segunda-feira, 3 de agosto de 2020

PANORAMA DO MUNICÍPIO DE TAIPU EM 1910


Entre 1910 e 1912 foram realizados os questionários sobre as condições da agricultura dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte  pelo Ministério da Agricultura, Indústria e Comercio. Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas. No município de Taipu esse questionário foi realizado em 15/06/1910 e apresentou o seguinte resultado.

As condições do agricultores foram consideradas regulares nos anos de produção e precária nos anos de seca.Os agricultores e criadores pagavam o imposto do dízimo sobre a produção agrícola e pastoril.A maior queixa dos agricultores foi relativo aso estragos causados pelas lagartas, formigas e outras pragas, da falta de chuvas, água potável e braços.Os criadores reclamavam da falta de melhoramento do gado e meios de curar as pragas.

Não foi registrada a presença de estrangeiros no município.Com relação a água superficiais, estas eram as do rio Ceará-Mirim que não eram permanentes.Não havia lagoas.

         Com relação a árvores frutíferas foi registrado que havia a presença de alguns pés de laranjeira, pinheiras ou ateiras e cajueiros.A alimentação da população se fazia bem por meio de carne, farinha, rapadura, etc. Nos campos e pastos havia a presença do capim mimoso, milhã e pé de galinha.Havia campos ervados.

         A cultura produzida era a do algodão, mandioca, milho e feijão, sendo a cotonicultura a mais importante.Porém não havia o beneficiamento da produção, que eram vendidas in natura.Em 1909 não houve colheita devido a seca, sendo a de 1910 muito pequena.Não havia a cultura do café.

        Ignorava-se o custo de produção por litro, pois não havia registro.O preço de venda era o seguinte: milho, 100 réis, feijão 120 réis ( a medida de referência usada a época era o litro, porém como se trata de grãos deve-se crer que seja o quilo).

       O mercado comprador era o local, havendo uma feira aos sábados.O preço de transporte quando não era feito pelo produtor era de 10 a 20 réis o litro (quilo), aproximadamente.

         Com  relação a cana de açúcar e seus derivados os preços eram os seguinte: o açucar de primeira custava 750 réis, uma rapadura de meio quilo custava 120 réis, um litro de aguardente custava 500 réis.Não  havia cooperativas.Com relação ao clima, no município de Taipu o calor começava entre outubro e novembro e tempo fresco em maio.As chuvas começavam geralmente em março.

         Com relação as condições de saúde da população, estes foram considerados fortes e corados. Não havia registros de contabilidade.

         Criava-se no município bovinos, equinos, ovinos e suinos, sendo de maior importância a criação de bovídeos e ovídeos. Todas as espécies eram mestiças comuns.A produção era de carnes, couro, crias e leite, sendo a de carne e os couros os mais procurados.

Com relação ao custo de animais, era o seguinte: uma cavalo de sela custava 350$000, de carga 80$000 a 14$000; um burro de sela 400$000, de carga 200$000.Não havia animais de arado.Um boi carreiro custava 100$000, de corte de 80$000 a 100$000, um touro não tinha preço fixo, uma vaca leiteira produzindo de 2 a 3 litros, média, custava 80$00 a 100$000, um litro de leite custava 160 réis.

O quilo da carne e de toucinho custava 1$000, sendo raro haver carne fresca para negociar.A manteiga custava 1$500 o quilo e o queijo 1$500 o quilo.Uma galinha custava 1$000, a dúzia de ovos 400 réis.

As moléstias registradas no município eram a tristeza, carbúnculo sintomático e catarro nasal, que no geral não vinham sendo tratadas.

Com relação ao preço dos tecidos nacionais estes valiam de 700 a 800 réis.

Com relação a estradas, o município era cortado pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e havia caminhos descurados e sem pontes.

O município exportava principalmente algodão e importava tecidos, ferragens, etc., e cereais nos anos de seca.Havia escolas primárias.Não havia fábricas.

 O preço da  farinha de mandioca e de feijão eram muito variáveis, tendo naquele ano de 1910 o valor de 12 réis o litro (quilo).

Hão havia o registros de imóveis hipotecados.As habitações eram salubres, apesar de rústicas.Os instrumentos agrícolas utilizados eram a enxada, a foice e o machado.Os agricultores não retiravam dinheiro a juros junto aos bancos.

A madeira de lei que existia no município eram o pau d’arco, pau d’óleo, sucupira e jitaí.

As moléstias da população eram as comuns. Já as moléstias e praga das plantas cultivadas eram as formigas cortadeiras e lagartas.

Não havia núcleos de colonias.A  população foi considerada de gente laboriosa.O padrão de terras boas eram o pau d’arco, aroeira, cedro, etc, já os de terras inferiores eram o marmeleiro, catingueira, etc.Não havia portos.

Não se colhiam as sementes.A semeadura era feita em covas, começando a semear depois das primeiras chuvas.O sistema de trabalho do pessoal agrícola era o remunerado por meio de salário diário, mensal, empreitadas e meiação. Um trabalhador rural recebia 1$000 por diária.Não havia administradores e escrivãs de fazenda.Um carpinteiro  ganhava de 2$000 a 5$000 por diária.Não havia preço determinado para cozinheiros e lavadeiras, estas cobravam por peça e os cozinheiros segundo o serviço, em ambos os casos os salários eram pagos diariamente.

As terras as margens do rio Ceará-Mirim eram consideradas boas, as que ficavam as margens dos riachos regulares e inferiores as que ficavam  nos tabuleiros.Existiam poucas terras argilosas e em alguns tabuleiros havia a presença de terras arenosas, por serem na maioria misturadas.Eram geralmente planas e secas.Havia os campos de capoeiras, cerrados e carrascais, não havia matas (florestas).O preço das terras era muito variável, sendo relativamente ínfimo.

       A baixo um Cartograma do município de Taipu em 1949 onde se poder ter uma ideia da configuração territorial do município. Na ampliação do Cartograma vê-se o traçado da EFCRGN no território do município de Taipu.Em destaque a estação  da cidade de Taipu e as duas paradas que havia, Pitombeira e Melancias.

Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações- Estado do Rio Grande do Norte.Taipu.Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros, 1949, p. 48.

 


Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações- Estado do Rio Grande do Norte.Taipu.Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros, 1949, p. 48.


          

Ainda de acordo com o relatório do Ministério da Agricultura  o  município de Taipu era considerado como um prologamento do de Ceará-Mirim do qual distanciava-se 4 léguas (20 km), ocupando as duas margens do rio Ceará-Mirim, tendo em alguns lugares, mais ou menos, as mesmas terras, as mesmas culturas (exceto a cana-de-açúcar porque o terreno é quase todo ele seco), os mesmos costumes e sistemas de trabalho.

          A vila de Taipu “é um lugarejo sem vida com poucas casas e pouco negócio”, registrou o citado relatório do Ministério da Agricultura.

         O município possuía algumas escolas públicas e particulares funcionando regularmente durante os meses do verão.

         Os agricultores de Taipu eram considerados muito atrasados, porém, trabalhadores.As habitações “são em geral sem conforto” conforme apontou o relatório do Ministério da Agricultura.O clima era excelente e muito seco.

         A população alimentava-se de carne, farinha, rapadura e café às refeições.

         Todos trabalhavam, no entanto, havia falta de trabalhadores porque nos anos de seca, flagelo, o povo pobre emigrava para o Pará e Amazonas.

         Devido as águas estagnadas que no inverno ajuntavam-se nos barreiros e lagoas e que a população bebe para evitar a água salobra das cacimbas do leito do rio Ceará-Mirim, apareciam as vezes diversas moléstias.O municipio de Taipu era assolado periodicamente pela seca.

         As terras as margens do Ceará-Mirim produziam admiravelmente o algodão, cuja safra nos anos de inverno, atingiam a 7.000 sacos que eram beneficiados em vários locomóveis e bolandeiras movidas a animais “ é essa a única cultura digna de consideração e que constitui a exportação do município” dizia o citado relatório do Ministério da Agricultura.

         As terras da margem do Ceará-Mirim, se apresentavam em várzeas de massapê, onde se cultivava o algodão, sendo poucas em relação as outras, e por, isso vinham alcançando certo valor.Tais terras foram avaliadas em 50$000 por braça, com fundos de meia e légua, embora se usasse para avaliar a propriedade em globo.

         As várzeas de terra boa era avaliadas entre 100$00 e 200$000 a braça de largura.As terras de arisco e tabuleiros pouco valor tinham.

Conforme a Sinopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1900 existia em Taipu em 2.709 habitantes, dos quais 1.302 homens e 1.408 mulheres.

 

Fonte:

 

BRASIL. Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Questionários sobre as condições da agricultura dos municipios do Estado do Rio Grande do Norte. Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas. Volume: 1913. 135 p. Rio de Janeiro: Typ. do Serviço de Estatística. p.119 a 121.

 

BRASIL. República dos Estados Unidos do Brasil. Sinopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1900. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Oficina da Estatística,  Rio de Janeiro, 1900.


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