domingo, 14 de julho de 2019

O PRIMEIRO BISPO DE SERGIPE FOI UM POTIGUAR



A diocese de Aracaju, no estado de Sergipe, foi criada pela Bula “Divina disponente elementia” do Papa Pio X em 03/01/1910.Abrangia todo o estado de Sergipe e era sufragânea da Arquidiocese de Salvador-BA.

Biografia
         Dom José Gomes da Silva nasceu em 04/08/1873 na povoação de Alexandria, então pertencente ao município de Martins na região oeste potiguar, sendo filho do casal Tomás Gomes da Silva. Transferindo-se para a Paraíba fez os exames preparatórios no Liceu Paraibano, matriculou-se no Seminário da Paraíba, onde recebeu todas as ordens sacerdotais, inclusive o presbiterato em 15/11/1896.
Mesmo antes de Dom Adauto Henrique de Miranda conferir-lhe a derradeira ordem sacra o diácono José Tomás Gomes da Silva fazia parte do corpo docente do Seminário da Paraiba.
Quando seminarista, dom José Tomás teve apenas um companheiro de turma que foi Dom Manuel Antonio de Paiva, ex-bispo de ilhéus-BA e Garanhuns-PE.No entanto, naquela manhã clara de novembro, conferia também Dom Adauto na veneranda Catedral de Nossa Senhora das Neves, outras ordens sagradas a antigos seminaristas paraibanos.
                             Dom José Tomás Gomes da Silva

Fonte: Arquidiocese de Aracaju.

O sacerdote
Toda a carreira sacerdotal de Dom Tomás foi exercida na Paraiba, terra a quem votava especial afeto.Exerceu os cargos mais destacados naquele Estado brasileiro, sendo secretário do bispado, escrivão da Câmara Eclesiástica, mestre de cerimônias do Sólio Episcopal, lente catedrático de direito canônico e diretor espiritual do Seminário da Paraíba, diretor do Boletim Eclesiástico e do jornal A Imprensa, visitador apostólico da Paraíba e Rio Grande do Norte.Foi sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.
         Quando foi iniciada a campanha pela fundação da Diocese de Natal, houve por bem Dom Adauto nomear o já cônego José Tomás para visitador apostólico, havendo o digno sacerdote percorrido todo o território do estado potiguar e grande parte do da Paraiba, angariando meios para ser convertida em realidade os desejo do povo norteriograndense.
         Sem exageros, se não tivesse sido a dedicação e dinamismo do aludido sacerdote que não tinha canseiras e nem indagava o meio de locomoção, sendo que naquela época o mais comum era montado no lombo de animais, tão cedo não seria instalada a diocese de Natal.
         Em 12/03/1907 foi o monsenhor José Tomás distinguido com o titulo de Camareiro de honra do Santo Padre.

O episcopado
Em 03/03/1910 foi eleito e preconizado bispo diocesano o Monsenhor José Tomás Gomes da Silva.Em 19/11/1910 ocorreu a sua sagração episcopal celebrada na catedral de Nossa Senhora das Neves na então cidade da Paraíba, atual João Pessoa, capital paraibana, tendo sido  o bispo sagrante dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, bispo da PAraiba, e consagrantes dom Joaquim Antonio de Almeida, bispo de Natal e do Augusto Álvaro da Silva, bispo de Floresta.
Representando a diocese recém-criada de Sergipe, esteve o então padre Antonio dos Santos Cabral, vigário de Propriá, que viria a ser o segundo bispo de Natal e posteriormente Arcebispo de Belo Horizonte-MG.

Empossado
Empossado na direção da diocese sergipana em 04/12/1911, Dom José Tomás tornou-se cedo um espírito trabalhador e cheio das mais vivas intenções de fé e espírito de piedade.Fundou o Seminário de Sergipe, amparou e dirigiu obras de caráter social em toda a diocese, realizando durante 37 anos um episcopado fecundo e cheio das mais belas iniciativas ramificações em todas as camadas daquele Estado.
A obra mais brilhante que dom José Tomás  firmou a frente da Diocese de Aracaju  foi a formação de um clero culto e respeitado em todo o Brasil.Basta citar que da Diocese de Aracaju, durante o episcopado de Dom Tomás  saíram prelados do porte moral e intelectual de dom Antonio dos Santos Cabral, 2º bispo de Natal e posteriormente transferido para Belo Horizonte, dom Mario de Miranda Villas-Boas, arcebispo de Belém do Pará, dom Adalberto Sobral, arcebispo do Maranhão, dom Juvencio de Brito, bispo de Garanhuns, dom Avelar Vilela Brandão, bispo de Petrolina e dom Manuel Raimundo de Brito de Caitité-BA.
Uma das marcas de sua administração episcopal foi a realização de um baquete de 100  talheres oferecido a 100 mendigos em 1919 no salão de honra do Instituto Bento XV  pelas Damas de Caridade.

                            Catedral de Aracaju em 1935
Fonte: Arquidiocese de Aracaju.

A morte
Em 31/10/1948 os campanários do velho Sergipe Del rei amanheceram badalando funebremente para anunciar a população católica daquele Estado o falecimento do seu primeiro bispo diocesano.
Dom Tomás Gomes da Silva possuía excelentes qualidades intelectuais, sendo conhecido orador sacro. Deixou várias cartas pastorais, que são páginas notáveis de fé e de brasilidade, nas quais o referido Ordinário sergipano estudava com fidelidade histórica a hora que estava passando. Entre as suas melhores produções foi a Oração Fúnebre pronunciada em 15/09/1935 por ocasião das solenes exéquias do arcebispo da Paraiba, dom Adauto de Miranda Henriques.
         A morte do fundador da diocese de Sergipe, ilustre bispo e portador de excelentes qualidades, causou o mais profundo pesar no seio do episcopado nacional e de todas as classes sociais daquele estado nordestino. Foi um bispo bondoso e culto.
         Nas páginas da história sergipana o nome de Dom José Tomás Gomes da Silva ficará definitivamente escrita pela imensa soma de benefícios que pronunciou aquela terra e gente. Foi um grande brasileiro e nobre prelado. Ilustre potiguar que muito honra a terra de Felipe Camarão.
Fonte: A união, 21/11/1948, p.5.


                                     Catedral de Aracaju em 2013
                                                                             Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
Apêndice I
         Coincidentemente o primeiro bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju também foi um potiguar. Foi Dom Nivaldo Monte (☼ 1918 † 2006) que exerceu a função de 1963 a 1966 quando foi então nomeado arcebispo da Arquidiocese de Natal.

                                        Dom Nivaldo Monte
                                                             Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
        
Apêndice II

       O site da Arquidiocese de Aracaju assim definiu o episcopado de Dom Tomás Gomes da Silva:
Eleito no dia 12 de maio do ano de 1911. D. José Thomas Gomes da Silva, foi recebido com todas as honrarias, não só pelo clero mais pelos políticos locais e membros da sociedade. Uma explicita demonstração de como seria a estadia do bispo no Estado.
Passada as comemorações, dois dias depois, o bispo D. José Thomas Gomes da Silva deu início ao trabalho de reestruturação da Igreja local, participando, dessa forma, do projeto nacional de reforma do clero. D. José começou seu oficio fazendo as devidas nomeações para composição de sua diocese. Depois, fundou um boletim, meio pelo qual ele informava aos padres e paroquianos tudo que estava acontecendo com a igreja em nível mundial e nacional, além de informações acerca de sua administração, pois era nessa publicação que D. José Thomas fazia as devidas cobranças, tanto financeiras como espirituais e morais.
Visitas pastorais e criação de paróquias também foram atitudes importantes no tocante à ampliação dos domínios da Igreja, sem contar com a relação desenvolvida por D. José com os governantes do Estado e com os representantes da elite econômica e intelectual local. O bispo agiu como um estrategista, inseminando os preceitos da igreja em toda a sua circunscrição.
       Dentre os fatos que marcaram o seu bispado está o auxilio material e espiritual dado aos estabelecimentos escolares e assistenciais, a exemplo do Instituto Bento XV, do Ginásio Nossa Senhora das Graças, da cidade de Propriá, do Colégio Sagrado Coração de Jesus, do Ginásio Patrocínio de São José em Aracaju, do Orfanato da Imaculada Conceição, do Oratório Festivo São João Bosco, fundado por Genésia Fontes, a D. Bebé, e da Associação Santa Zita, destinado a menores carentes.
Outro aspecto a ser considerado na atuação de D. José Thomaz, está relacionado à obtenção de patrimônio para a Diocese. Com a falta de subsídios do Estado, a Igreja teve que dispor de seus próprios recursos para sua manutenção. Como cada diocese tinha por obrigação se manter, a aquisição de patrimônio, era algo necessário. Daí a construção de uma Comissão composta de várias personalidades sergipanas, pessoas de posse e de cargos importantes no Estado, membros de uma elite econômica, a começar pelo presidente do Estado, o general José de Siqueira Menezes, a quem o bispo designou presidente de honra; o desembargador Zacarias Horácio dos Reis foi nomeado vice-presidente; o primeiro secretário era o coronel Antonio Gomes da Cunha Júnior; o segundo secretário, o major Luiz José da Costa Filho; e, como tesoureiro, fora designado Manoel Teixeira Chaves de Carvalho. Como procurador geral, o bispo escolheu o desembargador Antonio Teixeira Fontes. Nomes como os de Alexandre Lobão, Amintas Guaraná, major rsênio Araújo, o médico Augusto Leite, Augusto Mattos, Aurélio do Prado Vieira, Benjamin Mendonça, coronel Félix Pereira de Azevedo, Francisco C. Nobre de Lacerda, o cônego Francisco Gonçalves Lima, Guilherme Nabuco, o médico Helvécio de Andrade, Euvidio Velbo, João Antonio de Oliveira, o desembargador João Maynard, padre João Victor de Mattos, José de Araújo Cardoso, o coronel José da Silva Ribeiro, José Moreira de Magalhães, o desembargador Manoel Caldas Barreto, o professor Manoel Francisco A. de Oliveira, Nelson Vieira, o desembargador Simeão Sobral e Silvio Motta compunham o quadro de membros da referida comissão. Mas o presidente efetivo desta, era o padre Manuel Raymundo de Melo, que também fora nomeado o primeiro reitor do Seminário criado por D. José Thomas. (LIVRO DE REGISTRO DO SEMINÁRIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, 1913-1948, p.2).
O fato, porém, que mais marcou o bispado de D. José Thomaz, foi à criação do Seminário Sagrado Coração de Jesus. Foi através dele que o bispo, efetivamente, cumpriu com a missão de ampliação dos domínios da Igreja e de reforma do clero. Através do Seminário, a Igreja local ganhou repercussão nacional e a Igreja nacional pôde contar, muitas vezes, com muitos dos seus quadros.
A criação da Diocese e a implantação de seu Seminário significaram, além da restrição do campo de atuação dos protestantes e dos espíritas, a retomada de uma certa estabilidade que parecia estar se perdendo. O Seminário, por sua vez, implantado em 1913, representou não só a manutenção e a ampliação do número de clérigos, mas uma escola que educou e “formou” muitos sergipanos.

Fonte: http://iaracaju.infonet.com.br/serigysite/



A ESTRADA DE FERRO SAMPAIO CORREIA EM 1950



         Em 1950 a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte-EFCRGN passou a denominar-se Estrada de Ferro Sampaio Correia-EFSC.Esta ferrovia surgiu pela lei nº 1145 de 31 de dezembro de 1903 que partindo do ponto mais conveniente do litoral atingisse a região assolada pela seca.
         Em 23/02/1904 uma comissão do Governo Federal sob a chefia do engenheiro José Matoso Sampaio Correia, conhecido pelos dois últimos sobrenomes, iniciou os estudos das causas e efeitos das secas no Rio Grande do Norte.
         Esta comissão realizou o estudo e projetou uma ferrovia que partindo de Natal, se dirigia ao alto sertão do Estado, até Caicó, passando por Ceará-Mirim, Lajes, Angicos, São Rafael e São Miguel de Jucurutu.
         O decreto 5703 de 04 de outubro criou a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte.Em 15/11/1907 foi inaugurada a primeira estação no km 57, a estação de Taipu.Esta ferrovia continuava a ser regida por uma portaria ministerial de 03/07/1920 sendo subordinada ao Depártamento Nacional de Estradas de Ferro-DNEF e sua administração compreendia 4 divisões, cujo desdobrametos de serviços eram o seguinte:
1ª divisão: administração, diretoria, secretaria, seção do pessoal, seção do material, tesouraria, arquivo e biblioteca.
2ª divisão: tráfego, escritório central, inspetoria do movimento, inspetoria de telegrafo e iluminação e estações.
3ª divisão: locomoção, escritório central, inspetoria de tração, oficinas de locomotivas, oficinas de carros e vagões, depósitos de tração e conservação de veículos.
4ª divisão: linha e edifícios, escritório central, conservação de via permanente, conservação de obras de artes.
        





         Segundo o engenheiro Helio Lobo, industrialmente era uma ferrovia deficitária, sua despesa ultrapassava a receita, como as demais ferrovias administradas pela Uniao.
         Acreditava o referido engenheiro ser isto, dentre outros fatores, a falta de liberdade administrativa dos seus dirigentes.
         Ainda de acordo com Helio Lobo o pessoal era deficitário, ora em quantidade, ora em qualidade, promoções obrigatórias quando apenas respeitado o necessário interstício da anterior, salários demasiadamente excessivos para uns e baixo para outros,não havendo possibilidade para um reajustamento porquanto os seus quadros eram rígidos acarretando falta de estimulo.
         As linhas da EFSC serviam apenas ao Rio Grande do norte e mantinham um serviço de tráfego mutuo com a Great Western of Brazil Railway Co Ltd com intercambio de vagões  na estação de Nova Cruz a 2 km dos limites com o estado da Paraiba.
Ela possuía três linhas: a linha sul: Natal-Nova Cruz, na extensão de 121 km, a linha oeste: Natal-Oscar Nelson, na extensão de 219 km e a linha norte: Itaretama (Lajes)-Pedro Avelino, na extensão de 149 km, partindo da estação de Itaretama.
O total de suas linha em tráfego naquele ano de 1950 eram portanto 389 km, incluindo 21 km de linhas acessórias de serviço.Em 1950 os trilhos da EFSC estavam sendo prolongados na direção oeste para São Rafael, demando Caicó e na direção norte para Afonso Bezerra, demandando o porto de Macau.
Na linha oeste em junho de 1949 foi entregue ao tráfego o trecho de 25 km de Angicos a Oscar Nelson, restando 21 km para São Rafael; este percurso já apresentava pronto todo o serviço de terraplanagem em cortes e aterros, bem como a maioria das obras de artes , nas quais estavam faltando as vigas de pontes e pontilhões.
Na linha norte, esperava-se entregar o trafego em 30/11/1950, o trecho de 15 km entre Pedro Avelino e Afonso Bezerra, tendo aquela época concretada as vigas das principais pontes, já estando toda a linha assentada e quase concluído o edifício da estação de Afonso Bezerra.
Na linha sul estava sedo realizadas variações para a melhoria da circulação dos trens, esperava-se entregar ao tráfego em dezembro daquele ano a variante do Barro Branco entre Estivas e Baldum, na extensão de 3 km com enormes serviços de corte e aterro.Este era o ponto critico da linha, onde se contavam 12 curvas reversas de 110 metros de raio em rampas de elevadas taxas, inclusive a de 3,755 %.
Entre Natal e Nova Cruz contava-se 2.980 fraturas de trilhos, havendo trilhos partidos em 3,4 e 5 pedaços, trilhos tipo 25 que chegavam a apresentar 17,4 kg/m dado o uso em mais de 50 anos.
Naquele ano estavam sendo socorridas as curvas mais importantes, com o emprego de trilhos novos, para atender a segurança do tráfego.Esta última durante a II Guerra sofreu muito com o seu tráfego acrescido em 5 vezes o tempo normal, não fora ela, disse o engenheiro Helio Lobo, Natal dificilmente teria sido o “Trampolim da Vitória” porquanto não havia caminhão, não havia movimento marítimo, tendo Natal sido mantida unicamente pelo abastecimento ferroviário procedente do Recife via Nova Cruz.
Houve ainda o transporte em trens especiais de tropas americanas e nacional, trens especiais de tanques de guerra, viaturas, canhões, bombas, espoletas, aviões encaixotados, etc e toda a alimentação para a cidade.
Trens especiais de gasolina, consecutivos, contribuíram para a cifra média de 350 aviões diários que partiam de Natal para cruzar o Atlântico.
         A linha Natal Nova Cruz numa extensão de 121 km apresentava o comprimento virtual de 522 km, apresentando o coeficiente de 4,32, ela estava lançada sobre terrenos ondulados.
A linha Natal –Oscar Nelson, tinha as melhores condições técnicas, na extensão de 219 km apresentava o comprimento virtual de 498 km, dando o coeficiente de 2,25.
O ramal Itaretama-Pedro Avelino com extensão de 28 km e o comprimento virtual de 58 km, dava o coeficiente de 2,19.
A EFSC percorria duas regiões distintas entre si.
A linha oeste chamada de sertão, atravessava regiões assoladas pela seca,sobre terrenos pedregosos, difícil a agricultura, medrando todas as variedades de cactus e onde apenas era plantado o algodão.Servia a ferrovia a uma extensa região que se diferenciava em zonas fisiograficas, parte úmida no extenso vale do rio Ceará-Mirim ao característico sertão nordestino.
As populações aproveitavam as vazantes dos açudes, margens e leitos dos rios, para o plantio e cultivo de feijão, milho, batata e mandioca.
Os leitos dos rios, por sua vez estavam quase sempre secos, onde eram abertas cacimbas de onde se extraiam a água para todos os fins.
A EFSC transportava água para consumo em suas locomotivas e abastecia também várias localidades.
A linha sul, denominada ‘linha do agreste” atravessava uma região onde predominavam os terrenos arenosos, linha do litoral, porém,sempre mais úmida apresentando grande número de lagoas, alagadiços e rios que perduravam por mais tempo, apenas secando quando nas grandes estiagens.
Nesta região a agricultura era menos difícil, havia o cultivo da cana de açúcar, todos os cereais, arvores frutíferas e o gado alimentava-se sozinho.
A EFSC transportava água diariamente para Nova Cruz, atendendo o abastecimento de suas locomotivas e fornecendo o liquido precioso àquela cidade.
Em relação ao material rodante e de tração a EFSC estava necessitando de grande auxilio.Naquele ano de 1950 tinha 11 locomotivas em tráfego, 4 em reparos e 8 aguardando reparação e reconstrução.
As locomotivas tinha entre 36 e 67 anos de serviço ativo e seu número era dificiente para o volume de transporte que precisava atender, há muito vinha exigindo a aquisição de novas unidades de tração.
Segundo Hélio Lobo era pensamento do DNEF suprir a EFSC com 6 locomotivas diesel-elétrica o que era segundo o mesmo engenheiro uma decisão acertada dada a dificuldade de água e certa escassez de lenha, porém tal providencia esperava os recursos necessários que ainda não havia aparecidos.
O material rodante da EFSC compreendia 26 carros e 174 vagões.Existia 9 carros de passageiros de 1ª classe e 8 carros de 2ª classe, quantidade que era insuficiente pois diariamente eram feitas 4 viagens com trens de passageiros, cada um composto de 2 carros de 1ª classe e 2 carros de 2ª classe e 1 de correio-bagagem.Segundo Hélio Lobo, lutava-se com dificuldades para atender as repartições públicas sem prejuízo dos trens.
A EFSC estava providenciando com a empresa Material Ferroviário S.A-Mafersa, o necessário para a construção de 6 carros metálicos, sendo 2 de 1ª classe, 2 de 2ª e 1 correio onde a referida empresa cuidaria da instalação de freios a vácuo nas  composições dos trens de passageiros.
No tocante ao tráfego da EFSC a ferrovia transportou 350,765 passageiros, 12.637 animais, 992,985 toneladas de encomendas, 42.257,594 toneladas de mercadorias em tráfego próprio e 24.710,197 toneladas de mercadorias em tráfego mutuo com a GWBR.
As principais mercadorias transportadas pela EFSC eram: algodão, farinha de mandioca, açúcar, torta de farelo de algodão, caroço de algodão, milho, tijolos, feijão, madeiras, cal, sal, óleo de caroço de algodão, etc, todas em exportação caracterizava esta o principal movimento da EFSC.
Para a manutenção dos seus serviços a EFSc possuía o seguinte quadro de pessoal: 44 funcionários titulados, 187 extranumerários mensalistas e 598 extranumerários diaristas, dando um total de 829 servidores sem contar com o pessoal que trabalhava nos serviços de novas obras.
Quanto ao pessoal técnico a EFSC estava inteiramente desprovida, pois nos seus serviços, naquele ano de 1950 não existiam engenheiros, nem topógrafos, nem auxiliares técnicos.
Na EFSC o seu único engenheiro era o próprio Diretor, que era responsável pela ferrovia, nela tudo tinha que examinar e providenciar, não obstante existirem vagas no quadro permanente cujo preenchimento não era autorizado.
Deste modo, o seu Diretor inspecionava, fiscalizava  e respondia diretamente pelos principais serviços da EFSC.O que era exaustivo e contraproducente, disse Hélio Lobo.
Em relação a questão social, os servidores da EFSC eram atendidos com o máximo interesse da administração.No ambulatório da EFSC os ferroviários e suas famílias tinham acesso a exames médicos, dentários e recebido medicamentos, tratamento odontológico e pequenas intervenções cirúrgicas tais como amputações de dedos, extrações de amígdalas, adenoides, etc.Quando se tornava necessário eram hospitalizados sob as expensas da EFSC.
Em junho de 1949 foi iniciado o Serviço de Assistencia Social, orientado pela Escola de Serviço Social de Natal, tendo sido procedido inquérito dentre todos os operários sob seus modos de vida, sua família, suas necessidades, condições de higiene e de alimentação e o operário exteriorizava se estava satisfeito ou não na função e seção em que trabalhava, bem como se preocupações de ordem particular ou familiar lhe dificultavam o cumprimento de suas obrigações.
A assistente social visitava as residências dos operários e instruía suas famílias em conselhos e orientações por vezes anotava deficiências encontradas na habitação e junto a administração  da EFSC era atendida a necessidade para um melhor conforto e higiene.
Numa das dependências da EFSC era mantida uma Escola Primária para os filhos dos ferroviários.
Junto as oficinas de locomotivas foi organizado um clube de esporte e entretenimento, em local apropriado para o congraçamento dos operários na horas de folgas e a noite. (diário de natal,16/11/1950,p.2-3).

TAIPU SE FEZ PRESENTE NAS HOMENAGENS AO VICE-PRESIDENTE CAFÉ FILHO EM NATAL



Em 03/10/1950 o então deputado federal pelo Rio Grande do Norte João Café Filho foi eleito vice-presidente da República na chapa de Getúlio Vargas.
         Em 17/12/1950 o já eleito vice-presidente Café Filho esteve em Natal onde foi profusamente homenageado.
         Dentre essas homenagens estava a das senhoritas da “melhor sociedade” potiguar que ostentariam faixas com a denominação de cada um dos municípios potiguares em evento ocorrido na Praça Pio X em Natal, onde hoje está a Catedral Metropolitana. Representando o município de Taipu estava Lioni Viana (DIÁRIO DE NATAL, 17/12/1950, p.4).
     No dia seguinte foi a vez de uma representação maior se fazer presente para homenagear o vice-presidente eleito.
A delegação do município de Taipu foi composta pelos seguintes cidadãos: Antonio Alves da Rocha,, José Praxedes, representando Otávio Praxedes, José Gonçalves de Oliveira, Alfredo Miranda, João Bezerra, Sebastião Raimundo, Antonio Vilar da Câmara, João Ferreira, Manuel Avelino dos Santos, Valdomiro Alves da Rocha, Vicência Eugenio de Andrade, Maria de Lourdes Barbosa, Francisca dos Santos, Maria Gonçalves de Oliveira, Manuel Nazareno  Nogueira e Ariosvaldo Bandeira (DIÁRIO DE NATAL, 18/12/1950,p.6).
O vice-presidente Café Filho assumiria a presidência em 1954 após a morte de Getúlio Vargas ao cometer suicídio. Foi o único potiguar a ocupar o cargo de Presidente da República do Brasil.O presidente Café Filho tem sua história ligada a Taipu pois sua primeira causa como advogado ocorreu justamente no município de Taipu.
Presidente João Café Filho


TAIPU NA CAMPANHA DE PÉ NO CHÃO SE APRENDE A LER

Imagens ilustrativas da Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler


Em 22/02/1961, teve início um Movimento Educacional que, mais tarde, seria batizado de Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Esta segunda fase é a escola sem paredes, coberta de palha de coqueiro e o piso de barro batido. Era a primeira experiência em grande escala da Escola Ecológica.
Em 02/05/1964 foi criada a Frente Municipal de Educação Popular, entidade que congregaria e coordenaria os esforços de cerca e 40 municípios do Rio Grande do Norte os quais assinaram convenio com a campanha “De pé no Chão Também se Aprende a Ler” da prefeitura de Natal.
         A ideia foi lançada numa reunião realizada na Prefeitura de Natal quando perante  mais de 20 prefeitos do interior foi discutido o  planejamento de ação da campanha “De Pé no Chão” para assistência pedagógica aos municípios do interior do estado.
         Dentre os prefeitos que criaram e aderirem a referida entidade estava o prefeito de Taipu Wellington Varela da Costa. (DIÁRIO DE NATAL, 05/03/1964, p.3).

ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM TAIPU EM 1962



         Em 1962 o município de Taipu contava 11;173 habitantes e 2.219 eleitores, naquele ano as eleições municipais foram disputadas entre os seguintes candidatos: Marino Alves da Rocha (PSD) e Wellington Luis Varela da Costa (PDC) candidatos a prefeitos.
Como as eleições do vice-prefeito eram em separado eis os candidatos ao referido cargo: Ariosvaldo Bandeira da Rocha (PSD) e José Honório (PDC).
A vitória coube a chapa formada pelos candidatos Wellington Luis Varela da Costa (PDC) e Ariosvaldo Bandeira da Rocha (PSD). (Diário de Natal, 06/10/1962,p.4).

O prefeito Welligton Varela da Costa teve seu mandato suspenso pela Câmara de Vereadores de Taipu em 13/05/1964, o motivo da suspensão foi que teria o prefeito incorrido no crime de responsabilidade em virtude de irregularidades nas contas do exercício de 1962.
A comissão Especial designada para opinar sobre o caso opinou pelo recebimento da denuncia tendo em vista a resistência do prefeito no encaminhamento à Câmara de comprovação da despesa e receita do referido ano de 1962.
A suspensão foi aprovada por 9 votos contra 1.Assumiu o vice-prefeito Ariosvaldo Bandeira da Silva.(DIÁRIO DE NATAL, 14/05/1964, p.7).
O prefeito cassado recorreria ao Tribunal de Justiça e por meio de liminares reassumiu o cargo diversas vezes, deixando uma situação embaraçosa na prefeitura de Taipu, uma verdadeira dança das cadeiras entre Wellington Varela da Costa e Ariosvaldo Bandeira.
O Tribunal de Justiça decretou sem efeito a determinação do impedimento pela Câmara  de Vereadores de Taipu ao prefeito Welligton Varela, ainda assim o vereadores não aceitaram a decisão e passaram a criar dificuldades para as atividades normais do prefeito que havia retornado por decisão liminar, uma nova reclamação foi encaminhada pelo prefeito Wellington Varela a Justiça.Segundo o jornal Diário de Natal (02/12/1964,p.4) por causa disse a situação política em Taipu estava movimentada (leia-se: tensa, agitada, complicada, anormal, atípica, etc).
O mandato de Wellington Varela da Costa foi concluído as duras penas em 1967.