No dia 02/12/1925 foi comemorado no Rio Grande do Norte
o centenário de nascimento do imperador do Brasil Dom Pedro II.Dentre as
homenagens que foram realizadas destaca-se a inauguração da praça e do busto do
imperador no Alecrim, na capital potiguar e a inauguração do Grupo Escolar Dom
Pedro II em Lajes, na região central do estado.
A iniciativa das solenidades foi o Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Norte,
coadjuvado eficazmente pelo Governo do Estado, que ofereceu o busto em
bronze do monarca extinto, pela Intendência Municipal e que denominou de «Pedro
II» a antiga praça «24 de Maio» no Alecrim[1] e ali realizou obras de melhoramento
e aformoseamento.
Já o comércio de Natal e outros cavalheiros subscreveram
em quantias adiante publicadas,para a construção do pedestal em granito e o Sr.
Bispo Diocesano, que se dignou celebrar missa campal, no dia comemorativo.
Segundo a revista do IHGRN “grande homenagem foi essa
que o Rio todas as camadas sociais de Rio Grande do Norte prestou ao ínclito
Imperador, de quem recebera, em 1877—1879, eficazes auxílios, por ocasião da seca
terrível, daquele triênio”. (p.199).
A
MISSA CAMPAL
No dia 02/12/1925, o Sr. D. José Pereira Alves, Bispo de
Natal, celebrou missa campal, em comemoração da data natalícia do ex Imperador D.
Pedro II, na praça deste nome[2].
Às 07h00, achava-se a praça repleta de autoridades, famílias,
pessoas gradas e considerável multidão para assistir ás primeiras festas comemorativas
da magna data.
Dentre as autoridades estavam presente o Governador José
Augusto, acompanhado do Dr.
Anfilóquio
Câmara, Secretario Geral, Severino Elias, ajudante de ordens, Desembargador Hemeterio
Fernandes, Presidente do Superior Tribunal de Justiça, Dr. Omar O' Grady,
Presidente da Intendência, Coronel Pedro Soares, Presidente do Instituto Histórico
e Geográfico, Nestor Lima e Joaquim Ignácio, diretores dos Departamentos de
Educação e da Fazenda e do Tesouro, outros membros do Instituto Histórico, desembargadores,
chefes de repartições, representantes da imprensa e de todas as classes sociais,
além de famílias, e o general J o ã o Varella, veterano da guerra do
Paraguai.
D. José foi assistido pelo cônego Estevam Dantas e o
clérigo Antônio Macedo. Por ocasião da elevação da hóstia, tocaram as músicas
da Policia Militar e dos Escoteiros, formadas na praça onde se aglomerava enorme
multidão.
INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO
Na Praça Pedro II achava se o monumento velado pela
bandeira nacional.Nestor Lima, o orador oficial da solenidade e membro do
Instituto Histórico, proferiu, no ato da inauguração, entusiástica oratória, na
qual justificou a justiça das homenagens ao velho monarca, cuja vida foi um
exemplo de patriotismo e de sabedoria.
A gratidão dos brasileiros, a quem conduziu seus destinos
durante mais de meio século, não podia deixar de se expandir tão
eloquentemente, e o orador disse com elevação de ideias e com verdadeiro entusiasmo
o valor do homenageado e a eloquencia das manifestações de apreço á memória do
ultimo imperador do Brasil. Suas belas palavras foram calorosamente aplaudidas.
A convite de Nestor Lima, desvendaram o monumento os dom
José
Pereira
Alves, bispo diocesano e José Augusto, governador do Estado.
Ao ser descoberto o busto de d. Pedro II, deu-se vivas
palmas, tocando as bandas de música ali postadas.
O Fotógrafo João Galvão bateu algumas chapas da cerimônia.
O MONUMENTO
O monumento compõe se de um pedestal de alvenaria, provisório,
até que fossem concluídas as obras de cantaria, em granito azulado, das
pedreiras de nosso Estado, encimado por um busto em bronze, em tamanho natural,
representando fielmente a expressão augusta e respeitável do velho imperador.
Foi autor desse
busto o escultor brasileiro Francisco de Andrade, a quem foi conferido o prêmio
de viagem pela Escola Nacional de Belas Artes e tem sido premiado com medalhas
de ouro, em 1917, de prata, em 1915 e 1916 , primeiro lugar para o monumento de
Tiradentes, premiado no concurso universal entre escultores franceses e italianos
para o monumento á Proclamação da Republica, 2º lugar no monumento a Cayrú e
autor do monumento da família Cavalcante no cemitério de São João Baptista no
Rio de Janeiro.
O busto foi executado na Fundição «Cavina», á rua Luiz
de Vasconcellos, 515, no Rio de janeiro.
Na parte fronteira do busto le se a seguinte legenda :
«QUE DEUS FAÇA FELIZ O MEU BRASIL» !!
A PRAÇA PEDRO II
A antiga praça 24 de Maio que passou a ter o nome do benemérito
imperador foi completamente transformada, calçada e ajardinada.
Seu aspecto atual é de belo efeito, muito contribuindo
para a eficiência dos serviços o dr. Julio de Mello Rezende, engenheiro e
membro do Instituto Histórico, que não poupou esforços para o bom andamento dos
trabalhos técnicos e remodelação da praça e a cuja capacidade se deve a
presteza com que foram executadas as obras.
Eis a Resolução nº 9 267, de 23 de junho de 1925, que
deu o nome de Pedro II á aludida praça :
A Intendência Municipal de Natal,Resolve :
Art. Único — Denominar Praça Pedro II, a atual 24 de
Maio no bairro da Cidade Alta, revogadas as disposições em contrario. Sala das
Sessões da Intendência Municipal de Natal, aos 23 de Junho de 1925.
(
aa ) OMAR O' GRADY — Presidente.
JOAQUIM
I. TORRES — Vice –Presidente.
FRANCISCO
CASCUDO
EDUARDO
DOS ANJOS
Conforme
MARIO
EUGÊNIO LYRA
Secretario.
GRUPO
ESCOLAR «PEDRO II»
Uma das mais importantes manifestações de apreço
tributadas a D. Pedro II, no 1 ° centenário do seu nascimento, foi a do Govemo
do Estado, decretando, por indicação do Departamento de Educação, a criação de
um grupo escolar, na florescente cidade de Lajes, para funcionar brevemente no
prédio que ali estava sendo construído por esforço dos poderes municipais e dos
particulares.
Eis o teor desse decreto nº 284 de 2 de Dezembro de 1925
:
Decreto n° 284 — O Governador do Estado, usando de atribuição
legal, querendo homenagear a memória do falecido ex Imperador do Brasil, d.
Pedro de Alcântara, na passagem do primeiro centenário de seu nascimento.
Decreta :
Artigo 1º — Fica criado na cidade de Lajes um grupo
escolar sob a denominação de «Pedro II», com o número de cadeiras que for oportunamente
fixado.
Artigo 2° — Revogam se as disposições em contrário.
Palácio
do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, em Natal, 2 de Dezembro de 1925.
José
AUGUSTO BEZERRA DE MEDEIROS
anfilóQUIO
CARLOS SOARES DA CAMARA p.208-209
LISTA
DOS SUBSCRITORES PARA O PEDESTAL DE GRANITO DO MONUMENTO DE D. PEDRO II
Concorreram para o monumento a D. Pedro II, erigido á
praça do mesmo nome, na capital, em 02/12/ 1925 :
Governo
do Estado
|
5:000$000
|
D.
José, bispo de Natal
|
100$000
|
Warthon
Pedrosa
|
500$000
|
Julius
von Sohsten
|
5oo$ooo
|
João
Galvão & Cia
|
500$000
|
Olympio
Tavares & Cia
|
200$000
|
M.
Machado & Cia
|
200$000
|
Loureiro
Barbosa & Cia
|
200$000
|
Banco
do Natal
|
200$000
|
Mesquita
& Cia.
|
100$000
|
C.
Galvão & Cia
|
100$000
|
Joaquim
Etelvino
|
100$000
|
A.
dos Reis & Cia
|
10$000
|
Albino
Borges & Gia
|
100$000
|
T.
Bezerra
|
100$00
|
Aureliano
C. de Medeiro & Filhos
|
100$00
|
Total
|
5:130$006
|
Transp.
|
5:130$500
|
Gurgel
Lüch & Cia.
|
100$000
|
Pedro
Soares de Araujo
|
100$00
|
Dr.
José Dantas C. de Medeiros
|
100$000
|
João
Freire
|
50$000
|
Lagreca
& Freitas
|
50$000
|
Viuva
Moraes & Filhos
|
50$000
|
Gurgel
Amaral & Cia
|
50$000
|
Guilherme
Littiere
|
50$000
|
Miguel
Barra
|
50$000
|
Cel.
Miguel Faustino do Monte
|
50$000
|
Tobias
Palatnick & Irmãos
|
50$000
|
M.
F. do Monte
|
50$000
|
Dr.
F . G. Valle Miranda
|
20$000
|
Dr.
Odilon Garcia Filho
|
20$000
|
Dr.
Antonio Soares de Araujo
|
20$000
|
Total
|
8.855$000
|
Fonte: Revista do IHGRN, 1925, p.
211-212.
Revista
do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. VOLS. XX XXI XXII, 1923, 1924, 1925. Natal: Tipografia da
Imprensa Diocesana,1925.
[1] A
praça que fica em frente a igreja de São Pedro.
[2]
Dom Pedro II nasceu no Rio de Janeiro em 02/12/1825, sendo filho do imperador
Dom Pedro I e da imperatriz Leopoldina, herdou o trono aos 5 anos de idade
devido a abdicação do pai que partiu para Portugal.
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