sábado, 2 de abril de 2022

A NOVA CATEDRAL DE NATAL (PARTE 5) AS OBRAS PARALISADAS


Quando em 1954 dom Eugênio Sales foi nomeado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Natal, de novo surgiu a ideia de retomar a construção da nova catedral de Natal.

         De acordo com o jornal A Ordem, estando o projeto da catedral neogótica antiquado foi encomendado um novo projeto em estilo neorromânico ao arquiteto Calixto de Jesus, autor do projeto da Basilica Nacional de Aparecida-SP.

         Em 07/02/1956 foi dado inicio a construção pelas partes de trás, que correspondia a Cúria Metropolitana, e posteriormente várias dependências do Movimento apostólico e social da Arquidiocese (Movimento de Natal).

Corria o ano de 1964 e as obras estavam paralisadas e muitas pessoas pediam explicações sobre o andamento das obras.Desde 1962 a construção da nova catedral estava sob a direção do Pe. Eymar Monteiro.

Em sua prestação de contas sobre o andamento das obras de construção da nova catedral, o Pe. Eymar Monteiro expôs no jornal A Ordem que antes dele assumir a direção das obras as mesmas já estavam paralisadas e haviam dividas para pagar a companhia responsável pela construção que de inicio tão bem organizada funcionou satisfatoriamente estava praticamente extinta, contando-se somente com poucas contribuições de algumas pessoas que continuaram com suas arrecadações ou mensalidades ainda estavam ajudando para a realização da obra.

O Pe. Eymar Monteiro fez o balanço das principais dividas, sendo as de maior urgência as que deveriam ser pagas fosse como fosse e as outras que pertenciam as obras em geral passariam para a responsabilidade da Arquidiocese, como Institutos, indenizações, luz, água,etc.

De acordo com o referido padre,ele havia encontrado uma despesa de  Cr$ 14.000,00 com empregados que embora sem trabalhar não poderiam ser dispensados e aos poucos foram eles passando para o Serviço de Assistência Rural-SAR, tendo sido esta a primeira economia feita para solucionar as despesas existentes.

A arrecadação mensal era diminuta e uma vez parados os trabalhos arrefeceu a campanha que visivelmente estava reduzida a zero.

No tocante a construção da catedral propriamente dita, o Pe. Eymar Monteiro explicitou que da nave central nada havia sido construído e somente alguns arcos e alguns alicerces que ainda estavam naquele estado de construção.

Ao passo que as partes da adjacências como a Cúria Metropolitana, salões, sacristia, etc., estavam em bom andamento, tendo sido empregados todo o capital até então arrecadado.

De acordo com o Pe. Eymar Monteiro deveria se dá prioridade para a contribuição dos fieis para a Emissora de Rádio da Arquidiocese (Rádio Rural de Natal) e para o jornal A Ordem, pois estes dois meios de comunicação poderiam atingir um maior numero de católicos ao passo que a nova catedral beneficiaria a um numero restrito de fiéis, principalmente os que moravam no subúrbio da Capital talvez nem chegassem a ela visitar.

A construção da nova catedral era importante,mas como naquele momento não se poderia construí-la era necessário que se fizesse outra coisa que poderiam  substituir muito bem sua presença, e esta substituição estavam na Rádio e no Jornal da Arquidiocese.

O Pe. Eymar Monteiro sinalizava ainda que já andava em curso a modificação do projeto neorromânico ao afirmar que: “além disso comecei a planejar uma catedral mais simples.Uma espécie do que se faz hoje para as grandes indústrias (Guararapes) ou para os estádios de esportes (Palácio dos Esportes, Ginásio Silvio Pedrosa, etc).Uma coisa mais simples e mais ampla que custasse menos e  que fosse de encontro ao progresso do tempo.Levaria muito tempo [menos] para construir e sairia muito mais barato”. A ideia, segundo o mesmo sacerdote ainda não havia “pegado” apesar de ter uma centenas de simpatizantes, contudo a corrente dos conservadores, dos tradicionalistas achavam imprudente um projeto nas linhas modernas para a nova catedral de Nossa Senhora da Apresentação.

Este era o estado das coisas em relação a construção da nova catedral de Natal passados 10 anos do inicio da construção do projeto neorromânico.

      Haviam poucas contribuições e de longe chegavam alguns donativos, através de um programa de rádio que se mantinha na Emissora de Educação de Natal ainda se fazia a campanha para a construção da nova catedral e prosseguimento das obras com a ajuda dos fiéis.

    Com o dinheiro arrecadado até então o Pe.Eymar Monteiro pode construir mais dependências da cátedra que custaram Cr$ 2.000.000,00.Estes salões foram entregues a Cooperativa da Arquidiocese e ao Secretariado Nacional para o Nordeste da CNBB, e ambos estavam prestando um bom serviço, tendo sido gasto quantia de Cr$ 900.000,00 para a construção do Secretariado da CNBB.

         A prestação de contas da sua gestão a frente das obras de construção danova catedral de Natal apresentada pelo Pe. Eymar Monteiro no jornal A Ordem constava do seguinte:

Discriminção

Valor em Cr$

Auxilio diversos recebidos

877.080,00

Arrecadação de ouvintes

645.980,00

Contribuição de zeladoras

103.000,00

Outras donativos

350.000,00

Total

1.976.060,00

Despesas

 

Pagamento de dívidas atrasadas

707.000,00

Construção

1.384.000,00

Total

2.093.000,00

Fonte: A ORDEM, 13/01/1964, p.6.

     Havia, portanto, um déficit de Cr$ 116.940,00 que foi coberto com os auxílios a construção da Igreja do Pe. João Maria do Alto Juruá, no bairro de Petrópolis (atual igreja de Nossa Senhora de Lourdes). (A ORDEM, 13/01/1964, p.4-6).

E assim, naquele ano de 1964 e nos posteriores o prédio da nova catedral em construção estava com suas obras paradas, onde o mato daninho crescia no interior dos muros que cercava a obra.

        A baixo imagens que mostram aspectos das obras da nov catedral de Natal paralisadas ao longo do tempo.

 


Fonte: O Poti, 1973, p. 11 e Jaeci E. Galvão/SEMURB, 2006, respectivamente.



Foto: Diário de Natal, 1973, p. 1 e 5, respectivamente.


Foto: O Poti, 26/09/1971, p.1.

Foto: Diário de Natal, 06/09/1971,p.3


Foto: Diário de Natal, 27/08/1971, p.1



A NOVA CATEDRAL DE NATAL (PARTE 4) A CATEDRAL NEORROMÂNICA

 

       Com a nomeação para Administrador Apostólico da Arquidiocese de Natal de Dom Eugênio Sales em 1954 a ideia da construção de uma Nova Catedral voltou a ser discutida, dessa vez com um novo projeto a fim de atender as circunstâncias da época no tocante ao custo da construção[1].

       O novo projeto apresentado substituiu a arquitetura gótica pela neorromana, com capacidade para acomodar até 6.000 pessoas.

         Esse projeto para a nova catedral de Natal coube ao arquiteto Calixto de Jesus Neto, o mesmo que havia projetado a Basílica de Aparecida, assim, foi abandonado o estilo gótico do primeiro projeto e em seu lugar surgiu um novo em estilo neorromano.

         Em 18/09/1955 o arquiteto autor do projeto da Nova Catedral esteve em Natal para apresentar numa conferência os detalhes do projeto e justificando as modificações introduzidas na planta original.

Projeto de Calixto de Jesus Neto para a nova catedral de Natal em 1955.

O projeto de Calixto de Jesus Neto

         De acordo com o projeto do arquiteto Calixto de Jesus Neto, a catedral seria construída em forma de cruz e ornamentada com duas torres, porta principal, batistério, altares laterais, altar-mor no centro da nave com visão de qualquer ângulo, coro, sacristia, capela do Santíssimo Sacramento.A igreja teria capacidade para 2.000 pessoas sentadas e 4 mil em pé.

Suas proporções seriam de 80m de comprimento por 72m de largura. Na frente seria feito um jardim para ornamentar o espaço externo da catedral.Foi incluso ainda no projeto a construção do palácio arquiepiscopal anexo ao corpo da catedral.


Fonte: O Poti, 1955, p. 8 e Diário de Natal, 1973, respectivamente.

        Como visto pela planta do projeto a catedral em estilo neorromano seria majestosa do ponto de vista estético e monumental arquitetonicamente.


O inicio das obras

         As obras desse projeto se iniciaram na comemoração do cinquentenário de morte do Pe. João Maria em 16/10/1955 com a benção da pedra fundamental, nos dias seguintes o material foi encostado na praça Pio X para dar início às obras de fato.

Neste evento dom Eugênio Sales fez uma alocução aos presentes em que dentre outras coisas destacou que aquela data não poderia ser melhor para reiniciar o sonho começado pelo padre João Maria  de dotar Natal de uma catedral.Ali, na praça, local escolhido pelo padre João Maria, se daria a concretização desse sonho, segundo afirmou dom Eugênio Sales (O POTI, 1955, p.4).

Ainda segundo ele:

Aguardamos ansiosos a entrega por parte da prefeitura, da praça que é nossa, da Arquidiocese. Este terreno nos pertence, nele sonhou o padre João Maria a ereção de sua Igreja Nova, nele será erguida o grande monumento de nossa fé. Uma catedral é a profissão religiosa de um povo, de uma cidade. Uma catedral, igreja mãe da Arquidiocese, é o testemunho aos pósteros do amor a Deus e a fidelidade a Igreja em uma região e por parte de gerações (O POTI, 1955, p.4).

Iniciavam-se assim as campanhas para a construção da Nova Catedral da parte Dom Eugenio Sales. Nas campanhas estampadas nos jornais de Natal se lia “Nenhum católico pode ficar indiferente a campanha pró-construção da nova catedral de Natal. A grandiosidade da obra requer a colaboração de todos” (O POTI, 1955, p.4).

Inicialmente foram construídas a sacristia, o arquivo da cúria, as salas de expediente, a biblioteca e capela particular do Arcebispo, igualmente foram levantados os alicerces e subiram as paredes, faltando o revestimento e o piso.

Em 1956 alguns metros de alicerce já haviam sido concluídos. A prefeitura de Goianinha foi a primeira prefeitura do estado a conceder auxilio para a construção da Nova Catedral de Natal, em projeto aprovado pela câmara municipal a prefeitura destinaria a quantia de 5 mil cruzeiros anualmente até a conclusão da obra (O POTI, 1956, p. 8).

         Outras campanhas foram sendo feitas em prol da construção da Nova Catedral.






























Projeto de Calixto de Jesus Neto para a nova catedral de Natal em 1955.
Imagens elaboradas por Jônatas Rodrigues a pedido do autor do blog, 2018.



[1] Dom Eugênio de Araújo Sales foi  o 1º Bispo Auxiliar de Natal nomeado em  01/06/1954 e em 1962 foi designado administrador apostólico da Arquidiocese de Natal, função que exerceu até 1965. Em 1964 foi nomeado administrador apostólico da Arquidiocese de São Salvador da Bahia.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

O PRÉDIO DA DELEGACIA FISCAL DO TESOURO NACIONAL NO RIO GRANDE DO NORTE

 

    Quem passa pela Avenida Duque de Caxias confluência com a Esplanada Silva Jardim na Ribeira certamente se depara com o elegante e majestoso edifício de linhas arquitetônicas modernistas, pois bem, eis a seguir a história de sua construção.

    Em 1948 foi concedida a verba pelo Governo Federal para a construção do prédio da Delegacia Fiscal do Ministério da Fazenda no Rio Grande do Norte, após uma espera de quase 20 anos dos administradores que lutaram pela sede própria da referida repartição.

    A obra foi orçada em 3 milhões de cruzeiros, tendo sido autorizada a diretoria de patrimônio da abrir concorrência para a obra.

       O prédio com 3 andares seria construído na Esplanada Silva Jardim em ponto estratégico do bairro da Ribeira nas proximidades da zona bancária e portuária de Natal.

      De acordo com o jornal Diário de Natal, além de dá serviço a dezenas de operários, a construção da Delegacia Fiscal enriqueceria o patrimônio arquitetônico da Capital potiguar.(DIÁRIO DE NATAL, 19/03/1949, p.6).

    Em 18/06/1949 foi aprovada pela divisão de obras do Ministério da Fazenda a concorrência pública realizada em abril daquele ano, para a construção do edifício sede da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte, tendo sido vencedora a Empresa de Construções Civis Ltda.

   Essa concorrência foi feita para a parte inicial da construção (fundações etc.) cuja  importância atingia a Cr$ 1.198.500,00.Restavam ainda duas partes da construção com o inicio marcado para logo depois da conclusão da primeira parte.(DIÁRIO DE NATAL, 18/06/1949, p.6).

     Em 1954 estavam praticamente concluídas as obras do grande edifício da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte.Faltavam apenas os retoques finais de acabamento e a instalação do elevador assim como a aquisição do mobiliário.( O POTI,07/11/1954, p.22).

     Encravado na Esplanada Silva Jardim no bairro da Ribeira o bonito prédio viria contribuir para o embelezamento da paisagem urbana da Capital potiguar, além de solucionar o problema de sede para as principais repartições do Ministério da Fazenda que eram a Delegacia Fiscal, Delegacia do Tribunal de Contas da União, Delegacia do Imposto de Rendas e Delegacia do Patrimônio da Uniao.

    De acordo com o jornal O Poti na edição do dia 11/06/1955 dentro de poucos dias a Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional seria mudada para as suas novas instalações na Esplanada Silva Jardim, na Ribeira. (O POTI, 11/06/1955, p.8).

    O majestoso edifício de 3 andares fora construído em linhas modernas sendo um dos melhores prédios públicos de Natal aquela época, estando dotado de salas amplas e confortáveis, onde nele iriam funcionar todas as dependências daquela repartição federal e órgãos anexos que estavam distribuídos em sacrificadas instalações no casarão da Praça André de Albuquerque.

     Ainda estavam sendo feitos os últimos retoques sendo esperado que a mudança definitiva fosse realizada na segunda quinzena de junho de 1955.

A inauguração

       A inauguração do prédio sede da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte ocorreu em 10/07/1955 as 15h30 tendo o ato solene contado com a presença de altas autoridades civis, militares e eclesiásticas, inclusive do ex-interventor federal no Rio Grande do Norte, Mário Câmara, que representou o Presidente da República, João Café Filho, o Ministro da Fazenda José Mário Whitaker e o diretor da Fazenda Nacional.

    O Delegado Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande Norte, Jurandir Sitaro da Costa convidava por meio do jornal O Poti as autoridades e o povo em geral para a solenidade. (O POTI, 09/07/1955, p.8).Dentre as demais autoridades presentes estavam o Governador Silvio Pedrosa, os deputados federais Eider Varela, José Arnaud e Teodorico Bezerra.

     Pelo programa da inauguração logo após o hasteamento da bandeira nacional, o Bispo Auxiliar de Natal, Dom Eugênio de Araújo Sales, deu a benção solene as novas instalações. (O POTI, 10/07/1955, p.8).

      O prédio da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional no Rio Grande do Norte foi considerado um dos mais bonitos e elegantes edifícios de Natal a época de sua inauguração, impossível é não sentir a mesma noção a quem presentemente passa pela Av. Duque de Caxias na Ribeira e se depara com o edifício de linhas modernistas dominando a paisagem urbana da Capital potiguar.

O pédio da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional em construção em 1948.Foto: Diário de Natal.




Aspectos atuais do edificio.

quinta-feira, 31 de março de 2022

OS MELHORAMENTOS NA EDIFICAÇÃO DA CIDADE DE CAICÓ A PARTIR DE 1890


         o jornal O Povo na edição do dia 02/11/1890 estampou um artigo onde apresentava os melhoramentos que vinha sendo feitos na edificação da cidade de Caicó ainda que timidamente.As informações contidas naquele artigo nos fornece hoje detalhes importantes para se compreender a evolução urbana da “Capital do Seridó”.

         De acordo como o referido artigo quem passasse pela cidade de Caicó anterior a 1890 notaria com tristeza o estacionamento geral, um desanimo completo, sinal evidente de decadência.

         A edificação de Caicó era má, sem gosto e sem arte, com casaria desmorando-se, as ruas emporcalhadas, montões de lixo por toda a parte, as casas despovoadas, o comércio sem vida, reduzido à pequena proporções,e sempre decadente.Esse foi quadro pintado de Caicó pelo referido jornal.

         Porém, há alguns anos tudo foi se reanimando e como que renascendo para uma vida nova.Surgiram novas edificações,melhoraram-se as antigas e o comércio prosperou e tomou movimento crescente a ponto de Caicó se constituir num pequeno empório comercial que já dava um aspecto de praça.

         Como consequência desse estado de prosperidade, Caicó aumentava a cada dia a sua edificação e já se tornava pequena e insuficiente a área em que estava edificada a cidade, apesar de que a cidade estivesse colocada num terreno tão impróprio e inconveniente para a edificação de uma bela povoação.

         Conforme o citado jornal parecia que os primitivos povoadores de Caicó nunca tivessem a ideia de que a cidade chegasse a passar de uma aldeia, quando começaram a construí-la dentro de um buraco e no meio da serrotagem que tantos inconvenientes trazia à saúde pública.

         Era preciso reparar o erro dos antepassados, sugeria o jornal O Povo.O perímetro urbano da cidade não comportava mais novas edificações.A cidade tendia a aumentar e era necessário abrir novas ruas em terreno mais apropriado, como por exemplo, em direção ao rio Barra Nova.

         A planície que se estendia da rua do Rosário até a ribanceira do rio poderia se prestar perfeitamente a novas e belas edificações.




Aspectos de Caicó.

         A Intendência Municipal deveria tomar em consideração o assunto e sujeitá-lo a um estudo consciencioso. Esse terreno, eram os únicos adaptáveis ao desenvolvimento das edificações, que a época pertenciam ao herdeiros do finado Aladim, poderiam ser desapropriados ou aforados por uma quantia módica, de que a Intendência poderia indenizar, cedendo-o por preços convenientes aos novos edificadores.

         Poderia-se assim dar maior impulso ao engrandecimento material da cidade, abrindo novas ruas largas e espaçosas que muito contribuiriam para o seu aformoseamento.

         De acordo com o jornal O Povo a Intendência de Caicó não poderia se descuidar do futuro engrandecimento da cidade e deveria aproveitar a boa disposição dos seus habitantes que se mostraram desejosos de trabalharem pela prosperidade da cidade como vinha se verificando desde a publicação do código de posturas relativa a limpeza exterior das casas e asseio das ruas.

         Enquanto houvesse a boa vontade, enquanto o comércio se tornasse uma fonte de riqueza, enquanto os habitantes do município afluíssem à cidade e todos quisessem ter suas casas, era preciso tratar de engrandecê-las e aformoseá-las.

         O jornal O Povo se absteve de fazer  considerações relativas a vantagem de melhorar o tipo das edificações e a introdução de novos modelos de casas simples, mais elegantes, por ser uma questão mais complicada e que necessitava sobretudo que “fossemos dotados de melhor gosto e de uma certa vaidade e luxo, que ainda não se coadunam com os nossos costumes”, escreveu o referido jornal.

         Ainda era cedo para poder incutir no animo do povo caicoense como seria belo e edificante

fazer no meio daqueles sertões aspérrimos uma cidade elegante, espécie de Oasis onde o viajante descansasse as vistas cansadas da escabrosidade daquele solo.

         Por ora, bastava de tratar de dar impulso a vida que começava a nascer na cidade de Caicó e quando essa vida já circulasse em novas ruas, artérias novas do progresso, o citado jornal trataria então do aformoseamento dos sertões do Caicó.Fonte: O Povo, 02/11/1890,p.1.

Em 23/11/1890 o jornal O Povo voltou a escrever sobre o aformoseamento da cidade de Caicó, desta vez tratou sobre a arborização.Segundo o referido jornal a arborização das ruas e praças da cidade além de ser um grande aformoseamento, era além disso, um meio altamente higiênico  de melhorar as condições climáticas de Caicó.

         Dentre os melhoramentos materiais de que precisava a cidade de Caicóa arborização estava em lugar saliente e confiava o citado jornal que os poderes públicos e a iniciativa de particulares não iriam descuidar desse assunto. (O POVO, 23/11/1890, p.1).

         Já em 27/11/1890 o jornal O Povo escreveu que caminhava para a realidade as medidas tomadas pela Intendência Municipal para dotar a cidade de Caicó de melhoramentos indispensáveis e de há muito tempo reclamadas pela salubridade pública.

         Assim, seria feita a arborização do largo da Matriz que seria em breve iniciada, não só com a finalidade de ter um ponto de recreio,como e principalmente, para dotar a cidade de um elemento que era tão necessário a sua respiração, como eram os pulmões à vida do individuo.




Largo da matriz de Caicó, decádas de 1920/30.


         As fontes públicas seriam fiscalizadas, a fim de que pudesse ser evitada  porcaria que constantemente aparecia nesses lugares.A Intendência proibiria o uso das vazantes numa extensão de 200 braças a cima das ditas fontes, impedindo assim que de envolta com a água fossem filtrados os sais do estrume com que costumavam os vazanteiros adubar a área do rio Seridó, a fim de aumentar a sua fertilidade.

         Seria considerado de utilidade pública e ficaria sujeito a desapropriação o terreno que ficava situado entre os rios Seridó e Barra Nova e sudoeste da cidade, que segundo jornal O Povo era o único terreno que se prestava a edificação e para onde a cidade tenderia a estender-se.

         Seria nesse terreno que se poderia construir um cemitério que substituísse o existente que era pequeno e muito arruinado, e cujas terras demasiadas gordas, já custavam a consumir os cadáveres.

         A construção de um novo cemitério era tanto urgente pois se vinha notando que com as primeiras chuvas do inverno coincidia com o aparecimento de febres de mau caráter e a desenteria, e essa alteração da saúde pública era sem dúvida, segundo o jornal O Povo, devida a infiltração das águas pluviais que depois de banharem o cemitério, corriam pelas ruas da cidade, impregnando o solo dos detritos animais, que em abundância existiam na cidade dos mortos. (O POVO, 27/11/1890, p.1).




Aspectos atuais de Caicó.