o jornal O Povo na edição do dia 02/11/1890 estampou um
artigo onde apresentava os melhoramentos que vinha sendo feitos na edificação
da cidade de Caicó ainda que timidamente.As informações contidas naquele artigo
nos fornece hoje detalhes importantes para se compreender a evolução urbana da
“Capital do Seridó”.
De acordo como o referido artigo quem passasse pela cidade
de Caicó anterior a 1890 notaria com tristeza o estacionamento geral, um
desanimo completo, sinal evidente de decadência.
A edificação de Caicó era má, sem gosto e sem arte, com
casaria desmorando-se, as ruas emporcalhadas, montões de lixo por toda a parte,
as casas despovoadas, o comércio sem vida, reduzido à pequena proporções,e
sempre decadente.Esse foi quadro pintado de Caicó pelo referido jornal.
Porém, há alguns anos tudo foi se reanimando e como que
renascendo para uma vida nova.Surgiram novas edificações,melhoraram-se as
antigas e o comércio prosperou e tomou movimento crescente a ponto de Caicó se
constituir num pequeno empório comercial que já dava um aspecto de praça.
Como consequência desse estado de prosperidade, Caicó
aumentava a cada dia a sua edificação e já se tornava pequena e insuficiente a
área em que estava edificada a cidade, apesar de que a cidade estivesse
colocada num terreno tão impróprio e inconveniente para a edificação de uma
bela povoação.
Conforme o citado jornal parecia que os primitivos
povoadores de Caicó nunca tivessem a ideia de que a cidade chegasse a passar de
uma aldeia, quando começaram a construí-la dentro de um buraco e no meio da
serrotagem que tantos inconvenientes trazia à saúde pública.
Era preciso reparar o erro dos antepassados, sugeria o
jornal O Povo.O perímetro urbano da cidade não comportava mais novas
edificações.A cidade tendia a aumentar e era necessário abrir novas ruas em
terreno mais apropriado, como por exemplo, em direção ao rio Barra Nova.
A planície que se estendia da rua do Rosário até a
ribanceira do rio poderia se prestar perfeitamente a novas e belas edificações.
A Intendência Municipal deveria tomar em consideração o
assunto e sujeitá-lo a um estudo consciencioso. Esse terreno, eram os únicos
adaptáveis ao desenvolvimento das edificações, que a época pertenciam ao
herdeiros do finado Aladim, poderiam ser desapropriados ou aforados por uma
quantia módica, de que a Intendência poderia indenizar, cedendo-o por preços convenientes
aos novos edificadores.
Poderia-se assim dar maior impulso ao engrandecimento
material da cidade, abrindo novas ruas largas e espaçosas que muito
contribuiriam para o seu aformoseamento.
De acordo com o jornal O Povo a Intendência de Caicó não
poderia se descuidar do futuro engrandecimento da cidade e deveria aproveitar a
boa disposição dos seus habitantes que se mostraram desejosos de trabalharem
pela prosperidade da cidade como vinha se verificando desde a publicação do
código de posturas relativa a limpeza exterior das casas e asseio das ruas.
Enquanto houvesse a boa vontade, enquanto o comércio se
tornasse uma fonte de riqueza, enquanto os habitantes do município afluíssem à
cidade e todos quisessem ter suas casas, era preciso tratar de engrandecê-las e
aformoseá-las.
O jornal O Povo se absteve de fazer considerações relativas a vantagem de
melhorar o tipo das edificações e a introdução de novos modelos de casas
simples, mais elegantes, por ser uma questão mais complicada e que necessitava
sobretudo que “fossemos dotados de melhor gosto e de uma certa vaidade e luxo,
que ainda não se coadunam com os nossos costumes”, escreveu o referido jornal.
Ainda era cedo para poder incutir no animo do povo caicoense
como seria belo e edificante
fazer no meio daqueles
sertões aspérrimos uma cidade elegante, espécie de Oasis onde o viajante
descansasse as vistas cansadas da escabrosidade daquele solo.
Por ora, bastava de tratar de dar impulso a vida que
começava a nascer na cidade de Caicó e quando essa vida já circulasse em novas
ruas, artérias novas do progresso, o citado jornal trataria então do
aformoseamento dos sertões do Caicó.Fonte: O Povo, 02/11/1890,p.1.
Em
23/11/1890 o jornal O Povo voltou a escrever sobre o aformoseamento da cidade
de Caicó, desta vez tratou sobre a arborização.Segundo o referido jornal a
arborização das ruas e praças da cidade além de ser um grande aformoseamento,
era além disso, um meio altamente higiênico de melhorar as condições climáticas de Caicó.
Dentre os melhoramentos materiais de que precisava a cidade
de Caicóa arborização estava em lugar saliente e confiava o citado jornal que
os poderes públicos e a iniciativa de particulares não iriam descuidar desse
assunto. (O POVO, 23/11/1890, p.1).
Já em 27/11/1890 o jornal O Povo escreveu que caminhava para
a realidade as medidas tomadas pela Intendência Municipal para dotar a cidade
de Caicó de melhoramentos indispensáveis e de há muito tempo reclamadas pela
salubridade pública.
Assim, seria feita a arborização do largo da Matriz que
seria em breve iniciada, não só com a finalidade de ter um ponto de
recreio,como e principalmente, para dotar a cidade de um elemento que era tão
necessário a sua respiração, como eram os pulmões à vida do individuo.
Largo da matriz de Caicó, decádas de 1920/30. |
As fontes públicas seriam fiscalizadas, a fim de que pudesse
ser evitada porcaria que constantemente
aparecia nesses lugares.A Intendência proibiria o uso das vazantes numa extensão
de 200 braças a cima das ditas fontes, impedindo assim que de envolta com a
água fossem filtrados os sais do estrume com que costumavam os vazanteiros
adubar a área do rio Seridó, a fim de aumentar a sua fertilidade.
Seria considerado de utilidade pública e ficaria sujeito a
desapropriação o terreno que ficava situado entre os rios Seridó e Barra Nova e
sudoeste da cidade, que segundo jornal O Povo era o único terreno que se
prestava a edificação e para onde a cidade tenderia a estender-se.
Seria nesse terreno que se poderia construir um cemitério
que substituísse o existente que era pequeno e muito arruinado, e cujas terras
demasiadas gordas, já custavam a consumir os cadáveres.
A construção de um novo cemitério era tanto urgente pois se
vinha notando que com as primeiras chuvas do inverno coincidia com o
aparecimento de febres de mau caráter e a desenteria, e essa alteração da saúde
pública era sem dúvida, segundo o jornal O Povo, devida a infiltração das águas
pluviais que depois de banharem o cemitério, corriam pelas ruas da cidade,
impregnando o solo dos detritos animais, que em abundância existiam na cidade
dos mortos. (O POVO, 27/11/1890, p.1).
Aspectos atuais de Caicó. |
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