Quando
os jesuítas chegaram ao Brasil encontraram entre os nativos indígenas várias
lendas sobre a passagem de um profeta que teria passado em tempos antigos pelas
terras da América do Sul, inclusive no Brasil, que teria ensinado a agricultura
aos índios, entre outras coisas e que os índios o chamavam de Sumé ou Pai Sumé,
que o jesuítas identificaram como sendo o apóstolo São Tomé.
No
território brasileiro há diversos lugares que atestam a passagem do referido discípulo
de Cristo imprimindo em alguns locais suas pegadas em rocha.
Há
uma lenda que fala da passagem de São Tomé na região em séculos depois surgiria
a cidade de Natal em 25/12/1599.
São
Tomé teria vindo até o litoral nordestino arrastado pelas correntes marítimas e
ventos propícios, quando deixou a ilha de São Tomé , litoral de Lebreville,
hoje capital do Gabão, África Equatorial, bem em frente a Natal, Brasil do autor
lado do Atlântico Sul.
Representação de São Tomé tocando o Cristo Ressuscitado
A
margem direita do Potengi, o antigo rio dos Tapuias, num terreno elevado e
firme, meia légua da Fortaleza dos Santos Reis Magos foi demarcada a cidade a
cidade de Natal, tendo como limites ao sul o rio da bica, onde foi chantada uma
cruz por marco. O norte, no sopé da ladeira (atual Avenida Junqueira Aires),
foi colocada outra cruz.Ambas pelo passar dos séculos foram destruídas.Na
veneração do povos, os restos do marco do sul revivem no local como ‘Santa Cruz
da Bica”, num ato de veneração anual, todo primeiro dia de maio.ao derredor
desse sitio, a cidade cresceu em direção da margem do Potengi, para o lado das
dunas, parou.Só para o sul, ocorreria a maior expansão.Para o nascente, a
Ribeira tocaria as ondas do Oceano Atlântico.
Nesse
limitado espaço, na parte elevada foi erguida a capelinha em 1600 sob a invocação
de Nossa Senhora da Apresentação, uns 400 metros para leste, já no sopé da
colina (na Ribeira) existiu um manancial.Na laje circundante que lhe conferia o
aspecto de cacimba, moldada em baixo relevo, havia a inusitada figura de um pé
humano: o pé de São Tomé,lembrança de sua passagem ali para saciar a sede,
certamente em companhia dos seus amigos nativos que viviam por perto.
Quem
viu, ninguém sabe, quando foi, ninguém informa. É apenas expressão popular
guardada na tradição regional,com variantes de interpretação, porque a “estória”
vem de longe.
Uma
dessas versões diz que no transcurso do tempo, na formação do arruado da
primeira vila, depois cidade que surgiu e cresceu, o local em homenagem ao fato
da marca do pé, recebeu o nome de cacimba de São Tomé, depois rua de São Tomé,
ainda hoje encravada entre o limite da
transversal Juvino Barreto e da rua Auta de Souza.Apenas uns 150 por 30 metros
de rua tranquila com casas de arquitetura antiga, algumas com frente para a
Avenida Junqueira Aires.
No
quintal da casa de nº 438, existia um cacimbão profundo.Desusado, tornou-se
fossa.Com isso, enterrou-se a tradição de ter sido ele a cacimba do Santo
Apóstolo.
A baixo o inicio da Rua São Tomé na Cidade Alta em Natal na confluência com arua Auta de Souza, por trás da Escola Estadual Winston
Churchill.
A baixo o atual colégio Salesiano São José, antiga Vila Barreto, ao lado o muro de que fala Tarcísio Medeiros a cima onde diz que havia as cacimbas que deram origem a rua São Tomé.
A baixo o inicio da Rua São Tomé na confluência com a Rua Juvino Barreto, vizinho ao muro do Colégio Salesiano
Outra narrativa
Outra
narrativa, baseada nos registros da toponímia pelos documentos de cessão da
terra por séculos, diz Câmara Cascudo, que investigou e divulgou a lenda, com a
seguinte versão:
-
“A tradição de que São Tomé esteve no Brasil e deixou a impressão do pé em
várias pedras no litoral é secular. Chamando-no Tomé ou Sumé e continua e
inexplicável como se originou a lenda. Anterior a catequese poder-se-ia dizer
porque os franceses encontraram-na na baia de Guanabara antes da missão
Jesuitica”.
“
No Rio Grande do Norte a versão é antiquíssima.Podemos gabar-nos de uma pegada
de São Tomé, há séculos. O capuchinhos Frei Claude d’Abbeville escrevia em 1912
dizendo se corrente na ilha do Maranhão a noticia de que um profeta deixara as
marcas dos pés num rochedo próximo do rio Pititu que, é evidentemente, o
Potengi, segundo a identificação de Rodolfo Garcia.
“Certo
é que desde cedo tivemos na cidade de Natal uma paragem denominada São Tomé, ora
aplicada a uma tapera onde teria vivido uma Maria ou a uma cacimba que fixaria
as moradas ao redor, descendo a Ribeira”.
“O
ajudante Matias Coresma requeria a 3 de julho de 1716[1] ao Senado da Câmara do
Natal dizendo: queria ele suplicante fazer duas moradas de casa no sopé do
oiteiro e caminho que vai a Ribeira desta cidade na parage aonde chamam a TAPERA
DE MARIA DE SÃO TOMÉ.
A
02 de outubro de 1765 registra-se a doação passada a Matias Ferreira entre as
casas que foram do Licenciado Manuel Pinto no caminho de Ribeira e “uma cacimba que xamão de São Tomé”.
Assim,
segundo Câmara Cascudo, teve-se no século XVII, na época do povoamento mais
intenso as duas formas da mesma parte da cidade.O oiteiro é a própria rua São Tomé,
que herdou o nome dessa Maria, possivelmente apócrifa, ou da cacimba que veio
as primeiras décadas do século XX.
Ainda
segundo Câmara Cascudo, a verdadeira cacimba que deu origem ao nome da rua São
Tomé, ficava dentro da propriedade de Juvino Barreto que, ao mandar murar a
Vila Barreto, atual Colégio Salesiano, fez abrir outra cacimba, fora, e entregou
a serventia pública.As duas cacimbas desapareceram.A rua São Tomé teve esse nome em obediência a um topônimo já
antigo na primeira metade do século XVII.
Alem
disso nada mais pode ser dito por não ter sido registrado, na memória de
lendas mitos,outros contatos de gentes
de outros Continentes com os primitivos habitantes da terra potiguar.
O suposto pé de São Tomé em Salvador-BA
Fonte:
Tarcísio Medeiros. Proto-história do Rio Grande do Norte, 1985, p.128-129.
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