terça-feira, 18 de julho de 2023

SOBRE A EPOPEIA DE 5 ESCOTEIROS POTIGUARES EM 1923

 

Este ano de 2023 se celebra a epopeia digna de um roteiro de filme hollywoodiano que foi realizada por um grupo de 5 escoteiros de Natal em 1923.

Trata-se do raid[1] Natal-Rio de Janeiro-São Paulo totalizando uma distância de cerca de 6 mil km percorridos a pé, numa época em que não havia estradas e os meios de transportes eram escassos, numa  viagem que durou 8 meses, entre janeiro e setembro de 1923.

A proeza dos escoteiros potiguares foi amplamente divulgada nos jornais do Brasil e do mundo. Foram tratados como heróis nacionalmente.

Os 5 escoteiros que realizaram essa façanha foram: José Alves Pessoa, chefe de patrulha, com 20 anos de idade,  Humberto Lustosa, guia de patrulha, com 19 anos Aguinaldo Vasconcelos, monitor, Henrique Borges, com 18 anos e  Antonio Gonzaga da Silva, com 16 anos.

Entre o entusiasmo popular, os jovens deixaram a cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, as 17h00 do dia 14/01/1923 após uma missa celebrada na catedral em ação de graças pelo bom êxito da viagem.

Partiram os escoteiros equipados com três uniformes completos, cada um dos escoteiros carregava uma barraca de lona, cantil, blocos e mapas,  com um peso de 25 kg para cada um, e recebendo para essa ocasião o pavilhão nacional, que deveriam conduzir pelo sertão.

O grupo que havia escolhido o intelectual Câmara Cascudo como patrono, a época tão jovem quanto os próprios escoteiros.

O percurso constava em percorrem a pé a porção sul do Estado do Rio Grande do Norte, passando pela Paraíba, percorrendo Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, norte de Minas Gerais, Espírito Santo, penetrando no Rio de Janeiro, chegando a capital federal a época, e indo até a cidade de São Paulo,  a maior cidade do país e sede do movimento escoteiro a nivel nacional a época.

O percurso em detalhes

A epopeia dos jovens escoteiros de Natal teve inicio as 9h00 do dia 14/01/1923 na catedral de Natal, quando o monsenhor Alfredo Pegado, então governador da diocese, celebrou solene missa votiva pelo êxito da arrojada excursão. Os jovens escoteiros comungaram durante aquele ato, sendo saudados pelo oficiante que em linguagem simples e expressiva fez uma formosa alocução cheia de profundo fervor cívico-religioso.

Ao meio-dia a Associação dos Escoteiros Andantes congregou todos os seus agremiados para um animado churrasco de despedida aos bravos excursionistas.

A partida efetuou-se sob estrondosas aclamações, as 16h00 de frente ao natal clube sendo os raidman acompanhados de seus consócios, de uma comissão dos escoteiros do alecrim, chefiada pelo seu diretor Luis Soares, das bandas de música dos Escoteiros do Alecrim, da policia e do 29º batalhão de caçadores e de grande massa popular.

Antes, porém, o governador Antonio de Souza abriu o livro de viagem dos excursionistas a quem os abraçou e contribuiu com as despesas da viagem fazendo a doação de 2.000 réis aos escoteiros.

Discursou por essa ocasião, produzindo uma comovente e vibrante alocução, o Sr. Ferreira de Souza, consular jurídico da Delegacia Fiscal de Natal (DIÁRIO DE PERNAMBUCO 28/01/1923, p.3).

 Partiu o grupo às 16h00 com direito a franquia postal levando o compromisso de remeter a Natal todo o roteiro da viagem.

Fonte: revista a cigarra, 1923, p.44.


Con


[1] Incursão, em tradução livre. O termo era usado a época para se referir a realização de incursões realizadas a grandes distancias como o foi dos escoteiros natalenses.embora haja termos equivalentes na língua portuguesa achamos por bem deixar  termo usado a época como homenagem aos escoteiros natalenses que realizaram a proeza magnífica.

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