A estação ferroviária central de Natal, situada a praça
Augusto Severo, na Ribeira, tem oficialmente a denominação de “Estação Poeta Diógenes
da Cunha Lima”.
Nada contra o Sr. Diógenes da Cunha Lima, eminente homem das
letras potiguar, mas a homenagem é no mínimo sem sentido e não se justifica.
A cidade do Natal cometeu ao longo do tempo injustiças injustificáveis (com o perdão do pleonasmo) contra duas personalidades os quais mereciam serem os homenageados com a denominação do edificio da estação central de Natal.Trata-se dos ingleses Jason Rigby e John Morant.Ambos tem seus nomes atrelados intrinsecamente a Estrada de Ferro do Natal a Nova Cruz, a primeira ferrovia construída em solo potiguar mas, que por ironia do (ou descaso?) do destino tem seus nomes varridos dos anais da história da capital potiguar.
Jason Rigby presidiu a comissão de engenheiros que aportou
em Natal em 1878 com a missão de tirar do papel o projeto há muito tempo
anunciado e desacreditado pela população natalense da construção da estrada de
ferro, sendo igualmente o primeiro superintendente da Imperial Estrada de Ferro
do Natal a Nova Cruz.
Ao chegar a Natal o engenheiro Jason Rigby promoveu uma
grandiosa festa para marcar o inicio das obras da ferrovia no trecho de 4 km
entre a margem do rio Potengi na Ribeira e o Refoles, onde hoje se situa a
estação Alecrim I.A festa movimentou toda a cidade do Natal.
O engenheiro inglês conseguiu terminar as obras de
construção da ferrovia dentro do prazo estabelecido pelo Império sob pena de
caducar a concessão dada pelo Governo. E assim as obras prosseguiram entre 1879
e 1881 quando foi inaugurado o primeiro trecho entre Natal e São José de
Mipibu, a segunda seção foi inaugurada em 31/10/1882, entre Papari (Nisia
Floresta) e Lagoa de Montanhas (atualmente Montanhas) e a terceira e última em
04/04/1883, entre o povoado do Catolé e a vila de Nova Cruz.
Jason Rigby permaneceu a frente da administração da ferrovia
até 1885 quando foi designado pela diretoria da Great Western of Brazil em
Londres para assumir a administração dessa empresa no Recife, transferindo-se
então da capital potiguar para a metrópole pernambucana naquele ano.Para saber mais sobre o engenheiro Jason Rigby.
Para substituir Jason Rigby foi designado outro engenheiro inglês,
Jonh Morant, que na capital potiguar se fez ser bem quisto pela população
natalense devido sua urbanidade e virtudes cavalheirescas a altura da nobreza
britânica.
Este engenheiro embora estrangeiro não se fez estranho a
terra potiguar, além das atividades administrativas de seu cargo na ferrovia,
John Morant se inseriu na vida da pacata e pequena capital potiguar.
Era sempre prestativo em fornecer informações a respeito da estrada
de ferro, que não raro sofria ataques da imprensa pela má qualidade dos
serviços. A famosa língua ferina do povo natalense.
Foi
membro da Loja Maçônica 21 de Março, seu nome era constantemente citado em
obras de caridade e subscrições em prol de viúvas desvalidadas e associações
beneficentes que haviam em Natal.
Em
26/07/1890 foi nomeada uma comissão
composta por Augusto Carlos de Melo L’Eraistre, procurador fiscal da tesouraria
da fazenda e Jonh Morant, engenheiro chefe da Estrada de Ferro Natal a Nova
Cruz, para examinar e declarar se as obras do mercado público da capital foram
ou não executadas de conformidade com o seu contrato e respectivo orçamento, a
fim de ter lugar a entrega do mesmo mercado à referida tesouraria pelo
contratante Antônio Minervino de Moura Soares (A REPÚBLICA, 26/07/1890, p.1).
Sua morte em 25/06/1891 foi sentida pela população de Natal
e seu obituário feito pela Loja Maçônica da qual era membro foi carregado de
elogios a pessoa que fora em vida.
Estes dois homens é que mereceriam serem homenageados no
prédio da estação ferroviária de Ribeira, mas, porém, contudo, todavia,
consoante, seus nomes foram varridos para debaixo do tapete do esquecimento e
os louros da vitória foram dados a outros (não que não os mereça, mas em minha
insignificante opinião em outro lugar e não neste).
Esperamos quem sabe algum dia alguma alma piedosa possa se
compadecer e fazer justiça a estes dois cavalheiros da Coroa Britânica que
prestaram relevantes serviços a cidade do Natal mas que foram injustamente eclipsados
pela ingratidão ingrata (mais uma vez perdoe-nos o pleonasmo).
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