quarta-feira, 5 de junho de 2019

A RÁDIO EDUCADORA DE NATAL


A Rádio Educadora de Natal-REN foi a primeira emissora de rádio do Rio Grande do Norte tendo sido instalada na capital potiguar.
         Sua história se inicia quando foi enviado ao governo do estado um oficio informando sobre a Sociedade que se criara para ser a mantenedora da referida emissora. Eis o teor do oficio:
Natal, 31 de janeiro de 1939.
Ilmo Sr.
Temos o prazer de comunicar a V.S que nesta data foi criada nesta Capita, uma sociedade civil denominada Rádio Educadora de Natal, tendo como o objetivo principal o estabelecimento de uma Estação de Radiodifusora.
         Sua diretoria efetiva cujos nomes se encontram abaixo, é de antemão, uma garantia da vitória de seus desígnios.
         Certo de V. S. lhe dispensará o concurso de seus apoio e simpatia, sirvo-me da oportunidade para lhe apresentar as mais respeitosas saudações.
Atenciosamente
Silvio de Souza- 1º secretário.
Conselho administrativo.
Presidente, João Galvão Filho; vice-presidente, Dr. Januário Cicco, 1º secretário, Dr. Silvio de Souza, 2º secretário, Dr. José Gurgel; 1º tesoureiro, José E. dos Santos; 2º tesoureiro, Moises Meireles ; orador, Dr. Paulo Viveiros; procurador, dr. Ivo Filho.
Comissão fiscal
Davi Cunha, João Meireles, Adalberto Marques, José A. dos Santos, Severino A.Bila.
Conselho técnico
Diretor de rádio, Carlos Lamas; diretor comercial, Carlos Farache; diretor cultural, Dr. Câmara Cascudo, diretor artístico, Valdemar de Almeida, diretor de publicidade, Aderbal França (A ORDEM, 18/02/1939, p.4).
O governo do estado fez então a doação a REN de um terreno na avenida Deodoro da Fonseca no bairro de Petrópolis  com 49 metros de frente por 68,80 de fundo, para serem construídas sua sede e estúdios, com cláusula de reversão do mesmo ao patrimônio do Estado no caso de dissolução da sociedade ou desistência da finalidade a que se destinava.
Anteprojeto do edifício sede da REN
Fonte: A Ordem, 09/04/1939, p.4.  

                   Lançamento da pedra fundamental do edifício da REN 
                                               Fonte: Revistas da Semana, 1939, p.34.


Em 09/04/1939 as 10h00 na Avenida Deodoro seria lançada a pedra fundamental do edifício da REN. O ato contou com a presença do interventor federal Rafael Fernandes.
         Trata-se de um empreendimento de larga envergadura, na qual estavam sendo empenhadas pessoas de representação social, com o apoio das autoridades estaduais e municipais, que estavam dando apoio monetário e moral.
         A REN já contava com grande número de sócios proprietários que subscreveram ações no total de mais de 50:000$.A estação teria uma capacidade de 1 kw ou seja, 5.000 wats de potencia e modulações e teria por isso um raio de ação que abrangeria a maior parte do território nacional.
         Os trabalhos do registro estavam a cargo do Dr. Alberto Roseli, no Rio de Janeiro que vinha empregando grande atividade neste sentido.
         O governo do estado doou um amplo terreno onde seria localizado a futura estação de rádio. (A ORDEM, 09/04/1939, p.4).
Lançamento da pedra fundamental da sede da REN
         Na Avenida Dedoro, num terreno doado pelo governo do estado, realizou-se em 08/04/1939 o lançamento da pedra fundamental da sede da Radio Educadora de Natal.
         O ato teve a presença do Interventor Federal, Secretário Geral, Diretores de Departamentos, autoridades religiosas e militares, representantes da imprensa, além dos Conselhos Administrativo e Técnico da Sociedade.
         Em nome da REN falou o Dr. Paulo Viveiros, orador da mesma, que terminou pedindo ao Interventor Rafael Fernandes para considerar lançada a pedra fundamental.
         O Interventor  proferiu então entusiastas palavras sobre a finalidade da novel sociedade, congratulando-se com os seus promotores pela oportunidade da inciativa.
         Discursou também o dr. Celso Ramalho e batidas várias chapas fotográficas. (A ORDEM, 11/04/1939, p.4).
Entrega ao diretor da REN o cristal da torre irradiadora
Em 1940 já havia sido aprovado o projeto da torre da REN ficando deste modo completa a documentação necessária para a legislação da emissora norteriograndense. As cantoneiras também já haviam sido encomendadas e bem assim todo o fio de cobre para as instalações. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 11/07/1940, p.5).
         Prosseguiam adiantados os serviços da construção do edifício da REN. Dentro de poucos dias deveria ser levantada a torre irradiadora, toda de aço, a qual foi construída na capital pela firma T. Ramon & Cia., obedecendo aos mais avançados  requisitos da técnica.Tudo estava pronto para o levantamento da torre, faltando apenas o cabo de aço, que deveria chegar pelo navio Butiá.
         A torre seria montada num bloco de cristal, que foi fornecido pelo Sr. Antonio de Oliveira Azevedo, não tendo sido necessário a importação do mesmo, uma vez que existiam no Estado grandes jazidas do referido minério.
         No dia 16/11/1940 o Sr. Antonio de Oliveira Azevedo fez a entrega do cristal ao diretor da REN, sendo esse gesto muito apreciado por todos, devido a espontaneidade do mesmo, sem nenhum interesse material. (ORDEM, 18/11/1940, p.1).
Uma visita as instalações da REN
         Atendendo a um convite que foi feito pelos diretores da REN o jornal A Ordem fez uma visita as instalações da REN.
         Os jornalistas estiveram nos estúdios e nas dependências, situado em ótimo local para o fim a que se destinava na Avenida Deodoro, em terreno doado pelo governo do Estado.
         Era um edifício de construção de construção moderna, isolado, amplo e muito ventilado.
Logo a entrada ficava o auditório, com suas janelas laterais.Tinha capacidade para 120 cadeiras, que estavam sendo colocadas.Em seguida vinha o estúdio propriamentente dito, espaçoso, tendo a sua construção obedecendo a técnica radiofônica.Depois, ficava o salão de ensaios, com ótima vista panorâmica.Na ala esquerda do prédio ficavam a discoteca e a sala do locutor, e a direita, a secretaria e a sala de contole.A seguir estavam localizadas as instalações sanitárias e do deposito de materiais.
         Em terreno também doado pelo governo do estado, em Petropólis, estava situada a estação, para onde se dirigiram os jornalistas depois de visitada a sede da REN, distando apenas a 300 metros.Ali foram recebidos pelo Sr. Valter Obermuller, engenheiro da RAC-Victor, que veio montar os aparelhos comprados naquela fabrica e pelos quais a mesma era responsável.Viram todas as dependências da estação e os aparelhos que tinham de levar ao ar a voz do Rio Grande do Norte.Perto dali estava a torre de 52 metros montada num gigantesco bloco de cristal.Possuía a REN um serviço próprio de telefone.
         Todos os aparelhos e apetrechos da emissora, tanto os da estação como os do estúdio, eram o que de mais moderno existia e aperfeiçoado no gênero.
         Sobre o funcionamento da REN o disse Carlos Lamas, diretor da mesma, que dependia apenas da necessária autorização das repartições competentes no Rio de Janeiro, a qual poderia chegar a qualquer momento, em virtude de ali já se encontrarem os documentos com os requisitos exigidos.Com  a chegada da ordem, no mesmo dia a emissora potiguar entraria num período de experiências, para o que se encontrava em condições.Acrescentou ainda o diretor da REN que em dias determinados estavam se realizando ensaios, com a orquestra de salão, jazz band e interpretes de musica popular.(A ORDEM,22/09/1941,p.1)
Levantamento da torre da REN
         Após os trabalhos iniciais começou em 09/09/1940 o levantamento da torre da REN, cujo edifício estava sendo construído no bairro de Petrópolis.
         A referida torre que foi construída em Natal mesmo, nas oficinas da firma Ramon & Cia era inteiramente de aço, com 52 metros de altura e o seu peso atingindo 6 toneladas, estando colocada sobre um bloco de cristal lapidado que lhe serviria de isolamento.O cristal por sua vez se achava encravado num bloco de concreto de 4m² de onde partiam 180 raios de fios de cobre de 42 metros cada um, num total de 7.900 metros que já havia sido distribuída debaixo da terra, presos a uma grande placa de cobre, presenteada pelo industrial potiguar Ubaldo Bezerra de Melo da firma Bezerra & Cia.

      Solenidade de inicio de construção da torre da REN
                                             Fonte: revista de semana, 19401, p.51.



A torre que era do tipo pião, estava amarrada com 12 estais de aço, cada qual com 4 grandes isoladores de porcelana.
         Concluídos os trabalhos do levantamento da torre, alias, um dos mais importantes, seria dado rápido andamento aos serviços do prédio da REN, a fim de poder receber os transmissores, que conforme contrato firmado com a RCA-Victor deveriam chegar na capital potiguar em outubro. (A ORDEM, 11/09/1940, p.1).
         No dia 10/01/1941 chegou ao porto de Natal o vapor norueguês Bayard, conduzindo o material encomendado nos EUA destinado as instalações da REN.A torre da estação já estava concluída com os seus 52 metros.

A Inauguração da REN
         Em comemoração aos 2 anos de fundação da REN seria inaugurado no dia 22/01/1941 as 16h30 a torre irradiadora, recentemente construída.O ato seria presidido pelo Interventor Rafael Fernandes e teria a presença de autoridades, convidados e o povo em geral.O bispo dom Marcolino Dantas daria a benção e durante o ato falaria o escritor Câmara Cascudo, um dos diretores da REN.(ORDEM,16/01/1941,p.1).
         A solenidade foi adiada para o dia 27/01/1941 em virtude do falecimento do Vigario Geral de Diocese o monsenhor Landim.
         Foi inaugurada no dia 26/01/1941 solenemente a torre irradiadora da REN com a presença do representante do Interventor Rafael Fernandes, d. Américo de Oliveira Costa, Sr. Bispo D. Marcolino Dantas, comandante e oficiais da Força Policial e do Exército, prefeito da capital,outras autoridades, diretores da REN, representantes da imprensa e grande número de pessoas.
         Inicialmente foi dada a benção da torre pelo bispo diocesano, que em seguida proferiu um discurso, declarando-a inaugurada, em nome do Interventor Federal.
         O orador oficial, dr. Luiz da Câmara Cascudo, um dos diretores da REN, pronunciou um aplaudido discurso.
         Várias chapas da solenidade foram batidas pelo fotografo João Alves.
         A estação auxiliar da REN em experiência, transmitiu os discursos na frequência de 1270 khz, sendo ouvida perfeitamente, não só na capital, como no interior do Estado.Até as 19h30, foram irradiados números de musicais em gravação.
         A banda de música da força policial tocou no ato da inauguração. (ORDEM, 27/01/1941, p.4).
A REN em fase experimental
         A REN estaria em fase experimental a partir das 00h00. Além de telegramas transmitidos de quais todos os municípios do Estado, foram recebidas impressões de pessoas residentes em Alagoas e no Maranhão anunciando ótima recepção.
         O secretário do diretor geral dos Correios e Telégrafos, dr. Ribeiro Gonçalves, telegrafou ao Sr. Carlos Lamas, informando que terminado o prazo de 10 dias para as experiências durante a noite, as mesmas passariam a ser realizadas durante o dia, por igual período mediante previa permissão.Preenchidas essas duas formalidades, poderia ser obtida a licença definitiva.(A ORDEM, 10/04/1941,p.4).
Transmissões
Em 15/11/1941 reiniciaram as transmissões da REN até a inauguração definitiva, que se realizaria no dia 29/11/1941.
          A ZYB-5, prefixo determinado pela Diretoria Geral dos Correios e Telégrafos, nas suas irradiações obedeceria ao seguinte horário: Das 10h00 as 13h00, das 16h00 as 17h00, das 18h00 as 22h00, havendo provisoriamente um intervalo das 20h00 as 21h00. (A ORDEM,14/11/1941,p.4).
Inauguração definitiva
         Foi definitivamente marcado para o dia 30/11/1941 as 18h00 a inauguração da estação transmissora da REN-ZYB-5, nos seus estúdios a Avenida Deodoro, 245. Ao ato que se revestiria de solenidade, compareceram autoridades e convidados. (A ORDEM, 27/11/1941, p.1).
Sobre a inauguração o jornal A Ordem disse que a cidade viveu ontem horas festivas com a inauguração da Radio Educadora de Natal.
Grande foi o número de pessoas que compareceu aos estúdios da REN, instalados na Avenida Deodoro, 245, notando-se a presença de altas autoridades federais, estaduais e municipais.
         Precisamente as 19h00 o bispo Dom Marcolino Dantas acolitado pelo Mons. Alves Landim e seminarista Umberto Gambarra Galvão, deu a bençaõ a ZYB-5 pronunciando a seguir ligeira alocução sobre o ato.Após, usou do microfone o Interventor Federal Rafael Fernandes, que no seu discurso declarou inaugurada a emissora potiguar.Usaram ainda da palavra o Gal. Cordeiro de Farias, comandante da 2ª Brigada de Infantaria, dr. Aldo Fernandes, secretario geral do estado, desembargador Virgilio Dantas, presidente do Tribunal de Apelação, Dr. Gentil Ferreira,prefeito da capital e diretor-presidente da REN, Sr. Abílio de Castro, chefe da delegação representativa da Radio clube de Pernambuco, Srs. Carlos Lamas e Carlos Farache, respectivamente, diretor de rádio e superintendente da REN.
  Sede da REN
                                                     Fonte: Biblioteca IBGE.

     Terminada a cerimônia teve inicio um programa especialmente organizado para a solenidade da inauguração, no qual tomaram parte todos os elementos que integravam o cast da voz potiguar.
         Nas suas transmissões a REN obedeceria ao seguinte horário: das 10h00 as 13h00, das 16h00 as 17h00, das 18h00 as 22h00, atuando como locutores nos programas comuns os Srs. Genar Vanderlei, chefe, José Alcântara Barbosa, Julio Geraldo, Pedro Machado e nas partidas esportivas, Manoel Fernandes de Oliveira. (A ORDEM, 01/12/1941, p.1).

A Rádio Poti
         Em 16/02/1944 foi adquirida pelos Diários Associados, de propriedade de Assis Chateaubriand, onde passou a ter a denominação de Rádio Poti.


terça-feira, 4 de junho de 2019

CINEMAS DE NATAL



A primeira sala de projeção de Natal foi denominada de Cine Politeama depois de um concurso público para a escolha do nome e pertencia a firma Gurgel & Paiva tendo sido inaugurada em 08/12/1911.
         Já o primeiro cinema falado da capital potiguar foi inaugurado em 10/104/1931 tendo sido ele o Cine São Pedro onde foi exibido naquela data o filme “General Crak” que obteve extraordinário sucesso,sendo a empresa obrigada a repetir o filme até depois da meia noite.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,11/04/1931,p.2).
Antigamente só havia em Natal o cinema São Pedro e o REX, na Cidade Alta. Em 1947 o jornal A Ordem apontou que haviam nada menos que 7 cinemas espalhados pela capital potiguar da Ribeira ao Alecrim,s em falar no majestoso Rio Grande que estavam em construção naquele ano na Av. Deodoro.Eram os seguintes em funcionamento naquele ano de 1947:
         O Cine Popular, na Ribeira, o Cine Rex, na Cidade Alta, o Cine Paroquial, o São Pedro e o São Luiz, no bairro do Alecrim.
         Para o jornal A Ordem não restava dúvida que este aspecto da vida citadina era sinal do progresso e um atestado de que a população já exigia mesmo maior número de cinemas.
         O referido jornal dizia ainda que “ainda bem que Natal apresente notável progresso material, é preciso também que os natalenses compreendam a elevada finalidade educativa do cinema, e somente prestigiem filmes dignos de serem vistos, pois nossa querida terra também precisa progredir moral e socialmente”. (A ORDEM, 15/09/1947, p. 4).

O Cinema São Luiz
Situado na Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira), no Bairro Alecrim. Foi inaugurado no pós-guerra, em 1946, com o filme “Amar, foi minha ruína”
         No dia 26/10/1946 seria inaugurado solenemente o Cine São Luiz de propriedade da firma Lopes Varela & Cia.
         No dia 16/10/1046 o repórter do jornal A Ordem visitou as dependências do suntuoso prédio  do Cine São Luiz situado a rua Presidente Bandeira, no Alecrim em companhia do Sr. Heitor Varela, um dos proprietários.
       Tratava-se realmente de uma obra importante pelo que representava para o progresso da capital potiguar, bastando dizer que até aquele momento já haviam despendido pelos proprietários do novo cinema cerca de um milhão de cruzeiros.O prédio era de construção moderna, com fachada sóbria mais muito expressiva, o imóvel estava apto para a finalidade a que se destinava, em virtude de sua ótima localização e conforto com que foi construído.
         Com ambos os lados isolados, o Cine São Luiz comportava mil poltronas no seu salão de sessões que media  30 x 19,40 metros, sendo a cobertura de telhas Eternit e forrado de selotex, que muito concorria para  a perfeição do som.A tela era de porcelana e toda a aparelhagem era da RCA Victor, constituída de um Fotofone de luxo, alto-falantes reforçados, dois projetores “Brenker”, com lentes objetivas extra-luminosas, e dois movitones com estabilizadores giratórios, estando encarregados da montagem o engenheiro eletrotécnico George Gatis e seu filho Raimundo Gatis.
         O Cine São Luiz dispunha ainda de um balcão destinado as autoridades e pessoas gradas, além de sala de espera, camarins e banheiros, tendo ainda janelas de ventilação.
         




       As sessões do Cine São Luiz seriam continuas nos domingos e feriados. (A ORDEM, 17/10/1946,p.6).
        No dia 24/10/1946 foi exibida uma sessão especial de experiência para as autoridades e representantes da imprensa e rádio da capital, tendo sido focalizados interessantes e novas películas, tais como desenhos animados, e tecnicolor, jornais, trailers e uma parte do filme de estreia Amara foi minha ruína.
         Foi notada pela imprensa a boa qualidade das máquinas com que  era dotado o Cine São Luiz, pela perfeição do som e pela nitidez da focalização  das películas.
         A nota da redação dizia que o filme era apropriado apenas para adultos de critério formado. (A ORDEM,25/10/1946,p.4).
Queixas do povo
         Os frequentadores do Cine São Luiz reclamaram por meio do jornal A Ordem solicitando medidas da Cia Força e Luz no sentido da não faltar energia elétrica como estava acontecendo em certo ramal do Alecrim prejudicando o funcionamento daquele cinema e causando aborrecimentos ao que iam assistir as sessões cinematográficas (A ORDEM,06/05/1947,p.3).
Outra queixa dos frequentadores fazia apelo para dirigentes do Cine São Luiz no sentido de dotar medidas que facilitassem a entrada e saida dos frequentadores daquela casa de diversão, quando se realizavam duas sessões a noite.
         Adiantavam os reclamantes que assim que terminava a sessão de 18h00 abria-se a corrente para que os que iriam assistir a 2ª sessão sem entretanto se esperar que o salão ficasse livre, o que motivava grande dificuldade para as famílias.

O Cine Rex
O Cine Rex foi construído em 1936 e ficava na Av. Rio Branco 674. Em 1947 o Cine Rex passou por grandes melhoramentos, além da reforma do seu palco, foram feitos revestimentos das paredes com celotex, adaptação da tela plástica, de elevado custo e segundo o jornal A Ordem essas telas de plástico eram melhores que as de porcelana.O Cine Rex teria novas aparelhos de projeção e de som.
         O novo equipamento adquirido pela empresa Rex era da marca Super Simplex, adotadas pelos cinemas Metro do Rio.Antigamente era de distribuição exclusiva da Western Eletric, no Brasil e atualmente pertencia a firma I.E Ekerman, de São Paulo, cujo chefe foi em julho aos EUA adquirir 8 dessas instalações para os cinemas de propriedade do Sr. Luiz Severino Ribeiro da capital federal.
         A tela plástica como afirmado a cima era da melhor do gênero e da marca Walker, e o conjunto de retificadores adquiridos para o Rex da marca Strong, suportava 50 amperes possibilitando uma projeção ultra explendores.
         as novas lentes objetivas eram de fabricação moderna e da marca Kalmorgen.A principal parte do som, a cabeça, custou 40.000,00, elevando-se os outros equipamentos a Cr$ 200.000,00 e a reforma do salão de projeção Cr$4 300.000,00 isto porque havia sido forrado de selotex.
Com tais melhoramentos o Cine Rex se tornaria uma casa de diversões das mais modernas e bem aparelhadas não somente da capital potiguar mas também do Estado e mesmo do país, segundo o jornal a ordem ( 10/09/1947, p.1).
         A reabertura do Cine Rex seria no dia 13/09/1947 com a exibição do filme colorido “ Acontece que sou rico”, apresentando-se no palco as cantoras da terra Linda e Dirce Batista.

O Cine Lux
         O Cine Lux foi inaugurado as 15h30 do dia 13/09/1947, sendo de propriedade do Sr. Pedro Pereira de Brito e localizado no largo da feira do bairo da Quintas.
         O novo cinema que iria proporcionar programa de primeira ordem para a população daquele recanto da capital potiguar, exibiria na sua inauguração e no dia seguinte duas sessões diárias, filmes educativos, variedades mundiais e comédias e cobraria preços de acordo com os propósitos do seu proprietário de favorecer as classes pobres. (A ORDEM, 13/09/1947, p.1).
         A instalação dos aparelhos do Cine Lux esteve a cargo da empresa Carlos Lamas.

O Cine Alecrim
         No mesmo dia 13/09/1947 foi inaugurado o Cine Alecrim as 19h00 de propriedade da empresa de Cinema Popular Ltda e situado a praça Gentil Ferreira no Alecrim.
         A aparelhagem desse cinema pertenceu ao Cine Rex e o mesmo se achava muito bem instalado em prédio próprio.A sessão inaugural foi dedicada as autoridades e a imprensa com a exibição do filme ‘Perseguidos.Tinha como gerente do novo cinema Sr. Cristovam Bezerra.As sessões se realizavam as 15h30, 18h00 e 20h00 (A ORDEM,13/09/1947,p.1).
A inauguração do Cine Alecrim esteve presente o prefeito Silvio Pedrosa e representantes da imprensa.
         Na inauguração foram servidos champagne e cerveja aos presentes e na tela foram exibidos vários jornais e slots.
         O salão dispunha de 400 poltronas e conforme anunciou o gerente Cristovam Bezerra ali seriam exibidos filmes a preço populares. (A ORDEM, 15/09/1947, p.1).

Cine Popular
Em 1948 ocorreu um incêndio no Cine Popular ocorrido as 21h30 na segunda sessão do cinema situado a Esplanada Silva Jardim.
         O fogo ocorreu na cabine do operador, na máquina projetora quando passavam as três ultimas partes do filme da noite, o “Far West” Cavaleiros do Oeste. A máquina paralisou e o foco de luz provocou a combustão do celuloide e o consequente incêndio da fita.
         As labaredas atingiram longe o teto do prédio mas foram rapidamente dominadas a lata d’água.
         O filme foi considerado de perda total.Era de propriedade de Leonel Correia da praça do Recife, estando segurado em Cr$ 10.000, importância que representava menos da metade do valor do filme, segundo declarou o Sr. Alberto Josuá, proprietário do Cinema Popular.Os estragos no prédio foram mínimos. (DIÁRIO DE NATAL, 15/04/1948, p.6).
         Quem assistiu o filme Cinema Paradiso certamente se transportará para  cena do incêndio do cinema presente nesse filme e que remete ao que ocorreu segundo o descrito a cima.

O cinema paroquial do Alecrim
         A primeira exibição do Cinema Paroquial do Alecrim ocorreu as 19h30 do dia 27/06/1947 estreando com o filme “Flores do pó”, uma película que representava o triunfo de uma alma dedicada a espinhosa missão de educar.
         A partir de então haveria sessões todas as noites ao preço de Cr$ 3,00 (A ORDEM, 27/06/1947, p.4).
         Estava localizado na rua Fonseca e Silva no Alecrim.

O cinema paroquial do Tirol
         Por iniciativa da Ação Católica Brasileira com a colaboração do vigário da paróquia, o cônego Luis Vanderelei, foi inaugurado em 14/05/1955 o cinema paroquial do Tirol que teria exibições todos os sábados no salão anexo a matriz do Tirol.
        Os filmes que seriam exibidos pertenciam a cadeia de mantida pelo Circulo de Cinema Católicos, que tinha sede no Recife, sendo portanto, películas escolhidas e de longa metragem de conteúdo católico.
         Segundo o jornal o Poti a sessão de inauguração teve avultada assistência de pessoas tendo sido cobrado preços populares sem visar lucros, apenas para garantir o aluguel dos filmes e despesas de energia elétrica.
         O programa seria fixado para sábados, domingos e segundas, inclusive com horários especiais para crianças. (O POTI, 18/05/1955, p.3).

O CINE RIO GRANDE



         Segundo o jornal Diário de Pernambuco em 15/02/1945 foi organizada em Natal uma empresa constituída pelos Srs. Rui Moreira Paiva, Otacílio Maia, João Massena e Raul Ramalho com a finalidade especial de constituírem uma nova casa de diversões na capital potiguar sob a denominação de ‘Cine-teatro Rio Grande’, tendo sido já adquirido o terreno na Av. Deodoro esquina com a Praça Pio X onde deveria ser iniciada dentro de 15 dias a construção do prédio destinado ao referido cinema e a inauguração prevista para 6 meses.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,15/02/1945,p.8).A construção durou na realidade 4 anos.
                A planta do Cine Rio Grande se deve ao engenheiro Joaquim Pinto Romeira e foi construído sob as vistas do construtor Joaquim Vitor de Holanda, no qual apresenta-se num estilo bem moderno,  igualmente no tocante toda as suas equipagem e mobiliário.


         A aparelhagem era da RCA Vitor que proporcionava muita nitidez no som e na projeção e era tida como sendo uma das mais perfeitas da indústria cinematográfica do pós-guerra.Os frequentadores não teriam que suportar durante a projeção o calor tão grande, isto graça ao sistema de ventilação empregado na construção do Cine Rio Grande, o que representava um passo sobre os demais cinemas existentes na capital potiguar.
         Além disso, estavam alinhadas em filas nada menos que 1.699 poltronas estofadas.
A benção do edifício
         A benção do edifício foi dada pelo bispo diocesano dom Marcolino Dantas as 17h00.
A Inauguração
A inauguração do luxuoso prédio do cinema Rio Grande foi programada para o dia 12/02/1949. A obra foi calculada em vários milhões de cruzeiros.O filme escolhido para ser exibido na inauguração foi “um belo tecnicolor ‘Minha Rosa Silvestre, inédito no Brasil que de certo agradará ao grande público que acorrerá no dia 12 a nova casa de diversões da Praça Pio X”.
         No dia anterior as 21h00 foi dedicada uma avant-premier para as autoridades do referido filme.(A ORDEM,07/02/1949, p.2).
         Conforme o jornal A Ordem o público teria a oportunidade de assistir as 20h00 do dia 12/02/1949 a solenidade do novo e moderno cinema da capital potiguar, localizado na Av. Deodoro com a Praça Pio X, cuja construção foi feita nos moldes da moderna técnica de construir, iniciada havia algum tempo atrás mas que só naquele ano fora concluído, o que representava a suntuosidade da obra.(A ORDEM,09/02/1949,p.1).



         O ato inaugural cujo inicio foi as 21h00 contou com a presença do governador José Varela a qual estiveram presentes também autoridades e elementos destacados da sociedade potiguar.
         Desde as 20h00 se verificou o deslocamento para a praça Pio X e circunvizinhanças de grande número de curiosos, enquanto entravam no magnífico cinema, autoridades, representantes da imprensa, pessoas gradas e famílias especialmente convidadas.
A iluminação externa realçava a claridade e a beleza, enquanto no recinto da casa de espetáculos, não menor claridade era apresentada.
         Com a presença do governador do estado, do capitão de mar e guerra Heitor Batista Coelho, comte da Base Naval, do secretario geral do estado, do Sr. Mario Lira, prefeito da capital, mons. João da Mata, representando o bispo diocesano, além de outras autoridades e representantes da imprensa teve inicio o ato de inauguração que foi transmitido pela Rádio Poti.




         Do palco do cinema usou a palavra inicialmente o Sr.Otávio Maia, chefe da firma proprietária do Cine Rio Grande, que fez um relato completo das atividades da empresa, desde a idealização até aquele presente momento.
         Dando por inaugurada a luxuosa casa de diversões da avenida Deodoro, falou rapidamente o governador José Varela que se congratulou com os proprietários pelo grande empreendimento ora concretizado.Em seguida foram exibidos trailers dos próximos filmes a serem exibidos pelo Cine Rio Grande.
         a impressão de todos foi a melhor possível,devido a nitidez do som e filmagem, como também pelo conforto que oferecia suas poltronas estufadas.(DIÁRIO DE NATAL, 12/02/1949,p.6).
O primeiro filme exibido no Cine Rio Grande
         As sessões para o público foram iniciadas no dia seguinte com a apresentação do grandioso tecnocolor da Warner Bros Minha Rosa Silvestre estrelado por Dennis Morgan, tendo sido a primeira sessão as 15h00.Após a exibição deste filme foi exibido outro igualmente inédito e não menos maravilhoso denominado Paixão e Fúria, com Humphrey Bogart, Laurea Bacall e outros astros de Hollywood.
         O celuloide que foi exibido na inauguração do Cine Rio Grande foi “um tecnicolor dos mais caros dos últimos anos, sendo justo o interesse que vem sendo despertado o mesmo em nossa cidade, pois esta é a primeira apresentação do filme no País”.(DIÁRIO DE NATAL,11/02/1949,p.6).
         A Empresa Rio Grande Ltda estabeleceu o preço do ingresso fixado em Cr$ 7,20 para adultos e Cr$ 4,20 para estudantes. (A ORDEM, 11/02/1949, p.4).
Segundo o Diário de Natal ao ser inaugurado o Cine Rio Grande “ a nova casa de projeções é considerada das maiores da América do Sul, constituindo por isso empreendimento de vulto dos proprietários, que dotarão a cidade de uma casa de diversões a altura do nosso progresso” (DIÁRIO DE NATAL,02/02/1949,p.6).
Visita as dependências do Cine Rio Grande
         O repórter do Diário de Natal percorreu as dependências do Cine Rio Grande acompanhado do Sr. Ruy Moreira Paiva, um dos proprietários do cinema.
         O repórter colheu a melhor impressão possível da arquitetura como também do conforto de suas poltronas estufadas em numero de 1600.Segundo o proprietário o cinema tinha ainda capacidade para mais 400 poltronas que não foram colocadas para proporciona melhor conforto aos frequentadores.
         Com essa medida as filas de poltronas ficaram mais afastadas como também próximo a tela não foi colocada três filas como era possível ver.
         A cabine de projeção oferecia conforto ao técnico, como também facilidade em referencia as projeções devido a grande eficiência dos maquinários da RCA Victor, cuja nitidez foi verificada pelo repórter, com a apresentação de um pequeno filme. A tela devido sua ótima confecção cooperava da maneira mais eficiente para a melhor visibilidade dos filmes (celuloides).








Começou mal o Cine Rio Grande
         Quando da inauguração do Cine Rio Grande os proprietários foram procurar o bispo dom Marcolino Dantas para pedir as bênçãos da Igreja para aquela casa de diversões.
         Atendendo ao convite, o Sr. Bispo diocesano, pediu aos empresários que não se fizesse exibições atentatórias a moral.
         Pois bem, não se passaram muitos dias e já se verificara a primeira desatenção a esse pedido da autoridade eclesiástica.
         O Cine Rio Grande anunciou nos jornais, inclusive no próprio órgão oficial do estado (A República) que viria por ai uma certa cubana “mulher de fogo” cuja a fama de trejeitos e atitudes menos recontadas é tal que como se sabia, o Sr. Juiz de  menores do Recife proibiu a entrada de menores até 21 anos.
         Ao que constava o povo paraibano não consentiu que essa estrangeira exibisse as suas indecências em João Pessoa.



Fonte:A Ordem,23/02/1949,p.3.


A AGÊNCIA DO BANCO DO POVO DE NATAL



O banco do povo era instituição bancária com sede em Recife-PE instalado em 27/04/1920 que abriu agências filiais em Natal e em outras cidades do nordeste. Em Natal a filial do Banco do Povo foi aberta em 07/08/1942 e funcionou provisoriamente por 2 anos no primeiro andar do edifício Mossoró, na praça Augusto Severo, 107, na Ribeira.
Entre 1942 e 1944 um imponente edifício foi construído para ser a sede própria do referido banco, prédio este que segundo o jornal A Ordem viria a enriquecer o patrimônio urbanístico da cidade(A ORDEM,17.08/1944,p.6). O novo prédio sede do banco do povo foi erguido na av Duque de Caxias, 106, esquina com a rua Nísia Floresta, na Ribeira.

Foto:Diário de Pernambuco,20/08/1944,p.9.

       A inauguração do novo prédio da filia do banco do povo ocorreu no dia 17/08/1944 as 08h00. Segundo o jornal Diario de Pernambuco “não foi um acontecimento apenas de significação local, mas de repercussão em todo o Nordeste, onde se exerce, cada vez mais,, amplas e proveitosas, as atividades do conceituado estabelecimento de crédito [...]”.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,20/08/1944,P.9).
         Distinguindo-se cada vez mais com a preferência dos homens da agricultura, da indústria, do comércio e do público em geral teve que abrir filiais e escritórios em vários estados e no interior de Pernambuco, de modo a atender a sua grande clientela.
Deu  a benção solene ao novo edifício o mons. João da Mata Paiva, vigário geral da diocese, logo após o Dr. Paulo Viveiros, consultor jurídico do Banco do Povo, fez um discurso, no qual se referiu as progressistas atividades do estabelecimento no terreno econômico da terra potiguar.


Foto: Diário de Natal, 17/08/1948,p.8

Para assistir a solenidade de inauguração, vieram a Natal os senhores comendadores Antonio Álvares de Carvalho Lages e Antonio Martins do Eirado, diretores do banco do povo, Srs. Miguel Gastão de Oliveira, gerente da matriz, além de autoridades civis,militares e imprensa.
         Ao meio-dia foi oferecido um lauto almoço no Grande Hotel pelos diretores do banco do povo as autoridades representativas da vida comercial e industrial do estado e convidados presentes a solenidade de inauguração. Os diretores do banco do povo visitaram ainda o hospital Miguel Couto, o bispo diocesano, Dom Marcolino Dantas, outros pontos da cidade também foram percorridos pelos visitantes, aos quais ao Sr. João Câmara, grande comerciante e industrial conterrâneo, oferecendo este um jantar  a noite, em sua residência, tendo comparecido elevado número de pessoas gradas.
     Atualmente o prédio onde funcionou  a agência do Banco do Povo é a sede do jornal Tribuna do Norte.



Fonte: Google Earth,2019.