A
diocese de Aracaju, no estado de Sergipe, foi criada pela Bula “Divina
disponente elementia” do Papa Pio X em 03/01/1910.Abrangia todo o estado de Sergipe e era sufragânea da Arquidiocese de Salvador-BA.
Biografia
Dom José Gomes da Silva nasceu em
04/08/1873 na povoação de Alexandria, então pertencente ao município de Martins
na região oeste potiguar, sendo filho do casal Tomás Gomes da Silva. Transferindo-se
para a Paraíba fez os exames preparatórios no Liceu Paraibano, matriculou-se no
Seminário da Paraíba, onde recebeu todas as ordens sacerdotais, inclusive o
presbiterato em 15/11/1896.
Mesmo
antes de Dom Adauto Henrique de Miranda conferir-lhe a derradeira ordem sacra o
diácono José Tomás Gomes da Silva fazia parte do corpo docente do Seminário da
Paraiba.
Quando
seminarista, dom José Tomás teve apenas um companheiro de turma que foi Dom
Manuel Antonio de Paiva, ex-bispo de ilhéus-BA e Garanhuns-PE.No entanto,
naquela manhã clara de novembro, conferia também Dom Adauto na veneranda
Catedral de Nossa Senhora das Neves, outras ordens sagradas a antigos
seminaristas paraibanos.
Dom José Tomás Gomes da Silva
Fonte: Arquidiocese de Aracaju. |
O sacerdote
Toda
a carreira sacerdotal de Dom Tomás foi exercida na Paraiba, terra a quem votava
especial afeto.Exerceu os cargos mais destacados naquele Estado brasileiro,
sendo secretário do bispado, escrivão da Câmara Eclesiástica, mestre de cerimônias
do Sólio Episcopal, lente catedrático de direito canônico e diretor espiritual
do Seminário da Paraíba, diretor do Boletim Eclesiástico e do jornal A
Imprensa, visitador apostólico da Paraíba e Rio Grande do Norte.Foi sócio
fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.
Quando foi iniciada a campanha pela
fundação da Diocese de Natal, houve por bem Dom Adauto nomear o já cônego José Tomás
para visitador apostólico, havendo o digno sacerdote percorrido todo o
território do estado potiguar e grande parte do da Paraiba, angariando meios
para ser convertida em realidade os desejo do povo norteriograndense.
Sem exageros, se não tivesse sido a
dedicação e dinamismo do aludido sacerdote que não tinha canseiras e nem
indagava o meio de locomoção, sendo que naquela época o mais comum era montado
no lombo de animais, tão cedo não seria instalada a diocese de Natal.
Em 12/03/1907 foi o monsenhor José
Tomás distinguido com o titulo de Camareiro de honra do Santo Padre.
O episcopado
Em
03/03/1910 foi eleito e preconizado bispo diocesano o Monsenhor José Tomás
Gomes da Silva.Em 19/11/1910 ocorreu a sua sagração episcopal celebrada na
catedral de Nossa Senhora das Neves na então cidade da Paraíba, atual João Pessoa,
capital paraibana, tendo sido o bispo
sagrante dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, bispo da PAraiba, e consagrantes
dom Joaquim Antonio de Almeida, bispo de Natal e do Augusto Álvaro da Silva, bispo
de Floresta.
Representando
a diocese recém-criada de Sergipe, esteve o então padre Antonio dos Santos
Cabral, vigário de Propriá, que viria a ser o segundo bispo de Natal e posteriormente
Arcebispo de Belo Horizonte-MG.
Empossado
Empossado
na direção da diocese sergipana em 04/12/1911, Dom José Tomás tornou-se cedo um espírito
trabalhador e cheio das mais vivas intenções de fé e espírito de piedade.Fundou
o Seminário de Sergipe, amparou e dirigiu obras de caráter social em toda a
diocese, realizando durante 37 anos um episcopado fecundo e cheio das mais
belas iniciativas ramificações em todas as camadas daquele Estado.
A
obra mais brilhante que dom José Tomás firmou a frente da Diocese de Aracaju foi a formação de um clero culto e respeitado
em todo o Brasil.Basta citar que da Diocese de Aracaju, durante o episcopado de
Dom Tomás saíram prelados do porte moral
e intelectual de dom Antonio dos Santos Cabral, 2º bispo de Natal e posteriormente
transferido para Belo Horizonte, dom Mario de Miranda Villas-Boas, arcebispo de
Belém do Pará, dom Adalberto Sobral, arcebispo do Maranhão, dom Juvencio de
Brito, bispo de Garanhuns, dom Avelar Vilela Brandão, bispo de Petrolina e dom
Manuel Raimundo de Brito de Caitité-BA.
Uma das marcas de sua administração episcopal foi a realização de um baquete de 100 talheres oferecido a 100 mendigos em 1919 no salão de honra do Instituto Bento XV pelas Damas de Caridade.
Uma das marcas de sua administração episcopal foi a realização de um baquete de 100 talheres oferecido a 100 mendigos em 1919 no salão de honra do Instituto Bento XV pelas Damas de Caridade.
Catedral de Aracaju em 1935
Fonte: Arquidiocese de Aracaju. |
A morte
Em
31/10/1948 os campanários do velho Sergipe Del rei amanheceram badalando
funebremente para anunciar a população católica daquele Estado o falecimento do
seu primeiro bispo diocesano.
Dom
Tomás Gomes da Silva possuía excelentes qualidades intelectuais, sendo
conhecido orador sacro. Deixou várias cartas pastorais, que são páginas notáveis
de fé e de brasilidade, nas quais o referido Ordinário sergipano estudava com
fidelidade histórica a hora que estava passando. Entre as suas melhores
produções foi a Oração Fúnebre pronunciada em 15/09/1935 por ocasião das
solenes exéquias do arcebispo da Paraiba, dom Adauto de Miranda Henriques.
A morte do fundador da diocese de Sergipe,
ilustre bispo e portador de excelentes qualidades, causou o mais profundo pesar
no seio do episcopado nacional e de todas as classes sociais daquele estado
nordestino. Foi um bispo bondoso e culto.
Nas páginas da história sergipana o
nome de Dom José Tomás Gomes da Silva ficará definitivamente escrita pela imensa
soma de benefícios que pronunciou aquela terra e gente. Foi um grande
brasileiro e nobre prelado. Ilustre potiguar que muito honra a terra de Felipe
Camarão.
Fonte:
A união, 21/11/1948, p.5.
Catedral de Aracaju em 2013
Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
Apêndice I
Coincidentemente
o primeiro bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju também foi um potiguar. Foi Dom Nivaldo Monte (☼ 1918 † 2006) que
exerceu a função de 1963 a 1966 quando foi então nomeado arcebispo da
Arquidiocese de Natal.
Dom Nivaldo Monte
Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
Apêndice II
O site
da Arquidiocese de Aracaju assim definiu o episcopado de Dom Tomás Gomes da
Silva:
Eleito no dia 12 de maio do ano de 1911. D. José
Thomas Gomes da Silva, foi recebido com todas as honrarias, não só pelo clero
mais pelos políticos locais e membros da sociedade. Uma explicita demonstração
de como seria a estadia do bispo no Estado.
Passada as comemorações, dois dias depois, o bispo
D. José Thomas Gomes da Silva deu início ao trabalho de reestruturação da Igreja
local, participando, dessa forma, do projeto nacional de reforma do clero. D.
José começou seu oficio fazendo as devidas nomeações para composição de sua
diocese. Depois, fundou um boletim, meio pelo qual ele informava aos padres e
paroquianos tudo que estava acontecendo com a igreja em nível mundial e
nacional, além de informações acerca de sua administração, pois era nessa
publicação que D. José Thomas fazia as devidas cobranças, tanto financeiras
como espirituais e morais.
Visitas pastorais e criação de paróquias também
foram atitudes importantes no tocante à ampliação dos domínios da Igreja, sem
contar com a relação desenvolvida por D. José com os governantes do Estado e
com os representantes da elite econômica e intelectual local. O bispo agiu como
um estrategista, inseminando os preceitos da igreja em toda a sua
circunscrição.
Outro aspecto a ser considerado na atuação de D.
José Thomaz, está relacionado à obtenção de patrimônio para a Diocese. Com a
falta de subsídios do Estado, a Igreja teve que dispor de seus próprios
recursos para sua manutenção. Como cada diocese tinha por obrigação se manter,
a aquisição de patrimônio, era algo necessário. Daí a construção de uma
Comissão composta de várias personalidades sergipanas, pessoas de posse e de
cargos importantes no Estado, membros de uma elite econômica, a começar pelo
presidente do Estado, o general José de Siqueira Menezes, a quem o bispo
designou presidente de honra; o desembargador Zacarias Horácio dos Reis foi
nomeado vice-presidente; o primeiro secretário era o coronel Antonio Gomes da
Cunha Júnior; o segundo secretário, o major Luiz José da Costa Filho; e, como
tesoureiro, fora designado Manoel Teixeira Chaves de Carvalho. Como procurador
geral, o bispo escolheu o desembargador Antonio Teixeira Fontes. Nomes como os
de Alexandre Lobão, Amintas Guaraná, major rsênio Araújo, o médico Augusto
Leite, Augusto Mattos, Aurélio do Prado Vieira, Benjamin Mendonça, coronel
Félix Pereira de Azevedo, Francisco C. Nobre de Lacerda, o cônego Francisco
Gonçalves Lima, Guilherme Nabuco, o médico Helvécio de Andrade, Euvidio Velbo,
João Antonio de Oliveira, o desembargador João Maynard, padre João Victor de
Mattos, José de Araújo Cardoso, o coronel José da Silva Ribeiro, José Moreira
de Magalhães, o desembargador Manoel Caldas Barreto, o professor Manoel
Francisco A. de Oliveira, Nelson Vieira, o desembargador Simeão Sobral e Silvio
Motta compunham o quadro de membros da referida comissão. Mas o presidente
efetivo desta, era o padre Manuel Raymundo de Melo, que também fora nomeado o
primeiro reitor do Seminário criado por D. José Thomas. (LIVRO DE REGISTRO DO
SEMINÁRIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, 1913-1948, p.2).
O fato, porém, que mais marcou o bispado de D. José
Thomaz, foi à criação do Seminário Sagrado Coração de Jesus. Foi através dele
que o bispo, efetivamente, cumpriu com a missão de ampliação dos domínios da
Igreja e de reforma do clero. Através do Seminário, a Igreja local ganhou
repercussão nacional e a Igreja nacional pôde contar, muitas vezes, com muitos
dos seus quadros.
A criação da Diocese e a implantação de seu
Seminário significaram, além da restrição do campo de atuação dos protestantes
e dos espíritas, a retomada de uma certa estabilidade que parecia estar se
perdendo. O Seminário, por sua vez, implantado em 1913, representou não só a
manutenção e a ampliação do número de clérigos, mas uma escola que educou e
“formou” muitos sergipanos.
Fonte: http://iaracaju.infonet.com.br/serigysite/
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