terça-feira, 4 de junho de 2019

O CINE RIO GRANDE



         Segundo o jornal Diário de Pernambuco em 15/02/1945 foi organizada em Natal uma empresa constituída pelos Srs. Rui Moreira Paiva, Otacílio Maia, João Massena e Raul Ramalho com a finalidade especial de constituírem uma nova casa de diversões na capital potiguar sob a denominação de ‘Cine-teatro Rio Grande’, tendo sido já adquirido o terreno na Av. Deodoro esquina com a Praça Pio X onde deveria ser iniciada dentro de 15 dias a construção do prédio destinado ao referido cinema e a inauguração prevista para 6 meses.(DIÁRIO DE PERNAMBUCO,15/02/1945,p.8).A construção durou na realidade 4 anos.
                A planta do Cine Rio Grande se deve ao engenheiro Joaquim Pinto Romeira e foi construído sob as vistas do construtor Joaquim Vitor de Holanda, no qual apresenta-se num estilo bem moderno,  igualmente no tocante toda as suas equipagem e mobiliário.


         A aparelhagem era da RCA Vitor que proporcionava muita nitidez no som e na projeção e era tida como sendo uma das mais perfeitas da indústria cinematográfica do pós-guerra.Os frequentadores não teriam que suportar durante a projeção o calor tão grande, isto graça ao sistema de ventilação empregado na construção do Cine Rio Grande, o que representava um passo sobre os demais cinemas existentes na capital potiguar.
         Além disso, estavam alinhadas em filas nada menos que 1.699 poltronas estofadas.
A benção do edifício
         A benção do edifício foi dada pelo bispo diocesano dom Marcolino Dantas as 17h00.
A Inauguração
A inauguração do luxuoso prédio do cinema Rio Grande foi programada para o dia 12/02/1949. A obra foi calculada em vários milhões de cruzeiros.O filme escolhido para ser exibido na inauguração foi “um belo tecnicolor ‘Minha Rosa Silvestre, inédito no Brasil que de certo agradará ao grande público que acorrerá no dia 12 a nova casa de diversões da Praça Pio X”.
         No dia anterior as 21h00 foi dedicada uma avant-premier para as autoridades do referido filme.(A ORDEM,07/02/1949, p.2).
         Conforme o jornal A Ordem o público teria a oportunidade de assistir as 20h00 do dia 12/02/1949 a solenidade do novo e moderno cinema da capital potiguar, localizado na Av. Deodoro com a Praça Pio X, cuja construção foi feita nos moldes da moderna técnica de construir, iniciada havia algum tempo atrás mas que só naquele ano fora concluído, o que representava a suntuosidade da obra.(A ORDEM,09/02/1949,p.1).



         O ato inaugural cujo inicio foi as 21h00 contou com a presença do governador José Varela a qual estiveram presentes também autoridades e elementos destacados da sociedade potiguar.
         Desde as 20h00 se verificou o deslocamento para a praça Pio X e circunvizinhanças de grande número de curiosos, enquanto entravam no magnífico cinema, autoridades, representantes da imprensa, pessoas gradas e famílias especialmente convidadas.
A iluminação externa realçava a claridade e a beleza, enquanto no recinto da casa de espetáculos, não menor claridade era apresentada.
         Com a presença do governador do estado, do capitão de mar e guerra Heitor Batista Coelho, comte da Base Naval, do secretario geral do estado, do Sr. Mario Lira, prefeito da capital, mons. João da Mata, representando o bispo diocesano, além de outras autoridades e representantes da imprensa teve inicio o ato de inauguração que foi transmitido pela Rádio Poti.




         Do palco do cinema usou a palavra inicialmente o Sr.Otávio Maia, chefe da firma proprietária do Cine Rio Grande, que fez um relato completo das atividades da empresa, desde a idealização até aquele presente momento.
         Dando por inaugurada a luxuosa casa de diversões da avenida Deodoro, falou rapidamente o governador José Varela que se congratulou com os proprietários pelo grande empreendimento ora concretizado.Em seguida foram exibidos trailers dos próximos filmes a serem exibidos pelo Cine Rio Grande.
         a impressão de todos foi a melhor possível,devido a nitidez do som e filmagem, como também pelo conforto que oferecia suas poltronas estufadas.(DIÁRIO DE NATAL, 12/02/1949,p.6).
O primeiro filme exibido no Cine Rio Grande
         As sessões para o público foram iniciadas no dia seguinte com a apresentação do grandioso tecnocolor da Warner Bros Minha Rosa Silvestre estrelado por Dennis Morgan, tendo sido a primeira sessão as 15h00.Após a exibição deste filme foi exibido outro igualmente inédito e não menos maravilhoso denominado Paixão e Fúria, com Humphrey Bogart, Laurea Bacall e outros astros de Hollywood.
         O celuloide que foi exibido na inauguração do Cine Rio Grande foi “um tecnicolor dos mais caros dos últimos anos, sendo justo o interesse que vem sendo despertado o mesmo em nossa cidade, pois esta é a primeira apresentação do filme no País”.(DIÁRIO DE NATAL,11/02/1949,p.6).
         A Empresa Rio Grande Ltda estabeleceu o preço do ingresso fixado em Cr$ 7,20 para adultos e Cr$ 4,20 para estudantes. (A ORDEM, 11/02/1949, p.4).
Segundo o Diário de Natal ao ser inaugurado o Cine Rio Grande “ a nova casa de projeções é considerada das maiores da América do Sul, constituindo por isso empreendimento de vulto dos proprietários, que dotarão a cidade de uma casa de diversões a altura do nosso progresso” (DIÁRIO DE NATAL,02/02/1949,p.6).
Visita as dependências do Cine Rio Grande
         O repórter do Diário de Natal percorreu as dependências do Cine Rio Grande acompanhado do Sr. Ruy Moreira Paiva, um dos proprietários do cinema.
         O repórter colheu a melhor impressão possível da arquitetura como também do conforto de suas poltronas estufadas em numero de 1600.Segundo o proprietário o cinema tinha ainda capacidade para mais 400 poltronas que não foram colocadas para proporciona melhor conforto aos frequentadores.
         Com essa medida as filas de poltronas ficaram mais afastadas como também próximo a tela não foi colocada três filas como era possível ver.
         A cabine de projeção oferecia conforto ao técnico, como também facilidade em referencia as projeções devido a grande eficiência dos maquinários da RCA Victor, cuja nitidez foi verificada pelo repórter, com a apresentação de um pequeno filme. A tela devido sua ótima confecção cooperava da maneira mais eficiente para a melhor visibilidade dos filmes (celuloides).








Começou mal o Cine Rio Grande
         Quando da inauguração do Cine Rio Grande os proprietários foram procurar o bispo dom Marcolino Dantas para pedir as bênçãos da Igreja para aquela casa de diversões.
         Atendendo ao convite, o Sr. Bispo diocesano, pediu aos empresários que não se fizesse exibições atentatórias a moral.
         Pois bem, não se passaram muitos dias e já se verificara a primeira desatenção a esse pedido da autoridade eclesiástica.
         O Cine Rio Grande anunciou nos jornais, inclusive no próprio órgão oficial do estado (A República) que viria por ai uma certa cubana “mulher de fogo” cuja a fama de trejeitos e atitudes menos recontadas é tal que como se sabia, o Sr. Juiz de  menores do Recife proibiu a entrada de menores até 21 anos.
         Ao que constava o povo paraibano não consentiu que essa estrangeira exibisse as suas indecências em João Pessoa.



Fonte:A Ordem,23/02/1949,p.3.


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