domingo, 14 de julho de 2019

O PRIMEIRO BISPO DE SERGIPE FOI UM POTIGUAR



A diocese de Aracaju, no estado de Sergipe, foi criada pela Bula “Divina disponente elementia” do Papa Pio X em 03/01/1910.Abrangia todo o estado de Sergipe e era sufragânea da Arquidiocese de Salvador-BA.

Biografia
         Dom José Gomes da Silva nasceu em 04/08/1873 na povoação de Alexandria, então pertencente ao município de Martins na região oeste potiguar, sendo filho do casal Tomás Gomes da Silva. Transferindo-se para a Paraíba fez os exames preparatórios no Liceu Paraibano, matriculou-se no Seminário da Paraíba, onde recebeu todas as ordens sacerdotais, inclusive o presbiterato em 15/11/1896.
Mesmo antes de Dom Adauto Henrique de Miranda conferir-lhe a derradeira ordem sacra o diácono José Tomás Gomes da Silva fazia parte do corpo docente do Seminário da Paraiba.
Quando seminarista, dom José Tomás teve apenas um companheiro de turma que foi Dom Manuel Antonio de Paiva, ex-bispo de ilhéus-BA e Garanhuns-PE.No entanto, naquela manhã clara de novembro, conferia também Dom Adauto na veneranda Catedral de Nossa Senhora das Neves, outras ordens sagradas a antigos seminaristas paraibanos.
                             Dom José Tomás Gomes da Silva

Fonte: Arquidiocese de Aracaju.

O sacerdote
Toda a carreira sacerdotal de Dom Tomás foi exercida na Paraiba, terra a quem votava especial afeto.Exerceu os cargos mais destacados naquele Estado brasileiro, sendo secretário do bispado, escrivão da Câmara Eclesiástica, mestre de cerimônias do Sólio Episcopal, lente catedrático de direito canônico e diretor espiritual do Seminário da Paraíba, diretor do Boletim Eclesiástico e do jornal A Imprensa, visitador apostólico da Paraíba e Rio Grande do Norte.Foi sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.
         Quando foi iniciada a campanha pela fundação da Diocese de Natal, houve por bem Dom Adauto nomear o já cônego José Tomás para visitador apostólico, havendo o digno sacerdote percorrido todo o território do estado potiguar e grande parte do da Paraiba, angariando meios para ser convertida em realidade os desejo do povo norteriograndense.
         Sem exageros, se não tivesse sido a dedicação e dinamismo do aludido sacerdote que não tinha canseiras e nem indagava o meio de locomoção, sendo que naquela época o mais comum era montado no lombo de animais, tão cedo não seria instalada a diocese de Natal.
         Em 12/03/1907 foi o monsenhor José Tomás distinguido com o titulo de Camareiro de honra do Santo Padre.

O episcopado
Em 03/03/1910 foi eleito e preconizado bispo diocesano o Monsenhor José Tomás Gomes da Silva.Em 19/11/1910 ocorreu a sua sagração episcopal celebrada na catedral de Nossa Senhora das Neves na então cidade da Paraíba, atual João Pessoa, capital paraibana, tendo sido  o bispo sagrante dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, bispo da PAraiba, e consagrantes dom Joaquim Antonio de Almeida, bispo de Natal e do Augusto Álvaro da Silva, bispo de Floresta.
Representando a diocese recém-criada de Sergipe, esteve o então padre Antonio dos Santos Cabral, vigário de Propriá, que viria a ser o segundo bispo de Natal e posteriormente Arcebispo de Belo Horizonte-MG.

Empossado
Empossado na direção da diocese sergipana em 04/12/1911, Dom José Tomás tornou-se cedo um espírito trabalhador e cheio das mais vivas intenções de fé e espírito de piedade.Fundou o Seminário de Sergipe, amparou e dirigiu obras de caráter social em toda a diocese, realizando durante 37 anos um episcopado fecundo e cheio das mais belas iniciativas ramificações em todas as camadas daquele Estado.
A obra mais brilhante que dom José Tomás  firmou a frente da Diocese de Aracaju  foi a formação de um clero culto e respeitado em todo o Brasil.Basta citar que da Diocese de Aracaju, durante o episcopado de Dom Tomás  saíram prelados do porte moral e intelectual de dom Antonio dos Santos Cabral, 2º bispo de Natal e posteriormente transferido para Belo Horizonte, dom Mario de Miranda Villas-Boas, arcebispo de Belém do Pará, dom Adalberto Sobral, arcebispo do Maranhão, dom Juvencio de Brito, bispo de Garanhuns, dom Avelar Vilela Brandão, bispo de Petrolina e dom Manuel Raimundo de Brito de Caitité-BA.
Uma das marcas de sua administração episcopal foi a realização de um baquete de 100  talheres oferecido a 100 mendigos em 1919 no salão de honra do Instituto Bento XV  pelas Damas de Caridade.

                            Catedral de Aracaju em 1935
Fonte: Arquidiocese de Aracaju.

A morte
Em 31/10/1948 os campanários do velho Sergipe Del rei amanheceram badalando funebremente para anunciar a população católica daquele Estado o falecimento do seu primeiro bispo diocesano.
Dom Tomás Gomes da Silva possuía excelentes qualidades intelectuais, sendo conhecido orador sacro. Deixou várias cartas pastorais, que são páginas notáveis de fé e de brasilidade, nas quais o referido Ordinário sergipano estudava com fidelidade histórica a hora que estava passando. Entre as suas melhores produções foi a Oração Fúnebre pronunciada em 15/09/1935 por ocasião das solenes exéquias do arcebispo da Paraiba, dom Adauto de Miranda Henriques.
         A morte do fundador da diocese de Sergipe, ilustre bispo e portador de excelentes qualidades, causou o mais profundo pesar no seio do episcopado nacional e de todas as classes sociais daquele estado nordestino. Foi um bispo bondoso e culto.
         Nas páginas da história sergipana o nome de Dom José Tomás Gomes da Silva ficará definitivamente escrita pela imensa soma de benefícios que pronunciou aquela terra e gente. Foi um grande brasileiro e nobre prelado. Ilustre potiguar que muito honra a terra de Felipe Camarão.
Fonte: A união, 21/11/1948, p.5.


                                     Catedral de Aracaju em 2013
                                                                             Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
Apêndice I
         Coincidentemente o primeiro bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju também foi um potiguar. Foi Dom Nivaldo Monte (☼ 1918 † 2006) que exerceu a função de 1963 a 1966 quando foi então nomeado arcebispo da Arquidiocese de Natal.

                                        Dom Nivaldo Monte
                                                             Fonte: Arquidiocese de Aracaju.
        
Apêndice II

       O site da Arquidiocese de Aracaju assim definiu o episcopado de Dom Tomás Gomes da Silva:
Eleito no dia 12 de maio do ano de 1911. D. José Thomas Gomes da Silva, foi recebido com todas as honrarias, não só pelo clero mais pelos políticos locais e membros da sociedade. Uma explicita demonstração de como seria a estadia do bispo no Estado.
Passada as comemorações, dois dias depois, o bispo D. José Thomas Gomes da Silva deu início ao trabalho de reestruturação da Igreja local, participando, dessa forma, do projeto nacional de reforma do clero. D. José começou seu oficio fazendo as devidas nomeações para composição de sua diocese. Depois, fundou um boletim, meio pelo qual ele informava aos padres e paroquianos tudo que estava acontecendo com a igreja em nível mundial e nacional, além de informações acerca de sua administração, pois era nessa publicação que D. José Thomas fazia as devidas cobranças, tanto financeiras como espirituais e morais.
Visitas pastorais e criação de paróquias também foram atitudes importantes no tocante à ampliação dos domínios da Igreja, sem contar com a relação desenvolvida por D. José com os governantes do Estado e com os representantes da elite econômica e intelectual local. O bispo agiu como um estrategista, inseminando os preceitos da igreja em toda a sua circunscrição.
       Dentre os fatos que marcaram o seu bispado está o auxilio material e espiritual dado aos estabelecimentos escolares e assistenciais, a exemplo do Instituto Bento XV, do Ginásio Nossa Senhora das Graças, da cidade de Propriá, do Colégio Sagrado Coração de Jesus, do Ginásio Patrocínio de São José em Aracaju, do Orfanato da Imaculada Conceição, do Oratório Festivo São João Bosco, fundado por Genésia Fontes, a D. Bebé, e da Associação Santa Zita, destinado a menores carentes.
Outro aspecto a ser considerado na atuação de D. José Thomaz, está relacionado à obtenção de patrimônio para a Diocese. Com a falta de subsídios do Estado, a Igreja teve que dispor de seus próprios recursos para sua manutenção. Como cada diocese tinha por obrigação se manter, a aquisição de patrimônio, era algo necessário. Daí a construção de uma Comissão composta de várias personalidades sergipanas, pessoas de posse e de cargos importantes no Estado, membros de uma elite econômica, a começar pelo presidente do Estado, o general José de Siqueira Menezes, a quem o bispo designou presidente de honra; o desembargador Zacarias Horácio dos Reis foi nomeado vice-presidente; o primeiro secretário era o coronel Antonio Gomes da Cunha Júnior; o segundo secretário, o major Luiz José da Costa Filho; e, como tesoureiro, fora designado Manoel Teixeira Chaves de Carvalho. Como procurador geral, o bispo escolheu o desembargador Antonio Teixeira Fontes. Nomes como os de Alexandre Lobão, Amintas Guaraná, major rsênio Araújo, o médico Augusto Leite, Augusto Mattos, Aurélio do Prado Vieira, Benjamin Mendonça, coronel Félix Pereira de Azevedo, Francisco C. Nobre de Lacerda, o cônego Francisco Gonçalves Lima, Guilherme Nabuco, o médico Helvécio de Andrade, Euvidio Velbo, João Antonio de Oliveira, o desembargador João Maynard, padre João Victor de Mattos, José de Araújo Cardoso, o coronel José da Silva Ribeiro, José Moreira de Magalhães, o desembargador Manoel Caldas Barreto, o professor Manoel Francisco A. de Oliveira, Nelson Vieira, o desembargador Simeão Sobral e Silvio Motta compunham o quadro de membros da referida comissão. Mas o presidente efetivo desta, era o padre Manuel Raymundo de Melo, que também fora nomeado o primeiro reitor do Seminário criado por D. José Thomas. (LIVRO DE REGISTRO DO SEMINÁRIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, 1913-1948, p.2).
O fato, porém, que mais marcou o bispado de D. José Thomaz, foi à criação do Seminário Sagrado Coração de Jesus. Foi através dele que o bispo, efetivamente, cumpriu com a missão de ampliação dos domínios da Igreja e de reforma do clero. Através do Seminário, a Igreja local ganhou repercussão nacional e a Igreja nacional pôde contar, muitas vezes, com muitos dos seus quadros.
A criação da Diocese e a implantação de seu Seminário significaram, além da restrição do campo de atuação dos protestantes e dos espíritas, a retomada de uma certa estabilidade que parecia estar se perdendo. O Seminário, por sua vez, implantado em 1913, representou não só a manutenção e a ampliação do número de clérigos, mas uma escola que educou e “formou” muitos sergipanos.

Fonte: http://iaracaju.infonet.com.br/serigysite/



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