Um
monstro ou colosso de concreto sobre o rio Potengi.Era assim que se tratava a
ponte rodoferroviária que estava sendo construída pelo governo do estado em
convênio com a RFFSA sobre o rio Potengi em Natal.
A obra tinha por objetivo facilitar as
viagens rodoviárias para o interior do estado sobretudo da região de Ceará-Mirim,
Taipu, Baixa Verde, Macau (atual BR 406).
A velha ponte ferroviária, inaugurada
em 1916, tinha sido projetada exclusivamente para tráfego de trens, porém, em
1946 foi feito um acordo para seu lastreamento que possibilitaria o trafego de
automóveis, entretanto esse sistema acelerou o desgaste da ponte que ao longo do
tempo vinha apresentando sérios problemas em sua estrutura .
Segundo
o Diário de Natal “As viagens para Ceará-Mirim, Extremoz, João Câmara, prai da
Redinha e outras regiões ainda são feitas com o medo de uma travessia: a velha
ponte de Igapó oferece buracos imprevistos, que ofusca a bela paisagem do rio
Potengi”. (DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8).
Ainda
de acordo com o citado jornal o motorista, antes de iniciar a travessia dos
quase 600 metros da ponte ferroviária, tinha que testar os nervos.”Os mais
temerosos se defendem com rezas, figas, promessas, sussurros de orações também
dos passageiros.Mas ao lado da velha ponte, um monstro de concreto se levanta
com imponência digna do próprio rio.Daqui para o próximo ano, até julho de 1970,
esse medo vai desaparecer”. (DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8).
Segundo o referido jornal a construção da nova ponte sobre o rio Potengi estava em ritmo acelerado, tendo a primeira viga fundária sido colocado em novembro de 1969. Com o andamento das obras, o engenheiro Florêncio Absalão da RFFSA viria a Natal para continuar a inspeção da construção da ponte e liberar a primeira parcela de de NCr$ 1 milhão do convênio firmado com o governo do estado.(DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8).
Na foto o canteiro de obras da ponte de concreto no rio Potengi.Ao fundo é possível vê alguns vãos da antiga ponte metálica.Fonte: DIÁRIO DE NATAL, 15/11/1969, p.8. |
Havia
um sinaleiro que ficava na cabaceira da ponte organizando o trafego de trens e
de veículos rodoviários e evitar acidentes com pedestres ao citado jornal disse
um desses sinaleiros que o seu temor ao autorizar a travessia dos motoristas
era “quando dou o sinal e o carro entra na velha ponte, só posse fazer uma
coisa – fechar os olhos”.
O destino da velha ponte
A velha ponte de Igapó estava
realmente com os dias contados depois de mais 40 anos de serviço prestados ao
Rio Grande do Norte.Ela seria desativada pela RFFSA que a venderia a
Siderúrgica Nacional de Volta Redonda para ser transformada em fero para fundição.
A
nova ponte era vista assim com uma portentosa obra de engenharia moderna, tendo
sido nela empregado pela primeira vez em obras de engenharia civil no Rio
Grande do Norte o concreto protendido.
A obra da construção da ponte
rodoferroviária sobre o rio Potengi foi orçada em NCr$ 11 milhões.
Considerações
A modernidade ofuscou a monumentalidade
da ponte ferroviária de Igapó, a segunda maior obra de engenharia civil do Rio
Grande do Norte, precedida somente pelo Forte dos Reis Magos cuja resistência
milagrosamente escapou de ser destruído, sorte que não teve a velha ponte sobre
o rio Potengi.
O apelo sentimental e histórico de nada
adiantou para salvar a ponte ferroviária de Igapó com seus belos vãos em arcos
de ferro fundido trazidos da Inglaterra no inicio do século XX.Vendida, foi
desmontada parcialmente, 5 dos 10 vãos foram desmontados ou retirados para
serem usados em outras obras da RFFSA, ficando mutilada desde 1974 até os dias
atuais.
Nesta imagem é vista a construção dos pilares de sustentação da ponte de concreto do rio Potengi.Fonte: Diário de Natal, 07/12/1969,p.6. |
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