O padre Joaquim Vasconcelos era o vigário da
freguesia de Ceará Mirim e capelão em Taipu.Sobre ele o jornal ‘A Luz’, jornal dedicado a causa da maçonaria, estampou em suas paginas algumas noticias não tão
auspiciosas sobre o dito clérigo.Duas foram por mim extraídas do referido
jornal.A primeira diz respeito ao sumiço do padre que deixou Ceará Mirim e
foi-se para Pernambuco sem explicar o motivo da ausência, foi então que a
câmara de Ceara Mirim enviaria uma representação solicitando ao bispo noticias sobre o padre sumido. A outra
noticia é tão curiosa quanto a primeira.Desta vez o padre recusou-se a proceder
o sepultamento de um ancião em Taipu no sábado de aleluia do ano de 1873.Ambos
os textos das noticias seguem a baixo com a ortografia da época:
Diz que a câmara municipal dessa
vila (Ceara Mirim) dirigirá ao Ordinário uma representação contra o respectivo
Vigário por se ter ausentado da Freguesia sem se saber para onde, deixando os fregueses sem Missa, a
dois ou três domingos.Nós sabemos que ele se acha em Pernambuco com licença.
Diz tão bem que o povo do Taipu
não está satisfeito com o padre Joaquim e supõe que o não quererá por capelão. (jornal a Luz,1873, p.2).
Sobre a recusa do sepultamento em Taipu
No dia 12 de abril, sábado de
alelluia,não quiz o dito padre que fosse
enterrado, o cadáver do ancião João Rodrigues.E o motivo que allegou para praticar esse acto de verdadeiro selvagem foi
ter João Rodrigues na hora suprema respondido negativamente à pergunta que se
lhe fez - se queria se confessar-se –
respostas alias que dava a todas as perguntas que se lhe fazia em consequência
de não estar no uso de suas faculdades
intellectuais. Entretanto João Rodrigues durante
sua longa vida deo sempre exuberantes provas de seu espírito religioso.Pela
quaresma confessava-se elle e sua família e pagava o passaporte, como chmão os
matutos a desobriga (jornal a Luz, 1873, p. 4)
Ainda segundo o jornal a família de João Rodrigues, que no
auge da sua dor e consternada por ver a memória de seu chefe exposta a
execração, implorou e invocou o nome de Deus para que o padre revogasse a sua
sentença que foi prontamente negada."O Sr. Padre Joaquim com sua voz tremula e rouquenha ordena que o cadáver não seja
sepultado no cemitério", diz o texto (p.4).
Este acontecimento foi assunto de conversa por muito tempo na povoação de Taipu, segundo consta na matéria do referido jornal.O fato é concluído com as seguintes palavras do jornal: " Nestes e outros actos que denotão
mais um coração pervertido do que zelo religioso, faz o Sr. Padre Joaquim
consistir a sua virtude! Um dia porem, o povo comprehnederá entre outras cousas
que o cemitério é para sepultar os mortos sem distinção de religião" (p.4).
Coisas a deliberar na crônica
As narrativas citadas a cima chegam a serem côrnicas, quase trágica na segunda é bem verdade, mas delas pode-se se
notar algumas coisas a respeito de Taipu na época citada.O texto se refere a Taipu como povoação, o distrito de paz havia sido criado em 1851, teria Taipu sido reduzido a simples povoação em 1873? será que não houve progresso no lugar nesse período, motivo pelo qual o teria perdido o titulo de distrito? ( na hierarquia administrativa em relação aos municípios aplicadas no Brasil a povoação é menor que o distrito) já ao padre o texto se refere como capelão de Taipu conclui-se dai que já havia celebrações litúrgicas na capela de Taipu em 1873 que como
indica o inicio da narrativa o mencionado defunto faleceu num sábado de aleluia
e que já havia um cemitério em Taipu no
referido ano. E a pergunta que se faz é: se o padre não autorizou o
sepultamento no cemitério onde teria a família enterrado o defunto?
Fonte: Jornal a Luz, 21 de junho de 1873.
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