terça-feira, 4 de junho de 2019

CINEMAS DE NATAL



A primeira sala de projeção de Natal foi denominada de Cine Politeama depois de um concurso público para a escolha do nome e pertencia a firma Gurgel & Paiva tendo sido inaugurada em 08/12/1911.
         Já o primeiro cinema falado da capital potiguar foi inaugurado em 10/104/1931 tendo sido ele o Cine São Pedro onde foi exibido naquela data o filme “General Crak” que obteve extraordinário sucesso,sendo a empresa obrigada a repetir o filme até depois da meia noite.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,11/04/1931,p.2).
Antigamente só havia em Natal o cinema São Pedro e o REX, na Cidade Alta. Em 1947 o jornal A Ordem apontou que haviam nada menos que 7 cinemas espalhados pela capital potiguar da Ribeira ao Alecrim,s em falar no majestoso Rio Grande que estavam em construção naquele ano na Av. Deodoro.Eram os seguintes em funcionamento naquele ano de 1947:
         O Cine Popular, na Ribeira, o Cine Rex, na Cidade Alta, o Cine Paroquial, o São Pedro e o São Luiz, no bairro do Alecrim.
         Para o jornal A Ordem não restava dúvida que este aspecto da vida citadina era sinal do progresso e um atestado de que a população já exigia mesmo maior número de cinemas.
         O referido jornal dizia ainda que “ainda bem que Natal apresente notável progresso material, é preciso também que os natalenses compreendam a elevada finalidade educativa do cinema, e somente prestigiem filmes dignos de serem vistos, pois nossa querida terra também precisa progredir moral e socialmente”. (A ORDEM, 15/09/1947, p. 4).

O Cinema São Luiz
Situado na Avenida 2 (Rua Presidente Bandeira), no Bairro Alecrim. Foi inaugurado no pós-guerra, em 1946, com o filme “Amar, foi minha ruína”
         No dia 26/10/1946 seria inaugurado solenemente o Cine São Luiz de propriedade da firma Lopes Varela & Cia.
         No dia 16/10/1046 o repórter do jornal A Ordem visitou as dependências do suntuoso prédio  do Cine São Luiz situado a rua Presidente Bandeira, no Alecrim em companhia do Sr. Heitor Varela, um dos proprietários.
       Tratava-se realmente de uma obra importante pelo que representava para o progresso da capital potiguar, bastando dizer que até aquele momento já haviam despendido pelos proprietários do novo cinema cerca de um milhão de cruzeiros.O prédio era de construção moderna, com fachada sóbria mais muito expressiva, o imóvel estava apto para a finalidade a que se destinava, em virtude de sua ótima localização e conforto com que foi construído.
         Com ambos os lados isolados, o Cine São Luiz comportava mil poltronas no seu salão de sessões que media  30 x 19,40 metros, sendo a cobertura de telhas Eternit e forrado de selotex, que muito concorria para  a perfeição do som.A tela era de porcelana e toda a aparelhagem era da RCA Victor, constituída de um Fotofone de luxo, alto-falantes reforçados, dois projetores “Brenker”, com lentes objetivas extra-luminosas, e dois movitones com estabilizadores giratórios, estando encarregados da montagem o engenheiro eletrotécnico George Gatis e seu filho Raimundo Gatis.
         O Cine São Luiz dispunha ainda de um balcão destinado as autoridades e pessoas gradas, além de sala de espera, camarins e banheiros, tendo ainda janelas de ventilação.
         




       As sessões do Cine São Luiz seriam continuas nos domingos e feriados. (A ORDEM, 17/10/1946,p.6).
        No dia 24/10/1946 foi exibida uma sessão especial de experiência para as autoridades e representantes da imprensa e rádio da capital, tendo sido focalizados interessantes e novas películas, tais como desenhos animados, e tecnicolor, jornais, trailers e uma parte do filme de estreia Amara foi minha ruína.
         Foi notada pela imprensa a boa qualidade das máquinas com que  era dotado o Cine São Luiz, pela perfeição do som e pela nitidez da focalização  das películas.
         A nota da redação dizia que o filme era apropriado apenas para adultos de critério formado. (A ORDEM,25/10/1946,p.4).
Queixas do povo
         Os frequentadores do Cine São Luiz reclamaram por meio do jornal A Ordem solicitando medidas da Cia Força e Luz no sentido da não faltar energia elétrica como estava acontecendo em certo ramal do Alecrim prejudicando o funcionamento daquele cinema e causando aborrecimentos ao que iam assistir as sessões cinematográficas (A ORDEM,06/05/1947,p.3).
Outra queixa dos frequentadores fazia apelo para dirigentes do Cine São Luiz no sentido de dotar medidas que facilitassem a entrada e saida dos frequentadores daquela casa de diversão, quando se realizavam duas sessões a noite.
         Adiantavam os reclamantes que assim que terminava a sessão de 18h00 abria-se a corrente para que os que iriam assistir a 2ª sessão sem entretanto se esperar que o salão ficasse livre, o que motivava grande dificuldade para as famílias.

O Cine Rex
O Cine Rex foi construído em 1936 e ficava na Av. Rio Branco 674. Em 1947 o Cine Rex passou por grandes melhoramentos, além da reforma do seu palco, foram feitos revestimentos das paredes com celotex, adaptação da tela plástica, de elevado custo e segundo o jornal A Ordem essas telas de plástico eram melhores que as de porcelana.O Cine Rex teria novas aparelhos de projeção e de som.
         O novo equipamento adquirido pela empresa Rex era da marca Super Simplex, adotadas pelos cinemas Metro do Rio.Antigamente era de distribuição exclusiva da Western Eletric, no Brasil e atualmente pertencia a firma I.E Ekerman, de São Paulo, cujo chefe foi em julho aos EUA adquirir 8 dessas instalações para os cinemas de propriedade do Sr. Luiz Severino Ribeiro da capital federal.
         A tela plástica como afirmado a cima era da melhor do gênero e da marca Walker, e o conjunto de retificadores adquiridos para o Rex da marca Strong, suportava 50 amperes possibilitando uma projeção ultra explendores.
         as novas lentes objetivas eram de fabricação moderna e da marca Kalmorgen.A principal parte do som, a cabeça, custou 40.000,00, elevando-se os outros equipamentos a Cr$ 200.000,00 e a reforma do salão de projeção Cr$4 300.000,00 isto porque havia sido forrado de selotex.
Com tais melhoramentos o Cine Rex se tornaria uma casa de diversões das mais modernas e bem aparelhadas não somente da capital potiguar mas também do Estado e mesmo do país, segundo o jornal a ordem ( 10/09/1947, p.1).
         A reabertura do Cine Rex seria no dia 13/09/1947 com a exibição do filme colorido “ Acontece que sou rico”, apresentando-se no palco as cantoras da terra Linda e Dirce Batista.

O Cine Lux
         O Cine Lux foi inaugurado as 15h30 do dia 13/09/1947, sendo de propriedade do Sr. Pedro Pereira de Brito e localizado no largo da feira do bairo da Quintas.
         O novo cinema que iria proporcionar programa de primeira ordem para a população daquele recanto da capital potiguar, exibiria na sua inauguração e no dia seguinte duas sessões diárias, filmes educativos, variedades mundiais e comédias e cobraria preços de acordo com os propósitos do seu proprietário de favorecer as classes pobres. (A ORDEM, 13/09/1947, p.1).
         A instalação dos aparelhos do Cine Lux esteve a cargo da empresa Carlos Lamas.

O Cine Alecrim
         No mesmo dia 13/09/1947 foi inaugurado o Cine Alecrim as 19h00 de propriedade da empresa de Cinema Popular Ltda e situado a praça Gentil Ferreira no Alecrim.
         A aparelhagem desse cinema pertenceu ao Cine Rex e o mesmo se achava muito bem instalado em prédio próprio.A sessão inaugural foi dedicada as autoridades e a imprensa com a exibição do filme ‘Perseguidos.Tinha como gerente do novo cinema Sr. Cristovam Bezerra.As sessões se realizavam as 15h30, 18h00 e 20h00 (A ORDEM,13/09/1947,p.1).
A inauguração do Cine Alecrim esteve presente o prefeito Silvio Pedrosa e representantes da imprensa.
         Na inauguração foram servidos champagne e cerveja aos presentes e na tela foram exibidos vários jornais e slots.
         O salão dispunha de 400 poltronas e conforme anunciou o gerente Cristovam Bezerra ali seriam exibidos filmes a preço populares. (A ORDEM, 15/09/1947, p.1).

Cine Popular
Em 1948 ocorreu um incêndio no Cine Popular ocorrido as 21h30 na segunda sessão do cinema situado a Esplanada Silva Jardim.
         O fogo ocorreu na cabine do operador, na máquina projetora quando passavam as três ultimas partes do filme da noite, o “Far West” Cavaleiros do Oeste. A máquina paralisou e o foco de luz provocou a combustão do celuloide e o consequente incêndio da fita.
         As labaredas atingiram longe o teto do prédio mas foram rapidamente dominadas a lata d’água.
         O filme foi considerado de perda total.Era de propriedade de Leonel Correia da praça do Recife, estando segurado em Cr$ 10.000, importância que representava menos da metade do valor do filme, segundo declarou o Sr. Alberto Josuá, proprietário do Cinema Popular.Os estragos no prédio foram mínimos. (DIÁRIO DE NATAL, 15/04/1948, p.6).
         Quem assistiu o filme Cinema Paradiso certamente se transportará para  cena do incêndio do cinema presente nesse filme e que remete ao que ocorreu segundo o descrito a cima.

O cinema paroquial do Alecrim
         A primeira exibição do Cinema Paroquial do Alecrim ocorreu as 19h30 do dia 27/06/1947 estreando com o filme “Flores do pó”, uma película que representava o triunfo de uma alma dedicada a espinhosa missão de educar.
         A partir de então haveria sessões todas as noites ao preço de Cr$ 3,00 (A ORDEM, 27/06/1947, p.4).
         Estava localizado na rua Fonseca e Silva no Alecrim.

O cinema paroquial do Tirol
         Por iniciativa da Ação Católica Brasileira com a colaboração do vigário da paróquia, o cônego Luis Vanderelei, foi inaugurado em 14/05/1955 o cinema paroquial do Tirol que teria exibições todos os sábados no salão anexo a matriz do Tirol.
        Os filmes que seriam exibidos pertenciam a cadeia de mantida pelo Circulo de Cinema Católicos, que tinha sede no Recife, sendo portanto, películas escolhidas e de longa metragem de conteúdo católico.
         Segundo o jornal o Poti a sessão de inauguração teve avultada assistência de pessoas tendo sido cobrado preços populares sem visar lucros, apenas para garantir o aluguel dos filmes e despesas de energia elétrica.
         O programa seria fixado para sábados, domingos e segundas, inclusive com horários especiais para crianças. (O POTI, 18/05/1955, p.3).

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