Segundo
o jornal Diário de Pernambuco em 15/02/1945 foi organizada em Natal uma empresa
constituída pelos Srs. Rui Moreira Paiva, Otacílio Maia, João Massena e Raul
Ramalho com a finalidade especial de constituírem uma nova casa de diversões na
capital potiguar sob a denominação de ‘Cine-teatro Rio Grande’, tendo sido já
adquirido o terreno na Av. Deodoro esquina com a Praça Pio X onde deveria ser
iniciada dentro de 15 dias a construção do prédio destinado ao referido cinema e
a inauguração prevista para 6 meses.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,15/02/1945,p.8).A
construção durou na realidade 4 anos.
A planta do Cine Rio Grande
se deve ao engenheiro Joaquim Pinto Romeira e foi construído sob as vistas do
construtor Joaquim Vitor de Holanda, no qual apresenta-se num estilo bem
moderno, igualmente no tocante toda as
suas equipagem e mobiliário.
A aparelhagem era da RCA Vitor que proporcionava
muita nitidez no som e na projeção e era tida como sendo uma das mais perfeitas
da indústria cinematográfica do pós-guerra.Os frequentadores não teriam que
suportar durante a projeção o calor tão grande, isto graça ao sistema de
ventilação empregado na construção do Cine Rio Grande, o que representava um
passo sobre os demais cinemas existentes na capital potiguar.
Além disso, estavam alinhadas em filas
nada menos que 1.699 poltronas estofadas.
A benção do edifício
A benção do edifício foi dada pelo bispo
diocesano dom Marcolino Dantas as 17h00.
A Inauguração
A
inauguração do luxuoso prédio do cinema Rio Grande foi programada para o dia
12/02/1949. A obra foi calculada em vários milhões de cruzeiros.O filme
escolhido para ser exibido na inauguração foi “um belo tecnicolor ‘Minha Rosa
Silvestre, inédito no Brasil que de certo agradará ao grande público que
acorrerá no dia 12 a nova casa de diversões da Praça Pio X”.
No dia anterior as 21h00 foi dedicada
uma avant-premier para as autoridades
do referido filme.(A ORDEM,07/02/1949, p.2).
Conforme o jornal A Ordem o público
teria a oportunidade de assistir as 20h00 do dia 12/02/1949 a solenidade do
novo e moderno cinema da capital potiguar, localizado na Av. Deodoro com a
Praça Pio X, cuja construção foi feita nos moldes da moderna técnica de
construir, iniciada havia algum tempo atrás mas que só naquele ano fora concluído,
o que representava a suntuosidade da obra.(A ORDEM,09/02/1949,p.1).
O ato inaugural cujo inicio foi as
21h00 contou com a presença do governador José Varela a qual estiveram
presentes também autoridades e elementos destacados da sociedade potiguar.
Desde as 20h00 se verificou o
deslocamento para a praça Pio X e circunvizinhanças de grande número de
curiosos, enquanto entravam no magnífico cinema, autoridades, representantes da
imprensa, pessoas gradas e famílias especialmente convidadas.
A
iluminação externa realçava a claridade e a beleza, enquanto no recinto da casa
de espetáculos, não menor claridade era apresentada.
Com a presença do governador do estado,
do capitão de mar e guerra Heitor Batista Coelho, comte da Base Naval, do
secretario geral do estado, do Sr. Mario Lira, prefeito da capital, mons. João da
Mata, representando o bispo diocesano, além de outras autoridades e
representantes da imprensa teve inicio o ato de inauguração que foi transmitido
pela Rádio Poti.
Do palco do cinema usou a palavra
inicialmente o Sr.Otávio Maia, chefe da firma proprietária do Cine Rio Grande,
que fez um relato completo das atividades da empresa, desde a idealização até
aquele presente momento.
Dando por inaugurada a luxuosa casa de
diversões da avenida Deodoro, falou rapidamente o governador José Varela que se
congratulou com os proprietários pelo grande empreendimento ora concretizado.Em
seguida foram exibidos trailers dos próximos filmes a serem exibidos pelo Cine
Rio Grande.
a impressão de todos foi a melhor possível,devido
a nitidez do som e filmagem, como também pelo conforto que oferecia suas
poltronas estufadas.(DIÁRIO DE NATAL, 12/02/1949,p.6).
O primeiro filme exibido no Cine Rio
Grande
As sessões para o público foram
iniciadas no dia seguinte com a apresentação do grandioso tecnocolor da Warner
Bros Minha Rosa Silvestre estrelado por Dennis Morgan, tendo sido a primeira
sessão as 15h00.Após a exibição deste filme foi exibido outro igualmente
inédito e não menos maravilhoso denominado Paixão e Fúria, com Humphrey Bogart,
Laurea Bacall e outros astros de Hollywood.
O celuloide que foi exibido na inauguração
do Cine Rio Grande foi “um tecnicolor dos mais caros dos últimos anos, sendo
justo o interesse que vem sendo despertado o mesmo em nossa cidade, pois esta é
a primeira apresentação do filme no País”.(DIÁRIO DE NATAL,11/02/1949,p.6).
A Empresa Rio Grande Ltda estabeleceu o
preço do ingresso fixado em Cr$ 7,20 para adultos e Cr$ 4,20 para estudantes. (A
ORDEM, 11/02/1949, p.4).
Segundo
o Diário de Natal ao ser inaugurado o Cine Rio Grande “ a nova casa de
projeções é considerada das maiores da América do Sul, constituindo por isso
empreendimento de vulto dos proprietários, que dotarão a cidade de uma casa de
diversões a altura do nosso progresso” (DIÁRIO DE NATAL,02/02/1949,p.6).
Visita as dependências do Cine Rio
Grande
O repórter do Diário de Natal percorreu
as dependências do Cine Rio Grande acompanhado do Sr. Ruy Moreira Paiva, um dos
proprietários do cinema.
O repórter colheu a melhor impressão possível
da arquitetura como também do conforto de suas poltronas estufadas em numero de
1600.Segundo o proprietário o cinema tinha ainda capacidade para mais 400
poltronas que não foram colocadas para proporciona melhor conforto aos
frequentadores.
Com essa medida as filas de poltronas
ficaram mais afastadas como também próximo a tela não foi colocada três filas
como era possível ver.
A cabine de projeção oferecia conforto
ao técnico, como também facilidade em referencia as projeções devido a grande eficiência
dos maquinários da RCA Victor, cuja nitidez foi verificada pelo repórter, com a
apresentação de um pequeno filme. A tela devido sua ótima confecção cooperava
da maneira mais eficiente para a melhor visibilidade dos filmes (celuloides).
Começou mal o Cine Rio Grande
Quando da inauguração do Cine Rio
Grande os proprietários foram procurar o bispo dom Marcolino Dantas para pedir
as bênçãos da Igreja para aquela casa de diversões.
Atendendo ao convite, o Sr. Bispo diocesano,
pediu aos empresários que não se fizesse exibições atentatórias a moral.
Pois bem, não se passaram muitos dias e
já se verificara a primeira desatenção a esse pedido da autoridade
eclesiástica.
O Cine Rio Grande anunciou nos jornais,
inclusive no próprio órgão oficial do estado (A República) que viria por ai uma
certa cubana “mulher de fogo” cuja a fama de trejeitos e atitudes menos recontadas
é tal que como se sabia, o Sr. Juiz de
menores do Recife proibiu a entrada de menores até 21 anos.
Ao que constava o povo paraibano não
consentiu que essa estrangeira exibisse as suas indecências em João Pessoa.
Fonte:A Ordem,23/02/1949,p.3. |
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