terça-feira, 15 de março de 2022

NOTAS PARA A MEMÓRIA DO MUNICÍPIO DE IELMO MARINHO (POÇO LIMPO) PARTE 2

 

A formação administrativa

A Sede de antiga povoação de Poço Limpo pertenceu inicialmente a Natal até a primeira metade do século XIX.

 Com a criação do município de São Gonçalo em 11/04/1833 passou a constituir um de seus 18 povoados, voltando a pertencer a Natal em 1868 quando São Gonçalo foi incorporado ao município de Natal perdendo sua autonomia.

Em 1879 a povoação de Poço Limpo passa a figurar como distrito do municípiode Macaiba devido São Gonçalo ter sido novamente suprimido.

Com a proclamação da República do Brasil, o vice-presidente José Inácio Fernandes Barros desmembrou São Gonçalo do Amarante de Macaíba, através de um decreto datado de 1890 desta vez o povoado de Poço Limpo passou a figurar novamente município de São Gonçalo.

  Por causa de um novo decreto de 1943, São Gonçalo perdeu novamente a sua soberania, tendo parte das terras transferidas para a vila de São Paulo do Potengi e a outra parte doada ao território de Macaíba. o distrito de Poço Limpo passou a jurisdição de São Paulo do Potengi assim permanecendo até sua emancipação política.

Em divisão territorial datada de 01/07/1960, o distrito de Poço Limpo  era constituído do distrito sede.

A emancipação política
        
Segundo o IBGE Poço Limpo foi elevado à categoria de município com a denominação de Ielmo Marinho, pela lei nº 2909, de 28/08/1963, desmembrado de São Paulo do Potengi com sede no distrito de Ielmo Marinho ex-povoado de Poço Limpo, constituído do distrito sede e tendo sido instalado em 26/01/1964.

No entanto, o Diário de Natal em edição do dia 26/01/1965 publicou que fora aprovado na Assembleia Legislativa o projeto do deputado Jácio Fiúza criando o município de Poço Limpo desmembrado de São Paulo do Potengi. (DIÁRIO DE NATAL, 26/01/1965, p.6).

Toponímia

O  atual nome do município foi proposto pelo deputado Manoel Gurgel, em homenagem a um jovem líder desaparecido aos 25 anos.

Filho de São Paulo do Potengi, sofrendo de doença incurável, desde os 8 anos, Ielmo Marinho de Queiroz, percorria a cavalo o território, desenvolvendo invejável campanha no plano assistencial.

O Gentílico é ielmo-marinhense.

Prefeitos

         Em 1965 o candidato venceu a eleição daquele ano José Valdevino de Mesquita do PSD contra João Justino Filho do PDC por 188 votos de diferença do concorrente. O município tinha 1.025 eleitores (DIÁRIO DE NATAL, 20/01/1965,p.3).Seu mandato foi até 1968. O PSD fez 9 dos 10 vereadores da Câmara Municipal naquele ano de 1965.

Em eleições realizadas em 30/11/1969 venceram Edgar Sena Alves, prefeito e Joaquim Joaci de Medeiros, vice-prefeito em Ielmo Marinho, tendo o mandato até 1973.

De 1974 a 1976 José Valdevino de Mesquita exerceu o cargo de prefeito pela segunda vez em Ielmo Marinho.

Em 1977 Edgar Sena Alves da ARENA exercia o cargo de prefeito em Ielmo Marinho.

Já em 1978 foram eleitos José Paulino Soares e João Luiz de Araújo, prefeito e vice-prefeito de Ielmo Marinho, respectivamente.

Edgar de Sena Alves era o prefeito de Ielmo Marinho em 1982.

Em 1983 Dionísio Batista era quem exercia o cargo de prefeito de Ielmo Marinho.

 

Aspectos de Ielmo Marinho



NOTAS PARA A MEMÓRIA DO MUNICÍPIO DE IELMO MARINHO (POÇO LIMPO) PARTE 1

 

         O município de Ielmo Marinho, antigo Poço Limpo, está situado a 50 km de Natal, integrando a Região Metropolitana de Natal, atualmente com 14.033 habitantes segundo estimativa do IBGE 2021.

         Eis a seguir notas para o resgate da memória histórica desse município potiguar.

A revolta do Quebra-Quilo em Poço Limpo

         Notícias enviadas do Rio Grande do Norte ao Jornal do Recife davam conta que no dia 18/12/1874 a povoação de Poço Limpo, no município de São Gonçalo, foi invadida por um grupo de quebra-quilos. Quebraram todos os pesos e medidas que encontraram, atacando as casa de todos os negociantes.

         Não querendo o português Lourenço José Correia entregar-lhes as medidas e pesos de seu estabelecimento, espancaram-no barbaramente assim como a um seu filho, e voltando por 4 vezes a casa do mesmo português , botaram-lhe abaixo as portas.

         Segundo as informações oficiais os que participaram do ataque a povoação de Poço Limpo foram: Antonio Gomes e um seu filho, Germano de Souza, Manoel Martins, Félix Lopes,Manoel Leal e um homem do Brejo da província da Paraiba.

         Os negociantes da florescente vila de Macaiba temendo a invasão dos desordeiros pediram a ajuda do presidente da província que enviou para Poço Limpo e Macaiba o chefe de policia. (JORNAL DO RECIFE, 24/12/1874, p.3).

         Segundo o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro foi capturado em Poço Limpo, o criminoso Félix Lopes da Silva, um dos cabeças do movimento sedicioso que se dera em 18/12/1874 naquela povoação tendo sido o mesmo pronunciado no art 205 do código criminal combinado com o art. 35. (JORNAL DO COMÉRCIO, RJ, 28/031875, p.3)

Educação

         Havia em 1874 uma escola de primeiras letras (equivalente atualmente a alfabetização) na povoação de Poço Limpo. (COLEÇÃO DE LEIS PROVINCIAIS DO RIO GRANDE DO NORTE, 1874, p.117).

         Segundo o relatório do presidente da província de 1878 em virtude da lei nº 809 de 19 de novembro de 1877 foram suprimidas 19  cadeiras de instrução primária pelo interior do Rio Grande do Norte dentre elas a da povoação de Poço Limpo. (RELATÓRIO, 1878, p.A1-8).A referida lei havia sido sancionada em 21/12/1877 (BRADO CONSERVADOR, 21/12/1877, p.1).

Por portaria de 06/06/1884 foi provida de professora a cadeira de instrução primária da povoação de Poço Limpo. (GAZETA DA TARDE, 07/07/1884, p.2).

De acordo com a lei nº 920 de 12 de março de 1885 foi criada uma cadeira mista de instrução primária na povoação de Poço Limpo ( O LIBERAL,12/03/1885,p.1).

O relatório do presidente da província de 1886 cita Isabel Vitória de Oliveira Sucupira como professora da povoação de Poço Limpo. (RELATÓRIO, 1886, p.A6-8).

A escola era mista e o relatório não forneceu o número de matriculados naquele ano (RELATÓRIO, 1886, p.15).

De acordo com o jornal Gazeta do Natal em 05/09/1888 Antonio Batista do Nascimento foi exonerado do cargo de delegado escolar da povoação de Poço Limpo tendo sido nomeado Landislau Barbosa do Nascimento para subsititui-lo. (GAZETA DO NATAL, 05/09/1888, p.3).

Em 1893 foi suprimida a cadeira mista de Poço Limpo (Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros, 1893, p.940) em virtude da reorganização da instrução primaria do Estado.O mesmo relatório citava Lucia Nazaré Barbosa como professora daquela povoação.

Em 20/02/1941 a escola isolada da Pousa em Taipu foi tranferida para Poço Limpo em São Gonçalo. (A ORDEM, 20/02/1941, p.2).

         Em 02/06/1942 foi nomeada Bernadete Borges de Lima para professora de 4ª classe da Escola Isolada de Poço Limpo. (A ORDEM, 02/06/1942, p.2) que pediu transferência no ano seguinte para a escola de São Bento em Santa Santa Cruz que se achava vaga (A ORDEM, 02/01/1943, p.3).

         O decreto de 05 de dezembro de 1958  tornar sem efeito o decreto de 29 de agosto do mesmo ano que havia nomedo Auleta Deusdeth Câmara como regente de magistério na escola isolada de Poço Limpo por não ter tido a mesma tomado posse na referida escola. (DIÁRIO DE NATAL, 13/12/1958, p.3).

         São estes os dados mais antigos que se referem a educação em Poço Limpo ao longo do tempo.

Distrito policial

         No quadro demonstrativo da divisão policial do Rio Grande do Norte do relatório do presidente da província a povoação de Poço Limpo aparece como um dos distritos policiais da comarca e termo da Capital. (RELATÓRIO, 1874, p.19).O distrito seria suprimido em anos posteriores em virtude da criação do distrito policial de Potengi Pequeno contundo seria restabelecido em 1883.

         Por ato do Chefe de Policia foi suprimido o distrito policial da subdelegacia do Potengi Pequeno e restabelecido o antigo distrito de Poço Limpo ficando este com o território que tinha antes e com pequeno povoado de Tapera.

         Foram nomeados para o distrito policial de Poço Limpo os cidadãos Manoel Germano da Silva, Ladislau Barbosa do Nascimento e Miguel Januário de Melo como 1º, 2º e 3º suplentes do subdelegado daquele distrito. (RELATÓRIO, 1883, p.18).

Em 1886 Poço Limpa aparece como distrito policial de Macaíba. (RELATÓRIO, 1886, p.34).

         Ao assumir o governo do Estado Pedro Velho criou o termo do município de São Gonçalo dividindo-o em três distritos policiais que foram o de São Gonçalo, Utinga e Poço Limpo. (GAZETA DO NATAL, 01/11/1890, p.4).Este termo foi criado por ato de 16/10/1890.

       No tocante ao distrito policial de Poço Limpo os limites foram estabelecidos ao sul pelo rio Potengi, ao nascente pelas subdelegacias de Utinga e São Gonçalo,ao norte pelo município de Ceará-Mirim e ao poente pelo município de Santa Cruz. (A REPUBLICA,13/10/1890,p.2).

         Em 01/04/1890 foram nomeados Joaquim B. de O. Costa, Miguel J. de Melo Pessoa e Inácio Marinho de Oliveira respectivamente 1º, 2º e 3º suplentes do distrito policial de Poço Limpo.  (A  REPÚBLICA, 01/04/1890,p.4).

         Conforme o jornal Gazeta do Natal, Antonio Fernandes de Macedo havia declarado nesse jornal em 11/10/1890 que não solicitou e nem aceitou a nomeação de subdelegado do distrito de Poço Limpo com que o havia distinguido o governador Pedro Velho conforme foi publicado no jornal A República em 01/10/1890. (GAZETA DO NATAL, 11/10/1890, p.3).

         O relatório do governo do Estado de1893 cita o distrito policial de Poço Limpo no município de São Gonçalo. (RELATORIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1893, p.20).

         Por ato de [...] /10/ 1890 foi exonerado o subdelegado de policia do distrito de Poço Limpo e sendo nomeado para substituí-lo Antonio Fernandes de Macedo, assim como o cidadão Salustiano Barbosa do Nascimento como 3º suplente do mesmo distrito policial. (A REPÚBLICA, 0/10/1890, p.1).

         Por ato de 03/01/1891 foram nomeados os cidadãos Manoel José de Oliveira e Joaquim Guedes de Mesquita para exercerem os cargos de 2º e 3º suplentes do subdelegado de policia do distrito de Poço Limpo. (A REPÚBLICA, 16/01/1891, p.1).

         Já por ato de 31/01/1891 foi tornado sem efeito o ato do dia 14  o ato pelo qual fora nomeado Antonio Felipe Neri como 1º suplente do subdelegado do distrito de Poço Limpo e nomeando o cidadão Ladislau Barbosa do Nascimento para subsititu-lo. (A REPÚBLICA, 11/02/1891, p.1).

         Por ato de 11/01/1892 foi exonerado Miguel Januário de Melo do cargo de suplente do subdelega dos distrito de Poço Limpo tendo sido nomeado João  Batista dos Nascimento para substitu-lo.(A REPÚBLICA, 23/01/1892, p.1).

         Por portaria de 05/09/1899 foram nomeados João Januário Pessoa de Melo e Vicente Cavalcante de Melo para os cargos de 1°e 2° suplentes do subdelegado do distrito policial de Poço Limpo. (RELATORIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS,  1899, p.52).

Em 1915 o cidadão João Januário Pessoa de Melo constava  como subdelegado e Sebastião Xavier de Araujo  Pereira como suplente no distrito policial de Poço Limpo. (ALMANAQUE LAEMMERT ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1915, p.1366).

         Em 1921 constava João Januário Pessoa de Melo como subdelegado e Sebastião Xavier de Araújo Pereira como suplente do distrito policial do Poço Limpo (ALMANAQUE LAEMMERT ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1921, p.847).

Figurando seus nomes na referida publicação até 1929, já naquele no o Almanaque apresentava Antonio Guedes de Mesquita como subdelegado e Antonio Guedes Fonseca Câmara, Apolinário Gomes de Brito e Francisco Pinheiro como 1º, 2º e 3º suplentes respectivamente do distrito policial de Poço Limpo. (ALMANQUE LAEMMERT ADMINISTRATIVO, MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ), 1929, p.1039).

         Antonio Guedes de Macedo e João Batista da Costa foi nomeado como subdelegado do distrito policial de Poço Limpo em 17/11/1935 (A ORDEM, 17/11/1935, p.2).

Em 16/05/1948 foi nomeado o cabo da policia militar Eneas Bastos como subdelegado do distrito policial de  Poço Limpo no município de São Paulo do Potengi, tendo sido exonerado o 3º sargento da policia militar Jacob Martins daquele cargo. (DIÁRIO DE NATAL, 16/05/1948, p.6). Já em 03/06/1949 Eneas Bastos foi exonerado do cargo de subdelegado em Poço Limpo.(DIÁRIO DE NATAL, 03/06/1949, p.6).

O lento progresso

         A antiga povoação de Poço Limpo, as margens do Rio Potengi, possuía terras de gado e plantio e teve sua fase áurea de alegria e fartura nos finais do século XX no agreste potiguar.

Segundo Ferreira Nobre em 1877 Poço Limpo constituía um dos povoados mais importantes do município de São Gonçalo (NOBRE, 1877, p.186).

A seca que teria início naquele ano e se prolongaria por mais 3 anos deixaria um rastro de desolação pelo interior do Rio Grande do Norte, alcançando a pequena povoação de Poço Limpo.

       Em 1879 o Jornal do Recife citava um açude que estava sendo construído em Poço Limpo para amenizar os efeitos da seca que havia se iniciado em 1877 sendo esta uma das muitas obras que estavam sendo realizada para conter os efeitos da calamidade climática que assolava a província. (JORNAL DO RECIFE, 19/01/1879, p.2).

       Após a seca foi a vez da febre paludosa atingir a povoação e fazer muitas vitimas  naquele mesmo ano de 1879 tendo o presidente da província enviado socorros para a localidade.

         Essas vicissitudes retardaram drasticamente o  desenvolvimento do povoado de Poço Limpo.

A povoação de Poço Limpo foi citada como a 5ª seção eleitoral do município de Macaíba em 1890 constando aquela seção de 226 eleitores (A REPUBLICA, 16/08/1890, p.4).

         De acordo com o relatório do governo do Estado constavam como comerciantes no distrito de Poço Limpo Cristovão Cavalcante de Albuquerque, Lourenço Fernandes de Macedo, Pedro Martins de Souza e Matias Fernandes de S. Leão, todos com o giro comercial no valor de 1:000$000. (RELATÓRIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1894, p.59).

         A povoação do Poço Limpo é citada como uma das várias que existiam no município de São Gonçalo em 1896. (RELATORIOS DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS BRASILEIROS, 1896, p.83).

A enchente de 1924

         Em 1924 devido o inverno daquele ano deu uma enchente no rio Potengi que segundo o jornal Diário de Pernambuco elevou suas margens a 600 metros causando vários acidentes no municipio de São Gonçalo destruindo quase por completo as povoações de Uruaçu e Tacarem e muitos desabamentos foram registrados em Utinga, Pirituba, Juremal e Poço Limpo.

         Os postes do telegrafo e vários pontos estavam caídos e as populações das regiões inundadas foram reduzidas a estado de miséria.De Natal partiram botes, canoas e escaleres para os socorros. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 10/04/1924, p.1).

         Segundo O Jornal as várzeas estavam com a largura de 6 metros, alguns engenhos de cana de açúcar foram destruídos e outros danificados, todas as lavouras das várzeas foram destruídas e grande foi o prejuízo dos criadores que tiveram seu gado levado pela correnteza.

         A população foi tomada por um estado de pânico fugindo para lugares mais elevados as vezes a nado pelo rio e muitas pessoas ficaram sem noticias de seu paradeiro. (O JORNAL, 13/05/1924, p.3).

Lugares     

Os lugares mais antigos situados no atual território do município de Ielmo Marinho são os que se seguem: Fazenda Pitombeira, Pegado citado em 1901, (RELATÓRIO, 1901, p.126), Pedra Branca citado em 1904, (RELATÓRIO, 1904, p.146), Riacho Salgado e Carnaúba.


Aspecto da cidade de Ielmo Marinho.

sábado, 12 de março de 2022

O SANTUÁRIO NO PICO DO CABUGI

 

No  dia 25/04/1964 houve uma reunião no Colégio Pio X em Lajes, com os proprietários do Pico do Cabugi, o Pe. Albert Collard e o advogado Jandelino Lucena, presente também o Pe. Vicente de Paulo Vasconcelos,vigário de Lajes o qual havia convocado a reunião.

         A finalidade da reunião foi decidir sobre a criação de uma romaria anual em honra de Nossa Senhora Virgem dos Pobres, no alto do Pico do Cabugi.

         Os proprietários na ocasião fizeram a doação à Mitra da Arquidiocese de Natal da pare superior do monte até a chapada, concordando em não construir entre a chapada e o pé do monte, assim como em deixar abrir, naquela área, os caminhos necessários ao acesso do pico.

         Pensava-se desde então em construir um santuário no alto do Pico do Cabugi ( a época considerado o ponto mais alto do Estado), tendo ficado marcada para o dia 02/07/1964, dia da Visitação de Nossa Senhora a realização da primeira peregrinação (reservada aos homens e rapazes de Lajes) ao local.

Pico do Cabugi,1964.Foto:A Ordem.


         O Monte (ou Pico) Cabugi está situado a 150 km de Natal e possui mais de 500 metros de altitude, o seu cume está a 750 metros a cima do nível mar e tem cerca de 3 km de comprimento. (A ORDEM, 27/04/1964, p.1).

A 1ª  romaria ao topo do Pico do Cabugi

         Em 02/07/1964 teve inicio as peregrinações em honra a Nossa Senhora Virgem dos Pobres no futuro santuário do Cabugi.

         De acordo com o jornal A Ordem o cerimonial litúrgico  da primeira peregrinação ao Pico do Cabugi  foi precedido de uma vigília preparatória realizada as 19h30 do dia anterior na igreja matriz de Lajes.A referida vigília constou da Santa Missa celebrada pelo Pe. Alberto Eugênio Collard e das bençãos da imagem de Nossa Senhora Virgem dos Pobres, que havia chegado recentemente de Banneux na Bélgica e do grande Cruzeiro que seria implantado no local do futuro santuário, ambas ofertadas pelo Pe. Vicente de Paulo, pároco de Lajes.

         Na manhã do da 02/07/1964 as 03h00, após a oração sobre os peregrinos do Ritual Romano, iniciou-se o cortejo de 26 homens em direção ao local do futuro santuário.

         Durante o longo percurso de 8 km tiveram lugar meditações e pequenas homilias sobre as 8 aparições de Nossa Senhora através dos séculos,seu lugar dentro do Dogma da Teologia Católica.

         Ao número dos peregrinos vindos da cidade acrescentaram-se outros fiéis que esperava a imagem da Virgem Mãe dos Pobres ao pé do Monte Cabugi.

         No local onde possivelmente seria construída a capela dedica a Virgem Maria que havia aparecido em Banneux, na Bélgica, sob a invocação de Virgem dos Pobres celebrou  a missa o Pe. Alberto Collard,ministrado pelos padres Vicente de Paulo Vaconcelos e João Medeiros Filho.Seguindo-se imediatamente a implantação do Cruzeiro comemorativo.

      Depois da referida cerimônia litúrgica, em honra à Virgem Mãe de Deus, teve oficialmente autorização da Igreja (locus sacer), para doravente ser venerada por todos e um pleno desenvolvimento da piedade  e da devoção mariana naquele local. (A ORDEM, 04/07/1964, p.4).

A 2ª romaria

         A 2ª romaria ao topo do Pico do Cabugi em honra a Nossa Senhora Virgem dos Pobres foi realizada em 15/08/1965, festa da Assunção de Nossa Senhora, tendo sido presidida por Dom Nivaldo Monte, arcebispo metropolitano.

Os romeiros fizeram nas vésperas uma reunião de recolhimento e preparação para a romaria na igreja matriz de Lajes as 20h00.Da matriz os romeiros se reuniram as 03h00 da madrugada saindo as 04h00 e as 07h00 sendo celebrada a missa no alto do Monte.

      Os romeiros eram aguardados de vários lugares do Estado, sendo os transportes previstos os trens vindos de São Rafael para Macau que passava por Lajes as 14h00 e os de Natal para Lajes, onde as RFN organizaria trens especiais de retorno no domingo a tarde. (A ORDEM, 07/08/1965, p.3).

         Além dos romeiros de Lajes, participaram dessa segunda romaria numerosas pessoas vindas das paróquias de São Paulo do Potengi, Santana do Matos, Baixa Verde e Natal.

A  preparação

         no sábado que antecedeu a romaria houve a vigília preparatória para a peregrinação constando de um curta pregação de Dom Nivaldo Monte, depois a narração da história das primeiras aparições da Virgem dos Pobres em Banneux no ano de 1933, narração que foi feita pela menina Maria Aparecida (no papel de Maria Beco) e da jovem professora Marluce Arruda (no papel de Nossa Senhora).

         Idêntica reunião ocorreria em São Paulo do Potengi preparando também os romeiros. Os daquele município partiriam a meia noite e chegariam a Lajes as 03h30 para receber a benção especial juntamente com todos os demais antes da partida.

A marcha

Conforme o jornal a Ordem a marcha de 2 km durou das 03h45 as 06h15, desde Lajes ao pé do monte, sendo intercalada com 3 paradas, onde a sequência das aparições foi contada.Depois todos iniciaram a subida do monte.

Subida que simbolizou  a marcha da Igreja Militante para o céu no dizer dos romeiros.À frente do rebanho, estava o próprio pastor, Dom Nivaldo Monte, seguido pelo povo de Deus.Vários romeiros já transportavam madeira e trilhos destinados a construção da futura capela.

De acordo com o jornal A Ordem essa segunda romaria contou com a presença de mais de 1.000 pessoas.

No altar de pedra

         Na chapada do monte fora elevado um altar de pedra em frente a uma imagem de Nossa Senhora Virgem dos Pobres, esculpida por Xico Santeiro, artista popular bem conhecido.Sobre o altar o então Administrador Apóstolico oficiou a Santa  Missa com  a participação dos fiéis.Dom Nivaldo Monte fez uma homilia visivelmente animada pela magnificência do lugar.

         A imagem de Nossa Senhora Virgem dos Pobres estava protegida por uma cobertura de lata que segundo o jornal A Ordem:”deve agradar a Virgem porque a lata é quase um símbolo da pobreza”.  (A ORDEM, 21/08/1965, p.6).


Pico do Cabugi, 1965.

Recorte do jornal A Ordem sobre a 2ª romaria ao Pico do Cabugi


A ideia morreu por inanição

         Apesar das duas romarias ter dado inicio a devoção no alto do pico do Cabugi e a construção de um santuário no topo daquele monte a ideia não vingou e em 1967 estava praticamente morta.

De acordo com Rômulo Wanderley em artigo publicado no jornal A Ordem houve quem quisesse erigir um Cruzeiro no alto do Pico do Cabugi, numa espécie de Cristo no Corcovado do Rio de Janeiro. Mas a ideia morreu por inanição.

Recorte do jornal A Ordem  sobre a capela no alto do Cabugi.
Fonte: A Ordem,15/07/.1967,p.6

         Andou por Lajes um padre estrangeiro, que depois de subir o Pico do Cabugi, pensou em construir lá em cima uma capela.O projeto foi recebido com simpatia por uns e com desconfiança por outros.O povo já andava descrente dessas iniciativas, que só se tornavam realidade mediante arrecadação de fundos que já não lhes davam créditos.

         No entanto, como informavam as pessoas de Lajes, esse padre  não parecia um aventureiro mas sim um idealista.Tratava-se de um padre de origem belga que se revelou de propósitos honestos.Pertencia a uma família importante e tinha um irmão pastor protestante e muito rico que o ajudava financeiramente nessas campanhas em prol da Igreja Católica.

         Mas, passados alguns meses, o Pe Collard não veio mais ao Rio Grande do Norte, “estando o Cabugi, como sempre, erguido para o céu, esperando que de lãs se elevem preces para Deus”. (A ORDEM, 15/07/1967, p.6).

         E assim morreu no vale do esquecimento a ideia de se construir um santuário no topo do Pico do Cabugi cujo terreno já havia sido doado para esta finalidade em 1964.

         Ao que parece nem a paróquia de Lajes e nem a Arquidiocese de Natal levaram adiante as romarias que poderiam ter fixado uma tradição religiosa da cidade de Lajes.

Sobre o Pe. Albert Collard

         Além de ser abade, o Pe. Eugens Albert Collard era professor universitário de sociologia e ministrante de cursos dessa área e diretor do semanário DIMANCHE, publicado no França e na Bélgica cuja tiragem chegava atingir 700 mil publicações.

         Em 1962 deslocou-se diretamente da França para Natal onde permaneceria por 15 dias estudando todo o trabalho social da Arquidiocese de Natal.

         Chegou a Natal em 28/06/1963 pra realizar pesquisas sobre a obra social e apostólica de Dom Eugenio Sales onde ficaria por mês em solo potiguar.

O Pe. Eugens Albert Collar era em 1964 diretor do Instituto de Pastoral do Nordeste, passando 6 meses de cada ano em Natal dirigindo o Instituto.

         No ano de 1966 ele retornou da sua pátria mãe no seu próprio avião e ao chegar a Natal fez a doação do mesmo a Arquidiocese de Natal, onde já havia uma freira de origem belga servindo na paróquia de Macau que sabia pilotar a aeronave.











Pe. Eugens Albert Collard.Foto: A Ordem,06/08/1966,p.1.

SOBRE A MATERNIDADE DE LAJES

 

         A Maternidade APAMI Nossa Senhora da Conceição da cidade de Lajes foi inaugurada em 25/11/1962, tendo sido a 8ª maternidade criada e mantida pela Arquidiocese de Natal.

      A cerimônia de inauguração ocorreu as 16h00 e foi presidida pelo cônego Lucilio Machado, representando o mons. Alair Vilar, Vigário Geral da Arquidiocese.Houve benção das instalações, seguindo-se uma pequena sessão durante a qual usaram da palavra o vigário de Lajes, padre Vicente Vasconceloseo cônego Lucilio Machado.

         A Maternidade Nossa Senhora da Conceição dispunha de 6 leitos e estava aparelhada com material novo adquirido no Recife.

         Prestaria serviço na nova casa de saúde o dr. César Rocha do Batalhão de Engenharia e um parteira.(A ORDEM, 01/12/1962, p.5).

        Atualmente o estabelecimento de sáude denomina-se Hospital Maternidade Aluzio Alves

                    

Maternidade APAMI de Lajes, 1971
.


Atual prédio da maternidade de Lajes

quarta-feira, 9 de março de 2022

A BENÇÃO DE DOM NIVALDO MONTE DO SECRETARIADO PAROQUIAL DE TAIPU

 

         Em 05/01/1967 Dom Nivaldo Monte esteve  na paróquia de Taipu, sendo o motivo principal de sua ida a cidade a profissão perpétua da Irmã Teresinha,  religiosa das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, que era membro integrante da comissão arquidiocesana de catequese.

         Dom Nivaldo monte celebrou missa na igreja matriz com a participação de toda a comunidade, observando-se o ritual solene da profissão de votos naquela congregação.

         Após a santa missa dirigiram-se todos ao secretariado paroquial, onde Dom Nivaldo Monte deu a benção á magnífica casa adquirida pelas Irmãs do Imaculado Coração de Maria com a ajuda dos católicos alemães.

Disse o arcebispo de Natal que aquela casa era a casa de todos, uma vez que ali se planejava e se pensava nas necessidades de toda a comunidade humana e espiritualmente.

Dom Nivaldo Monte recebeu além das religiosas, o vigário cooperador de Ceará-Mirim, o Pe. José Pedro da Silva.Após as palavras de Dom Nivaldo Monte inaugurando o secretariado,falou um leigo em nome da comunidade ali reunida. (A ORDEM, 07/01/1967, p.4).

O secretariado paroquial foi uma inovação feita pela Irmã Natalina Rossetti que era administradora da paróquia ou como era mais conhecida a época irmã vigária, justamente por ser  responsável pela administração  e coordenação pastoral da paróquia de Taipu.

No prédio que foi adquirido pelas irmãs do ICM em nome da paróquia tinha a finalidade de reunir todos os movimentos de pastorais para alise fazerem as reuniões desses movimentos, além disso se realizavam ainda atividades culturais também da paróquia.Ali foi montada a biblioteca paroquial,outra inovação da irmã Natalina que muito prezava pela educação e formação cultural e religiosa dos fiéis e principalmente dos articuladores e lideres de movimentos de pastorais.

No prédio funcionava ainda a secretaria paroquial e a sede do grupo de escoteiros Dom Bosco assim como o Centro Social também denominado Dom Bosco.

A maior parte das atividades ali se realizaram até 1986 quando foi inaugurado o Centro Pastoral com sua estrutura maior que passou a receber os principais eventos da paróquia assim como da comunidade em geral.

A partir de 1998 o prédio passou a ser somente a sede do grupo de escoteiros Dom Bosco.

O prédio que pertence a paróquia se encontra atualmente em estado de ruínas.Ali se poderia após uma completa reforma em que se conservasse a fachada do edifício adaptá-lo internamente para servir como o memorial das Irmãs do Imaculado Coração de Maria a exemplo do que foi feito em Nísia Floresta onde se transformou a casa onde residiram as Irmãs de Jesus Crucificado num memorial daquela que foi a experiência piloto e pioneira na Arquidiocese de Natal e no Brasil das Irmãs Vigárias.





Dom Nivaldo Monte (o segundo a esquerda) em visita a Taipu. O penúltimo a direita era o então Pe.Antonio Soares  Costa que em 1972 seria eleito bispo auxiliar de Natal,a última a direita era a Ir. Natalina Rossetti, superiora da casa Coração de Maria e  vigária paroquial de Taipu.As demais pessoas na foto não foram identificadas por nós.

Reunião no secretariado paroquial.

A bibliotca que funcionava no prédio do secretarido paroquial
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