Entre
1910 e 1912 foram realizados os questionários sobre as condições da agricultura dos
municípios do Estado do Rio Grande do Norte pelo Ministério da Agricultura, Indústria e
Comercio. Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas. No município de Taipu esse
questionário foi realizado em 15/06/1910 e apresentou o seguinte resultado.
As condições do agricultores foram
consideradas regulares nos anos de produção e precária nos anos de seca.Os
agricultores e criadores pagavam o imposto do dízimo sobre a produção agrícola
e pastoril.A maior queixa dos agricultores foi relativo aso estragos causados pelas lagartas, formigas e outras
pragas, da falta de chuvas, água potável e braços.Os criadores reclamavam da
falta de melhoramento do gado e meios de curar as pragas.
Não foi registrada a presença de estrangeiros no município.Com relação a água superficiais, estas eram as do rio Ceará-Mirim que não eram permanentes.Não havia lagoas.
Com relação a árvores frutíferas foi registrado que havia a presença de alguns pés de laranjeira, pinheiras ou ateiras e cajueiros.A alimentação da população se fazia bem por meio de carne, farinha, rapadura, etc. Nos campos e pastos havia a presença do capim mimoso, milhã e pé de galinha.Havia campos ervados.
A
cultura produzida era a do algodão, mandioca, milho e feijão, sendo a cotonicultura
a mais importante.Porém não havia o beneficiamento da produção, que eram
vendidas in natura.Em 1909 não houve colheita devido a seca, sendo a de 1910
muito pequena.Não havia a cultura do café.
Ignorava-se o custo de produção por
litro, pois não havia registro.O preço de venda era o seguinte: milho, 100
réis, feijão 120 réis ( a medida de referência usada a época era o litro, porém
como se trata de grãos deve-se crer que seja o quilo).
O
mercado comprador era o local, havendo uma feira aos sábados.O preço de
transporte quando não era feito pelo produtor era de 10 a 20 réis o litro
(quilo), aproximadamente.
Com relação a cana de açúcar e seus derivados os preços eram os seguinte: o açucar de primeira custava 750 réis, uma rapadura de meio quilo custava 120 réis, um litro de aguardente custava 500 réis.Não havia cooperativas.Com relação ao clima, no município de Taipu o calor começava entre outubro e novembro e tempo fresco em maio.As chuvas começavam geralmente em março.
Com relação as condições de saúde da população, estes foram considerados fortes e corados. Não havia registros de contabilidade.
Criava-se
no município bovinos, equinos, ovinos e suinos, sendo de maior importância a
criação de bovídeos e ovídeos. Todas as espécies eram mestiças comuns.A produção
era de carnes, couro, crias e leite, sendo a de carne e os couros os mais
procurados.
Com relação ao custo de animais,
era o seguinte: uma cavalo de sela custava 350$000, de carga 80$000 a 14$000; um
burro de sela 400$000, de carga 200$000.Não havia animais de arado.Um boi
carreiro custava 100$000, de corte de 80$000 a 100$000, um touro não tinha
preço fixo, uma vaca leiteira produzindo de 2 a 3 litros, média, custava 80$00
a 100$000, um litro de leite custava 160 réis.
O quilo da carne e de toucinho
custava 1$000, sendo raro haver carne fresca para negociar.A manteiga custava
1$500 o quilo e o queijo 1$500 o quilo.Uma galinha custava 1$000, a dúzia de
ovos 400 réis.
As moléstias registradas no
município eram a tristeza, carbúnculo sintomático e catarro nasal, que no geral
não vinham sendo tratadas.
Com relação ao preço dos tecidos
nacionais estes valiam de 700 a 800 réis.
Com relação a estradas, o
município era cortado pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte e
havia caminhos descurados e sem pontes.
O município exportava
principalmente algodão e importava tecidos, ferragens, etc., e cereais nos anos
de seca.Havia escolas primárias.Não havia fábricas.
O preço da farinha de mandioca e de feijão eram muito
variáveis, tendo naquele ano de 1910 o valor de 12 réis o litro (quilo).
Hão havia o registros de imóveis
hipotecados.As habitações eram salubres, apesar de rústicas.Os instrumentos
agrícolas utilizados eram a enxada, a foice e o machado.Os agricultores não
retiravam dinheiro a juros junto aos bancos.
A madeira de lei que existia no
município eram o pau d’arco, pau d’óleo, sucupira e jitaí.
As moléstias da população eram as
comuns. Já as moléstias e praga das plantas cultivadas eram as formigas
cortadeiras e lagartas.
Não havia núcleos de colonias.A população foi considerada de gente laboriosa.O
padrão de terras boas eram o pau d’arco, aroeira, cedro, etc, já os de terras
inferiores eram o marmeleiro, catingueira, etc.Não havia portos.
Não se colhiam as sementes.A
semeadura era feita em covas, começando a semear depois das primeiras chuvas.O sistema
de trabalho do pessoal agrícola era o remunerado por meio de salário diário,
mensal, empreitadas e meiação. Um trabalhador rural recebia 1$000 por diária.Não
havia administradores e escrivãs de fazenda.Um carpinteiro ganhava de 2$000 a 5$000 por diária.Não havia
preço determinado para cozinheiros e lavadeiras, estas cobravam por peça e os
cozinheiros segundo o serviço, em ambos os casos os salários eram pagos
diariamente.
As terras as margens do rio Ceará-Mirim eram consideradas boas, as que ficavam as margens dos riachos regulares e inferiores as que ficavam nos tabuleiros.Existiam poucas terras argilosas e em alguns tabuleiros havia a presença de terras arenosas, por serem na maioria misturadas.Eram geralmente planas e secas.Havia os campos de capoeiras, cerrados e carrascais, não havia matas (florestas).O preço das terras era muito variável, sendo relativamente ínfimo.
A baixo um Cartograma do município de Taipu em 1949 onde se poder ter uma ideia da configuração territorial do município.
Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações- Estado do Rio Grande do Norte.Taipu.Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros, 1949, p. 48. |
Fonte: Cartogramas municipais dos transportes e comunicações- Estado do Rio Grande do Norte.Taipu.Instituto Cartográfico Canabrava Barreiros, 1949, p. 48. |
Ainda de acordo com o relatório do
Ministério da Agricultura o município de Taipu era considerado como um
prologamento do de Ceará-Mirim do qual distanciava-se 4 léguas (20 km),
ocupando as duas margens do rio Ceará-Mirim, tendo em alguns lugares, mais ou
menos, as mesmas terras, as mesmas culturas (exceto a cana-de-açúcar porque o
terreno é quase todo ele seco), os mesmos costumes e sistemas de trabalho.
A vila de Taipu “é um lugarejo sem vida com
poucas casas e pouco negócio”, registrou o citado relatório do Ministério da
Agricultura.
O
município possuía algumas escolas públicas e particulares funcionando
regularmente durante os meses do verão.
Os
agricultores de Taipu eram considerados muito atrasados, porém, trabalhadores.As
habitações “são em geral sem conforto” conforme apontou o relatório do
Ministério da Agricultura.O clima era excelente e muito seco.
A
população alimentava-se de carne, farinha, rapadura e café às refeições.
Todos
trabalhavam, no entanto, havia falta de trabalhadores porque nos anos de seca,
flagelo, o povo pobre emigrava para o Pará e Amazonas.
Devido
as águas estagnadas que no inverno ajuntavam-se nos barreiros e lagoas e que a
população bebe para evitar a água salobra das cacimbas do leito do rio
Ceará-Mirim, apareciam as vezes diversas moléstias.O municipio de Taipu era
assolado periodicamente pela seca.
As
terras as margens do Ceará-Mirim produziam admiravelmente o algodão, cuja safra
nos anos de inverno, atingiam a 7.000 sacos que eram beneficiados em vários
locomóveis e bolandeiras movidas a animais “ é essa a única cultura digna de
consideração e que constitui a exportação do município” dizia o citado
relatório do Ministério da Agricultura.
As terras da margem do Ceará-Mirim, se
apresentavam em várzeas de massapê, onde se cultivava o algodão, sendo poucas
em relação as outras, e por, isso vinham alcançando certo valor.Tais terras
foram avaliadas em 50$000 por braça, com fundos de meia e légua, embora se
usasse para avaliar a propriedade em globo.
As várzeas de terra boa era avaliadas
entre 100$00 e 200$000 a braça de largura.As terras de arisco e tabuleiros
pouco valor tinham.
Conforme
a Sinopse do recenseamento de 31 de dezembro de 1900 existia em Taipu em 2.709
habitantes, dos quais 1.302 homens e 1.408 mulheres.
Fonte:
BRASIL. Ministério da Agricultura, Indústria e
Comércio. Questionários sobre as
condições da agricultura dos municipios do Estado do Rio Grande do Norte.
Serviço de Inspeção e Defesa Agrícolas. Volume: 1913. 135 p. Rio de Janeiro:
Typ. do Serviço de Estatística. p.119 a 121.
BRASIL. República
dos Estados Unidos do Brasil. Sinopse do
recenseamento de 31 de dezembro de 1900. Ministério da Indústria, Viação e
Obras Públicas. Diretoria Geral de Estatística. Oficina da Estatística, Rio de Janeiro, 1900.
Nenhum comentário:
Postar um comentário