dr. Queirno  Maia, Pedro Azevedo, o prefeito de São Tomé, Sr. Sergio Paiva, além de grande número de convidados e dos municípios circunvizinhos.


 Fonte: A Ordem, 12/07/1942, p.2.


                                            Igreja de Barcelona




A DIOCESE DE MACAU



Prolegômenos
Houve um tempo, num passado distante, em que a Igreja Católica cogitou criar o bispado de Macau, na região salineira do estado, a qual seria a quarta diocese do território potiguar. Como se sabe atualmente há apenas três circunscrições eclesiásticas no Rio Grande do Norte, a saber: Arquidiocese de Natal e as Dioceses de Caicó e Mossoró, as três formam a província eclesiástica do Rio Grande do Norte. Em ordem de grandeza territorial e populacional está a Arquidiocese de Natal,seguida pela Diocese de Mossoró e a Diocese de Caicó cabe o posto de ter a menor configuração territorial e populacional.

A Diocese de Macau
Pois bem, a ideia da criação da Diocese de Natal surgiu quando assumiu a Arquidiocese de Natal, Dom Nivaldo Monte em 1967.
Naquele ano pela segunda vez esteve reunida em 13/10/1967 a comissão Pró-Criação da Diocese de Macau, sob a presidência do padre João Penha, da paróquia de Macau, que fez uma exposição sobre o assunto mostrando em entendimento que vem mantendo com o arcebispo dom Nivaldo Monte, Companhia de Comércio e Navegação, industriais salineiros, comércio, paróquias da região, alem de órgãos de classe e elementos interessados na criação da nova diocese.
         Esteve presente a reunião o escritor Manoel Rodrigues de Melo que enfatizou a importância da criação da Diocese macauense, hipotecando solidariedade e pronto que fosse fundada imediatamente o Comitê Pró-Criação da Diocese de Macau a fim de trabalhar em consonância com os desejos e aspirações das autoridades eclesiásticas e do povo católico daquela região.
         Uma nova reunião foi marcada para o dia 19/10/1967 as 20h00 no auditório da Academia Norteriograndense de Letras quando seria fundado o Comitê Pró-Construção da Diocese de Macau (DIÁRIO DE NATAL, 14/10/1967,p.3).
Em sessão realizada na Academia Norte-riograndense de Letras, a qual compareceram  parte da colônia macauense residente em Natal, foi fundado no dia 20/10/1967 o Comitê Central Pró-Criação da Diocese de Macau. A sessão foi presidida pelo escritor Manoel Rodrigues, que depois de explicar os objetivos da solenidade concedeu a palavra ao padre João Penha, vigário de Macau, que fez uma exposição sobre o assunto.

O comitê
Depois da explanação do padre Penha, mostrou a necessidade da criação do Comitê ocorreram debates em torno do assunto, concluídos com a fundação do referido órgão que passou a ser constituído pelas seguintes pessoas: Hernani Silveira,Raul Ramalho, Manoel Rodrigues de Melo, Sadoque Albuquerque,Hélio Bezerra, Maria Dourado, Safira Fernandes, Nair Carneiro da Cunha, Núbia Pinheiro Costa, Magnólia Fernandes Wnaderley e Anaide Dantas (O POTI, 22/10/1967,p.3).
Foi marcada uma reunião para o dia 25/10/1967 onde haveria a escolha das comissões de trabalho.E parou por ai essa primeira iniciativa.

     Aspectos da praça da Conceição em Macau em 1974
Fonte: Revista Cruzeiro, 1974.

         O assunto só volta a circular nas páginas dos jornais de Natal somente em 1979. “Vai mesmo sair a Diocese de Macau”, segundo a informação que circulava nos corredores da Arquidiocese de Natal. Por coincidência este era o grande sonho do Monsenhor Honório. (DIÁRIO DE NATAL, 12/01/1979, p.2).
As autoridades locais, partindo do chefe do executivo, estavam elaborando um documento de congratulações com o Arcebispo dom Nivaldo Monte pela criação da Diocese de Macau. O conteúdo ainda não havia sido revelado, mas as autoridades esperavam divulgar após a assinatura do documento mostrando satisfação com a decisão do Arcebispo Metropolitano.
Uma curiosidade que vinha tomando conta dos fieis era com relação a quem seria indicado Bispo de Macau. Dom Nivaldo monte ainda não havia se manifestado sobre isso. (DIÁRIO DE NATAL, 15/02/1979, p.18).
No principio do ano, o Arcebispo Metropolitano, dom Nivaldo Monte havia anunciado a criação da Diocese de Macau. Passados 6 meses, não mais se falava no assunto.Por que? A proposição foi esquecida pelas autoridades eclesiásticas? É hora de uma movimentação por parte da própria comunidade em se reunir para cobrar a instalação da Diocese de Macau, uma vez que o município está obrigado a crescer dentro dos seus vários aspectos. (DIÁRIO DE NATAL, 26/06/1979, p.19).
Conforme indicado no jornal O Poti “depois de manter contato com os macauenses residentes em Natal com o objetivo de solicitar participação para a formação do patrimônio da futura Diocese de Macau, o padre Penha, juntamente com o padre Inácio de Loiola Bezerra, irá manter contato aqui em Macau com os cristãos com o mesmo objetivo. Todos os católicos estão torcendo para a instalação da Diocese em Macau e aguardam, como foi prometido a visita do Arcebispo Metropolitano Dom Nivaldo Monte, que há muito não vem a Macau”.(O POTI, 28/10/1979, p.22).
No dia 17/11/1979 o Comitê Pró-Diocese de Macau esteve reunido em Natal, no Instituto de Teologia Pastoral-ITEPAN, com o objetivo de discutir pontos básicos da criação da Diocese de Macau. O padre João Penha filho, disse que “sempre temos contado com os macauenses residentes em Natal para nossas reuniões realizadas na capital do Estado”(O POTI,18/11/1979, p.23).
Crescia a cada dia os movimentos que defendiam e incentivavam a criação da Diocese de Macau. Os católicos macauenses continuavam aguardando a visita do Arcebispo Metropolitano, dom Nivaldo monte, enquanto que até o final do ano deveria ser adquirida a residência episcopal com a ajuda do governo do estado. (DIÁRIO DE NATAL, 28/11/1979, p.17).
         No dia 02/12/1979 com a participação de inúmeros fieis que lotaram o patamar da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, os padres Inácio de Loyola Bezerra, vigário episcopal e João Penha Filho promoveram reunião para tratar junto a comunidade católica macauense das providencias necessárias para a criação da Diocese de Macau. O Arcebispo Metropolitano, Dom Nivaldo Monte, também iria a cidade tratar do mesmo assunto com o povo que vinha demonstrando participação assídua para auxilio decisivo na criação do bispado da região salineira. ( DIÁRIO DE NATAL, 05/12/1979, p.17).
         Na ocasião de sua visita a Macau, o Arcebispo Metropolitano, dom Nivaldo monte, tratou da criação da Diocese de Macau, fato que deixou os macauenses eufóricos e agradecidos pelo esforço que aquela autoridade eclesiástica vinha desenvolvendo para tornar realidade o sonho dos católicos locais e da região. Dom Nivaldo Monte foi bastante aplaudido pela grande multidão que se acotovelou no patamar da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição. Os padres Inácio de Loyola Bezerra e João Penha filho se mostraram bastante satisfeitos com a receptividade oferecida pelos católicos macauenses ao Arcebispo. (DIÁRIO DE NATAL, 29/12/1979, p.12). Por sua vez Dom Nivaldo Monte ficou muito feliz com a receptividade recebida por ocasião de sua visita a cidade de Macau. (DIÁRIO DE NATAL, 03/01/1980, 12).
         Duas residências estavam na mira par servir de residência episcopal par ao futuro bispo de Macau. Uma comissão da comunidade iria ser formada para se tornar responsável pela definição de uma das residências que seria adquirida pelo governo do Estado, Lavosier Maia, que afirmou a pretensão em prestar sua colaboração decisiva para a constituição de parte do patrimônio da futura Diocese de Macau com a aquisição da residência episcopal. (DIÁRIO DE NATAL, 18/10/1979,p.17).
         Em 25/10/1979 os bispos da Província Eclesiástica do Rio Grande do Norte estariam reunidos na cidade de Caicó onde uma das pautas do encontro seria a criação da Diocese de Macau. (DIÁRIO DE NATAL, 20/10/1979, p.13).  O padre João Penha promoveu uma reunião no dia 27/10/1979 na capela do Campus Universitário da UFRN com o Comitê pró-instalação da Diocese de Macau. (DIÁRIO DE NATAL, 27/10/1979, p.15).
         Segundo informações do padre Penha, estava havendo uma grande receptividade dos macauenses residentes em Natal para uma participação assídua em busca da formação de um patrimônio para a futura Diocese de Macau.
         Ainda naquele ano seria realizada uma assembleia popular quando se esperaria o comparecimento de um grande número de cristãos católicos que seriam cientificados das providencias básicas para a criação da Diocese de Macau.
A criação da Diocese de Macau tomava maior corpo ao receber apoios decisivos, a exemplo do pronunciamento do padre Collard, diretor do jornal francês Dinamche, que se prontificou a ajudar a futura Diocese.
         Sobre a criação da Diocese de Macau, dom Camine Rocco, Núncio Apostólico no Brasil, deveria tratar do assunto com o arcebispo metropolitano dom Nivaldo Monte que por sua vez também teria visita marcada a Macau,s em data ainda definida, já o Núncio apostólico deveria chegar ao estado em 28/12/1979. (DIÁRIO DE NATAL, 17/11/1979, p.17).
Na programação religiosa da festa de Nossa Senhora da Conceição marcava uma grande movimentação com a participação dos fiei, os padres Inácio de Loiola Bezerra e João Penha Filho aproveitaram os constantes contatos com os católicos macauenses para promover uma conscientização em torno de uma participação assídua em torno da criação da Diocese de Macau. Bem aproveitada para a visita do arcebispo metropolitano, Dom Nivaldo Monte a Macau, marcando um reencontro com os católicos macauenses. (O POTI, 02/12/1979, p.23).
         Os padres Inácio de Loyola Bezerra e João Penha Continuavam conclamando os fieis católicos a colaborarem com a formação do patrimônio da futura Diocese de Macau. Enquanto isso, providências básicas já estavam sendo tomadas em função da definição da residência episcopal. O governo do estado havia se prontificado a adquirir o imóvel que logicamente iria necessitar de reformas. (DIÁRIO DE NATAL,09/01/1980, p.13).
         Até o final do mês de março de 1980 se deveria saber a definição em torno da aquisição do imóvel que serviria de residência episcopal da futura diocese de Macau. A residência pretendida era de propriedade do Sr. Albino Gonçalves de Melo que pretendia vendê-la por Cr$ 1.500, 000,00.( DIÁRIO DE NATAL, 04/03/1980,p.14).O imóvel estava situado na rua São Jose, 54.Depois o proprietário apresentou proposta de Cr$ 2.500,000,00, que foi considerada alta, considerando-se que com esse valor se poderia se construir uma casa com a mesma finalidade.isso gerou impasse na definição da aquisição do imóvel.
       A baixo o imóvel da rua São José que foi cogitado ser adquirido para servir de residencia episcopal caso fosse criado o bispado de Macau.


Até a maçonaria entrou na campanha
         Por ocasião do II encontro Maçônico Norte-Riograndense que aconteceria entre dias 01 e 03/05/1980 o Lions Club de Macau, segundo afirmava seu presidente, Francisco Dantas de Araújo, estaria promovendo festa dançante com a participação de Ivanildo e seu sax de ouro, com renda revertida para a formação de patrimônio da futura Diocese de Macau. (O POTI,27/01/1980,p.6).

E os esforços pela criação da Diocese de Macau continuam
Não mais se falou na implantação da Diocese de Macau. Teria o assunto sido engavetado ou as providencias vinham sendo tomadas pelas autoridades eclesiásticas da Arquidiocese? Questionava o jornal citado, a verdade, era que a visita prometida pelo Arcebispo Dom Nivaldo monte não se concretizou as (DIÁRIO DE NATAL, 17/04/1980, p.13). Os católico macauenses continuavam aguardando ( a criação da Diocese e a visita de Dom Nivaldo).
A Câmara Municipal de Macau aprovou requerimento por unanimidade de votos encaminhando documento ao Núncio apostólico no Brasil, dom Carmine Rocco, solicitando a interferência daquela autoridade eclesiástica no sentido de que fosse oficializada a criação da Diocese de Macau, por ocasião da visita de Sua Santidade Papa João Paulo II ao Brasil.(DIÁRIO DE NATAL, 25/04/1980, p.13).
         Mesmo sem ser oficializada a criação de Diocese de Macau o Arcebispo Metropolitano dom Nivaldo Monte poderia apresentar petição a Santa Sé solicitando autorização para nomear o Bispo Auxiliar para Macau e adjacencias.
A ideia apresentada pelos padres da região foi bem recebida por Dom Nivaldo Monte que iria acionar a solicitação. Segundo o padre Inácio de Loyola Bezerra, vigário episcopal de Macau, mesmo sem a oficialização da criação da Diocese, Macau poderia ter o seu Bispo Auxiliar, o que significava passos mais largos para a efetivação do bispado. (DIÁRIO DE NATAL, 31/05/1980, p.11).
         O padre João Penha Filho afirmou que iria reativar os contatos para a criação da Diocese de Macau, assunto esse que não mais era ventilado pela Arquidiocese de Natal. Quando lançou a ideia em Macau e pediu a ajuda da comunidade católica, o padre Penha recebeu apoio irrestrito e a Arquidiocese de Natal afirmava que o objetivo seria atingido. Depois o assunto entrou no esquecimento e nenhum autoridade da Igreja no Estado deu qualquer explicação.Muitos católicos cobravam explicações e até aquele momento nada foi dito.Mas o padre Penha garantia que iria realizar novas investidas. (DIÁRIO DE NATAL, 29/06/1983, p.6).

Quem vai falar sobre a implantação da Diocese de Macau?
         O assunto vinha recebendo um verdadeiro balde de gelo que já estava do tamanho de um iceberg gigante. Faltava alguém que ajudasse o padre Penha a conquistar este benefício que prometido pela Arquidiocese, dizia o citado jornal (DIÁRIO DE NATAL, 28/08/1983, p.11).
         No entanto o padre João Penha continuava com seus esforços no sentido de se criar o bispado de Macau procurando animar e conscientizar o povo sobre o assunto.
Na celebração da missa para os romeiros que iam a Canindé-CE, o padre Penha voltou a pedir que os fieis rezassem pela criação da Diocese de Macau. Há muito tempo que a Arquidiocese na falava sobre o assunto. (O Poti, 12/10/1980, p.23).
         Não mais falou-se na criação da Diocese de Macau.Estava criado o impasse: D. Nivaldo dizia que criaria a Diocese de Macau quando o Governo Estadual adquirisse a residência episcopal, já o governo dizia que aquriria a residência após a criação da Diocese.Finalmente, perguntava-se: será que o importante para a criação da Diocese não é a missão pastoral? A família cristã da região aguarda pronunciamento. (O POTI, 08/02/1981, p.24).
         Há tempos não se falava sobre a implantação da Diocese de Macau. Já era hora da Arquidiocese se pronunciar sobre o assunto uma vez que a população local tinha se mostrado interessada em tomar conhecimento dos acontecimentos, questionava o jornalista Bosco Afonso. (O POTI,22/03/1981, p.23).
No dia 06/09/1982 na quadra do Centro de Educação Integrada Monsenhor Honório houve a promoção social do Grupo de Escoteiros Guy de Laringaude e Companhia de Bandeirantes, visando angariar recursos financeiros para compor o patrimônio da futura Diocese de Macau.
         O padre Penha estava empenhado na realização dessa promoção social e fazia apelo para que a comunidade participasse ativamente visando adquirir recursos financeiros para a futura Diocese. (O POTI, 05/09/1982,p.22).
         O referido jornal ainda questionava a possibilidade se instalar a Rádio Rural de Macau quando da criação do bispado macauense.
         Dona Didi Macedo estava mantendo contatos com macauenses residentes em Natal objetivando conseguir apoio financeiro da colônia macauense visando criar o patrimônio da futura Diocese de Macau. Seria oportuno que os próprios católicos integrassem na comissão financeira os recursos para a formação do patrimônio desejado. (O POTI, 26/09/1982, p.13).

E não se falou mais na criação da Diocese de Macau
         E não mais se falou criação da Diocese de Macau. Por que? No inicio, graças a um movimento encabeçado pelo padre João Penha filho, os católicos macauenses e da região demonstraram nítida aprovação e participação para a criação da Diocese de Macau. Só que o assunto não foi mais lembrado pelas autoridades eclesiásticas de nossa Arquidiocese. (O POTI, 22/05/1983, p.16).
Segundo O Poti a Arquidiocese de Natal silenciou completamente sobre a possível oficialização da criação da Diocese de Macau, embora os católicos macauenses estivessem, ainda, aguardando um pronunciamento explicando até porque as autoridades eclesiásticas do Estado foram as primeiras a mostrar a viabilidade da criação da Diocese de Macau.
O assunto surgiu a cerca de dois anos e recebeu o total apoio da comunidade católica de Macau e das demais comunidades polarizadas por este município.Só que o assunto morreu no seu nascedouro, sem qualquer explicação convincente ou não.E os católicos vinham cobrando, principalmente do padre Penha que iniciou o movimento a nível local, uma explicação para o fim do movimento que tomava as providencias para a criação da Diocese de Macau.
Por sua vez o padre Penha dizia que a Arquidiocese de Natal vinha demonstrando total interesse na criação da Diocese de Macau. ”O que precisa diz o Pe. Penha, é que haja uma maior união dos católicos macauenses em busca da conquista.Em Macau começa a surgir um novo movimento entre os católicos para reivindicar mais concretamente a Diocese.Já a Colônia macauense residente em Natal, também busca uma unificação em torno da conquista.Vamos marcar uma data para a primeira reunião com a colônia macauense em Natal, e conscientizar a todos de que , agora, a Diocese de Macau seja realmente criada, pois esta é o desejo de todos”. (O POTI, 03/07/1983, p.23).
         E a criação da Diocese de Macau, quem há de falar por ela? Vamos torcer para que as energias do padre João Penha sejam renovadas para continue a lutar pela implantação da Diocese de Macau, que já se tornou um sonho de todo macauense católico. (O POTI, 17/07/1983, p.16).
Ainda não houve quem se pronunciasse em relação da Diocese de Macau que anteriormente foi tão badalada. É preciso que haja um movimento da própria comunidade de auxilio aos pleitos formulados pelo padre João Penha filho relacionado com a implantação da Diocese de Macau, sonho de todos os católicos macauenses que aguardam com ansiedade o pronunciamento das autoridades eclesiásticas do Rio Grande do Norte, segundo o jornalista Bosco Afonso. (O POTI, 24/07/1983, p.10).

Nem Macau, nem Assu
Macau estava ameaçada de ficar sem sua Diocese que poderia ser deslocada para Assú, segundo afirmações do Arcebispo Dom Nivaldo monte ao ser convidado pelo presidente do Centro Macauense de Natal, Albimar Gonçalves de Melo, para proferir palestra no CEMANA, abordando a implantação da Diocese de Macau. Para o Arcebispo Metropolitano, “ o povo de Assú está mais interessado em forma o patrimônio de sua futura Diocese que o de Macau”.
         Enquanto isso, o padre João Penha filho, um dos grandes lutadores pela implantação da Diocese de Macau e grande incentivador para que Macau não continue a perder sua hegemonia na região como vem acontecendo atualmente, comunicava que abriu uma conta bancária na agencia do BANDERN, em Natal, para deposito daqueles que desejassem contribuir para o patrimônio da futura Diocese. (O POTI, 20/11/1983, p.28).
         O que teria acontecido para que o assunto em torno da criação do bispado de Macau caísse no esquecimento? O impasse em torno da aquisição da residência episcopal? Tentativa de boicote por parte de alguns padres que não queriam a divisão do território da Arquidiocese? A falta de apoio popular em Macau? A entrada de Assu como pretensa sede ao bispado? São questionamentos possíveis, entre outros.
  Em  seu livro “25 anos depois” o padre João Penha filho ao enfocar a necessidade da implantação da Diocese de Macau disse: “hoje Macau possui o Centro Regional de Ensino Superior[...] o povo de Macau é feliz.Apesar das muitas injustiças que tem sido praticadas contra esse povo, ele aspira a perfeição.
         E prosseguia: Maior produtor de sal do Brasil, produtor de petróleo, com a fábrica de barrilha prestes a funcionar,com a perspectiva da indústria das Águas-Mães,s endo o maior produtor de camarão do Brasil, Macau se angustia desejando o seu progresso espiritual.Por isso, o povo de Macau pensa na sua Diocese.Lembro-me quando D. Nivaldo monte era ainda padre Nivaldo, Capelão do Colégio das Neves, e eu já padre, ajudando ainda a sua missa, ele me dizia: vamos criar a Diocese de Macau, e eu vou ser bispo lá.Hoje, Arcebispo de Natal, D. Nivaldo por duas vezes entusiasmou-se pela criação da Diocese de Macau.
         Partindo para esclarecer que havia interesses em boicotar a implantação da Diocese de Natal, padre Penha disse no referido livro: -“Mas há padres de importância, que não sei porque, procuram atrapalhar a vida da igreja.E até hoje a Diocese não saiu.Fala-se na necessidade de um Palácio Episcopal,na formação de um patrimônio... não me conformo com nada disso.Jesus Cristo quando quis salvar o mundo teve por palácio uma estrebaria.Se realmente há necessidade de fazer Macau Diocese por necessidade pastoral, por que não o fazer? A igreja de hoje não é a igreja dos pobres?”.
         E finalizando seu relato sobre a criação da Diocese de Macau disse o padre Penha: -“Que venha o bispo! Posso jurar que ele não morrerá de fome.Que terá condições de trabalhar com a ajuda do povo se nãos e comprometer com as multinacionais.fui padre durante muitos anos em Macau e fiz muita coisa com os operários sem precisar de projetos mirabolantes para o exterior.Sei que dinheiro tem vindo para Macau, e muito de fora, em nome da Igreja nem os pobres conhecem sequer, a sombra desse dinheiro.Por isso fazemos um apelo ao Sr. Arcebispo em nome dos jovens e dos pobres de Macau – Crie a Diocese de Macau e não se arrependerá.Assim o povo de Macau lhe será sempre reconhecido,e apagará de sua mente qualquer magoa que porventura ainda exista”(DIÁRIO DE NATAL, 14/02/1984,p.6). A entrevista do padre Penha foi dada ao jornalista Bosco Afonso.
E a implantação da Diocese de Macau quem haveria de falar sobre o assunto. Os apelos continuavam existindo e os católicos macauenses continuavam esperando uma definição sobre o assunto.
No fim das contas o assunto morreu e até hoje não se fala em ressuscitar nem esta e nem a criação de outra diocese no território potiguar, é um assunto que não agrada as autoridades eclesiásticas que sabem das inúmeras dificuldades existentes atualmente, sobretudo no campo pastoral, mas preferem fazer vistas grossas, levar com a barriga, se fingirem de doidos, ou qualquer outra expressão que denotem falta de interesse em criar novas dioceses no Rio Grande do Norte. Com isso só quem perde é o povo.
A baixo a matriz de Nossa Senhora da Conceição em Macau que seria elevada a dignidade de catedral se o bispado tivesse sido criado.





Para além das criticas
         Como não podemos apresentar criticas sem soluções, eis as nossas sugestões para o problema eclesiástico potiguar.

Retomar o projeto da Diocese de Macau
         O projeto da Diocese de Macau poderia ser retomado tendo o território da nova diocese formado pelos municípios e paróquias da região salineira como o fora pensado no passado.

A diocese de João Câmara
         Poderia ser criada com território formado pelos municípios e paróquias da região do Mato Grande, com sede na cidade de João Câmara.A cidade de Ceará-Mirim seria consultada em referendo para decidir se ficaria na nova diocese ou se continuaria na Arquidiocese de Natal.

A diocese de Assú
         Seria formada pelos municípios e paróquias da região do vale do Assu e Central do estado, desmembrada dos territórios da Arquidiocese de Natal e da diocese de Mossoró, teria sede na cidade do Assú.

A diocese de Pau dos Ferros
         Desmembrada do território da Diocese de Mossoró, seria formada pelos municípios que orbitam em torno da cidade de Pau dos Ferros que seria a sede do bispado naquela região do oeste potiguar.
         Eis ai as soluções. Não custa nada sonhar, que é de graça.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

A LENDA DE SÃO TOMÉ EM NATAL



Quando os jesuítas chegaram ao Brasil encontraram entre os nativos indígenas várias lendas sobre a passagem de um profeta que teria passado em tempos antigos pelas terras da América do Sul, inclusive no Brasil, que teria ensinado a agricultura aos índios, entre outras coisas e que os índios o chamavam de Sumé ou Pai Sumé, que o jesuítas identificaram como sendo o apóstolo São Tomé.
No território brasileiro há diversos lugares que atestam a passagem do referido discípulo de Cristo imprimindo em alguns locais suas pegadas em rocha.
Há uma lenda que fala da passagem de São Tomé na região em séculos depois surgiria a cidade de Natal em 25/12/1599.
São Tomé teria vindo até o litoral nordestino arrastado pelas correntes marítimas e ventos propícios, quando deixou a ilha de São Tomé , litoral de Lebreville, hoje capital do Gabão, África Equatorial, bem em frente a Natal, Brasil do autor lado do Atlântico Sul.

Representação de São Tomé tocando o Cristo Ressuscitado

A margem direita do Potengi, o antigo rio dos Tapuias, num terreno elevado e firme, meia légua da Fortaleza dos Santos Reis Magos foi demarcada a cidade a cidade de Natal, tendo como limites ao sul o rio da bica, onde foi chantada uma cruz por marco. O norte, no sopé da ladeira (atual Avenida Junqueira Aires), foi colocada outra cruz.Ambas pelo passar dos séculos foram destruídas.Na veneração do povos, os restos do marco do sul revivem no local como ‘Santa Cruz da Bica”, num ato de veneração anual, todo primeiro dia de maio.ao derredor desse sitio, a cidade cresceu em direção da margem do Potengi, para o lado das dunas, parou.Só para o sul, ocorreria a maior expansão.Para o nascente, a Ribeira tocaria as ondas do Oceano Atlântico.
Nesse limitado espaço, na parte elevada foi erguida a capelinha em 1600 sob a invocação de Nossa Senhora da Apresentação, uns 400 metros para leste, já no sopé da colina (na Ribeira) existiu um manancial.Na laje circundante que lhe conferia o aspecto de cacimba, moldada em baixo relevo, havia a inusitada figura de um pé humano: o pé de São Tomé,lembrança de sua passagem ali para saciar a sede, certamente em companhia dos seus amigos nativos que viviam por perto.
Quem viu, ninguém sabe, quando foi, ninguém informa. É apenas expressão popular guardada na tradição regional,com variantes de interpretação, porque a “estória” vem de longe.
Uma dessas versões diz que no transcurso do tempo, na formação do arruado da primeira vila, depois cidade que surgiu e cresceu, o local em homenagem ao fato da marca do pé, recebeu o nome de cacimba de São Tomé, depois rua de São Tomé, ainda  hoje encravada entre o limite da transversal Juvino Barreto e da rua Auta de Souza.Apenas uns 150 por 30 metros de rua tranquila com casas de arquitetura antiga, algumas com frente para a Avenida Junqueira Aires.
No quintal da casa de nº 438, existia um cacimbão profundo.Desusado, tornou-se fossa.Com isso, enterrou-se a tradição de ter sido ele a cacimba do Santo Apóstolo.
A baixo o inicio da Rua São Tomé na Cidade Alta em Natal na confluência com arua Auta de Souza, por trás da Escola Estadual Winston Churchill. 




       A baixo o atual colégio Salesiano São José, antiga Vila Barreto, ao lado o muro de que fala Tarcísio Medeiros a cima onde diz que havia as cacimbas que deram origem a rua São Tomé.


        A baixo o inicio da Rua São Tomé na confluência com a Rua Juvino Barreto, vizinho ao muro do Colégio Salesiano 

Outra narrativa
Outra narrativa, baseada nos registros da toponímia pelos documentos de cessão da terra por séculos, diz Câmara Cascudo, que investigou e divulgou a lenda, com a seguinte versão:
- “A tradição de que São Tomé esteve no Brasil e deixou a impressão do pé em várias pedras no litoral é secular. Chamando-no Tomé ou Sumé e continua e inexplicável como se originou a lenda. Anterior a catequese poder-se-ia dizer porque os franceses encontraram-na na baia de Guanabara antes da missão Jesuitica”.
“ No Rio Grande do Norte a versão é antiquíssima.Podemos gabar-nos de uma pegada de São Tomé, há séculos. O capuchinhos Frei Claude d’Abbeville escrevia em 1912 dizendo se corrente na ilha do Maranhão a noticia de que um profeta deixara as marcas dos pés num rochedo próximo do rio Pititu que, é evidentemente, o Potengi, segundo a identificação de Rodolfo Garcia.
“Certo é que desde cedo tivemos na cidade de Natal uma paragem denominada São Tomé, ora aplicada a uma tapera onde teria vivido uma Maria ou a uma cacimba que fixaria as moradas ao redor, descendo a Ribeira”.
“O ajudante Matias Coresma requeria a 3 de julho de 1716[1] ao Senado da Câmara do Natal dizendo: queria ele suplicante fazer duas moradas de casa no sopé do oiteiro e caminho que vai a Ribeira desta cidade na parage aonde chamam a TAPERA DE MARIA DE SÃO TOMÉ.
A 02 de outubro de 1765 registra-se a doação passada a Matias Ferreira entre as casas que foram do Licenciado Manuel Pinto no caminho de Ribeira e “uma cacimba que xamão de São Tomé”.
Assim, segundo Câmara Cascudo, teve-se no século XVII, na época do povoamento mais intenso as duas formas da mesma parte da cidade.O oiteiro é a própria rua São Tomé, que herdou o nome dessa Maria, possivelmente apócrifa, ou da cacimba que veio as primeiras décadas do século XX.
Ainda segundo Câmara Cascudo, a verdadeira cacimba que deu origem ao nome da rua São Tomé, ficava dentro da propriedade de Juvino Barreto que, ao mandar murar a Vila Barreto, atual Colégio Salesiano, fez abrir outra cacimba, fora, e entregou a serventia pública.As duas cacimbas desapareceram.A rua São Tomé  teve esse nome em obediência a um topônimo já antigo na primeira metade do século XVII.
Alem disso nada mais pode ser dito por não ter sido registrado, na memória de lendas  mitos,outros contatos de gentes de outros Continentes com os primitivos habitantes da terra potiguar.
                O suposto pé de São Tomé em Salvador-BA


Fonte: Tarcísio Medeiros. Proto-história do Rio Grande do Norte, 1985, p.128-129.


[1] Dia em que se celebra a solenidade de São Tomé no calendário litúrgico da igreja católica.

A CLASSIFICAÇÃO DAS TRIBOS INDÍGENAS PELO TERRITÓRIO DO RN



Antes da colonização portuguesa habitavam apenas duas grandes nações de índios no território que atualmente é o estado do Rio Grande do Norte, que eram os tupis-guaranis e os cariris. Estas duas nações por sua vez se dividiam em diversas tribos.

Os tupis guaranis
Na época do descobrimento, os tupis-guaranis estavam espalhados por todo o litoral brasileiro, sendo os potiguares (petiguares ou pitiguares) habitando a faixa compreendida entre o rio Paraíba (no atual estado da Paraiba) e o rio Jaguaribe (no atual estado do Ceará), ultrapassando esse último, atingiram a região da serra de Ibiapaba chegando até o Maranhão, consequentemente já haviam habitado a então capitania do Rio Grande, atual território do Rio Grande do Norte.
         Esse tupis do Rio Grande do Norte foram chamados de petiguares (segundo historiador Luis Fernandes de Oliveira) ou pitiguares (segundo os historiadores Vicente Lemos, Tavares de Lyra e Luis da Câmara Cascudo) o termo equivale a Camarão (do latim cammārus,). No entanto, foi Câmara Cascudo, que no livro Nomes da Terra fixou o vocábulo Potiguares, atualmente vigente.
Os potiguares tinham aldeamento principal nas margens esquerda do rio Potengi e eram apelidados de comedores de camarão (Poti-guaras).Seu chefe mais conhecido foi Antonio Felipe Camarão, batizado na pia batismal da igreja de São Miguel e Nossa Senhora dos Prazeres na aldeia jesuítica de Guajiru, mas tarde denominada Estremoz. 
Foi agraciado com o brasão de armas, o titulo de ‘dom’, a terça, e comenda da Ordem de Cristo em 1633.Tinha o nome nativo de POTI que a tradição histórica consagrou por Camarão.


A baixo Retrato anônimo de Filipe Camarão, do século XVII, no Museu do Estado de Pernambuco



         O segundo grupo silvícola primitivos do território do Rio Grande do Norte além do rio Açu e sertão confrontante com a serra da Borborema e com o Cariri paraibano e cearense foi o grupo dos Cariris, cujo significado do termo é “tristonhos, calados, silenciosos”.
         Segundo lendas antigas e recontadas até pelo historiador Capistrano de Abreu teriam os cariris surgido de um lago encantado, descendo pelo rio Amazonas pelo litoral foram acossados pelos tupis, indo habitar o interior na serra da Borborema, dos Cariris Velhos e Cariris Novos, Vale do Açu e do Apodi, já no Rio Grande do Norte.


         Para os primeiros colonizadores os cariris eram um povo bruto, insabido, vivendo aos milhares ignorados, idioma e costumes diferentes dos tupis, entraram para a história pela violência e pelos sacrifícios que realizavam.

A classificação das tribos pelo território do RN
         Segundo Tarcísio Medeiros (1985) após 224 anos da colonização portuguesa é que foi possível fazer a classificação das populações nativas e, sobretudo fixar os locais onde se encontravam seus acampamentos onde viviam e constituíram seus habitat até sua extinção em meados do século XIX.

A classificação das tribos pelo território do RN
         Segundo Tarcisio Medeiros (1985) após 224 anos da colonização portuguesa é que foi possível fazer a classificação das populações nativas e, sobretudo fixar os locais onde se encontravam seus acampamentos onde viviam e constituíram seus habitat até sua extinção em meados do século XIX.

Onde habitaram os potiguares
         Habitando litoral desde a Paraiba até o Ceará, alargaram seus domínios de Natal para o sul do vale do Capió indo até os limites da capitania que era a praia dos Marcos em Baia Formosa.
         Os principais chefes conhecidos foram Pau Seco, Sorobobé e Ilha Grande, chefes dos Paiaguás que tiveram suas aldeias no território que atualmente se situam os municípios de Vila Flor, Canguaretama, Pedro Velho, Várzea e Espírito Santo.
        A tribo dos Jundiás ocuparam terras onde atualmente se situam Lagoa Salgada, Vera Cruz e bom Jesus.
      Os Guaraíras habitavam Arez, Nísia Floresta, São José de Mipibu, Macaíba, Parnamirim até Serra Caiada.
         Ao norte de Natal, informa ainda Tarcisio Medeiros, os legítimos potiguares da taba de Igapó (Aldeia Velha) comandavam aldeias em direção da Zona Salineira, cujo o líder era Poti (Dom Felipe Antonio Camarão).
Além da Redinha, Jenipabu, Estremoz, Ceará-Mirim até as ribeiras dos rios Açu e Apodi as tribos foram comandadas pelos tuxauas como Jacaúna, Surupeba, Jaguarari e Ibiratinim e outros da taba de Ibirapique.

Onde habitaram os Cariris
         Segundo Tarcisio Medeiros, salvo engano dele, foi possível localizar os Cariris habitando os territórios das seguintes zonas e municípios:

Seridó
Ariús ou areias: vindos da Paraíba, fizeram estada em Equador, Santana, Carnaúbas dos Dantas e Acari.
Cariris: também vindos da Paraíba habitaram em Ouro Branco, Florânia, São Vicente, Lago nova, Cerro-Corá.
Curemas: vindos igualmente como os anteriores da Paraíba, habitaram em Ipueira, São João do Sabugi, Serra Negra do Norte, parte de Caicó.
Icós: viveram em Jardim de Piranhas, Timbaúba dos Batistas, São Fernando e Jucurutu.
Pebas: Jucurutu, Santana do Matos, São Rafael, parte de Angicos e Lajes, no centro-norte, ao lado dos Janduis.
Caicós: viveram em Caicó, Florânia, parte de Cruzeta.

Chapada do Apodi
Paiacus: vindos do Ceará, índios corsos, tomaram posse em diversas épocas das terras que hoje são: Felipe Guerra, Apodi, Dix Sept Rosado.Em direção oeste-leste chegaram a Assú, Ipanguaçu e possivelmente ao centro-norte.
Cariris: parte da região de Assú, Upanema e Paraú.
Pajeús: Caraúbas, Olho D’Água dos Borges, parte de Campo Grande e Upanema.
Janduís: Janduis, Junco, parte de Campo Grande e na várzea do Açu.
Pegas: Campo Grande, sobretudo na Serra de João do Vale, estiveram também em Paraú e São Rafael, no centro-norte e ainda em Angicos e Lajes.
Moxorós: fugindo do Ceará, como também os canindés, fizeram aldeias em Mossoró, Areia Branca, Carnaubais, Pendências, Macau.
Caborés: Severiano Melo, Itaú, adentrando a zona serrana por Tabuleiro Grande e estiveram em Apodi.

Zona Serrana
Pacajus: Portalegre, Francisco Dantas, Viçosa, Riacho da Cruz e Encanto. Depois de 1761 um ramo dos Paiacus foram aldeados em Portalegre.
Panatis: habitaram em Pau dos Ferros, Encanto, Dr. Severiano, São Miguel, Rafael Fernandes.
Icós: Luiz Gomes, José da Penha, Marcelino Vieira, Pilões, Alexandria e arredores.

Paiins: Umarizal, Martins, Pilões, Lucrécia, Antonio Martins, João Dias. Misturam-se com os Janduis em Almino Afonso, Patu, Olho d’Água, Junco e Olho d’Água dos Borges.



Fonte: MEDEIROS, Tarcísio. Proto-história do Rio Grande do Norte, 1985, p. 89-91.


COLÉGIO NOSSA SENHORA DAS NEVES EM NATAL



O   Colégio Nossa Senhora das Neves foi criado em 1932 em Natal sob a direção das irmãs Filhas do Amor Divino que antes haviam iniciado suas atividades escolares em Assu e em Caicó (1926).
         O Colégio Nossa Senhora das Neves foi fundado em agosto de 1932 no bairro do Alecrim em Natal, iniciando suas atividades em fevereiro de 1933, em prédio alugado, na rua Fonseca e Silva, 1088.
         Foi escolhido o nome Colégio Nossa Senhora das Neves porque em 05/08/1932 recebiam as Religiosas em Caicó o telegrama do bispo Dom Marcolino Dantas, convidado-as a virem para a capital potiguar e por ser também a padroeira principal da casa matriz da Congregação das Filhas do Amor Divino em Viena, na Áustria.

A sede própria do Colégio Nossa Senhora das Neves
         O trabalho foi iniciado no prédio alugado, sem as acomodações necessárias.Mas era o preciso ir adiante.Dentro de alguns meses as religiosas alugaram mais duas residências particulares situadas na vizinhança.A obra estendia , com as bênçãos de Deus e a operosidade das esforçadas educadoras e o decidido apoio de Dom Marcolino Dantas.
      Urgia porém, construir um prédio próprio para o colégio, confortável, com acomodações indispensáveis a um internato feminino.
     Como fazê-lo sem dinheiro? As irmãs nada tinham trazido de Caicó e a casa matriz não podia mandar nenhum recurso.Mesmo sem recursos as Filhas do Amor Divino resolveram solucionar o problema.Ouviram os conselhos do bispo diocesano que as animou e entusiasmaram.
      Dentro em pouco tempo, com dinheiro emprestado, um magnífico terreno foi comprado na Praça Pedro Américo ao lado da igreja matriz de São Pedro no Alecrim.As religiosas não tinha dinheiro para pagar a confecção da planta. Foram a Dom Marcolino Dantas, que se fez de engenheiro e arquiteto para atendê-las levantando uma planta para o colégio com todos os requisitos da arte. 
     A baixo o projeto de Dom Marcolino Dantas para o novo prédio do Colégio Nossa Senhora das Neves


Fonte: A Ordem, 1935.
      Em 01/05/1935, o bispo Dom Marcolino Dantas e presentes várias autoridades, famílias, representantes da imprensa, procedeu a benção dos alicerces do novo prédio do Colégio Nossa Senhora das Neves.
A construção
         Dom Marcolino Dantas, que foi o autor da planta do Colégio Nossa Senhora das Neves, quis assumir também a direção da construção e pôs mãos a obra.
         Por meio de empréstimo para pagar com as rendas do colégio, donativos, aquisição de material com preço a baixo da tabela, um automóvel emprestado para carregar pedras e tijolos, um tanque de metal quase tomado de seu dono, um aparelhamento completo para um bomba d’água pertencente e Policlinica infantil, tudo isso para dá prosseguimento a construção do Colégio Nossa Senhora das Neves.Apenas alguns materiais de construção foram comprados com o preço normal de mercado.
        A baixo o novo prédio do Colégio Nossa Senhora das Neves em construção


O novo prédio do Colégio Nossa Senhora das Neves tinha capacidade para 500 alunas,sendo 150 internas.Depois de um ano e meio de trabalho, cheio de dificuldades porque feito sem recursos, eis que o Colégio Nossa Senhora das Neves pode se habitado, ainda que com apenas dois terço construídos. Em 1937 o Colégio Nossa Senhora das Neves contava com 17 irmãs, das quais 11 eram brasileiras, além de 3 professores contratados, que eram o mons. Alves Landim, o Pe. Calazans Pinheiro e o dr. Oscar Wanderley.
         Naquele ano mantinha o curso primário e complementar, comercial e seriado, todos fiscalizados pelas autoridades do ensino estadual e federal.
         Enquanto o bispo diocesano não nomeava o capelão do O novo prédio do Colégio Nossa Senhora das Neves tanto as irmãs como as alunas iam assistir as cerimônias na matriz de São Pedro.
         Em 15/02/1937 o ano letivo foi aberto já no prédio novo da praça Pedro Américo e em 01/03/1937 dava inicio aos cursos  comercial e seriado.
O curso seriado foi a grande novidade do Colégio Nossa Senhora  das Neves naquele ano de 1937 que até aquela data só o Atheneu e alguns colégios tinha tal curso, misto ou apenas para rapazes, o qual tinha por finalidade preparar candidatos as Escolas Superiores do País.
         Naquela época era inconcebível a “promiscuidade de moças e rapazes em nossas escolas secundárias como no Atheneu, por exemplo” (A ORDEM, 13/01/1937,p.1  p.4).Seria então resolvida a situação principalmente para as moças do interior do estado, pois o Colégio Nossa Senhora das Neves  acabava de ver oficializado o curso seriado, para internas e externas, de maneira a preparar também paras as faculdades as jovens que pretendiam seguir uma carreira em estudos de nível superior.O certificado teria o mesmo valor do Atheneu e pelos colégios oficiais de então.( A ORDEM, 13/01/1937,p.1  p.4).

                                Colégio Nossa Senhora das Neves



A primeira turma de contabilidade

         A primeira turma do curso de contabilistas do Colégio Nossa Senhora das Neves colou grau em 1940, tendo sido as contadorandas as seguintes senhorinhas: Alda Maranhão,  Geralda Oton de Araújo, Midia Reis, Alba Matos, Eunice Bezerra, Lenira Marinho, Maria da Glória Lisboa, Luiza Feitosa, Nair Bandeira, Josefa de Oliveira e Dulce Vale.
         A solenidade de formatura das referidas alunas habilitadas a função de guarda-livros constou do seguinte programa:
         As 07h00 foi celebrada uma missa pelo bispo Dom Marcolino Dantas aproximando-se da mesa de comunhão as neo-diplomandas e demais alunas do estabelecimento, a tarde, as 16h00 no auditório do referido colégio realizou-se a solenidade de colação de grau, com a presença do bispo diocesano, do interventor Federal, Rafael Fernandes, autoridades, famílias e representantes da imprensa.A solenidade teve como paraninfo o professor José Maia Mousinho, lente do Colégio Nossa Senhora das Neves, sendo oradora da mesma a senhorinha Geralda Oton de Araújo.(A ORDEM,07/12/1940,p.10).

                                           Colégio Nossa Senhora das Neves