quinta-feira, 31 de março de 2022

OS MELHORAMENTOS NA EDIFICAÇÃO DA CIDADE DE CAICÓ A PARTIR DE 1890


         o jornal O Povo na edição do dia 02/11/1890 estampou um artigo onde apresentava os melhoramentos que vinha sendo feitos na edificação da cidade de Caicó ainda que timidamente.As informações contidas naquele artigo nos fornece hoje detalhes importantes para se compreender a evolução urbana da “Capital do Seridó”.

         De acordo como o referido artigo quem passasse pela cidade de Caicó anterior a 1890 notaria com tristeza o estacionamento geral, um desanimo completo, sinal evidente de decadência.

         A edificação de Caicó era má, sem gosto e sem arte, com casaria desmorando-se, as ruas emporcalhadas, montões de lixo por toda a parte, as casas despovoadas, o comércio sem vida, reduzido à pequena proporções,e sempre decadente.Esse foi quadro pintado de Caicó pelo referido jornal.

         Porém, há alguns anos tudo foi se reanimando e como que renascendo para uma vida nova.Surgiram novas edificações,melhoraram-se as antigas e o comércio prosperou e tomou movimento crescente a ponto de Caicó se constituir num pequeno empório comercial que já dava um aspecto de praça.

         Como consequência desse estado de prosperidade, Caicó aumentava a cada dia a sua edificação e já se tornava pequena e insuficiente a área em que estava edificada a cidade, apesar de que a cidade estivesse colocada num terreno tão impróprio e inconveniente para a edificação de uma bela povoação.

         Conforme o citado jornal parecia que os primitivos povoadores de Caicó nunca tivessem a ideia de que a cidade chegasse a passar de uma aldeia, quando começaram a construí-la dentro de um buraco e no meio da serrotagem que tantos inconvenientes trazia à saúde pública.

         Era preciso reparar o erro dos antepassados, sugeria o jornal O Povo.O perímetro urbano da cidade não comportava mais novas edificações.A cidade tendia a aumentar e era necessário abrir novas ruas em terreno mais apropriado, como por exemplo, em direção ao rio Barra Nova.

         A planície que se estendia da rua do Rosário até a ribanceira do rio poderia se prestar perfeitamente a novas e belas edificações.




Aspectos de Caicó.

         A Intendência Municipal deveria tomar em consideração o assunto e sujeitá-lo a um estudo consciencioso. Esse terreno, eram os únicos adaptáveis ao desenvolvimento das edificações, que a época pertenciam ao herdeiros do finado Aladim, poderiam ser desapropriados ou aforados por uma quantia módica, de que a Intendência poderia indenizar, cedendo-o por preços convenientes aos novos edificadores.

         Poderia-se assim dar maior impulso ao engrandecimento material da cidade, abrindo novas ruas largas e espaçosas que muito contribuiriam para o seu aformoseamento.

         De acordo com o jornal O Povo a Intendência de Caicó não poderia se descuidar do futuro engrandecimento da cidade e deveria aproveitar a boa disposição dos seus habitantes que se mostraram desejosos de trabalharem pela prosperidade da cidade como vinha se verificando desde a publicação do código de posturas relativa a limpeza exterior das casas e asseio das ruas.

         Enquanto houvesse a boa vontade, enquanto o comércio se tornasse uma fonte de riqueza, enquanto os habitantes do município afluíssem à cidade e todos quisessem ter suas casas, era preciso tratar de engrandecê-las e aformoseá-las.

         O jornal O Povo se absteve de fazer  considerações relativas a vantagem de melhorar o tipo das edificações e a introdução de novos modelos de casas simples, mais elegantes, por ser uma questão mais complicada e que necessitava sobretudo que “fossemos dotados de melhor gosto e de uma certa vaidade e luxo, que ainda não se coadunam com os nossos costumes”, escreveu o referido jornal.

         Ainda era cedo para poder incutir no animo do povo caicoense como seria belo e edificante

fazer no meio daqueles sertões aspérrimos uma cidade elegante, espécie de Oasis onde o viajante descansasse as vistas cansadas da escabrosidade daquele solo.

         Por ora, bastava de tratar de dar impulso a vida que começava a nascer na cidade de Caicó e quando essa vida já circulasse em novas ruas, artérias novas do progresso, o citado jornal trataria então do aformoseamento dos sertões do Caicó.Fonte: O Povo, 02/11/1890,p.1.

Em 23/11/1890 o jornal O Povo voltou a escrever sobre o aformoseamento da cidade de Caicó, desta vez tratou sobre a arborização.Segundo o referido jornal a arborização das ruas e praças da cidade além de ser um grande aformoseamento, era além disso, um meio altamente higiênico  de melhorar as condições climáticas de Caicó.

         Dentre os melhoramentos materiais de que precisava a cidade de Caicóa arborização estava em lugar saliente e confiava o citado jornal que os poderes públicos e a iniciativa de particulares não iriam descuidar desse assunto. (O POVO, 23/11/1890, p.1).

         Já em 27/11/1890 o jornal O Povo escreveu que caminhava para a realidade as medidas tomadas pela Intendência Municipal para dotar a cidade de Caicó de melhoramentos indispensáveis e de há muito tempo reclamadas pela salubridade pública.

         Assim, seria feita a arborização do largo da Matriz que seria em breve iniciada, não só com a finalidade de ter um ponto de recreio,como e principalmente, para dotar a cidade de um elemento que era tão necessário a sua respiração, como eram os pulmões à vida do individuo.




Largo da matriz de Caicó, decádas de 1920/30.


         As fontes públicas seriam fiscalizadas, a fim de que pudesse ser evitada  porcaria que constantemente aparecia nesses lugares.A Intendência proibiria o uso das vazantes numa extensão de 200 braças a cima das ditas fontes, impedindo assim que de envolta com a água fossem filtrados os sais do estrume com que costumavam os vazanteiros adubar a área do rio Seridó, a fim de aumentar a sua fertilidade.

         Seria considerado de utilidade pública e ficaria sujeito a desapropriação o terreno que ficava situado entre os rios Seridó e Barra Nova e sudoeste da cidade, que segundo jornal O Povo era o único terreno que se prestava a edificação e para onde a cidade tenderia a estender-se.

         Seria nesse terreno que se poderia construir um cemitério que substituísse o existente que era pequeno e muito arruinado, e cujas terras demasiadas gordas, já custavam a consumir os cadáveres.

         A construção de um novo cemitério era tanto urgente pois se vinha notando que com as primeiras chuvas do inverno coincidia com o aparecimento de febres de mau caráter e a desenteria, e essa alteração da saúde pública era sem dúvida, segundo o jornal O Povo, devida a infiltração das águas pluviais que depois de banharem o cemitério, corriam pelas ruas da cidade, impregnando o solo dos detritos animais, que em abundância existiam na cidade dos mortos. (O POVO, 27/11/1890, p.1).




Aspectos atuais de Caicó.


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