quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

SOBRE A NOVA MATRIZ DE ALEXANDRIA

 

De acordo com o jornal A Ordem era deveras animador o movimento religioso da cidade de Alexandria em torno da magnífica e oportuna ideia da construção de uma nova igreja para a Matriz da paróquia, dado o estado da então atual matriz, que era ainda muito pequena e em tipo colonial, não podia calar o espírito generoso e progressista do povo deste Município, contando com o apoio e possível auxilio do bispo da Diocese de Mossoró, dom Jaime Câmara.

A iniciativa partiu do prefeito e encontrou franco apoio de todas as classes, já tendo a subscrição em seu favor, que foi apenas apresentada no perímetro da cidade, atingindo o valor aproximado de 12:000$000.

         De acordo com o citado jornal, eram diversas as contribuições de 500$000 e 400$000, sendo notável o gesto do Sr. Elísio Maniçoba, que cedeu gratuitamente o barro para todo o tijolo da construção do edifício.

         Foi contratada e está em andamento a fabricação de 120 milheiros de tijolos para a edificação, que se iniciaria no mês de outubro do ano de 1938. (A ORDEM, 07/10/1938, p.2).

        A paróquia de Nossa Senhora da Conceição em Alexandria foi criada por decreto diocesano de 25/10/1936 de Dom Jaime de Barros Câmara, primeiro bispo da diocese de Mossoró. 

                                              Aspectos de Alexandria












PANORAMA DE BAIXA VERDE EM 1930


De acordo com o jornal Diário de Noticias o relatório apresentado a Intendência Municipal de Baixa Verde, pelo prefeito João Severiano da Câmara, era um documento que atestava ao mesmo tempo a inteligente ação do administrador e a riqueza do município.O município fora criado pela lei n.º 697 de 29 de outubro de 1928, pelo desmembramento de Touros, Taipu e Lajes.

         Baixa Verde progrediu neste espaço de tempo, graças aos esforços do seu primeiro prefeito, que muito bem soube aproveitar as suas fontes de renda. Mais uma vez evidencia, pois, como bem disse o Sr. João Severiano da Câmara, o axioma “dividir para bem administrar". E neste ponto o relatório a que se faz referencia tece justos elogios ao presidente do Estado, Juvenal Lamartine, autor da lei que criou o novo município. Os elogios eram também, extensivos a todos os funcionários municipais, porque bem cumpriram seu dever.

         O relatório do prefeito João Câmara, era de acordo com o citado jornal, um verdadeiro histórico do município, o qual começava tratando dos limites e passando ao funcionalismo, à escrita, à instrução, aos edifícios públicos, à viação, ao abastecimento de água, às eleições, ao júri, às visitas, ao campo de aviação, à agência dos correios, ao telégrafo, ao culto religioso, à luz elétrica, às obras públicas, aos decretos, leis e resoluções da intendência, à divisão fiscal, ao campo de demonstrações, à divida flutuante, às verbas, à receita e finalmente à despesa do município.

         Alguns capítulos desse relatório foram referencias no citado jornal, sendo o que se seguem.

         A receita do município foi de 76:473$200 e a despesa de 79:087$550, o que é admissível, porque não se interrompeu nenhum serviço, porque não poucas foram as obras realizadas.

         Tratando da receita e da despesa não pode deixar de fazer referencia a divida  do município, divida que não contraiu, mas que herdou da sua antiga situação de parte de outros municípios.

Esta divida é de 34:751$030 e esta devidamente explicada. Foi contraída para a construção do grupo escolar José da Penha, o que custou 60:000$000.Como os municípios não tiveram dinheiro todo, foi feito um empréstimo com João Câmara & Irmão, na importância acima, e como o grupo passou a pertencer ao novo município, ele ficou com a responsabilidade da dívida. O prefeito atual já regularizou a situação de semelhante compromisso em prestações anuais de 6:000$000 cada uma, além de uma prestação de 4:751$030 para antes daquelas.


Aspectos de Baixa Verde, década de 1940.


Outro capítulo que mereceu atenção do jornal Diário de Noticias foi referente ao Campo de Demonstração, que transcreveu as palavras do prefeito João Câmara:

“Baixa Verde, o município de maior produção algodoeira do Estado, não poder deixar de, em breve, construir o seu campo de demonstração, quiçá, contando para isso com a colaboração do Dr. Otávio Lamartine, inteligente e dedicado diretor do Serviço de Algodão do Estado, que, num gesto louvável e patriótico, pôs  espontaneamente a disposição do Município os seus largos conhecimentos técnicos e as máquinas necessárias àquele serviço”.

O jornal também transcreveu o que  disse o relatório do prefeito João Câmara sobre o abastecimento de água do município de Baixa Verde.

“É um dos problemas mais importantes para a vida econômica do Município. Formado de territórios áridos, sem fontes perenes, sem rios, e, em geral, inadaptados para açudagem, a resolução da magna questão tende a ser feita por meio de poços tubulares, servidos por moinhos de vento.O exmo Sr. Presidente do Estado, dr. Juvenal Lamartine, sempre voltado para tudo quanto diz respeito a prosperidade e desenvolvimento do nosso querido Estado, não esqueceu esta parte relevantíssima para o progresso do Município e assim não hesitou, apesar da exiguidade da Receita Estadual, de lançar mãos dos dinheiros  públicos , mandando, num gesto do mais alto alcance, abrir em toda a zona algodoeira, desprovida de água, poços tantos quantos necessários. Assim foram perfurados os de Palestina, Pereiros, Cabaço Preto, Terra Santa, São Luiz e São João, destes, foram instalados e estão funcionando os de Palestina e Pereiros. Além disso, foram desobstruídos também os de Queimadas, Escadilha e Nazaré. Existem, também, um em Buraco Seco, em perfeito estado de funcionamento, acionado por uma bomba manual, e outro nesta vila, funcionando normalmente. Na povoação de Parazinho há um poço movido por um motor a gás pobre, que apesar de se propriedade particular, muito em concorrido para o desenvolvimento agrícola da região. Por mais que me externasse a respeito, todas as minhas expressões seriam pálidas e poucas par dizer de que representa par a vida econômica e agrícola do Município o seu abastecimento de água”.

tratando da viação, capitulo que mereceu especiais cuidados do prefeito João Câmara, dizia o relatório coisa realmente interessantes segundo o citado jornal, no qual “durante a sua curta existência, teve o município construídas e ampliadas as suas estradas de rodagem, que vão já a 450 km, sobressaindo entre elas a que liga o município a Macau”.


Aspectos de Baixa Verde

Assim terminava o relatório do prefeito João Câmara:

“Srs. Intendentes. A sobriedade de expressões deste ligeiro relatório não se explica unicamente, como vos há de parecer, pela exiguidade de tempo.Se é verdade que os meus afazeres me atarefam demasiadamente, não me permitindo, mesmo se o quisesse, realizar digressões e explanações mais extensas em torno dos problemas que de mais perto reclamam a atenção e a vista do meu governo, que tais são abordados aqui, é preciso, entretanto, dizer-vos que assim procedendo, fico coerente com os meus princípios e as minhas ideias administrativas. Isso porque, à parte do direito alheio de pensar diversamente, acho que todos os administradores deviam ter por divisa a expressão “rex no verba”[1].Sim, porque são as ações e não as personalidades e que as destacam da impramatura comum dos indivíduos; com ações é que se constrói a economia dos povos; são os homens de ações que vanguardeam as coletividades progressistas.

E para confirmá-lo, é nosso contemporâneo e prodigioso valor do “yankee” – homem de ação por excelência, magnetizando o universo com a potencia estupenda da sua riqueza. Sistematizando a vida e realizando-a, portentosa e nobiliante, no trabalho fecundo de todos os dias sem o desperdício do seu tempo, tornando-o assim eminentemente produtivo, tem o americano conseguido standartizar a sua atividade de maneira que o maravilhoso progresso do seu país é um resultado direto e imediato do seu trabalho.

O que cumpria, por força de lei, trazer ao vosso conhecimento, aqui está. É este relato de um ano apenas da vida autônoma do Município e dentro de tão curto período, sem levar em conta o esforço para organizá-lo nos moldes constitucionais, muito creio já ter conseguido, com as afirmações reais do nosso trabalho aqui enumeradas e que tendes por outro lado também, diariamente, debaixo das vossas vistas. E se nenhum coeficiente indicasse o nosso progresso e esforço, só o vulto da nossa existência livre, sobrepujando de muito a de inúmeros outros municípios, populosos e antigos, o atestaria sobremaneiramente.

O que resta, afinal, é a satisfação da consciência tranquila de haver cumprindo o meu dever, procurando corresponder à confiança daqueles que me trouxeram até aqui e o que me cumpre agora é agradecer-vos a solidariedade inquebrantável e o apoio incondicional com que, numa perfeita harmonia de vistas, colaborastes comigo no labor de todos os dias, para levar adiante, forte, vigorosa e crente do seu esplendido futuro, a terra nascente par ao triunfo da nossa Baixa Verde estremecida. (DIÁRIO DE NOTICIAS, RJ, 18/07/1930, p.6).


Prefeito João Severiano da Câmara.

o relatório que provavelmente não existe mais nos arquivos da prefeitura e da câmara do atual município de João Câmara, outrora Baixa Verde, seria hoje uma preciosa relíquia arqueóloga para rememorar os primeiros passos do município autônomo de Baixa Verde.

Pelos enxertos extraídos do relatório do prefeito de Baixa Verde, percebe-se a erudição do prefeito João Câmara.



[1] Do latim: “o rei não fala”.Tradução livre.

SOBRE A REMODELAÇÃO DA MATRIZ DE AREIA BRANCA


Areia Branca estava ressurgindo no campo religioso segundo o jornal A Ordem em 1943.Orgulhava-se a cidade de possuir uma população exclusivamente católica, sendo limitados os núcleos de acatólicos que haviam naquela terra.

         De acordo com citado jornal, a igreja matriz de Areia Branca passaria naquele ano de 1943 por grandes reformas. Foi dado inicio aos trabalhos no ano de 1936 com a construção de uma majestosa torre avaliada em 50:0004000 (50 contos), tendo sido bondosamente custeada pelo industrial Francisco Ferreira Souto, para quem os católicos de Areia Branca teriam sempre o coração agradecido, conforme o citado jornal.

         A nave e as demais partes esperavam reformas estando já ao é da obra o material cuja aquisição foi devida a cooperação espontânea dos católicos que desprenderam generosamente suas esmolas e ao gesto louvável de Dom Jaime Câmara, que ofertou a importância de 5:000$000 (cinco contos).

         Era o pároco da freguesia naquele ano de 1943 o Pe. Ismar Fernandes, inamovível e “sua ação tem sido benfazeja. É batalhador incansável em prol da causa de Cristo”, segundo A Ordem.Incentivador de todo o progresso religioso de Areia Branca, estava o padre Ismar Fernandes, dirigindo a contento o rebanho a si confiado pela Providência.


Detalhe da torre da igreja matriz de Areia Branca, 2015.

         Graças a suas brilhantes iniciativa, o movimento religioso era confortador na paróquia de Areia Branca que ganhou o epíteto de “Cidade Eucarística” pelo bispo de Mossoró, Dom Jaime Câmara. A cidade havia realizado um Congresso Eucarístico Paroquial sob a sábia orientação do Mon. Leão, então vigário da paróquia. O movimento religioso, após aquele Congresso foi duplicado, segundo o jornal A Ordem.

       Foram canonicamente eretos os seguintes movimentos religiosos na paróquia de Areia Branca: Congregação Mariana, Filhas de Maria, Liga Católica, J.M.J, Apostolado da Oração, Cruzada Eucarística, Conferência de N. S. da Conceição, de N. S. do Perpétuo Socorro e de S. Sebastião, Damas de Caridade, Arquiconfraria de N. S. do Perpetuo Socorro, Ordem Terceira de São Francisco e Obras das Vocações Sacerdotais.

       De acordo com o jornal A Ordem “que os dirigentes desta terra congreguem todas as forças para que ela continue à vanguarda das notáveis cidades do Rio Grande do Norte”. (A ORDEM, 22/01/1943, p.2).

SOBRE A VILA DE MONTANHAS

 

         O povoado de Montanhas cresceu as margens da estrada de ferro de Natal a Nova Cruz cujo traçado dos trilhos permitiu ali uma estação que fora inaugurada em 31/10/1882. Primeiramente o povoado pertenceu ao município de Nova Cruz e depois ao município de Cuitezeiras, atual Pedro Velho.

         O povoado de lento progresso ao que parece estava florescendo na década de 1930, conforme registrou o jornal A Ordem “tivemos o prazer de assistir a uma linda festa escolar na florescente vila de Montanhas, ontem um povoado sem importância, hoje quase uma cidade...”.


Aspectos da antiga estação ferroviária de Montanhas, já demolida.


De acordo com o mesmo jornal o desenvolvimento daquela vila dava-se graças a operosidade do prefeito Manoel Gadelha, que atendendo ao reclamo dos habitantes construiu em Montanhas o edifício das Escolas Reunidas, um mercado público e a estrada de rodagem ligando a sede do município àquela vila, “dando-lhe outra vida e mais progresso” disse o referido jornal.

Sobre a festa escolar

Sobre a festa escolar tratava-se do encerramento do ano letivo das Escolas Reunidas Carlos Gomes.

Pela manhã, ao som do Hino Nacional, cantado por todos os alunos, houve o hasteamento da Bandeira. As 09h00 foi celebrada uma missa pelo padre Bianor Aranha e realizada a primeira comunhão de 42 alunos, “após o que fez o conhecido orador sacro lindo sermão alusivo ao ato”, segundo o jornal citado.

A tarde teve lugar uma concorrida sessão cívica, num dos salões do edifício das Escolas Reunidas, na qual discursou a inteligente aluna Maria Nazaré Pinheiro, “que com palavras repassadas de amo, expressou, em nome de seus colegas, a gratidão que devem os alunos aos seus mestres”.A diretora da escola, Maria Miranda pronunciou em seguida um lindo discurso, “sendo a sua oração um hino a causa do ensino”.

Depois dos discursos foi aberta ao público a exposição dos trabalhos realizados pelos alunos da escola.

De acordo com o jornal citado essa exposição de trabalhos era um primor de arte e de bom gosto, mereceu dos visitantes os maiores elogios.

O pe. Bianor Aranha assim se expressou: “com a maior satisfação acedi ao convite da professora Maria Miranda, para assistir a exposição dos trabalhos das alunas das Escolas Reunidas Carlos Gomes, senti-me surpreendido diante do esforço das dignas professoras e do aproveitamento de suas educandas, parabenizo-as sinceramente”.

O prefeito Manoel Gadelha, que segundo o jornal A Ordem era um entusiasta do ensino no município, com sua esposa, D. Maria Augusta, assim manifestaram-se: “ visitando, a gentil convite da professora Maria Miranda, a exposição de trabalhos destas Escolas, temos a magnífica impressão que nos proporcionam as cousas maravilhosas.A nossa admiração é tanto maior, porque apreciamos bem o esforço, a dedicação constante da dirigente Maria Miranda, no sentido de bem cumprir o seu dever, captando essa simpatia e essa confiança dos pais de família e a veneração de seus alunos, de que se tornou tão justamente digna.Louvores, portanto, a operosa Dirigente e sua distinta companheira Hilda Machado, merecedora também das palavras que aqui sinceramente  deixamos”.

E foi sempre assim que se expressaram os que tiveram a satisfação de visitar naquele dia as Escolas Reunidas de Montanhas em 19/11/1938.

Fonte: A Ordem, 11/12/1938, p.2.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A INAUGURAÇÃO DA NOVA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ESTREMOZ


         Quão grata surpresa foi encontrar justamente hoje essa noticia da inauguração da nova estação de Estremoz-RN que ocorreu em 13/12/1952, portanto, há exatos 68 anos.

De acordo com o jornal Diário de Natal “conforme foi anunciada pela imprensa, inaugurou-se ontem [13/12/1952] a nova estação de Estremoz da Estrada de Ferro Sampaio Correia...” (DIÁRIO DE NATAL, 14/12/1952, p.1.Grifo nosso).

         O melhoramento fazia parte do plano di diretor daquela ferrovia potiguar, o engenheiro João Galvão de Medeiros.

         A solenidade foi pela manhã daquele dia 13/12/1952, contando com a presença do diretor da EFSC, além de autoridades e funcionários da mesma ferrovia.

           Abaixo o aspecto do prédio da estação de Estremoz inaugurado em 13/12/1952, onde se vê igualmente uma das automotrizes que havia na EFSC para o transporte do subúrbio a época entre Natal e Ceará-Mirim, o chamado "motriz".


Foto Diário de Natal, 14/12/1952, p.1.

Essa outra foto mostra o flagrante da inauguração quando o padre Pedro Luz, diretor do serviço social da EFSC dava a benção do prédio da nova estação de Estremoz. 

                     

Foto Diário de Natal, 14/12/1952, p.1.

  A baixo o comparativo das imagens do dia da inauguração e atualmente.